































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este documento aborda a ecologia da bacia amazônica, com foco em sua hidrologia, geomorfologia e ecossistemas aquáticos. Discutem-se os diferentes tipos de rios, suas características e influência na paisagem, assim como as interações entre a água e os solos, resultando em diferentes tipos de vegetação. Além disso, analisam-se as consequências das alterações hidrológicas e da carga sedimentar nas espécies aquáticas e na produção piscícola.
Tipologia: Notas de aula
1 / 71
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
do planejamento da estrutura e função dos ecossistemas) (Figura 01).”
Figura 01 – Diferentes interações do sistema natural e a sua relação com os seres vivos dentro do bioma terra. Fonte: (www.educacional.com.br/home.asp).
O principal objetivo da ecologia é entender os princípios de operação dos sistemas naturais e prever suas reações às mudanças. Para se entender ecologia e a sua importância na vida moderna, é necessário que esta ciência seja considerada não isoladamente, mas relacionada com as outras áreas da biologia (Figura 2A) e também com outras ciências (Figura 2B). Assim como todas as ciências, a Ecologia necessita adotar subdivisões. Para isso faz uso da teoria dos sistemas. Um sistema é um conjunto cujos elementos unem-se por meio de propriedades calcadas na interação, na interdependência e na sensibilidade a certos mecanismos reguladores, de tal modo que formam um todo unificado (ODUM, 1988). Desse modo, precisamos caracterizar primeiramente a hierarquia ecológica, para que possamos compreender os processos que serão apresentados no decorrer do nosso curso, além de alguns conceitos fundamentais que serão aplicados.
(^1) Caso queira ler mais a respeito de definições sobre Ecologia, ler: Odum, 1988; Pinto-Coelho, 2002. ECOLOGIA DA AMAZÔNIA - GHA
B)
Figura 02 – Interações entre a ciência Ecologia e as demais áreas da Biologia (A) e com outras ciências (B).
É importante que se perceba que a hierarquia ecológica inclui elementos funcionais e estruturais que, quando combinados, definem o sistema ecológico e fornecem um meio de selecionar um conjunto de indicadores representativos das características chaves do sistema. Todos os sistemas ecológicos têm elementos da composição e da estrutura que surgem através dos processos ecológicos. As condições características dependem da função ecológica, chave mantenedora, que por sua vez produz elementos adicionais à composição e à estrutura. Se as ligações entre processos que se desenvolvem e os elementos da composição e estrutura se quebram, então a sustentabilidade e integridade estão em risco e a recuperação pode ser difícil e complexa (Figura 03).
1.1 – Definições 1.1.1 – Espécie ou Organismo É o conjunto de indivíduos semelhantes, que podem se intercruzar, e originar descendentes férteis (pelo menos potencialmente). O conceito de espécie não é só taxonômico. Cada espécie de organismo é também uma unidade evolutiva, pois se os membros que a compõem são capazes de se reproduzirem e originar descendentes, todos eles apresentam caracteres em comum. Exemplos: Homo sapiens (homem), Daphnia gessneri (pulga d´água), Sotalia fluviatilis (boto tucuxi), Euterpe oleracea (açaí).
1.1.2 – Habitat Lugar onde uma espécie (ou mais de uma) vive. Nesse local os organismos encontraram, além do abrigo das intempéries do meio físico e de eventuais ameaças biológicas (predação), alimento e poderão se reproduzir.
1.1.3 – Nicho Ecológico Unidade mais íntima da distribuição de uma espécie.
passo importante para que você exercite sua independência didática.
Após realizar o estudo desta unidade, responda às questões propostas para complementar seu aprendizado. Assim que terminar de resolver as questões propostas, envie para o seu Tutor no prazo de 5 dias.
