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APFISIO 2018, Notas de aula de Fisioterapia

Registo Clínico de Fisioterapia - APFISIO 2018. Conselho Diretivo Nacional da ... para a secção do registo de avaliação e diagnóstico da Fisioterapia ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Associação
Portuguesa de
Fisioterapeutas
Objeto:
Projeto de Desenvolvimento de Registo em Fisioterapia
Entidade solicitadora do produto:
Serviços Partilhados do Ministério da Saúde - SPMS
“Registo, logo existo!
Registo Clínico de Fisioterapia - APFISIO 2018
Conselho Diretivo Nacional da
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FISIOTERAPEUTAS
Lisboa, 08 de setembro de 2018
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Portuguesa de

Fisioterapeutas

Objeto: Projeto de Desenvolvimento de Registo em Fisioterapia Entidade solicitadora do produto: Serviços Partilhados do Ministério da Saúde - SPMS

“Registo, logo existo! ”

Registo Clínico de Fisioterapia - APFISIO 2018

Conselho Diretivo Nacional da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FISIOTERAPEUTAS Lisboa, 08 de setembro de 201 8

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional

ii

EDIÇÃO – APFISIO – S. Domingos de Rana - setembro de 201 8 EQUIPA DE DESENVOLVIMENTO E EDIÇÃO DO DOCUMENTO Emanuel Vital Mestre em Ciências da Fisioterapia, Presidente do CDN da APFISIO – Fisioterapeuta do Centro de Saúde da Marinha Grande Tânia Santo Licenciada em Fisioterapia - Fisioterapeuta do Centro de Saúde de Sardoal Ana Luís Silva Mestre em Fisioterapia – Fisioterapeuta na Unidade Local de Saúde de Matosinhos Patrícia Almeida Doutorada em Ciências da Saúde, Presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia em Neurologia – Docente da Escola Superior de Saúde do Alcoitão Daniel Martins Mestre em Reabilitação Neurológica, membro do Grupo de Intresse de Fisioterapia em Cárdio-respiratória – Fisioterapeuta no Centro Hospitalar Cova da Beira Paula Campos Jorge Mestre em Fisioterapia, membro do Conselho Directivo Nacional da APFISIO – Fisioterapeuta na FISIO ROMA, Clínica de Fisioterapia, Lda. Ana Catarina Casaca Licenciada em Fisioterapia. Fisioterapeuta no Centro de Saúde de Ferreira do Zêzere Pedro Maciel Barbosa Mestre em Fisioterapia – Fisioterapeuta na Unidade Local de Saúde de Matosinhos Cláudia Costa Mestre em Ciências da Fisioterapia, membro do Grupo de Interesse de Fisioterapia em Neurologia - Fisioterapeuta no Hospital Garcia de Orta Diogo Tomás Licenciado em Fisioterapia, membro do Grupo de Interesse de Fisioterapia em Neurologia, Fisioterapeuta na Fisio-Lógica Ana Rita Saramago Mestre em Intervenção sócio-organizacional na saúde, Presidente do Grupo de Interesse de Pediatria – Fisioterapeuta na CERCI Lisboa André Santos Licenciado em Fisioterapia, membro do Grupo de Interesse de Pediatria – Fisioterapeuta na Casa dos Marcos, Raríssimas - Associação Nacional Deficiências Mentais e Raras César Sá Mestre em Exercício e Saúde, vice-presidente do Grupo de Interesse em Fisioterapia Aquática - Hidroterapia; membro do Grupo de Interesse de Fisioterapia em Pediatria

  • Fisioterapeuta na CERCIMB Virgínia Marques Licenciada em Fisioterapia, membro do Grupo de Interesse de Pediatria – Fisioterapeuta na Mirafisio e Hospital de Santa Maria Maria da Lapa Rosado Doutorada em Motricidade Humana, membro do Grupo de trabalho da Qualidade – Docente Docente da Escola Superior de Saúde do Alcoitão Marco Jardim Licenciado em Fisioterapia, presidente do Grupo de Interesse de Fisioterapia no desporto – Docente do Instituto Politécnico de Setúbal

