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Apostila de Podologia de Equinos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Medicina Veterinária

Apostila de podologia equina, voltada para área de medicina veterinária

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 14/08/2019

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I CURSO DE PODOLOGIA EQUINA DA
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Anatomia da extremidade distal dos equídeos
RICARDO ROMÃO
23 DE Fevereiro de 2005
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I CURSO DE PODOLOGIA EQUINA DA

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Anatomia da extremidade distal dos equídeos

RICARDO ROMÃO

23 DE Fevereiro de 2005

ÍNDICE

    1. Introdução..........................................................................................
    1. Nomenclatura exterior..........................................................................
    1. Osteologia
    • 3.1. Metacarpo/metatarso........................................................................
    • 3.2. Dedo
      • 3.2.1. Falange proximal
      • 3.2.2. Falange média...........................................................................
      • 3.2.3. Falange distal............................................................................
      • 3.2.4. Ossos sesamóides......................................................................
    1. Articulações
    1. Músculos ...........................................................................................
    1. Tegumento comum .............................................................................
    • 6.1. Casco ............................................................................................
    • 6.2. Toro ungular...................................................................................
    • 6.3. Derme (córion) ...............................................................................
    1. Vascularização ...................................................................................
    • 7.1. Artérias..........................................................................................
    • 7.2. Veias .............................................................................................
    • 7.3. Linfáticos .......................................................................................
    1. Inervação ..........................................................................................
    1. Bibliografia ........................................................................................

alongada e mais estreita no membro posterior; a zona mais caudal da canela, marcada pelo relevo dos tendões dos músculos flexores designa-se precisamente por tendão. A seguir, correspondendo à zona da articulação metacapo ou metatarso-falângica, está o boleto (base óssea a articulação metacarpo ou metatarso-falângica e respectivos ossos sesamóides), que apresenta normalmente uma zona caudal de pêlos mais compridos que se designam por machinhos e junto aos quais existe uma produção córnea designada por esporão (calcar metatacarpiano ou metatarsiano – representa o rudimento da almofada metacarpiana ou metatarsiana); a porção cranial do boleto chama-se dobra ou prega do boleto. A zona distal ao boleto corresponde a um estreitamento e designa-se por quartela, travadouro ou miúdo (que tem como base óssea a 1ª falange), que faz a transição para a zona do casco através de uma banda que se chama de coroa (Figura 2).

No casco, unha ou úngula as porções dorsal, lateral e medial constituem a maior porção, que constitui a parede, taipa, cinta ou muralha ; caudalmente estão os talões. A parede do casco na sua porção dorsal apresenta uma inclinação de cerca de 50º nos membros torácicos e um pouco mais nos membros pélvicos, sendo esta inclinação sempre mais acentuada nas porções mediais do casco (Figura 3).

Na zona que assenta no solo está a sola ou palma que pode esquematicamente ser dividida em 4 porções na sua forma quase circular: pinça ou ponta do pé (mais cranial), ombros ou encontros , quartos e a parte mais caudal corresponde aos talões (Figura 4). Fazendo a ligação da sola com os talões, está a ranilha, arnilha, forquilha ou forqueta que, por sua vez se divide em ponta (mais anterior), corpo (parte média) e ramos (mais caudais). A ranilha está dividida da sola pelos sulcos paracuneais (Figura 4).

CANELA CANELA (caña(caña))

BOLETOBOLETO (menudillo(menudillo)) (^) QUARTELAQUARTELA ((cuartillacuartilla))

TALÃOTALÃO((talóntalón))

COROACOROA(corona)(corona) PAREDEPAREDE((paredpared))

SOLASOLA ((suelasuela))

Figura 2: nomenclatura exterior da região distal do membro de equino.

PINÇA OU PONTA DO PÉ OMBRO OU ENCONTRO

QUARTO

TALÃO

OMBRO OU ENCONTRO

QUARTO

TALÃO

Figura 4: porções da sola do casco dos equinos.