2 – A Floresta Amazônica Esta unidade tem como objetivo a apresentação das principais características do ecossistema florestal amazônico e seus principais ecótonos, juntamente com a discussão dos principais fatores que interagem com a floresta. AflorestaAmazônica é o maior sistema florestal do planeta, ultrapassando os limites das fronteiras políticas de vários países e ocupando as bacias de rios gigantescos, como a do Rio Orinoco e a do próprio Rio Amazonas. Esta floresta avança pelos seus afluentes e penetra ao norte nos territórios da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, alcançando o Atlântico, passando pelo delta do Amazonas, recobrindo parte do nordeste do Maranhão. Ao sul invade os Estados de Tocantins e Mato Grosso, com a região de planalto, e por tanto de cerrado, na forma de matas de galerias (mata de beira de rio). A oeste é encontrada até os pés dos Andes, em terras bolivianas, peruanas, equatorianas e colombianas. A área de abrangência da Amazônia Legal perfaz uma superfície de aproximadamente 5.217.423 km o que corresponde a cerca de 61% do território brasileiro. Além destas “divisões”, a floresta amazônica ainda engloba 38% (1,9 milhões de km²) de florestas densas; 36% (1,8 milhões de km²) de florestas não densas; 14% ( mil km²) de vegetação aberta, como cerrados e campos naturais, sendo 12% da área ocupada por vegetação secundária e atividades agrícolas (Ambiente Brasil, 2006) (Figura 04). A Amazônia tem características marcantes que tornam sustentável tamanha vastidão verde. Nesse contexto, pode-se destacar a extraordinária continuidade das florestas, e da grandeza de sua rede pluvial. Ela sustenta aos mais variados tipos de ecossistemas, mesmo analisando regiões e altitudes diversas. Uma característica marcante desta floresta é a grande variabilidade encontrada nas terras amazônicas, a qual pode ser destacada pelos rios, plantas e animais. A floresta amazônica encontra-se hoje, mais do que nunca, no foco de discussões relacionadas ao desenvolvimento sustentável, pois, esta se configura como uma das poucas áreas com grande reserva de madeiras tropicais do planeta. Esta floresta abriga um vasto patrimônio biológico sob a forma de milhões de espécies de organismos. Ela também regula o ciclo hidrológico da maior bacia hidrográfica do mundo (bacia amazônica), e de todo um continente sul-americano, fornecendo cerca de 20% de toda a água doce que chega aos oceanos com a descarga dos rios amazônicos. No entanto, atualmente, esta floresta está desaparecendo rapidamente devido à expansão dos impactos de natureza antrópica, o que é evidenciado através da expansão agrícola e da retirada indiscriminada de madeira em diversos países Amazônicos. Shubart (1983) afirmou que infelizmente, o que se tem observado é que as tentativas de implantação da agricultura na Amazônia, principalmente as monoculturas, se avaliadas pelo critério da sustentabilidade ao longo do tempo, não têm sido bem sucedidas.
Figura 04 – Região Amazônica. Fonte: www.gtz-amazonia.org/ portugues/contexto. htm.
ECOLOGIA DA AMAZÔNIA - GHA
A Amazônia é caracterizada por grandes extensões de florestas densas (Figura 05), com uma grande diversidade Florística, grande biomassa, sendo genericamente denominada de floresta tropical úmida ou floresta tropical pluvial. Esta floresta é comumente conhecida como a “Hiléia”, denominada assim por Von Humboldt no início do século XIX, no entanto, as formações vegetais da Amazônia são muito mais variadas do que esta generalização sugere (SHUBART, 1983).
Figura 05 - A “hiléia” amazônica Fonte: www.escolavesper.com.br/images/flor esta.jpg
A distribuição da vegetação é em grande parte controlada por fatores climáticos, podendo destacar a transição entre a floresta e o cerrado no Brasil Central que está correlacionada com um aumento na duração da estação seca, que é de no máximo 3 meses na Amazônia e de 5 a 6 meses no Brasil Central. Nesse contexto, a distribuição da vegetação também está relacionada com os fatores edáficos e as atividades humanas, que representa um dos grandes entraves para a conservação da floresta. O clima na região amazônica é quente e úmido apresentando variações segundo a quantidade total de precipitações e a duração da estação seca, ao longo de toda a bacia. Assim que no Noroeste da Amazônia ocorrem as mais altas precipitações, distribuídas uniformemente durante todo o ano. Já ao longo de um corredor mais seco que liga os campos de Roraima ao cerrado no Brasil Central, passando pela região de Santarém, a precipitação anual total situa- se entre 1500 a 1750 mm, ocorrendo uma estação seca de 3 meses. Porém estas variações são muito pequenas para determinar diferenças marcantes na vegetação da Amazônia. Algumas observações indicam que nas áreas com maiores níveis de umidade encontram-se mais epífitas e plantas herbáceas no sub-bosque das florestas de terra firme (SHUBART, 1983). Diante disso os fatores do solo, sobretudo as condições de drenagem e, em menor escala, a disponibilidade de nutrientes, assumem maior importância na Amazônia como controle da distribuição das formações vegetais. De uma forma simplificada, a vegetação da Amazônia pode ser dividida em vegetação dos terrenos holocênicos, freqüentemente inundados, e na vegetação de terra firme, isto é, dos terrenos mais antigos que o Holoceno, que se encontram pelo menos a alguns metros acima do nível mais alto dos rios amazônicos (Shubart, 1983). Por outro lado, podem-se distinguir os diversos tipos de florestas, com o dossel contínuo das formas de vegetação aberta, representados por campos, campinas, cerrados, etc.
