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Guias e Dicas
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Cultivos Vegetais Ameríndios: Adaptação e Utilização no Agroecossistema, Notas de aula de Crescimento

Este documento discute o papel preponderante de plantas vegetais originárias da américa central e do méxico na agricultura mundial, especialmente na américa do sul. O texto aborda a classificação e conhecimento tradicional de solos e vegetação pelos povos indígenas, como os kuikúro e os desã, e a importância de espécies como batatas, mandioca e ervas-mate na agricultura e na vida diária. Além disso, o documento apresenta informações sobre a diversidade de plantas utilizadas para fins industriais, medicinais e ornamentais.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Abelardo15
Abelardo15 🇧🇷

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Ao Vencedor,
as
Batatas! 113
Berta
G.
Ribeiro
REGISTROS
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Ao Vencedor,
as Batatas!
Berta
G.
Ribeiro
A sabedoria copiosa
de
Berta sobre a
sabedoria ainda mais copiosa dos índios
nos
dá,
aqui,
um
painel admirável
do
muito
que devemos a eles. De fato, aprendemos
dos índios quase tudo que sabemos dos usos
da
natureza brasileira.
A frase
que
intitula este artigo -de
Machado
de
Assis,
em
seu romance
Memórias Póstumas
de
Brás Cubas -
foi
incorporada
aos
aforismos da língua
portuguesa falada
no
Brasil Traduzo-a
metaforicamente:
os
europeus que
dominaram
os
povos
nativos da América, no
século
XVI,
levaram, entre seus despojos,
batatas e grãos. Esses tubérculos, gramíneas
e outras espécies úteis produziram mais
fortuna
do
que
o ouro e a prata, objeto da
conquista.
As
culturas aborígenes da América
do
Sul
tropical,
do
Planalto Andino, da
In Carta': falas, reflexões, memórias / informe de distribuição restrita do Senador Darcy Ribeiro,
n.º 9 (1993), p. 113-121. Brasília: Gabinete do Senador Darcy Ribeiro.
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Berta G. Ribeiro

REGISTROS

REGISTROS

Ao Vencedor,

as Batatas!

Berta G. Ribeiro

A sabedoria copiosa de Berta sobre a sabedoria ainda mais copiosa dos índios nos dá, aqui, um painel admirável do muito que devemos a eles. De fato, aprendemos dos índios quase tudo que sabemos dos usos da natureza brasileira.

A frase que intitula este artigo - de Machado de Assis, em seu romance

Memórias Póstumas de Brás Cubas - foi

incorporada aos aforismos da língua portuguesa falada no Brasil Traduzo-a metaforicamente: os europeus que dominaram os povos nativos da América, no século XVI, levaram, entre seus despojos, batatas e grãos. Esses tubérculos, gramíneas e outras espécies úteis produziram mais fortuna do que o ouro e a prata, objeto da conquista.

As culturas aborígenes da América do Sul tropical, do Planalto Andino, da

In Carta': falas, reflexões, memórias / informe de distribuição restrita do Senador Darcy Ribeiro, n.º 9 (1993), p. 113-121. Brasília: Gabinete do Senador Darcy Ribeiro.

114 Ao^ Vencedor, as Batatas!

Berta G. Ribeiro

América Central e do México· podem ser

qualificadas como "civili7.ações vegetais".

Isso porque, · à semelhança da China,

priorizaram a domesticação da flora ao

invés da fauna. Mais de cem espécies

vegetais originárias da América foram

aclimatadas pelos europeus em todos os

quadrantes da Terra e são, até hoje,

empregadas para os mais diversos fins.