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional

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NOTA INTRODUTÓRIA

O trabalho apresentado neste documento e respetivo produto, corresponde à necessidade sentida pelo Conselho Diretivo Nacional (CDN) da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO) para dotar a profissão, em Portugal, de instrumentos de registo da atividade do fisioterapeuta. Este documento responde ainda ao solicitado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), para a apresentação de uma proposta de um formulário único de registo (eletrónico) da Fisioterapia que abranja as várias áreas de atividade. Este formulário, deve permitir:

  • Uma integração no SClínico - sistema de registo eletrónico do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já em funcionamento - , para comunicação com os outros profissionais,
  • A sua utilização para efeitos de consulta, registo da atividade profissional e produção de elementos estatísticos,
  • Eficiência de utilização, conjugando a facilidade de preenchimento com o rigor, refletindo a intervenção da Fisioterapia,
  • Uma identidade do registo do grupo profissional para uniformização ao nível institucional e nacional. Este trabalho resultou de uma participação alargada e coordenada dos Grupos de Interesse e Especialidade da APFISIO e de peritos da profissão. Para a sua realização foi constituída a seguinte estrutura organizacional: Coordenação
  • Coordenação principal: Emanuel Vital e Tânia Santo
  • Coordenação geral: Ana Casaca, Daniel Martins, Paula Campos Jorge Colaboradores
  • Grupos de Interesse da APFISIO
  • Grupo de Trabalho da Qualidade em Fisioterapia (GTQ)
  • Conselho Diretivo Nacional
  • Colaboradores externos: o Anabela Martins - envolvida em vários projetos de registo com a CIF o Carla Sandra Pereira - elemento da Direção Geral de Saúde e CIF o Fisioterapeutas atualmente a utilizar o SClínico Sub-grupos de trabalho
  • Secção 1 - Diagnóstico da Fisioterapia o GIFN - Patrícia Almeida e Cláudia Costa o GIFiP - Ana Rita Saramago e André Santos o GTQ - Maria da Lapa Rosado o GIFCR - Daniel Martins o GIFA - Helena Murta e Conceição Graça

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional

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o Consultor externo – Anabela Correia Martins o GIFME – Diogo Pires o GIFD – Marco Jardim

  • Secção 2 - Registo da Fisioterapia o GIFN - Diogo Tomás o GIFiP - Virgínia Marques e César Sá o GTQ/ GIFCC/CP - Paula Campos Jorge o GIFCR - Daniel Martins o GIFA - César Sá o Consultor externo - Carla Sandra Pereira o GIFME - Diogo Pires o GIFD – Marco Jardim
  • Secção 3 - Procedimentos da Fisioterapia o GIFN - Germano Ferreira o GIFiP - Susana Sardinha e Filipa Deus o GTQ - Elsa Silva o GIFCC/CP - Alexandra Paulo o GIFCR - Daniel Martins o GIFPA - Alexandre Coelho o Consultor externo - Carla Sandra Pereira
  • Secção 4 - Nota de Alta o Todos os intervenientes

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional

Indice de Tabelas

Tabela 1 - Lista total das categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem

efetividade - Core-set da Fisioterapia em Portugal ......................................................... 21

Tabela 2 - Categorias CIF dos Factores contextuais nas quais a Fisioterapia tem efetividade 25

Tabela 3 - Categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem efetividade e

respetivos instrumentos/métodos de avaliação em contexto neurológico ................... 27

Tabela 4 - Categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem efetividade e

respetivos instrumentos/métodos de avaliação em contexto Cardiorrespiratório ........ 31

Tabela 5 - Categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem efetividade e

respetivos instrumentos/métodos de avaliação em contexto musculosquelético ........ 34

Tabela 6 - Categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem efetividade e

respetivos instrumentos/métodos de avaliação em contexto pediátrico ...................... 40