TALÃOTALÃO

RAMO DARAMO DA RANILHARANILHA

PONTA DAPONTA DA RANILHARANILHA

LINHALINHA BRANCABRANCA

CORPO DACORPO DA RANILHARANILHA

SOLASOLA

sulcosulco cunealcuneal centralcentral

sulcosulco paracunealparacuneal

Figura 3 : porções distais do casco de equino (vista ventral).

um triângulo de base proximal.

A articulação com a falange média faz-se por dois relevos cilindróides separados por uma garganta (tróclea).

A 1ª falange do membro pélvico é um pouco menor que a do membro torácico, mais larga proximalmente e mais estreita distalmente.

3.2.2. Falange média

Também designada Os coronale é um osso muito mais curto que o anterior, quase cubóide, com o qual se articula por intermédio de uma fóvea articular (com duas cavidades glenóides separadas por um relevo). A sua extremidade distal, por outro lado, articula-se com a falange distal por intermédio de dois relevos condilares separados por uma garganta (tróclea).

Na face dorsal apresenta o processo extensor para o tendão do músculo extensor comum dos dedos e na face palmar/plantar apresenta o toro palmar/plantar ou tuberosidade flexora, para passagem do tendão do músculo flexor profundo do dedo. No membro pélvico esta falange é mais estreita e mais longa que no membro torácico.

3.2.3. Falange distal

Esta falange, também designada por 3ª falange ou Os ungulare , é a que dá suporte a toda a estrutura do casco e anexos pelo que está muito modificada para o apoio no solo. É formada por tecido ósseo esponjoso, percorrido por inúmeros canais vasculares e nervosos, à periferia, e tecido ósseo compacto na zona mais central, junto à linha semilunar que marca a inserção do tendão do músculo flexor profundo do dedo.

Para descrição apresenta-se como um segmento de cone com:

3 faces (parietal, solear e articular) 3 bordos (coronário, solear e palmar)

Figura 6: falange proximal: vista caudal (esquerda) e vista dorsal (direita).

Figura 7: falange média: vista caudal (esquerda) e vista cranial (direita).

A face parietal ou dorsal corresponde à zona que dá suporte à maior parte do casco é convexa e encontra-se muito perfurada pelos buracos dos vasos desta zona. Nesta face existe, de cada lado, um sulco denominado sulco parietal ou dorsal que se termina num forâmen vascular.

De cada um dos lados, a face parietal prolonga-se caudalmente por dois ângulos que constituem os processos palmares. Estes são divididos por uma profunda incisura, por vezes convertida em buraco, que se continua pelo sulco parietal já referido; à porção dorsal do processo chama-se processo basilar e à porção ventral chama-se processo retrosal. O processo basilar e a porção adjacente do bordo coronário dão inserção à fibrocartilagem complementar ou cartilagem ungular da falange distal (uma lateral e outra medial), de aspecto quadrilátero e com uma face interna côncava e uma externa convexa. Estas cartilagens são compostas de tecido hialino nos jovens que com a idade se vão tornando fibro-cartilagíneas, podendo ossificar com a idade o que pode originar claudicações severas.

A face articular é a que intervém na articulação com a falange média, através de duas cavidades glenóides (a medial é ligeiramente maior).

A face solear é a que faz o apoio e encontra-se dividida numa superfície semilunar, mais cranial e numa superfície deprimida caudalmente que apresenta um sulco solear de cada lado que, por sua vez, termina num buraco solear. Cada

Figura 8: terceira falange: vista dorsal (esq. em cima), lateral (dir. em cima), proximal (esq. em baixo), ventral (dir. em baixo). 1) face parietal; 2) face articular; 3) face solear.

3 2

1 1

2

4. Articulações

As articulações entre estas várias peças ósseas são diartroses ou articulações sinoviais que mantêm a sua posição devido a numerosos ligamentos. Os movimentos possíveis nestas articulações são de extensão e flexão, accionados pelos potentes músculos do antebraço.

