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Neste texto, o autor discute a relação entre a palavra e o teatro, questionando se o teatro possui uma linguagem própria além da palavra. Ele explora as ideias de teatro puro, gestos absolutos e a importância da sensibilidade em profundidade e apurada, além da necessidade de retornar aos mitos primitivos para reencontrar o velho espetáculo popular.
Tipologia: Provas
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O Teatro e Seu Duplo (AntoninArtaud)
ÍNDICE Prefácio: O teatro e a cultura O teatro e a peste A encenação e a metafísica O teatro alquímico Sobre o teatro de Bali Teatro oriental e teatro ocidental Acabar com as obras-primas O teatro e a crueldade O teatro da crueldade (Primeiro Manifesto) Cartas sobre a crueldade Cartas sobre a linguagem O teatro da crueldade (Segundo Manifesto) Um atletismo afetivo Duas notas O teatro de Séraphin
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Prefácio: O teatro e a cultura
A encenação e a metafísica
Teatro oriental e teatro ocidental primas
eldade (Primeiro Manifesto) Cartas sobre a crueldade Cartas sobre a linguagem ueldade (Segundo Manifesto)
não à comercialização
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O que falta, certamente, não são sistemas de pensamento; sua quantidade e suascontradições caracterizam nossa velha cultura européia e francesa; mas quando foi que avida, a nossa vida, foi afetada por esses sistemas? Não diria que os sistemas filosóficos sejam coisas para se aplicar direta e imediatamente; mas de duas, uma:Ou esses sistemas estão em nós e estamos impregnados por eles a p importam os livros? ou não estamos impregnados por eles, e nessecaso não mereciam nos fazer viver; e, de todo modo, o que importa que desapareçam? É preciso insistir na idéia da cultura em ação e que se torna em nós como que umnovo órgão, uma espécie de segundo espírito: e a civilização é cultura que se aplica eque rege até nossas ações mais sutis, o espírito presente nas coisas; e é artificial aseparação entre a civilização e a cultura, com o emprego de duas palavras parasig ação. Julga-se um civilizado pelo modo como se comporta e ele pensa tal como secomporta; mas já quanto à palavra civilizado há confusão; para todo o mundo, umcivilizado culto é um homem informado sobre sistemas e que pensa em sistemas, emformas, em signos, em representações. É um monstro no qual se desenvolveu até o absurdo a faculdade que temos deextrair pensamentos de nossos atos em vez de identificar nossos atos com nossospensamentos. Se falta enxofre à nossa vida, ou seja, s porquenos apraz contemplar nossos atos e nos perder em considerações sobre as formassonhadas de nossos atos, em vez de sermos impulsionados por eles. E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria mesmo que é uma infecção dohumano que nos estraga idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe deacreditar no sobrenatural, o divino inventado pelo
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O que falta, certamente, não são sistemas de pensamento; sua quantidade e suascontradições caracterizam nossa velha cultura européia francesa; mas quando foi que avida, a nossa vida, foi afetada por esses
Não diria que os sistemas filosóficos sejam coisas para se aplicar direta e imediatamente; mas de duas, uma:Ou esses sistemas estão em nós e estamos impregnados por eles a ponto de viverdeles, e então que importam os livros? ou não estamos impregnados por eles, e nessecaso não mereciam nos fazer viver; e, de todo modo, o que importa que
É preciso insistir na idéia da cultura em ação e que se torna em nós como umnovo órgão, uma espécie de segundo espírito: e a civilização é cultura que se aplica eque rege até nossas ações mais sutis, o espírito presente nas coisas; e é artificial aseparação entre a civilização e a cultura, com o emprego de duas palavras parasignificar uma mesma e idêntica
se um civilizado pelo modo como se comporta e ele pensa tal como secomporta; mas já quanto à palavra civilizado há confusão; para todo o mundo, umcivilizado culto é um homem informado sobre sistemas e que istemas, emformas, em signos, em representações. É um monstro no qual se desenvolveu até o absurdo a faculdade que temos deextrair pensamentos de nossos atos em vez de identificar nossos atos com nossospensamentos. Se falta enxofre à nossa vida, ou seja, se lhe falta uma magia constante, é porquenos apraz contemplar nossos atos e nos perder em considerações sobre as formassonhadas de nossos atos, em vez de sermos impulsionados por eles. E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria mesmo que é uma o dohumano que nos estraga idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe deacreditar no sobrenatural, o divino inventado pelo
