Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Letramento: Ensino Literário e Inter-relações Com Outras Linguagens, Notas de estudo de Literatura

Este artigo discute o desenvolvimento de sequências básicas de ensino literário aplicadas em salas de aula de ensino fundamental e ensino médio. Além disso, aborda a importância dos estudos de letramento e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem. O artigo espera contribuir para o debate sobre o ensino literário nas escolas básicas, ampliando as propostas de atividades que aumentem a participação do aluno.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tucupi
Tucupi 🇧🇷

4.6

(74)

401 documentos

1 / 20

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Linguagem em (Re)vista, vol. 11, n. 22. Niterói, jul./dez. 2016
96
ENTRE DIÁLOGOS E LETRAMENTOS:
APLICAÇÃO DE SEQUÊNCIAS BÁSICAS
EM TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Maria Betânia Almeida Pereira (UERJ)
Ana Carolina Nemer Guimarães (UERJ)
RESUMO
O estudo faz parte de uma das etapas do projeto de iniciação à do-
cência, “O ensino do texto literário e suas inter-relações com outras lin-
guagens”, realizado na Faculdade de Formação de Professores da
UERJ. Os objetivos da escrita do artigo são: discorrer sobre o desenvol-
vimento de sequências básicas, aplicadas em turmas do Ensino Funda-
mental e Ensino Médio e abordar a importância dos estudos de letra-
mentos e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem. Espe-
ramos que o trabalho contribua para o debate do ensino do texto literá-
rio nas escolas de educação básica, ampliando as propostas de ativida-
des que agreguem cada vez mais a participação do discente, com vistas à
formação de espaços formativos de criticidade, protagonismos e subjeti-
vidades.
Palavras-chave: Letramentos. Gêneros textuais. Ensino. Texto literário.
1. Introdução
As discussões tecidas neste artigo são desdobramentos
de algumas etapas do projeto de iniciação à docência, “O ensi-
no do texto literário e suas inter-relações com outras lingua-
gens”, aprovado pelo programa CETREINA, da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e realizado na Faculdade de For-
mação de Professores, campus o Gonçalo. Uma das bases
norteadoras da pesquisa consiste no diálogo entre a universi-
dade e as escolas públicas, visando o intercâmbio dos licenci-
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Letramento: Ensino Literário e Inter-relações Com Outras Linguagens e outras Notas de estudo em PDF para Literatura, somente na Docsity!

ENTRE DIÁLOGOS E LETRAMENTOS:

APLICAÇÃO DE SEQUÊNCIAS BÁSICAS

EM TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Maria Betânia Almeida Pereira (UERJ) Ana Carolina Nemer Guimarães (UERJ)

RESUMO O estudo faz parte de uma das etapas do projeto de iniciação à do- cência, “O ensino do texto literário e suas inter-relações com outras lin- guagens”, realizado na Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Os objetivos da escrita do artigo são: discorrer sobre o desenvol- vimento de sequências básicas, aplicadas em turmas do Ensino Funda- mental e Ensino Médio e abordar a importância dos estudos de letra- mentos e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem. Espe- ramos que o trabalho contribua para o debate do ensino do texto literá- rio nas escolas de educação básica, ampliando as propostas de ativida- des que agreguem cada vez mais a participação do discente, com vistas à formação de espaços formativos de criticidade, protagonismos e subjeti- vidades.

Palavras-chave: Letramentos. Gêneros textuais. Ensino. Texto literário.

1. Introdução

As discussões tecidas neste artigo são desdobramentos de algumas etapas do projeto de iniciação à docência, “O ensi- no do texto literário e suas inter-relações com outras lingua- gens”, aprovado pelo programa CETREINA, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e realizado na Faculdade de For- mação de Professores, campus São Gonçalo. Uma das bases norteadoras da pesquisa consiste no diálogo entre a universi- dade e as escolas públicas, visando o intercâmbio dos licenci-

andos em letras com o contexto educacional das escolas. Nes- se espaço das escolas públicas de educação básica, os gradu- andos são convocados a aliar o cabedal teórico que vêm cons- truindo, ao longo do curso, à prática de sala de aula; elaborar materiais didáticos, no intuito de utilizá-los e refletir sobre os seus usos. Assim, ao longo deste trabalho, procuramos discutir o percurso trilhado desde a pesquisa até a execução das ofici- nas, objetivamos, com a escrita, relatar o desenvolvimento de sequências básicas em algumas turmas do ensino básico. Para tanto, seguimos a fundamentação teórica de Cosson (2006), Soares (2006), Bakhtin (2003), Bunzen; Mendonça (2006) e Rojo (2012), dentre outros.