Na articulação metacarpo-falângica existem os ligamentos colaterais laterais e mediais, ligamentos sesamoideos colaterais, que unem os ossos sesamóides e ainda os ligamentos sesamoideos (curtos, cruzados, oblíquos e o ligamento sesamoideo recto que se estende desde a base dos sesamóides até à fibrocartilagem complementar da 2ª falange). Os ligamentos sesamoideos cruzado, oblíquo e recto constituem a continuação funcional do m. interósseo médio.

Na articulação interfalângica proximal existem ligamentos colaterais (medial e lateral) e dois pares de ligamentos palmares (axiais e abaxiais).

Na articulação interfalângica distal existem os ligamentos colaterais (medial e lateral) que ligam a falange média à falange distal, os ligamentos sesamóideos colaterais que se inserem no bordo proximal do osso navicular em íntima relação com o recesso proximopalmar da articulação interfalângica distal e o ligamento sesamoideo distal, ímpar e muito curto mas alargado latero-medialmente e que liga o bordo distal do osso navicular com a superfície flexora da falange distal; está em íntima proximidade com o recesso distopalmar da articulação e com a bolsa podotroclear.

Ao nível da falange distal e do osso sesamoide distal existem depois ligamentos vários que unem estes ossos às cartilagens complementares da úngula.

Muitas das articulações referidas apresentam recessos sinoviais que não são mais que divertículos da cavidade sinovial, que há quer ter em conta nas intervenções efectuadas nesta zona já que permitem, por exemplo, acessos mais facilitados nas punções das articulações ou nas anestesias intra-articulares. A título de exemplo refira-se que a articulação interfalângica distal apresenta cinco recessos sinoviais (dorsal, palmares proximal e distal e colaterais medial e lateral).

Figura 10: Ligamentos das articulações metacarpo-falângica e interfalângicas, representação esquemática. 11) ligamento colateral medial; 12) ligamento sesamoideo colateral medial; 13) ligamento sesamoideo oblíquo; 14) ligamento sesamoideo recto; 18) ligamento colateral medial da articulação interfalângica proximal; 23) ligamento colateral medial da articulação interfalângica distal. Adaptado de Popesko (1998).

5. Músculos

Os músculos que chegam até à zona mais distal do membro, no equídeo, são idênticos quer se trate do membro torácico quer do membro pélvico. Chegam até esta zona através da sua terminação tendinosa que continua o corpo do músculo localizado no antebraço.

São músculos com dois tipos de função nos dedos: extensão os localizados cranialmente e flexão os caudais.

m. extensor comum dos dedos – tem o corpo na zona do antebraço e o seu tendão prolonga-se distalmente inserindo-se parcialmente na apófise extensora da falange média e na maior parte mais distalmente na eminência piramidal (ou processo extensor) da 3ª falange.

m. extensor lateral dos dedos – o corpo muscular está na região do antebraço e o seu tendão corre lateralmente ao anterior para se ir terminar com este ao nível da 3ª falange.

m. flexor superficial dos dedos – é um dos músculos flexores do dedo e o seu tendão estende-se distalmente até aos dedos inserindo-se na 2ª falange. Devido à relação que o tendão deste músculo tem com o do flexor profundo dos dedos toma também a designação de tendão perfurado.

m. flexor profundo dos dedos – o tendão deste músculo designa-se por perfurante já que segue mais distalmente, passando pelo anel formado pelo anterior, terminando na linha semi-lunar da 3ª falange; pela inserção

Figura 11: músculos do membro torácico de equídeo. 14) m. extensor digital comum; 17) m. extensor lateral do dedo; 18) cabeça ulnar do m. flexor profundo do dedo; 21) m. flexor superficial do dedo; 22) cabeça tendinosa do m. flexor profundo do dedo; 23) tendão do m. flexor profundo do dedo; 24) porção colateral do m. interósseo médio. Adaptado de Popesko 1998.

