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Guias e Dicas
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APOSTILA DE EDUCAÇÃO EM LIBRAS, Trabalhos de Enfermagem

INTRODUÇÃO AO ESTUDAO DE LIBRAS

Tipologia: Trabalhos

2019
Em oferta
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Compartilhado em 01/09/2019

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Curso Bacharel em Enfermagem
UNIDADE I
1- O que é Libras? Língua de sinais?
As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao
contrário do que muitos imaginam as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e
gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com
estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque
elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o
sintático e o semântico.
Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda
de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. É uma língua viva e
autônoma, reconhecida pela linguística.
O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são
denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das
demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em
contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês
etc. Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e
peças teatrais.
LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e, como
tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa
comunidade.
Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da
Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o
aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos. Os estudos em indivíduos
surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante
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Curso Bacharel em Enfermagem

UNIDADE I

1- O que é Libras? Língua de sinais?

As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao contrário do que muitos imaginam as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.

Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e peças teatrais. LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.

Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos. Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante

à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas.

A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade. “É impossível para aqueles que não conhecem a língua de sinais perceberem sua importância para os surdos, sua enorme influência sobre a felicidade moral e social dos que são privados da audição e sua maravilhosa capacidade de levar o pensamento a intelectos que de outra forma ficariam em perpétua escuridão. Enquanto houver dois surdos no mundo e eles se encontrarem, haverá o uso de sinais.” (J. Schuylerhong)

2- HISTÓRIA DOS SURDOS NO BRASIL E MUNDO

A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é de origem francesa. A Língua de Sinais não é universal e cada país possui a sua própria língua, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua.

2.1 - Fundamentos Históricos A história dos Surdos registra os acontecimentos históricos, como grupo que possui uma língua, uma identidade e uma cultura.

Ao longo das eras, os Surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, de sua comunidade, da sua língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que têm hoje, na era moderna.

► Até a Idade Média

- No Egito

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Distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser a cognome do Surdo.

- França Em 1712, foi criada a primeira escola de Surdos do mundo: o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris. O Surdo foi reconhecido como ser humano e a partir deste momento viram que ensinar ao surdo a falar seria perda de tempo, que o ensino principal deveria ser a língua gestual. Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo.

► Idade Contemporânea até os dias de Hoje

- Estados Unidos Thomas Hopkins Gallaudet, americano, e ducador ouvinte, abriu uma escola para surdos em Abril de 1817, a Escola de Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a Língua Gestual Americana. Ele usou, também, o inglês escrito e o alfabeto manual. Em 1830, já existiam nos Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos. - Alemanha Em 1880 nasce Hellen Keller, na Alemanha. Hellen ficou cega e surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doença. Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60 gestos (sinais) para se comunicar com os familiares. Hellen descreveu que a surdez é o mais infortune dos sentidos humanos. - Itália Em 1880 aconteceu o Congresso de Milão, que deixou obscura a História dos surdos. Um grupo de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo. Em consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX. Uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se que o ensino da língua gestual quase tinha desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros continentes. - Brasil No período de 1500 a 1855, já existiam muitos surdos aqui no Brasil. Nessa época, a educação era precária, até que, em 1855 Hernest Huet, professor francês de surdos veio ao Brasil a convite de D.Pedro II para fundar a primeira escola de meninos surdos, a

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Imperial Instituto de Surdos – Mudos, atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) no Rio de Janeiro. Desde o século XIX, as escolas tradicionais existentes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm adotando a comunicação total. Em 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais, organizado pela FENEIS. Foi a primeira vez que houve um intercâmbio entre Intérpretes do Brasil e a avaliação sobre ética do profissional Intérprete. Somente em 24 de abril de 2002 foi reconhecida a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades surdas no Brasil. Este foi o primeiro e grande passo para o reconhecimento e formação do profissional Intérprete de Libras.

2.2 - A educação de surdos e a legislação

Por muitos anos, a Libras foi compreendida como uma forma de comunicação rudimentar e incapaz de transmitir conceitos abstratos, resumida a gestos ligados exclusivamente ao meio imediato de comunicação. Certamente, uma motivação para tal fato está no caráter icônico que muitos de seus sinais apresentam. Em virtude dessa visão, até meado dos anos de 1990, as pessoas com surdez foram tolhidas do direito de fazer uso de sua língua no espaço educacional, uma vez que, como aponta Albres (2005), a política de educação nacional nesse período primava pelo ensino da fala em detrimento, inclusive, ao ensino de outros componentes curriculares.