Na base do conhecimento dos

ameríndios sobre os vegetais, está uma

experiência milenar de acertos e erros

levada a cabo por gerações. Através dos

tempos, eles desenvolveram técnicas de

manejo agrícola que culminaram na

domesticação das plantas, uma prática que

leva em conta,. como fatores essenciais, a

variação climática. a composição química

dos solos, sua textura e a presença ou a

introdução de nutrientes. 1

A interação harmónica entre flora,

fauna e o próprio homem, que presidiu o

cultivo e a proteção genética de inúmeros

vegetais, explica a preservação de uma

diversidade biológica quase intacta nas

regiões habitadas pelos remanescentes

indígenas. Essa biodiversidade é um dos

tesouros patrimoniais mais importantes da

humanidade, e cabe à atual geração

preservá-la e estudá-la. evitando sua

completa erradicaç.'lo.

Manejo e classificaçao do solo

A despeito de sua singeleza. as culturas

ameríndias engendraram soluções próprias à

(^1) Ver Pupunha: 11ma án1ore domesticada, em Ciência Hoje, n°29.

satisfação de necessidades comuns a toda a.

humanidade, graças à sua criatividade.

Ao estudar os Kuikúro do alto Xingu

(região de transição do Planalto Central do

Brasil para a Floresta Amazônica), o

antropólogo Robert Carneiro observou que

eles classificam o solo segundo o

revestimento florestal e a composição da

matéria inorgânica: dão nomes específicos

aos solos com densa cobertura de árvores

altas, que correspondem ao que chamamos

de floresta primária; distingüem essas

formações da floresta secundária, que cresce

nas "capoeiras", isto é, áreas abertas

previamente para cultivo; têm também

nomes especiais para terrenos em estágio

intermediário entre esses dois tipos; um

quarto tipo é denominado de acordo com sua

composição (arenosa) e cor (vermelha); um

quinto tipo se caracteriza pela localização ao

longo dos rios e lagos, e corresponde à

chamada "floresta de galeria". Como se vê,

ao classificar os solos para a agricultua, os

Kuikúro levam em conta os meios orgânico

e inorgânico.

E igualmente notável o conhecimento

das árvores que crescem em seu habitat.

Uma experiência feita pelo mesmo

antropólogo demonstrou que, em meio

hectare de terra coberta com mata virgem,

os Kuikúro conseguiram identificar por seus

nomes 172 árvores. Definiram também as

espécies que servem para fabricar artefatos;

untar ou decorar o corpo; dar frutos ou

nozes usados como alimentos; fornecer

madeira usada para lenha; plantar nas roças;

construir casas; fazer amarrados e obter

fibras; fazer ornamentos; fornecer veneno,

látex ou resina de uso não-ornamental; fazer

lixas, forros, produtos de· higiene e

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú http://www.etnolinguistica.org

Berta G. Ribeiro

populações aborígenes da Arnazônia adaptaram-se à floresta primária deve ser invertida: a floresta é que se adaptou ao agroflorestarnento resultante do manejo praticado pelos povos extintos. Em seu trabalho Florestas culturais da Amazônia Balée afirma que nas "florestas de cipó", habitadas por dois grupos Tupi que estudou, foram identificadas espec1es vegetais estranhas a esse biotipo. como a castanheira (Bertholletia excelso). o babaçu (Orbygnia phalerata). o cacau "selvagem" (Theobroma sp) e o ingá (Jnga spp).

Agricultura indígena

O manejo agrícola praticado pelos povos nativos do continente americano pode ser definido corno ecológico. pois se baseia em .estratégias adequadas à conservação do solo e das plantas.

As práticas agrícolas transmitidas pelas tribos da floresta tropical aos cablocos têm sido caracterizadas corno "agricultura itinerante" ou de dem1bada, queima e coivara, porque na floresta tropical, sobretudo na Amazônia. o solo se exaure rapidamente quando cultivado anos seguidos. Por isso, uma farnilia derruba a cada ano apenas a área correspondente à sua capacidade de trabalho (em geral um hectare). e continua abastecendo-se de produtos plantados nas roças abertas nos dois anos precedentes. Nessa área pratica a policultura. cultivando plantas de alturas diversas que "imitam" a vegetação natural. Além da mandioca (Afanihot esculenta), as populações indígenas e rurais do trópico úmido plantam batata doce (lpomoea

batatas). milho (Zea mays), cará (Dioscorea sp), feijões e favas, como amendoim (Arachis hypogaea), fruteiras como abacaxi (Ananas sativus) e caju (Anacardium occidentale), várias espécies de ingás, bananas e palmeiras, plantas manufatureiras e colorantes como algodão (Gossypium spp) e urucum (Bixa orellana), bem como medicinais.