Tabela 7 - Categorias CIF (estados de saúde) nas quais a Fisioterapia tem efetividade e

respetivos instrumentos/métodos de avaliação - total .................................................. 46

Tabela 8a - Categorias CIF (estados de saúde) que devem constar no registo da Fisioterapia

nas quais a Fisioterapia tem efetividade e respetivos instrumentos/métodos de

avaliação – Contexto Pediátrico ...................................................................................... 63

Tabela 8b - Categorias CIF (estados de saúde) que devem constar no registo da Fisioterapia,

nas quais a Fisioterapia tem efectividade e respectivos instrumentos/métodos de

avaliação - Contexto Adulto ………………………………………………………………………………………. 73

Tabela 9 - Listagem de procedimentos de Fisioterapia - World Confederation for Physical

Therapy- 2011 .................................................................................................................. 78

Indice de Figuras

Figura 1- Efetividade comprovada da Fisioterapia em categorias específicas integrantes da

Tabela de Funcionalidade do SNS português .................................................................... 7

Figura 2 - Categorias na dimensão “Atividades e Participação” nas quais a Fisioterapia tem

impacto ............................................................................................................................ 11

Figura 3 - Categorias na dimensão “Funções do corpo” nas quais a Fisioterapia tem impacto

Figura 4- Categorias na dimensão “Estruturas do corpo” nas quais a Fisioterapia tem

impacto ............................................................................................................................ 13

Figura 5 - “Core sets” existentes para cada área e utilizados como base de início de trabalho

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO Com o objetivo de desenvolver um Registo Eletrónico da Fisioterapia (REF) , integrado no registo global e multidisciplinar dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), foi desenvolvido o trabalho que se apresenta neste documento. Por forma a contextualizar as opções metodológicas tomadas para o seu desenvolvimento, é de seguida apresentado um racional de suporte científico.

O registo clínico e a sua importância

O registo clínico, ou seja, o registo dos dados individuais e evolução de cada pessoa que recebe cuidados de saúde, é um dos instrumentos de transparência e qualidade nos serviços de saúde. Para além de permitir o conhecimento do estado de saúde, procedimentos e progressão da situação clínica dos utentes individualmente, constitui também uma plataforma comum de comunicação entre profissionais da equipa multidisciplinar, onde o utente deve ser o elemento central. Deve, por isso, ser acessível aos vários intervenientes no processo, incluindo, naturalmente, o utente. Outra utilidade dos registos adequados e sistematizados, é a possibilidade de se poder extrair dados com utilidade estatística, de impacto na saúde e económicos. Ou seja, os registos em saúde deverão permitir analisar retrospetivamente o desempenho de um sistema de saúde do ponto de vista de estados de saúde, procedimentos, erros, recursos e custos contribuindo desta forma para uma melhor gestão dos serviços de saúde. O Ministério da Saúde tem, através do processo de contratualização de cuidados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), utilizado os dados registados no que respeita a atividades, objetivos e resultados a alcançar, para a consolidação de uma cultura de gestão rigorosa, equilibrada, responsável e transparente. Neste momento em que o processo de contratualização abrange as unidades funcionais e serviços onde os fisioterapeutas desempenham um papel ativo e preponderante nos resultados alcançados, torna-se ainda mais pertinente este documento de apoio ao REF como suporte ao desenvolvimento

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional diferentes subsecções, para um registo individual do fisioterapeuta^3. Assim, num contexto de registo multidisciplinar, o fisioterapeuta deve registar os dados específicos da sua profissão, ou seja, as categorias ou estados de saúde sobre os quais existe uma efetividade clínica, cientificamente comprovada. Este registo deverá ser específico para os diferentes contextos: SClínico-CSP (apêndice 1 , relativo aos Cuidados de Saúde Primários); registo em Cuidados Continuados (apêndice 2); e SClinico-Hospitalar (em desenvolvimento) mantendo uma base de registo comum.