Moura, Lodi & Harrison (1997) relatam que na década de 1960 a insatisfação com os resultados obtidos dentro da educação dos surdos com o oralismo era geral, principalmente após algumas pesquisas realizadas sobre as Línguas de Sinais, havendo nesse momento uma redescoberta. A escola sempre foi um importante espaço para a aquisição e desenvolvimento da língua de sinais, como descreve Albres (2005):

Os principais Institutos de Educação de Surdos tiveram como modelo a educação francesa e consequentemente, independente da contradição entre ensino oralidade ou Língua de Sinais, carregam consigo a Língua Francesa de Sinais. Por isso, a escola tem relação direta com o desenvolvimento da Língua de Sinais em nosso país, pois é nesse espaço que os surdos se encontram quando crianças (ALBRES, 2005, p. 3). Em 2002, a Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão dos surdos brasileiros pela Lei Federal Nº 10.436 (BRASIL, 2002). Três anos mais tarde,

Brasília, 24 de abril de 2002; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

► DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.

Regulamenta a Lei 10.436/02, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098/00.

DECRETA:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2° Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visu ais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. [...]

CAPÍTULO II

DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR

Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.

§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

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► Nomenclatura: Deficiente auditiva, Surdo-Mudo e Surdo. Quanto à pessoa do surdo Como chamaremos esta pessoa? Como nos referiremos a ela? § Surda? § Pessoa surda? § Deficiente auditiva? § Pessoa com deficiência auditiva? § Portadora de deficiência auditiva? § Pessoa portadora de deficiência auditiva? § Portadora de surdez? § Pessoa portadora de surdez?

Em primeiro lugar, vamos parar de dizer ou escrever a palavra “portadora” (como substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que está presente na pessoa. Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente. Por exemplo, uma pessoa pode portar um guarda-chuva se houver necessidade e deixá-lo em algum lugar por esquecimento ou por assim decidir. Não se pode fazer isto com uma deficiência, é claro. Um outro motivo para descartarmos as palavras “portar” e “portadora” decorre da universalização do conhecimento pela internet, processo este que está nos conectando em tempo real com o mundo inteiro. Assim, por exemplo, ficamos sabendo que em todos os lugares do mundo as pessoas com deficiência desejam ser chamadas pelo nome equivalente, em cada idioma, ao termo “pessoas com deficiência”.

Resolvido o problema dos termos “portar” e “portadora de”, passemos à deficiência em si. Todos conhecem o fato de que alguns surdos não gostam de ser considerados deficientes auditivos e o fato de que algumas pessoas deficientes auditivas não gostam de ser consideradas surdas. Também existem pessoas surdas ou com deficiência auditiva que são indiferentes quanto a serem consideradas surdas ou deficientes auditivas. A origem dessa diversidade de preferências está no grau da audição afetada.

  • Fale sempre de frente, pausadamente e, sempre que possível, dê pistas visuais sobre a mensagem (gestos, apontamentos, etc.). UNIDADE II

1 - Um breve passeio pelas raízes da história da Educação de Surdos

Para refletirmos as fundamentações da educação de surdos atual, não há nada melhor do que fazer um breve passeio pelas raízes da história de surdos. Conhecer a história de surdos não nos proporciona apenas para adicionarmos conhecimentos, mas também para refletirmos e questionarmos diversos acontecimentos relacionados com a educação em várias épocas, por exemplo, por que atualmente apesar de se ter uma política de inclusão, o sujeito surdo continua excluído? A história da educação de surdos não é uma história difícil de ser analisada e compreendida, ela evolui continuamente apesar de vários impactos marcantes, no entanto, vivemos momentos históricos caracterizados por mudanças, turbulências e crises, mas também de surgimento de oportunidades.

Como vemos pelo título do texto “Um breve passeio pelas raízes da história de educação de surdos”. Porque raízes? É pelas raízes numa história que surge revelações trazendo à luz as discussões educacionais das diferentes metodologias, pode-se observar que a raiz central das disputas sempre esteve ligada a respeito da língua, ou seja, se os sujeitos surdos deveriam desenvolver a aprendizagem através da língua de sinais ou da língua oral? Antes de surgirem estas discussões sobre a educação, os sujeitos surdos eram rejeitados pela sociedade e posteriormente eram isolados nos asilos para que pudessem ser protegidos, pois não se acreditava que pudessem ter uma educação em função da sua ‘anormalidade’, ou seja aquela conduta marcada pela intolerância obscura na visão negativa sobre os surdos, viam-nos como ‘anormais’ ou ‘doentes.