Dessa forma. a roça evolui de plantação de subsistência (sobretudo de mandioca) para a roça mista (mandioca-frutas), pomar frutífero residual, capoeira e, finalmente, floresta alta que, com o tempo, volta a ser abatida para novos cultivos. Esse intervalo pode ser, dependendo da região, de oito a vinte e cinco anos. Nas próprias aldeias, em áreas adjacentes às casas, são plantadas espécies alimentícias, pimenta (Capsicum spp), fruteiras e plantas medicinais.

Vejamos. no caso específico dos Kuikúro estudados por Carneiro, como se processa o trabalho agrícola. Escolhido o trato de terra a ser plantado, os índios iniciam a limpeza da rnacega que cresce sob as árvores. As roças são tradicionalmente circulares, e a limpeza tem lugar em geral dois a três meses antes do início das chuvas, isto é, em junho, no alto Xingu. Derrubam- se primeiro as árvores mais altas, localizadas no centro do terreno. cuidando para que. ao cair, atinjam as menores, ou as que estejam presas a elas por cipó enroscado na copa. A mata derrubada é deixada a secar por dois ou três meses.

Os Kuikúro sabem quando é chegada a hora da queimada pela aparição da Constelação do Pato, do lado oriental do céu, antes de raiar o sol. E, ainda, pela

desova da tracajá, um pequeno quelônio (Podocnemis unifilis), nas praias do rio

Culuene. A queima é feita à tarde. quando a

roça está bem seca, observando-se a direção do vento que ajuda a espalhar as chamas. Dura cerca de duas horas.

A operação seguinte é a coivara. Consiste em empilhar e tomar a queimar os paus e galhos não consumidos 'pelo fogo. Ao mesmo tempo. recolhe-se a lenha para uso doméstico. Quando termina a operação, que dura de nove a doze horas. apenas sete a dez por cento do terreno ficam cobertos de paus e galhos. Segundo os cálculos de Robert Carneiro. as cinzas aumentam imediatamente a fertilidade do solo, em alguns casos dobrando a quantidade de sais solúveis e triplicando ou quadriplicando o teor de potássio, cálcio e magnésio. O caíVão. que também fertiliza o solo, leva meses para desfazer-se qmm1ca e mecanicamente. Por isso. constitui uma reserva de nutrientes que a planta absorverá mais lenta e gradualmente durante seu crescimento. A coivara e a segunda queimada. em geral. têm lugar um mês antes das primeiras chuvas, que caem em setembro. proporcionando aos Kuikúro tempo suficiente para proceder ao plantio. Este se faz por meio da abertura de pequenas covas. Ao ser escavada. a terra fica mais friável e solta: as raízes das árvores derrubadas são removidas e as cinzas e o carvão misturados ao solo.

As capoeiras - antigas roças deixadas de pouso após dois ou três anos de cultivo - têm outra função: oferecem brotos e folhagens viçosas para alimento da fauna. E. como nas roças novas. os índios plantam iscas para caça nessas roças velhas. Por isso, as

Berta G. Ribeiro

capoeiras são bancos de germoplasma, ou seja. reservas de mudas e sementes; pomares formados com transplantes de pupunha (Bactris sp), cucura (Porouma sp), ingá (lnga spp) e outras frutíferas; "fazendas de caça", onde é mais fácil encontrar pacas (Cunicu/us paca) e outros mamíferos roedores, além de queixadas (Tayassu pecari) e caititus (Tayassu tajacu), do que na floresta virgem. O crescimento de plantas invasoras é permitido para propiciar futuras queimadas.