2.1.1 – As Florestas de Terra Firme O termo “terra firme” se aplica à todas as florestas que não são sazonalmente inundadas pela cheia dos rios, diferenciadas assim das florestas de Várzea e Igapó. Elas ocupam cerca de 80% da área da Amazônia. Nesse ecossistema ocorrem diversos tipos de florestas, são:
2.1.2 – As Florestas Abertas na Terra Firme Estes ecossistemas são encontrados em diversas áreas da região amazônica. Estas florestas possuem extensão variável, porém não alcançando muitos hectares, o que as configura como verdadeiras “ilhas” dentro da Hiléia. Essas formações vegetais são muito diversas entre si, tanto no quis diz respeito a sua fisionomia quanto a sua composição florística, refletindo a diversidade de fatores envolvidos em sua formação. Além destes pequenos e complexos ambientes ocorrem ainda, grandes áreas de campos e de cerrados que se estendem pelo Leste do território de Roraima, Sudeste da Venezuela e Sul da Guiana e do Suriname, com penetrações pelo Norte do Pará. A grande extensão destes campos, cerca de 100.000 km2 contínuos, asseguram-no uma categoria com domínio morfoclimático próprio, conhecido como Roraima-Guianense. Entre os diversos fatores que contribuíram para a ocorrência de diversos tipos de vegetação na Amazônia, destacam-se: os fatores edáficos , localmente desfavoráveis ao desenvolvimento de florestas, além das condições climáticas que se apresentam desfavoráveis, devido a baixas precipitações anuais, ou a uma estação seca mais prolongada e por último a influência antrópica pode ter sido importante em algumas situações, por meio de intensas derrubadas e queimadas repetidas durante a estação seca, principalmente para a construção de pastos. Estes fatores continuam presentes na atualidade, tornando-se difícil determinar quais estavam na origem e quais deles são conseqüência (SHUBART, 1983). Um fato que caracteriza grande parte dos solos Amazônicos é a capacidade de reter a umidade para o período do ano no qual a evapotranspiração de uma floresta excederia a precipitação. Isto pode acontecer sob várias condições. A capacidade de armazenamento de umidade por volume de solo pode ser muito baixa, como é o caso dos solos muito arenosos. Em outras situações é o espaço disponível para o enraizamento que é pequeno. Mesmo que o material constituinte do solo armazene muita água por unidade de volume, a quantidade total armazenada seria insuficiente para a demanda de uma floresta na estação seca. Se durante a estação de chuvas o lençol freático sobe até um ponto próximo da superfície, isto pode limitar o desenvolvimento das raízes em profundidade. Se houver um abaixamento considerável do lençol freático durante a estação seca, então as raízes curtas não alcançam a água, e a quantidade de água disponível na camada enraizada será insuficiente para manter uma floresta. Esta condição ocorre freqüentemente em solos arenosos muito profundos na terra firme, onde atuam fatores como a permeabilidade, sobre os quais se desenvolvem campinas amazônicas, que são as formações vegetais capazes de tolerar a ausência de água. Os principais tipos de formações abertas de terra firme da Amazônia são os campos ou cerrados e as campinas Amazônicas.