6. Tegumento comum

Na extremidade distal dos membros existe o casco que é a porção epitelial cornificada formada a partir da queratinização do epitélio que cobre a derme (ou córion) e é esta estrutura que centraliza toda a especificidade anatómica que permite o apoio no solo.

6.1. Casco

O casco encontra-se composto por várias porções (Figura 13):

Parede (tapa ou muralha) Períople (limbo) Sola (palma) Ranilha (cunha)

O casco está seguro à derme que envolve a 3ª falange, crescendo a partir da zona da derme coronária em direcção distal, na ordem de 1 cm por mês o que, na prática, exige que uma porção formada na zona proximal atinja o solo ao fim de 8 meses.

camada média da parede

camada interna da

parede

coroa

perioplo

sola

linha branca ranilha

bulbo do talão

pulvino ungular

Figura 13 : porções do casco de equino (corte sagital).

A parede reveste a parte anterior, as partes caudais e parcialmente as partes posteriores da porção distal do dedo, onde se inflecte nas barras. Está formada por túbulos córneos incluídos e rodeados por uma substância córnea intertubular, podendo-se distinguir os seguintes estratos, do interior para a periferia:

Estrato interno ( stratum internum ) – corresponde a uma 600 lâminas córneas que se interdigitam com as lâminas sensíveis da derme laminar; cada uma destas lâminas córneas está subdividida em cerca de 100 lamelas secundárias que também engrenam com as lamelas do córion.

Estrato médio ( stratum médium ) – geralmente pigmentado, produzido pela epiderme coronal, que constitui a maior porção. É nesta zona insensível que se colocam os cravos que sustentam as ferraduras.

Estrato externo (limbo ou períople – stratum externum ) – constituído por uma camada de tecido córneo mole de consistência similar a cola, devido ao alto teor lipoproteico, e que é produzido pelo epitélio situado sobre uma estreita banda de derme perióplica proximalmente à derme coronária e que cresce distalmente. Reveste apenas a porção proximal porque, por ser muito fino, sofre rápido desgaste quando progride no sentido distal.

A sola (palma) é côncava de forma que o que assenta no solo é o bordo da parede e a ranilha. É constituída por tecido córneo de consistência mais branda que o da parede, constituído por uma mistura de túbulos córneos e tecido córneo intertubular.

Figura 14: Estrutura da parede do casco e derme. 1) Derme perióplica; 2) derme coronária; 3) túbulos córneos; 3’) papipas da derme coronária; 4) estrato médio; 5) lâminas dérmicas que se interdigitam com as lâminas córneas da parede do casco; 6) periople; 6’) extrato externo da perede. Adaptado de Dyce et al ., 1999.

lateral e medialmente existem dois sulcos denominados paracuneais que separam a ranilha das barras e que são o local de eleição para aplicação da pinça de casco no exame clínico (Figura 2).

6.2. Toro ungular

Ocupa o espaço entre os bordos da parede do casco e apresenta um epitélio que forma a sua parte córnea e que assenta numa derme. Mais profundamente localiza- se o pulvino digital, extremamente desenvolvido (Figura 13). As porções mais salientes de cada lado do toro constituem o que se designa por bulbos dos talões.

O pulvino ungular é composto por tecido fibro-elástico-adiposo e está entre as 2 cartilagens ungulares e é através delas que actua para afastar as porções medial e lateral do casco^1 , isto devido à compressão do pulvino entre o solo e a 3ª falange ao apoiar o membro.

A distensão do pulvino ungular é extremamente importante para a saúde da zona pois, além do amortecimento que proporciona, permite a expulsão do sangue venoso e da linfa, razões que concorrem para entender que é necessário que o apoio do casco implique o apoio da zona da ranilha, o que por vezes não acontece quando os animais estão ferrados incorrectamente.

6.3. Derme (córion)

O córion é extremamente vascularizado e está fixado às estruturas mais profundas (tais como a 3ª falange, as cartilagens ungulares e aos tendões) pelo tecido subcutâneo que é especialmente espesso profundamente à derme coronária e à derme da ranilha para formar, respectivamente, a almofadinha coronária e a almofadinha digital. Estas almofadinhas são constituídas por fibras de colagénio mescladas com fibras elásticas, tecido adiposo e cartilagem.