Muitos anos depois os sujeitos surdos passam a ser vistos como cidadãos com direitos e deveres de participação na sociedade, mas sob uma visão de assistencial excluída. Naquela época, não tinham escolas para os sujeitos surdos. Com esta preocupação educacional de sujeitos surdos fizeram surgir numerosos professores que desenvolveram seus trabalhos com os sujeitos surdos e de diferentes métodos de ensino. Quando nós observamos atentamente a situação atual da educação de surdos, nós podemos

perceber que houve ruptura em alguma parte de história de surdos e que esta ruptura está aos poucos sendo preenchida nestas últimas décadas. Até recentemente os povos surdos sofreram com esta ruptura, pois para a maioria deles a educação verdadeira começou somente depois quando saíram da escola na idade de adolescência, ao terem contato com os outros sujeitos surdos adultos nas associações de surdos. O ano de 1880 foi o clímax da história de surdos, que adicionou a força de um lado de muitos períodos de duelos polêmicos de opostos educacionais: a língua de sinais e o oralismo.

Neste ano foi realizado um Congresso Internacional de Professores de Surdos em Milão, Itália, para discutir e avaliar a importância de três métodos rivais: língua de sinais, oralista e mista (língua de sinais e o oral). Os temas propostos foram:

vantagens e desvantagens do internato, tempo de instrução, número de alunos por classe, trabalhos mais apropriados aos surdos, enfermidades, medidas, medidas curativas e preventivas, etc. Apesar da variedade de temas, as discussões voltaram-se às questões do oralismo e da língua de sinais. (BORNE, 2002, p.51)

Nenhum outro evento na história de surdos teve um impacto maior na educação de povos surdos como este que provocou uma turbulência séria na educação que arrasou por mais de cem anos nos quais os sujeitos surdos ficaram subjugados ás práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, a sua identidade surda e se submeteram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de imitá-los.

Por exemplo: houve avanços na visão clínica, que faziam das escolas dos surdos espaços de reabilitação de fala e treinamento auditivo preocupando-se apenas em ‘curar’ os surdos que eram vistos como ‘deficientes’ e não em educar.

Após o congresso, as maiorias dos países adotaram rapidamente o método oral nas escolas para surdos proibindo oficialmente a língua de sinais e ali começou uma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o direito linguístico cultural. Não foi sempre assim, havia momentos antes do congresso de 1880 em que a língua de sinais era mais valorizada.

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REFLEXÃO

Em síntese, a história dos Surdos, contada pelos não- Surdos, é mais ou menos assim: primeiramente os Surdos foram “descobertos” pelos ouvintes, depois eles foram isolados da sociedade para serem “educados” e afinal conseguirem ser como os ouvintes; quando não mais se pôde isolá-los, porque eles começaram a formar grupos que se fortaleciam, tentou-se dispersá-los, para que não criassem guetos. (SÁ, 2004, p.3)

2- Modelos educacionais na educação de surdos

No princípio da história de educação de surdos os sujeitos surdos eram considerados intelectualmente ‘inferiores’, por isso eram trancados em asilos e quando se perceberam que os sujeitos surdos tinham a capacidade de aprender e com isto surgiram pesquisas e experimentos das diferentes metodologias e formas adaptadas de ensino. Neste estudo, enfatizaremos os principais modelos educacionais presentes em maior ou menor intensidades nas escolas para surdos que são :Oralismo, a Comunicação Total, o Bilingüismo.

2.1- O Oralismo e suas estratégias

Na história houve uma época que tinha ampla valorização e aceitação da língua de sinais e a partir do congresso de Milão de 1880, a língua de sinais foi banida completamente na educação de surdos impondo ao povo surdo o oralismo.

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CONCEITOS

Ouvintismo: “(...) é um conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte”.(SKLIAR, 1998, p 15).

PARA LEITURAS

COMPLEMENTARES

SUGERIMOS:

  • SKLIAR, Carlos, Educação & exclusão: abordagens sócio- antropológicas em educação

- ORALISMO,

- COMUNICAÇÃO

TOTAL

- BILINGÜISMO.

Devido á evolução tecnológicos que facilitavam a prática da oralização pelo sujeito surdo, o oralismo ganhou força a partir da segunda metade do século XIX.

A modalidade oralista baseia-se na crença de que é a única forma desejável de comunicação para o sujeito surdo, e a língua de sinais deve ser evitada a todo custo porque atrapalha o desenvolvimento da oralização.

Essa concepção de educação enquadra-se no modelo clínico, esta visão afirma a importância da integração dos sujeitos surdos na comunidade de ouvintes e que para isto possa ocorrer-se o sujeito surdo deve oralizar bem fazendo uma reabilitação de fala em direção à “normalidade” exigida pela sociedade.

O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o Português). O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva. (GOLDFELD, 1997, pp. 30 e 31).

E com isto persistiu a aplicação de inúmeros métodos oralistas, geralmente estrangeiros, buscando estratégias de ensino que poderiam transformar em realidade o desejo de ver os sujeitos surdos falando e ouvindo, fazendo com que os órgãos governamentais dessem enormes verbas para a aquisição de equipamentos em que pudessem potencializar os restos auditivos e com os projetos de formação de professores leigos que muitas vezes faziam o papel de fonoaudiólogos, ficando assim a proposta educacional direcionada somente para a reabilitação de fala aos sujeitos surdos.