2.2 – Ecologia da Floresta Para um bom entendimento do funcionamento da floresta, como ela se renova e como ela se modifica sob diversas condições, faz-se necessário considerá-la como um sistema ecológico, do qual as árvores constituem apenas uma parte integrante de um todo. A floresta apresenta também as mais variadas formas de vida como protozoários, fungos, pequenos e grandes animais, sendo que alguns destes organismos são vitais para o bom funcionamento do ambiente. Alguns microrganismos presentes no solo realizam uma função essencial para a existência da floresta, a decomposição da matéria orgânica (os galhos e troncos mortos, os cadáveres e excrementos dos animais maiores) reciclando assim os nutrientes minerais indispensáveis ao crescimento da floresta. Os fatores relacionados ao ambiente físico constituem parte igualmente importante do ecossistema florestal. Como foi discutido anteriormente, as características físicas e químicas dos solos e os fatores climáticos determinam a distribuição dos tipos de vegetação da Amazônia. Estes fatores abióticos estão direta ou indiretamente envolvidos com a fotossíntese, que é o processo pelos quais as plantas captam a energia solar essencial para manter o funcionamento de todo o. ecossistema. Segundo Shubart (1983), o conceito de ecossistema é essencialmente funcional. Assim, ele é deliberadamente vago quanto a limites físicos, podendo ser considerados como ecossistemas desde a d’água acumulada numa bromélia, com sua comunidade biótica característica, até um lago, um trato de floresta. Não faz sentido, portanto, a tentativa de se classificar os ecossistemas na escala de uma grande região. O conceito é útil quando se trata de compreender as relações entre estrutura e função de um segmento particular da paisagem, como por exemplo, um trato da floresta de terra firme.
2.2.1- A Auto-Sustentabilidade da Floresta As zonas tropicais apresentam condições ótimas para a realização de processos como a fotossíntese, Há, portanto, um potencial elevado de produção de matéria orgânica na região, estimado em torno de 8 (oito) toneladas de carbono fixado por hectare por ano (equivalente a 20 toneladas de matéria seca por hectare por ano). A biomassa da floresta, também é muito grande, da ordem de 500 toneladas por hectare, expressa em peso seco, o que é equivalente a 200 toneladas de carbono por hectare. Esta biomassa é constituída em sua quase totalidade pelas plantas, especialmente pelas árvores e plantas lenhosas. A biomassa animal representa uma fração muito pequena da biomassa total, sendo da ordem de algumas dezenas de kg/ha (peso fresco) para os vertebrados, e de algumas centenas de kg/ha (peso fresco) para os invertebrados, sobretudo insetos. No entanto, estas características levaram a uma grande especulação promissora em relação ao potencial agrícola da região. A substituição dessas florestas aliada à prática de queima na região amazônica e à decomposição dessa biomassa libera para a atmosfera, carbono, sobretudo na forma de CO2, que é o principal gás responsável pelo efeito estufa. Aumentos anuais segundo alguns estudos já verificados, calculam um aumento de cerca de 0,4% na concentração de CO2, e de aproximadamente 1% na de CH4 (metano) na atmosfera, esses valores poderiam contribuir para um aumento da temperatura anual média da Terra em torno de 2,5ºC, até o ano de 2100. Paradoxalmente, a Amazônia tem representado um verdadeiro desafio agrícola, permanecendo até hoje entre as regiões mais atrasadas do mundo em termos de desenvolvimento da agricultura, este fato está ligado a diversos fatores tais como: históricos, sociais e econômicos que são relevantes para a compreensão global do problema, porém observando-se do ponto de vista ecológico podemos encontrar a melhor explicação para esta situação, que reside principalmente no fluxo de energia e na reciclagem de materiais, especialmente nutrientes minerais essenciais ao crescimento das plantas, que é uma das funções básicas dos ecossistemas. Estes ciclos biogeoquímicos, como, são chamados, apresentam características muito diferentes entre si, dependendo dos elementos ou substâncias envolvidas. Fatores que contribuem para o elevado potencial de produtividade primária na Amazônia: a água, gás carbônico e energia solar, são abundantes e de certa forma externos ao sistema. A água e o gás carbônico têm ciclos biogeoquímicos do tipo gasoso, isto é, a atmosfera ou a hidrosfera representam grandes reservatórios ECOLOGIA DA AMAZÔNIA - GHA