O córion (Figura 16) pode ser dividido em várias porções, que correspondem às zonas já mencionadas do casco:

Derme perióplica – localiza-se na zona de união entre a pele e o tecido córneo do casco, constituindo-se de papilas dérmicas curtas.

Derme coronária – é um pouco mais elevada que a derme perióplica, profundamente à qual existe a almofadinha coronária. O epitélio da maior parte da sua superfície produz a maior parte do tecido córneo correspondente à parede do casco, que vai crescendo em sentido próximo-distal.

(^1) Este alargamento do casco denomina-se frequentemente “diástole do casco” e

opõe-se ao alívio da pressão que permite a retoma da posição de todas as estruturas que é a “sístole do casco”.

Derme laminar – é composta por cerca de 600 lâminas (dérmicas) sensíveis que se interdigitam com as lâminas (córneas) insensíveis na face profunda da parede do casco. Ambos os tipos de lâminas apresentam lamelas secundárias que contribuem para fixar a parede do casco à derme e, mais profundamente, à 3ª falange. O epitélio que cobre as lâminas dérmicas sensíveis prolifera o suficiente para permitir que a parede deslize mas tem a capacidade, quando necessário, de produzir tecido córneo cicatricial. É esta grande interdigitação entre as lâminas démicas e da parede que permite a aderência das duas estruturas e o perfeito alinhamento da parede com a falange distal, o que não ocorre num processo de laminite em que interdigitação se perde e em casos graves há rotação da falange.

Derme da sola – está firmemente unida à face solear da 3ª falange. Apresenta uma inervação abundante que torna esta zona altamente sensitiva (sensibilidade epicrítica), sendo mesmo a zona mais sensível da extremidade dos equinos.

Derme da ranilha – situa-se entre a ranilha córnea e a almofadinha digital (pulvino ungular).

7. Vascularização

A vascularização da extremidade distal é extremamente importante por um lado pelo afluxo intenso de sangue a todas as estruturas da região que permite a irrigação do córion que por sua vez nutre a porção epitelial e, por outro, a drenagem venosa activa como veremos adiante.

7.1. Artérias

As artérias que chegam à extremidade distal provêm, no membro torácico, das divisões da artéria axilar, nomeadamente da sua continuação (a. braquial, a. mediana) e dos seus ramos (a. radial, a. circunflexa umeral caudal). Após a zona do carpo, onde existe a rede dorsal do carpo e os arcos palmares superficial e profundo, seguem-se as artérias que vão irrigar a zona mais distal do dedo, cuja origem principal é a artéria mediana. Esta zona é suprida pelas artérias digitais palmares comuns medial e lateral, cujo trajecto passa sobre as superfícies abaxiais dos ossos sesamóides proximais (onde são palpáveis) e continua pelo dedo, de ambos os lados dos tendões dos músculos flexores, já como artérias digitais palmares medial e lateral, que vão enviar ramos dorsais e palmares ao nível da 1ª, 2ª e 3ª falanges, prosseguindo até aos buracos soleares, onde os ramos terminais se anastomosam para formar o arco terminal no interior da 3ª falange.

No membro pélvico a irrigação provêm da artéria ilíaca externa e sua continuação (a. femoral? a. poplítea? a. tibial cranial? a. dorsal do pé), bem como dos

Figura 16: Derme após retirado o casco. Adaptado de Ashdown e Done, 1989.

até à zona distal. Além da inervação de outras estruturas durante o trajecto a inervação principal da extremidade distal do membro faz-se através dos nervos digitais próprios lateral e medial cujo trajecto acompanha o das artérias e veias. Têm depois um ramo dorsal e um ramo intermédio que recolhem a sensibilidade da zona dorsal das falanges média e distal.