Fisioterapia, uma profissão de saúde

A Fisioterapia é uma profissão de saúde, autónoma, com o código de classificação de ocupação ISCO- 08 de “ 2264 ”^12 , que tem como competências na prestação de cuidados de saúde: a avaliação, planeamento, interpretação, tomada de decisão, tratamento e avaliação de resultados, que podem ser desempenhadas apenas por fisioterapeutas^3 ,^13. O seu foco de atuação está dirigido para a restauração e/ou otimização dos níveis de funcionalidade relacionadas com as funções motoras, intervindo por isso nos vários fatores que possam influenciar a funcionalidade e o movimento^3 ,^12 ,^13 numa perspetiva terapêutica e/ou preventiva. Tem, assim, um campo de intervenção desde a promoção da saúde, proteção da saúde e prevenção da doença, à prestação de cuidados diretos em condições de doença aguda e crónica, nos vários contextos e fases de vida. Para além das competências específicas da prestação de cuidados de saúde, e de acordo com a estrutura da Canadian Medical Education Directives for Specialists – CanMeds, adotada para os vários profissionais de saúde^3 , os fisioterapeutas têm ainda competências nas áreas da Comunicação; Colaboração Multidisciplinar; Organização e Gestão; Conhecimento e produção científica; e Sociedade e Saúde. São assim, profissionais autónomos em várias áreas, incluindo na organização e desenvolvimento da investigação científica.

Modelos de intervenção da Fisioterapia

A Fisioterapia, enquanto profissão autónoma e corpo de saberes científico próprio e validado pela comunidade científica, tem modelos e estratégias de intervenção próprias da profissão, em função dos problemas específicos a resolver. Estes modelos enquadram-se tanto num paradigma de intervenção específico como interprofissional.

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional Nas várias áreas clínicas, a efetividade da atuação da Fisioterapia tem sido cientificamente comprovada. Estudos de relação custo-efetividade têm verificado que os modelos próprios da Fisioterapia são mais benéficos que os modelos convencionais e/ou definidos por outros tomadores de decisão clínica (Anexo 2). O registo específico da fisioterapia é fundamental para comprovar os resultados demonstrados pelos estudos internacionais.

Efetividade da Fisioterapia

Num contexto interprofissional, o leque de categorias nas quais a Fisioterapia tem efetividade é vasto, abrangendo categorias não diretamente relacionadas com o movimento e funcionalidade, mas que são influenciadas pelo mesmo. Uma ilustração bem fundamentada cientificamente deste efeito, é o comprovado impacto do exercício físico terapêutico nos níveis de motivação, atenção, ansiedade e depressão. 20 ,^21 ,^22 Numa análise em termos das áreas específicas de atuação, verifica-se que a Fisioterapia tem efetividade comprovada na intervenção em condições cardiorrespiratórias, neurológicas, musculosqueléticas, pediátricas, saúde da mulher, oncologia, entre outras. Nestas condições, a Fisioterapia tem também efetividade comprovada nos diversos tipos de cuidados e serviços de saúde. Informação detalhada e baseada na evidência científica sobre esta efetividade é apresentada no documento de 2017 da APFISIO - Quadro de Referência da Intervenção da Fisioterapia, apresentado no Anexo 2.

A linguagem da CIF na Fisioterapia

A incapacidade é o resultado de uma interação entre a condição de saúde de uma pessoa e os fatores contextuais em que a pessoa se encontra^24. Ao nível da sociedade, a restrição à participação é determinada pelo efeito combinado da condição de saúde da pessoa e dos seus fatores ambientais^24. A CIF oferece uma linguagem e um quadro de referência para descrever e classificar o estado de saúde e os seus componentes de saúde, incorporando fatores ambientais e pessoais como elementos-chave que influenciam a funcionalidade^25. Este sistema de classificação define a funcionalidade humana como resultado da interação entre o corpo/pessoa e o ambiente, medido através da atividade e participação. Estes fatores interagem com o estado de saúde do indivíduo e determinam o nível e a