Dessa forma, até recentemente muitos sujeitos surdos foram triados e avaliados clinicamente, encaminhados em escolas públicas e foi estimulada a criação de instituições de reabilitação particulares.

Segundo DORZIAT (2006) as técnicas mais utilizadas no modelo oral:

COMENTÁRIO

Tem muitos métodos orais diferentes na educação com os surdos, ‘o oralismo’ é um dos recursos que usa o treinamento de fala, leitura labial, e outros, este recurso é usada dentro das metodologias orais, entre eles, o ‘verbotonal’, ‘oral

COMENTÁRIO

Na área de saúde classificam-se os surdos através de exames audiometrias. Graus de surdez mais conhecida é: Leve/ Moderada/ Severa / Profunda

►O TREINAMENTO

AUDITIVO

►O

DESENVOLVIMENTO DA

FALA

►A LEITURA LABIAL

2.3 - O Bilingüismo e sua aproximação do cultural A modalidade Bilíngüe é uma proposta de ensino usada por escolas que se sugerem acessar aos sujeitos surdos duas línguas no contexto escolar. As pesquisas têm mostrado que essa proposta é a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como primeira língua e a partir daí se passam para o ensino da segunda língua que é o português que pode ser na modalidade escrita ou oral. O Bilingüismo caracteriza-se da seguinte forma: O Bilingüismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngüe, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como Segunda língua , a língua oficial de seu país(...)os autores ligados ao Bilingüismo percebem o surdo de forma bastante diferente dos autores oralistas e da Comunicação Total. Para os bilingüistas, o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez. (GOLDFELD, 1997, p. 38)

Na ideologia de bilingüismo as crianças surdas precisam ser postas em contato primeiro com pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros. Para discutir essa questão, SKLIAR (1998-b) apresenta quatro diferentes projetos políticos que sustentam e subjazem à educação bilíngüe para surdos:

- O bilingüismo com aspecto tradicional.

Apresenta uma visão colonialista sobre a surdez. Impera o ouvintismo e a identidade incompleta dos surdos. Os professores continuam com sua formação nos

PARA REFLETIR

Vários autores criticam essa modalidade mista, dizem que o maior problema é a mistura de duas línguas, a língua portuguesa e a língua de sinais resultando numa terceira modalidade que é o ‘português sinalizado’, essa prática recebe também o

► O bilingüismo com aspecto tradicional ► O bilingüismo com aspecto humanista e liberal ► O bilingüismo progressista ► O Bilingüismo critico na educação surdos

modelos da educação com ideias clínicas. Esse tipo de bilingüismo tende à globalização da cultura.

- O bilingüismo com aspecto humanista e liberal Considera a existência de uma igualdade natural entre ouvintes e surdos. A desigualdade, no entanto, mostra a existência de uma limitação de oportunidade social aos surdos. Isso se constitui numa pressão para aqueles que vivem a situação de desigualdade histórica e são forçados a alcançar uma certa igualdade. - O bilingüismo progressista Tende a aproximar-se e a enfatizar a noção de diferença cultural que caracteriza a surdez, porém essencializa e ignora a história e a cultura. Assim, seriam Surdos (com S maísculo), porém não comprometidos com seus aspectos políticos. - O bilingüismo critico na educação surdos Sublinha o papel ‘desempeña la lengua y las representaciones en la construcción de significados y de identidades sordas’ Na realidade esta modalidade tem seus pontos positivos e negativos, tem escolas que usam língua de sinais como mediação com o oral e não como a produção cultural lingüística, treinam o oralismo como sendo a primeira língua, usando o método tradicional, esforçando para adquirir os equipamentos tecnológicos que possibilitem mostrar a capacidade do surdo aproximar-se a um modelo ouvinte e dizem que fazem trabalho bilíngüe com os surdos, mas na prática não é feita corretamente.

Para ter um modelo cultural realmente venturoso, os povos surdos aspiram pela valorização de língua de sinais como a primeira língua e tendo suas opiniões respeitadas, pois os sujeitos ouvintes continuam sempre decidindo por sujeitos surdos, disputando em relação de poder acima dos líderes surdos em diversas áreas, onde eles são importantes participar e acima de tudo querem a ‘dignidade’ de Ser Surdo!

Esta verdade sublime o Surdo encontra quando entra para o mundo totalmente visual - espacial da Comunidade Surda interagindo com a Cultura Surda, Artes Surdas, Identidade Surda, Língua de Sinais dos Surdos Urbanos e dos Índios

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REFLEXÃO

Vemos que hoje em dia ainda existem muitas praticas ouvintistas e escolas usando métodos ultrapassados, não se preocupando em atualizar