destas substâncias, que circulam livremente sob a forma gasosa. O mesmo, aliás, é o caso do nitrogênio, o principal elemento na composição das proteínas, e que constitui 79% da atmosfera. O N2 gasoso da atmosfera é incorporado à biomassa através da fixação biológica realizada por diversas bactérias do solo, algumas em simbiose com raízes de plantas, ou por algas cianofíceas e também através das chuvas, na forma de amônia e nitrato. No solo o nitrogênio encontra-se geralmente sob a forma de nitrato (NO3+), que é assimilável pelas plantas. O nitrato pode perder-se para o sistema por lixiviação ou erosão do solo, ou então, sob condições anaeróbicas, ele pode ser reduzido a N2 gasoso por diversas bactérias no processo de denitrificação (SHUBART, 1983). Ao contrário, a classe dos microelementos, aqueles que ocorrem somente em quantidades relativamente pequenas na composição dos organismos e são elementos essenciais à vida, tais como: o fósforo, o potássio, o cálcio, o magnésio, entre os mais importantes, tem ciclos biogeoquímicos do tipo sedimentar, isto é, as rochas e os sedimentos são os principais reservatórios. Estes elementos podem ser considerados como fatores internos ao sistema, pois existem em quantidades mais ou menos limitadas, resultantes de circunstâncias geológicas muito anteriores ao estado atual do sistema, e tendem sempre a se perder para o sistema pelos processos de erosão e lixiviação dos solos, sendo levados pelos rios em direção aos oceanos. O retorno destes micronutrientes é feito na escala de tempo histórica, em quantidades muito pequenas, através de cinzas vulcânicas, aerossóis, poeira etc. que se precipitam sobre as florestas diretamente ou, mais freqüentemente, dissolvidas na água da chuva. Apenas na escala de tempo geológico, através dos processos orogenéticos, ocorre o retorno destes nutrientes em quantidades apreciáveis. Estas relações são bem exemplificadas na Amazônia. Os terrenos antigos dos escudos cristalinos encontram-se quase totalmente erodidos e profundamente lixiviados, o mesmo acontecendo com os terrenos do planalto Amazônico, formados por sedimentação de detritos provenientes dos escudos. Ao contrário, as várzeas férteis, são resultado, de um ciclo de erosão nos Andes geologicamente recente, e de deposição nas planícies de inundação da depressão Amazônica, o que constitui um processo geológico muito ativo atualmente. Anualmente caem ao solo cerca de 8 t/ha, peso seco, de folhas mortas, galhos, flores e frutos. Há um aporte de minerais ao solo através de uma quantidade ainda desconhecida de troncos mortos e através da água de lavagem das folhas e caules. O aporte de minerais ao solo pela decomposição dos detritos orgânicos é bastante considerável em relação às quantidades existentes no solo. Por outro lado, as quantidades de minerais armazenadas na biomassa são também muito significativas em comparação com as reservas do solo. Como a biomassa da floresta não está diminuindo com o tempo, é de se concluir que a floresta está absorvendo todos estes nutrientes minerais, fechando assim o ciclo. Esta conclusão é confirmada pelas análises de água da maioria dos igarapés e inclusive do rio Negro. São águas muito puras quimicamente, tendo sido comparadas com uma água destilada com impurezas. De fato, um cálculo revelou que a quantidade de minerais que sai da bacia do rio Negro por meio de suas águas é igual à quantidade que chega à mesma área com as chuvas. (Shubart, 1983)
“Na Amazônia a floresta não vive do solo, mas sobre o solo. Realmente, ela quase vive de si mesma...”.
2.2.2 – A Floresta Amazônica Está Morrendo? Por ser de tamanha importância para a humanidade este ambiente sempre foi alvo de afirmações curiosas a seu respeito. “Quem nunca ouviu falar da Amazônia como sendo o “Pulmão” do mundo?”, ou “A floresta está morrendo deve ser explorada antes que se acabe” ou “que a floresta Amazônica está morrendo, sufocada literalmente pelo estrangulamento ocasionado pelos cipós”, este tipo de informação errônea e muitas vezes sensacionalista é amplamente difundido pela imprensa e com auxilio dos meios de difusão atuais correm bem mais rápido. Normalmente baseiam-se em visões equivocadas da realidade ou representam o interesse de algum grupo. Uma das idéias mais difundidas atualmente afirma que a floresta estaria envelhecendo, nos quais suas árvores mais antigas estariam sendo destruídas de dentro para fora consumidas pelos agentes de deterioração ECOLOGIA DA AMAZÔNIA - GHA
Figura 07 – Espécie de vegetação pioneira. Cecrópia. Fonte: botit. botany.wisc.edu/courses/img/bot/401/Mag- noliophyta/Magnoliopsida/Hamamelidae/Cecropiaceae/Cecropia/Cecropia%20sp%20KS%20.jpg
Para conhecer um pouco mais sobre a floresta Amazônica, leia a revista: Amazônia: Recursos Naturais e História. Ciência e Ambiente. V.31. www.ufsm.br/ cienciaeambiente
Para responder às atividades, utilize papel de tamanho A4, com letra arial 12 e remeta seus resultados a seu tutor!