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional De acordo com o modelo de Determinantes Sociais da Saúde utilizado pela Organização Mundial da Saúde, o ambiente é definido como "o conjunto das estruturas sociais complexas e integradas bem como os sistemas económicos que são responsáveis pela maioria das desigualdades em saúde”^28. No campo da Fisioterapia, e da reabilitação em geral, o conhecimento da influência dos fatores ambientais é o primeiro passo para inclusão de abordagens promotoras da participação como: remover barreiras ambientais, criar um ambiente físico e social facilitador, construir e fortalecer recursos pessoais e desenvolver o desempenho na interação com o meio ambiente. Assim, medir o impacto de fatores ambientais no funcionamento humano é importante para otimizar as intervenções e promover a funcionalidade^25. Os fatores ambientais podem ser considerados como obstáculos ou facilitadores, dependendo do contexto de vida e sociocultural de cada indivíduo^25. Ao codificar um fator ambiental como facilitador, questões como a acessibilidade ao recurso e se o acesso é confiável ou variável e de boa ou má qualidade devem ser considerados. No caso de barreiras, pode ser relevante ter em conta a frequência com que um fator dificulta a pessoa, em que medida constitui uma barreira e se é evitável ou não. Também se deve ter em mente que um fator ambiental pode ser uma barreira devido à sua presença (por exemplo, atitudes negativas em relação a pessoas com deficiência) ou à sua ausência (por exemplo, a indisponibilidade de um serviço necessário)^25. Os profissionais de saúde envolvidos no processo de reabilitação devem estar ativamente envolvidos nesta consulta da acessibilidade ambiental, não só no nível individual, mas também nos níveis da comunidade e dos sistemas e políticas de saúde^28. Através dos fatores ambientais também podem ser incorporadas, de forma mais ativa e intencional, estratégias de encaminhamento e capacitação para que as pessoas com incapacidade se tornem consumidores mais informados e se sintam capazes de procurar, selecionar e ativar os sistemas, serviços e recursos necessários^28. Por todas estas razões, os registos de Fisioterapia não devem negligenciar os fatores ambientais. Os fatores pessoais podem ser definidos como o contexto particular da vida de um indivíduo, incluindo características do indivíduo que não fazem parte de uma condição de saúde ou estados de saúde, que podem afetar o seu funcionamento de uma forma positiva ou negativa. No entanto, os fatores pessoais ainda não estão classificados na CIF, sendo a sua avaliação deixada a cargo do utilizador,

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional quando e se necessário^29. Na verdade, os fatores pessoais têm impacto independentemente de serem categorizados. Porém, a compilação de uma lista ajuda os profissionais de saúde a obter uma perspectiva abrangente sobre a condição de uma pessoa, seja no contexto de reabilitação ou por outros motivos^29. Geralmente, assume-se que o processo de classificação de fatores pessoais é mais útil quando os critérios refletem o ambiente social e cultural específico do país e seus respetivos termos linguísticos^29. Um modelo sugerido por Martins (2015)^30 sugere que atuar na autoeficácia e nas atitudes em relação à deficiência pode contribuir para melhorar a participação do indivíduo. Considerar estes fatores torna-se uma medida de resultado emergente para uma ampla gama de profissionais de saúde e sociais envolvidos na seleção e treino de tecnologias de apoio, particularmente os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais^30.

Na Tabela 2 , do capítulo dos resultados, encontram-se os fatores contextuais influenciáveis pela

Fisioterapia.