No membro torácico os nervos digitais provêm dos nervos palmares medial e lateral que, por sua vez, são ramos distais do nervo mediano. Os nervos palmares convertem-se em digitais proximalmente à articulação metacarpofalângica, após o que são emitidos 1 ou 2 ramos dorsais que se ramificam pela face dorsal do dedo e da banda coronária. O trajecto faz-se junto às artérias do mesmo nome sobre a face abaxial do osso sesamóide proximal, passando depois profundamente ao ligamento do esporão para se introduzir no casco. Há depois ramos de menor calibre que inervam as estruturas caudais das falanges até chegar à porção terminal, ao nível da derme solear.

Para a inervação distal do membro torácico contribui também o nervo ulnar que termina sensivelmente na zona do carpo mas que ainda intercambia fibras com o nervo palmar lateral nessa zona.

No membro pélvico a inervação provém do plexo lombo-sagrado (L4-S2), formado por uma série de nervos que, tal como acontece no membro torácico, vão chegar à extremidade distal inervando no seu trajecto outras regiões. Os ramos terminais distais procedem da divisão do nervo ciático nos dois ramos principais: nervo tibial e nervo peroneal comum.

O nervo tibial corre pela porção caudal, entre as duas cabeças do músculo gastrocnémio e divide-se em nervo plantar medial e lateral. Este último segue distalmente dando origem, ao nível do calcâneo, aos nervos metatarsianos palmares lateral e media, semelhantes aos do membro torácico, já descrito. Além disto o nervo peroneal comum, que corre mais cranialmente no membro, vai dar origem a uma porção profunda que segue distalmente para se dividir, por sua vez, nos nervos metatarsianos dorsais medial e lateral que chegam até ao casco e terminam na zona da sola.

Da descrição anterior, constata-se que a inervação distal do membro pélvico difere da do membro torácico essencialmente pela maior contribuição de inervação através dos nervos dorsais, o que não ocorria na extremidade do membro anterior.

9. Bibliografia

ASHDOWN, R.R., Done, S.H. (1989). Atlas colorido de Anatomia Veterinária: o cavalo. Editora Manole, São Paulo.

BARONE, Robert (2000). Anatomie Comparée des Mammifères Domestiques. Tome2 : Arthrologie et Myologie. Quatrième edition. Editions Vigot, Paris

BARONE, Robert (1996). Anatomie Comparée des Mammifères Domestiques. Tome5 : Angiologie. Editions Vigot.

CLIMENT, S., SARASA, M., DOMINGUEZ, L., MUNIESA, P., TERRADO, J. (2004). Manual de Anatomia y enbriología de los animales domésticos, conceptos básicos y datos aplicativos: miembro torácico y miembro pelviano, sistema circulatório, esqueleto de la cabeza. Editorial Acribia, Zaragoza.

GETTY, R. (1982). Sisson y Grossman. Anatomia de los Animales Domésticos, Tomo I e II, 5ª edicion, Masson, S.A., Barcelona.

DENOIX, J.-M. (2003). Anatomia clínica del pie equino. In : Podología y herrado del caballo deportivo: aspectos basicos, métodos de diagnóstico, patologías específicas y modalidades de herrado. Editor: José Luis López Rivero, Universidad de Córdoba.

DYCE, K.M., SACK, W.O., WENSING, C.J.G. (1999). Anatomía Veterinaria, 2ª edicion, McGraw-Hill Interamericana, Mexico.

POPESKO, P. (1998). Atlas de Anatomía Topográfica de los Animales Domésticos. Tomo I a III, Masson, SA, Barcelona.

MARQUES, P. (1994). Lições de anatomia da pele e faneras. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.

MIRANDA DO VALE, J. (1966). O exterior do cavalo. Colecção Rústica, Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa.

Portas, M (2003). Identificação de equinos. Serviço Nacional Coudélico, Alter do Chão.

SCHALLER, O. (1996) Nomenclatura Anatómica Veterinaria Ilustrada. Editorial Acribia, S.A., Zaragoza.