Comparados aos solos das regiões temperadas da Europa e da América do Norte. os da Amazônia são muito mais antigos e pobres e, pcirtanto, mais sujeitos à degradação. Em geral, a camada de húmus não mede mais que 10 cm. quando recoberta de mato vegetal. Desmatado, o solo é privado de nutrientes orgânicos provindos da decomposição das folhas, excrementos de insetos e outros elementos da biomassa. O calor e a umidade con~ribuem para promover essa decomposição, acelerando a ação de microorganismos. Ao mesmo tempo. chuvas constantes e pesadas carreiam os nutrientes para os rios, causando lixiviação e erosão. Comparadas às técnicas agrícolas do tipo intensivo (com implementos mecânicos) monocultor (para produzir bens agrícolas de exportação), as técnicas agrícolas indígenas, de tipo extensivo e policultor, têm a vantagem de manter a fertilidade inorgânica do solo, na medida em que não erradicam a totalidade da vegetação que o cobre. Além disso, como o desmatamento só é feito em pequenos lotes e estes são utilizados temporariamente, diminui o tempo em que a superficie fica exposta ao calor do sol e a fortes pancadas de chuva. O plantio de diversas espécies

levado para a Itália. difundiu-se na Oceania e sudeste da Ásia e tomou-se produto obrigatório nas tecnologias alimentares de todos os povos do mundo. servindo corno condimento, colorante e sabori7.ante.

Entre as plantas com emprego industrial estão a borracha (Hevea brasiliensis); a palmeira camaúba (Copernicia cerifera). que fornece cera e azeite: várias espécies com propriedades inseticidas como as do gênero Lonchocarpus e Tephrosia; oleaginosas de uso industrial e alimentício, corno o amendoim e castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), provenientes do Brasil; o girassol (Helianthus annuus). originário do México e sudoeste dos Estados Unidos, hoje com grandes plantações na Europa Oriental: diversas espécies de feijões do gênero Phaseolus e. sobretudo, o cacau, que era cultivado no hemisfério Norte, nas terras temperadas do Pacífico. antes de Colombo, e por inúmeras tribos arnazônicas.

Um estudo sobre frntas indígenas (cultivadas e silvestres) da Amazônia. que o autor Paulo Cavalcanti considera incompleto, relaciona 168 espec1es pertencentes a 40 famílias botânicas. Se considerarmos que entre elas apenas três - Rutácea (com oito espécies do gênero Citrus. ou seja, laranja e limão): Cucurbitácea (melancia e melão) e Flacourtiácea (ameixa-de-madagáscar) - são comprovadamente exógenas, podemos avaliar a quanto monta a herança indígena somente no que se refere a frnteiras de consumo humano, e apenas as inventariadas

na Arnazônia. Muitas já estão integradas à

dieta alimentar brasileira. sobretudo do Norte. várias são aproveitadas industrialmente sob formas de compotas,

Berta G. Ribeiro

sucos e licores, outras ainda esperam ser reconhecidas. 3

Várias espécies de palmeiras são cultivadas pelos aborígenes, seja pelo fruto, palmito ou castanha - da qual se faz azeite para comer, iluminar ou repelir insetos -, seja como cobertura para as casas, para trançar cestos e esteiras; seja pela fibra mais fina, para fio e tecido; ou pela madeira, para inúmeros fins. Entre elas, desta,cam-se a bocaiúva ou mucaia (Acrocomia), cujas castanhas encerram 70% de gordura; o buriti (Mauritia vinifera; M jlexuosa); a bacaba (Oenocarpus bacaba); o açaí (Euterpe oleracea), cujo vinho contém maior teor de proteína que o leite de vaca; a pupunha (Bactris gasipaes) e o já citado babaçu.