3 – As Águas da Região Amazônica
Esta unidade tem por objetivo levar o aluno ao conhecimento da diversidade hidrobiológica da bacia amazônica. Apresentando os principais tipos de fauna e flora. Na região amazônica, a água é um dos fatores preponderantes na paisagem, o que é evidenciado através de um grande número de rios de grande porte, os quais se ressaltam nessa paisagem, e também pelos inúmeros pequenos rios e igarapés, que contribuem para a formação dos rios gigantescos da região (Figura 08). Essa região possui uma complexa e densa rede de igarapés, o que é verificado em poucas áreas do Figura 08^ – Pôr-do-sol no rio Negro. Foto do autor. planeta. Porém, a respeito desse vasto sistema aquático, verifica-se que os corpos de água não são de natureza uniforme, se encontrando, portanto, diferenças significativas em relação à sua morfologia de leitos, e às suas características químicas e biológicas (JUNK, 1983). Dentro desse contexto, os lagos amazônicos, que possuem uma vasta rede em toda a região e que acompanham os grandes rios, são típicos para as áreas alagáveis, várzeas e os igapós, mas não estão presentes de forma significativa nas áreas não-inundáveis, ou seja, a terra firme, onde igarapés e pequenos rios caracterizam e se destacam na paisagem amazônica. Na região, rios com água barrenta ocorrem com o mesmo nível de significância que os rios de água preta ou cristalina. Enquanto alguns rios são caracterizados por apresentarem um fraco regime de correntezas (baixo regime dinâmico), outros se caracterizam pelo fato de apresentarem corredeiras e cachoeiras ao longo de seu percurso, se estabelecendo, portanto, um alto regime dinâmico desses corpos d’água. Rios com alta disponibilidade de nutrientes, grande quantidade de plantas, peixes e pássaros aquáticos são tão comuns quanto os rios com baixa disponibilidade, onde raramente se encontra uma quantidade diversa e significativa de organismos (JUNK, 1983). Para um bom entendimento desta diversidade segundo Junk (1983), é necessário não somente descrever os aspectos biológicos das águas Amazônicas, mas também discutir as condições geográficas, geológicas, hidrológicas e hidroquímicas da região como um todo, pelo fato da água e das áreas de terra adjacente se influenciarem de forma mútua, e somente em conjunto dão origem à paisagem Amazônica. O Entendimento do ecossistema como um todo é a base para um aproveitamento sustentável dos recursos hídricos, que, desde o início do processo de ocupação da região pelos Europeus, tiveram um papel determinante para ele, sabendo que no futuro estes recursos serão de grande valia para a implementação de projetos que visem o desenvolvimento econômico e social da região. O desconhecimento das inter-relações entre os mais variados sistemas como os corpos d’água, a terra e a floresta na Amazônia podem promover um planejamento errôneo e em conseqüência disso uma destruição do equilíbrio ecológico regional, o que pode resultar em conseqüências desastrosas tanto para o ambiente quanto para o próprio Homem.
Por que as águas Amazônicas têm tantas cores diferentes? Para a análise deste paradigma, temos que considerar as seguintes características dos rios, como por exemplo: o rio Tapajós tem suas águas transparentes e de coloração verde-azuladas, enquanto que a água do Amazonas é branca, apresentando, portanto, aspecto barrento (Figura 09). Nas áreas de encontro dos rios, ambos se misturam de uma maneira similar, verificando de forma nítida o encontro das águas. Em relação à coloração, as águas transparentes são denominadas de águas claras, enquanto que as águas barrentas são denominadas águas brancas. Na foz do rio Negro é possível verificar uma ECOLOGIA DA AMAZÔNIA - GHA