Como critério de organização, dividimos o texto em três seções. Na primeira, abordaremos os aportes teóricos que fun- damentaram a base deste trabalho. Na segunda seção, discuti- remos o trajeto percorrido para se chegar ao tema das oficinas, destacando o modelo de Rildo Cosson (2006): a sequência bá- sica, selecionada como a mais adequada a ser aplicada nas turmas. E, por fim, a terceira parte da pesquisa põe em relevo as leituras feitas pelos alunos, sinalizadas por suas produções textuais.

2. Breve abordagem sobre letramentos e suas implicações no ensino Magda Soares (2006), em seu livro Letramento: Um Tema em Três Gêneros, atenta para o uso da palavra letramen- to e discute como o termo vai ganhando novas acepções tanto em relação às demandas sociais, políticas e econômicas, quan- to aos campos de estudos. A pesquisadora afirma, por exem- plo, que “estudos antropológicos e etnográficos evidenciam os diferentes usos do letramento, dependendo das crenças, valo- res e práticas culturais, e da história de cada grupo social” (SOARES, 2006, p. 79). Voltando um pouco para a área de

modelo ideológico – o modelo que focaliza as práticas sociais específicas de leitura e de escrita. Sendo assim, esta perspecti- va alternativa,

ressalta a importância do processo de socialização na construção do significado do letramento para os participantes e, portanto, se preocupa com as instituições sociais gerais por meio das quais esse processo de dá, e não somente com as instituições “pedagó- gicas”. (STREET, 2014, p. 44) Com formação em antropologia e pesquisador dos le- tramentos em sociedades ocidentais e orientais, Brian Street defende o modelo ideológico de letramento, mas esclarece que esta abordagem agrega as modalidades oral e letrada e a inves- tigação das práticas letradas nesse domínio de pensamento exige uma abordagem etnográfica.

Um percurso etnográfico não estaria muito distante da proposta do Grupo de Nova Londres (GNL), ao conclamar a escola a trabalhar a diversidade cultural e a pluralidade de tex- tos multimodais. Em seu manifesto, “A Pedagogy of Multilite- racies”, de 1996, o Grupo de Nova Londres, formado por um grupo de pesquisadores dos letramentos, reunidos em Nova Londres, em Connecticut (EUA), defendia “a necessidade de a escola tomar a seu cargo os novos letramentos emergentes na sociedade contemporânea”, sendo que nos currículos deveria constar “a grande variedade de culturas já presentes nas salas de aula” (ROJO, 2012, p. 12). A grande preocupação do grupo de pesquisadores era trazer à tona para o espaço escolar ques- tões do contexto social, cultural e econômico vividas pelos alunos, caso contrário, a escola estaria contribuindo para o aumento da violência e intolerância dos grupos minoritários. Um novo conceito foi criado pelo grupo, os multiletramentos, que englobaria “a multiculturalidade característica das socie- dades globalizadas e a multimodalidade dos textos por meio dos quais a multiculturalidade se comunica e informa”. (RO- JO, 2012, p. 13)

Quando nas práticas em sala de aula, trabalhamos a di- versidade dos gêneros textuais, compostos de muitas lingua- gens, modos ou semioses e estimulamos os alunos a pensar sobre tais produções, refletindo sobre as capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma delas, destacamos então um encaminhamento metodológico que implica nos mul- tiletramentos. E, ao considerarmos os contextos sociais das práticas de uso tanto oral quanto escrito da(s) língua(gens) também estamos pensando na proposta do modelo ideológico de letramento. Desta maneira, a par de suas especificidades, tanto os letramentos sociais quanto os multiletramentos podem convergir em práticas pedagógicas muito enriquecedoras.

Mesmo com o foco no letramento literário, tendo como base a sequência básica de Rildo Cosson (2006), não desvia- mos a atenção dos letramentos críticos, ao selecionarmos os gêneros textuais, os temas a serem abordados, a forma como abordamos, o porquê de se trabalhar e o para quê – são propó- sitos que devem perpassar qualquer prática docente. Consoan- te com essa ideia que viabiliza uma sistematização das ativi- dades em sala de aula, Cosson (2006, p. 47), ao tratar do ensi- no do texto literário, confirma que “as práticas de sala de aula precisam contemplar o processo de letramento literário e não apenas a mera leitura das obras”. Para que ocorra de fato “a experiência do literário”, o funcionamento da literatura en- quanto prática e discurso, “deve ser compreendido criticamen- te pelo aluno”, cabendo ao professor, “fortalecer esta disposi- ção crítica, levando seus alunos a ultrapassar o simples con- sumo de textos literários”. (COSSON, 2006, p. 47)

Longe da proposta de apenas formar “ consumidores de textos literários”, as oficinas realizadas seguiram diferentes abordagens de letramentos, e, mesmo procurando seguir uma sistematização, ultrapassou os limites pré-estabelecidos.