A CIF e a sua tradução para a prática

Como já referido, a CIF facilita a universalidade da comunicação intra e interdisciplinar^4 e é um modelo recomendado e já adotado pelas organizações de saúde de influência mundial e nacional. No contexto da Fisioterapia, a CIF é utilizada para registar os problemas do utente (categorias que influenciam a sua saúde e funcionalidade), guiar o raciocínio do fisioterapeuta, o diagnóstico em Fisioterapia, os objetivos e os resultados de intervenção. Neste contexto, o uso da CIF pode ainda facilitar o processo de seleção de categorias nas quais se vai intervir e medir (resultados) e respetivos instrumentos de medida^5 , bem como o processo de desenvolvimento dos respetivos instrumentos^6. Para além da relevância clínica, a CIF pode ainda ser utilizada na estruturação de trabalhos de investigação no que respeita a definir categorias e instrumentos de medida, encontrar informação científica em bases de dados, descrever estados de saúde ou de doença, comunicação científica e selecionar produtos de apoio^7.

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional Figura 2 - Categorias na dimensão “Atividades e Participação” nas quais a Fisioterapia tem impacto MA: musculosquelética / agudo; MR: musculosquelética / reabilitação; MC: musculosquelética / comunidade; NA: neurologia / agudo; NR: neurologia / reabilitação; NC: neurologia / comunidade; IA: medicina interna / agudo; IR: medicina interna / reabilitação; IC: medicina interna / comunidade Fonte: Finger et al. ( 2006 ). Phys Ther; 86:1203- 12209

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional Figura 3 - Categorias na dimensão “Funções do corpo” nas quais a Fisioterapia tem impacto MA: musculosquelética / agudo; MR: musculosquelética / reabilitação; MC: musculosquelética / comunidade; NA: neurologia / agudo; NR: neurologia / reabilitação; NC: neurologia / comunidade; IA: medicina interna / agudo; IR: medicina interna / reabilitação; IC: medicina interna / comunidade Fonte: Finger et al. ( 2006 ). Phys Ther; 86:1203- 12209

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional encontrados no diagnóstico e definidos no prognóstico, atuando nas dimensões e categorias específicas. De forma a evitar a perda de informação importante e que não seja possível de apresentar na estrutura ou nomenclatura CIF, devem ser criados na plataforma de registo campos de texto livre para apresentação dessa informação que se considere relevante para melhor explicar o processo da Fisioterapia e dar significado ao modelo centrado no utente. A CIF pode ser, assim, usada como um modelo de orientação da estruturação da prática clínica centrada na pessoa e respetivo registo profissional. O registo com uma linguagem CIF poderá ainda facilitar a compreensão pelos outros profissionais do trabalho específico da Fisioterapia e melhor conhecer o seu espetro de atuação.

Portuguesa de Fisioterapeutas Conselho Directivo Nacional RACIONAL E OBJETIVOS DO TRABALHO Assente no reconhecimento da importância do registo clínico, da linguagem universal da CIF e da Fisioterapia como uma profissão de saúde, com efetividade comprovada e modelo próprio de atuação, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma proposta de modelo de registo clínico da Fisioterapia , para o processo integrado de registo clínico dos serviços de saúde do SNS, nos Cuidados de Saúde Primários, na Rede Nacional de Cuidados Continuados e nos Cuidados Hospitalares. Considerando a CIF como um modelo de categorização universal, mas também como modelo de raciocínio clínico, como exposto anteriormente, este será usado como estrutura base na construção do formulário do registo clínico. A proposta é de que o formulário de registo seja um modelo de menu de listagem e seleção de categorias CIF específicas para esta profissão, as quais fazem ligação a instrumentos específicos de medida das mesmas, constituindo em simultâneo a secção de avaliação e de diagnóstico da Fisioterapia. Assim, os objetivos específicos deste trabalho são: **1) identificar as categorias específicas nas quais a Fisioterapia tem impacto;

  1. identificar os instrumentos e métodos de medida válidos para avaliar essas categorias;
  2. identificar os procedimentos específicos de Fisioterapia.** Considerando que a população mais afluente aos serviços de saúde do SNS, são as pessoas com condições musculoesqueléticas, neurológicas, cardiorrespiratórias e pediátricas, este trabalho centra- se na aquisição dos resultados para estas quatro áreas.