Dentre as plantas estimulantes, sobressai o tabaco (Nicotiana tabacum), de origem e domesticação ameríndia, usado sobretudo para efeitos mágicos, como terapêutica medicinal e estimulante e hoje base de uma próspera indústria. A erva-mate (Jlex paraguariensis), utilizada pelos Guarani do Sul do Brasil, do Paraguai, Urnguai e norte da Argentina para fins medicinais. Atualmente, o chá-mate está penetrando no mercado mundial como sucedâneo do chá preto e do café. O guaraná (Paullinia cupana) era pouco difundido como bebida na América pré-colombiana. Até o século XIX, os Mawé, do rio Madeira, tinham praticamente o monopólio dessa sapindácea. É um estimulante notável, com 4-6% de cafeína. Seu plantio está difundido

(^3) Ver Fnitas da Amazônia em Ciênica Hoje

Berta G. Ribeiro

hoje no Brasil e em partes da África, e seu consumo aumenta a cada dia.

Nos últimos anos, a atenção dos botânicos tem sido atraída para plantas qualificadas como alucinógenas, cultivadas ou coletadas por tribos amazônicas. Uma das mais conhecidas é a coca ou ipadu (Erythroxylon coca). de uso ritual entre os índios. O processamento da planta não chega até a obtenção do .produto tóxico. ou seja, a cocaína. O "civili7.ado" é que é responsável pelo deslocamento na finalidade ritual de consumo tanto da coca quanto do tabaco.

Algumas plantas medicinais indígenas já estão incorporadas à medicina ocidental. A ipecacuanha (Cephae/is ipecacuanha), nativa do Brasil, é usada pelos índios contra diarréias e infecções gastrointcstinais. De suas raízes se extrai o cloridrato de emetina, alcalóide empregado atualmente no tratamento da desinteria amebiana, como expectorante e às vezes como laxativo. A copaíba (diversas espécies do gênero Copaífera) trata feridas e outras enfermidades. No século XVIII, generalizou-se seu emprego contra afecções das vias urinárias. A quinina (género Chinchona) foi, até 1930. o único remédio contra malária. Até hoje, novos derivados (como a cloroquina) estão sendo introduzidos na terapia da doença. A coca permitiu o desenvolvimento de anestésicos locais. Do curare (Chondodendron tormentosum e Strychnos toxifera) extrai-se a d-Tubocurarina, usada como coadjuvante na cirurgia, principalmente do músculo cardíaco. no tratamento da paralisia espasmódica, do mal de San Vito e da doença de Parkinson. A purga ou jalapa

(Jpomoea purga), epífita nativa do México e da América Central, é apreciada pelas qualidades purgativas da resina presente em suas raízes. O peiote (Laphophora williamsii), cacto mexicano alucinógeno, contém um alcalóide, a mescalina, usado em tratamentos psiquiátricos.

Dentre as fibras têxteis, o primeiro lugar cabe às três espécies de algodão cultivadas pelos indígenas americanos antes da chegada de Colombo ( Gossysium barbadense, G. peruvianu e G. hirsutum), que estão entre as melhores do mundo. O chamado algodão egípcio, cultivado no vale do Nilo, é de origem centro-americana, derivada das duas primeiras espécies acima. O caroá (Neoglaziovia varietata), espécie de bromélia, é utilizado pelos índios em fios e tecidos. A agave (Agave spp) destaca-se entre as fibras duras originárias do México. As fibras da piaçaba (Leopoldina piassaba), com muitas utilidades, são exportadas em larga escala como matéria-prima para as vassouras. Além dessas, contam-se ainda as fibras têxteis extraídas de folhas de palmeiras .. dos gêneros Mauritia e Astrocaryum.

Dentre as plantas tintórias cabe citar o anil (lndigofera sujfruticosa), hoje cultivada ná Índia e nas Filipinas, o pau-brasil (Caesalpinia spp), principal produto de exploração colonial no primeiro século, o urucum, amplamente usado como corante alimentício, em cosméticos e protetores contra a exposição solar.

A esse inventário, que não pretende ser exaustivo nem completo, haveria de agregar outras plantas oleaginosas, olorosas, cosméticas, ornamentais, inseticidas,