Uma das discussões consistia em perceber a corrupção como um elemento estrutural da sociedade brasileira, presente em ações corriqueiras, muitas vezes amalgamadas com o fa- moso “jeitinho brasileiro”. Ou seja, nas atividades cotidianas, destacamos algumas para o debate: o cidadão brasileiro que corrompe o guarda para não pagar multa de trânsito motivada por alguma infração; aquele que fura a fila da merenda, ou no banco; a própria “cola” na escola, dentre outros tantos exem- plos confirmam atos corruptos.

Assim, mediante essas questões analisadas pelo grupo e após decidir o tema, selecionamos textos e materiais que pu- dessem auxiliar na preparação de estratégias com o intuito de chamar a atenção dos alunos, de forma que o estudo ficasse atrativo para os discentes.

Nossas oficinas foram fundamentadas no livro Letra- mento Literário : Teoria e Prática , de Rildo Cosson (2006). Escolhemos trabalhar com a sistematização de sequências de atividades de aulas de literatura, um exemplo que Cosson nos traz para que sejam estruturadas novas abordagens para o en- sino de literatura nas escolas. Seguindo os princípios teóricos e metodológicos propostos pelo autor, reconhecemos que a se- quência básica seria a ideal para o momento, pois se adequava mais ao tempo disponível com os alunos. Dessa forma, o texto trabalhado com as turmas foi “Só de sacanagem”, de Elisa Lu- cinda. Baseado nisto, intitulamos a atividade de “Oficina de leitura – diálogos com Elisa Lucinda”. Foram duas aplicações, uma no dia 06/07/2016 para a turma 1001 (primeiro ano do ensino médio) e a outra no dia 29/07/2016 para a turma 801 (oitavo ano, do ensino fundamental). Na primeira, tivemos 50 minutos com a turma e na segunda, 1h40min. (Ver Anexo1 e 2: Aplicação das oficinas). Seguimos a divisão proposta por Cosson (2006): motivação, introdução, leitura e interpretação. A seguir explicaremos as etapas e como fizemos para desen- volvê-las na escola.

A motivação é o momento de preparação para entrar no texto. O bom desenvolvimento da sequência depende desse momento, pois é a antecipação da leitura, é o contato com a atmosfera que envolve o livro. Devemos ter em mente que a motivação não tem o papel de limitar os sentidos do texto, mas ela vem para estimular as leituras possíveis. Seguindo esse ra- ciocínio, como atividade para essa etapa, separamos notícias de jornais que informassem sobre a situação atual do país, ge- rando discussões positivas em sala de aula. Acreditamos que, dessa forma, os alunos puderam ter o primeiro contato com tema que seria abordado.

A segunda etapa dessa sequência é a introdução , que é o momento de apresentação do autor e da obra. Essa fase passa por alguns problemas, pois grande parte dos professores cos- tuma trazer a obra e fazer um “resumo” da vida do autor, es- quecendo-se que realizar uma conversa sobre o livro escolhido e entender a importância dele é de extrema relevância para dar continuidade ao processo. Diante desse pensamento, introdu- zimos o texto a ser trabalhado falando sobre a autora e suas in- fluências para a sociedade. Notamos que falar sobre a autora, trazer fotos e mencionar outros trabalhos que ela tenha feito, fez uma grande diferença porque deixou os discentes mais contextualizados com esta etapa.

Assim, quando entramos na terceira etapa que é a leitu- ra , eles já sabiam do engajamento que o texto trazia. É impor- tante que deixemos bem claro o papel fundamental do profes- sor nessa etapa, pois ele deve acompanhar todo esse processo para ajudar a tirar possíveis dúvidas, para equilibrar o ritmo da leitura e para fazer intervalos, trazendo textos menores que di- aloguem com o assunto abordado ou até mesmo utilizar outras mídias. Dessa maneira, logo após realizarmos a leitura com a turma, apresentamos um áudio em que o texto é interpretado pela cantora Ana Carolina. O resultado foi satisfatório, pois os

gos” (MARTINS, 2006, p. 88). Levamos tirinha, quadrinhos, charge, vídeo e finalizamos cantando uma música com a tur- ma. Este momento foi muito tocante para nós, pois pudemos sentir a importância que tivemos na vida dos alunos e o quanto foi satisfatório pensar em algo com que os alunos estivessem envolvidos diretamente.

Ficamos surpresas com a recepção calorosa dos alunos para conosco. Eles nos respeitaram e participaram ativamente das atividades propostas, tanto com ideias quanto como opini- ões e relatos pessoais. Fomos surpreendidas com um “voltem logo”, após finalizar os projetos com as turmas. Isso foi muito gratificante.

Esse momento foi essencial para a nossa formação, pois queríamos ver na prática tudo aquilo que debatíamos na teoria. Essa oficina foi uma surpresa gratificante, porque nos deixa- mos ser afetados por tudo que permeava o momento. Durante a etapa de preparação, em que lemos muitos teóricos e troca- mos experiências, pudemos perceber muitas indagações que convergiam sempre para uma mesma pergunta: “Como vamos fazer isso na prática?” Sabemos que o dia a dia das escolas é corrido e que, muitas vezes, os professores encontram dificul- dades para terminar a matéria, mas mesmo assim há o desejo de encontrar maneiras de inovar, de propor algo diferente. Às vezes, somos pegos pelo medo da rejeição e também pelas bar- reiras que muitas escolas colocam, mas isso tudo serve para que possamos nos empenhar cada vez mais. Estávamos em um momento difícil para a educação e esse talvez seja o motivo do sucesso da oficina. Estávamos colocando um tema sobre o qual os alunos podiam opinar, eles vivenciam a situação, eles estão afetados e, como nós, querem uma solução. Todas as ati- vidades foram previamente discutidas, embasadas teoricamen- te e a preocupação em selecionar os gêneros textuais foi recor- rente, “é de extrema importância um enfoque cuidadoso da nossa prática docente, um estudo que considere o porquê, co-

mo e para que trabalhar com os gêneros textuais em sala de aula” (PEREIRA, 2011, p. 50). O resultado produtivo das ofi- cinas se deve também a esse cuidado na elaboração, o ouvir os alunos, emitindo os seus comentários e o fazer parte do escla- recimento de dúvidas foi uma vitória para todas nós.

4. A produção: leituras e reflexão dos alunos

As seguintes produções textuais foram selecionadas pa- ra trazer uma pequena demonstração dos resultados obtidos nas oficinas. Na Fig. 1 , temos uma representação do Palácio do Planalto, em Brasília. A charge destaca o local, símbolo também de corrupção da nossa classe política. Na imagem, os alunos fazem uma crítica à quantidade de dinheiro que é “jo- gado fora” pelos governantes.

Fig. 1 – Representação do Palácio do Planalto.

Com a turma 801, não foi muito diferente, muitos alu- nos fizeram suas atividades focando na corrupção e na busca por esperanças. Na Fig. 3 , vemos a utilização de quadrinhos, em que as alunas realizaram uma análise sobre os recursos em que se encontram a maior quantidade de dinheiro no país: a corrupção, percebida aqui como uma grande engrenagem. É interessante ressaltar como o interlocutor participa, de forma responsiva, da conversa televisiva, emitindo opiniões e, no ca- so específico, aponta soluções para o problema da falta de re- cursos em determinadas áreas.

Fig. 3: Tirinha produzida pelas alunas do oitavo ano. Na Fig. 4 , as alunas resolveram falar sobre a corrupção cotidiana. Elas levantaram questões que havíamos debatido em sala, sobre nossos atos corruptos que acabamos deixando pas- sar por achar que são coisas pequenas.

Fig. 4: Reflexão de alguns alunos sobre o tema abordado após a oficina Mediante os trabalhos feitos pelos alunos, percebemos que nossa proposta foi bem compreendida e ficamos contentes com os resultados. Queríamos que os alunos pudessem anali- sar que a corrupção não acontece somente nas grandes organi- zações, mas, muitas vezes, nós mesmos acabamos contribuin- do para que o estado de corrupção permaneça em atitudes do

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes.

COSSON, Rildo. Letramento literário : teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.

MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os de- safios do professor? In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006.

PEREIRA, Maria Betânia Almeida. Gêneros textuais na práti- ca docente. Linguagem em (Re)vista , Niterói, ano 06, nº 11/12,

ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.

SOARES, Magda. Letramento : um tema em três gêneros. 11. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

STREET, Brian. Letramentos sociais : abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad.: Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2014.

ANEXOS

Gêneros textuais utilizados

1 – NOTÍCIA

2 – Poema “Só de sacanagem”, de Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meni- nos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde de- les e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunida- de e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha que- brar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto fa- lar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexe- ram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau". Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha es- perança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final! (Disponível em: https://www.vagalume.com.br/elisa-lucinda/so- de-sacanagem.html. Acesso em: 05/06/2016)

3 – História em quadrinhos

Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-lJudvGJ-fM4/UXh- MY8BULI/AAAAAAAAnX4/cjdgRSDmWWs/s1600/gatuno+politico+s afado.jpg>. Acesso em: 05/07/2016.