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O que falta, certamente, não são sistemas de pensamento; sua quantidade e suascontradições caracterizam nossa velha cultura européia francesa; mas quando foi que avida, a nossa vida, foi afetada por esses
Não diria que os sistemas filosóficos sejam coisas para se aplicar direta e imediatamente; mas de duas, uma:Ou esses sistemas estão em nós e onto de viverdeles, e então que importam os livros? ou não estamos impregnados por eles, e nessecaso não mereciam nos fazer viver; e, de todo modo, o que importa que
É preciso insistir na idéia da cultura em ação e que se torna em nós como umnovo órgão, uma espécie de segundo espírito: e a civilização é cultura que se aplica eque rege até nossas ações mais sutis, o espírito presente nas coisas; e é artificial aseparação entre a civilização e a cultura, nificar uma mesma e idêntica
se um civilizado pelo modo como se comporta e ele pensa tal como secomporta; mas já quanto à palavra civilizado há confusão; para todo o mundo, umcivilizado culto é um homem informado sobre sistemas e que istemas, emformas, em signos, em representações. É um monstro no qual se desenvolveu até o absurdo a faculdade que temos deextrair pensamentos de nossos atos em vez de identificar nossos
e lhe falta uma magia constante, é porquenos apraz contemplar nossos atos e nos perder em considerações sobre as formassonhadas de nossos atos, em vez de sermos
E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria mesmo que é uma o dohumano que nos estraga idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe deacreditar no sobrenatural, o divino inventado pelo
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homem, penso que foi a intervençãomilenar do homem que acabou por nos corromper o divino. Todas as nossas idéias sobre a vid quenada adere mais à vida. E esta penosa cisão é a causa de as coisas se vingarem, e apoesia que não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar nas coisasreaparece de repente, pelo lado mau das coisas; nunca se viram tantos crimes, cujagratuita estranheza só se explica por nossa impotência para possuir a vida. Se o teatro é feito para permitir que nossos recalques adquiram vida, umaespécie de poesia atroz expressa que as alterações dofato de viver demonstram que a intensidade da vida está intacta e que bastaria dirigi Por mais que exijamos a magia, porém, no fundo temos medo de uma vida quese desenvolvesse inteiramente sob o signo da verdadeira magia. É assim que nossa ausência enraizada de cultura espanta certasgrandiosas anomalias e é assim que, por exemplo, numa ilha sem qualquer contato coma civilização atual, a simples passagem de um navio contendo apenas pessoas sadiaspode provocar o surgimento de doen desconhecidas nessa ilha e que sãoespecialidade de nossos países: zona, influenza, gripe, reumatismos, sinusite,polineurite, etc. E, também, se achamos que os negros cheiram mal, ignoramos que para tudo oque não é Europa somos nós, brancos, que cheiram mesmo queexalamos um odor branco, branco assim como se pode falar num "mal branco". Assim como o ferro em brasa é ferro branco, pode éexcessivo é branco; e, para um asiático, a cor branca tornou da maisextremada decomposição. Dito isso, pode-se começar a extrair uma idéia da cultura, uma idéia que é antesde tudo um protesto.
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homem, penso que foi a intervençãomilenar do homem que acabou por nos corromper o divino. Todas as nossas idéias sobre a vida devem ser retomadas numa época em quenada adere mais à vida. E esta penosa cisão é a causa de as coisas se vingarem, e apoesia que não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar nas coisasreaparece de repente, pelo lado mau das coisas; e viram tantos crimes, cujagratuita estranheza só se explica por nossa impotência para possuir a vida. Se o teatro é feito para permitir que nossos recalques adquiram vida, umaespécie de poesia atroz expressa-se através dos atos estranhos em ões dofato de viver demonstram que a intensidade da vida está intacta e que bastaria dirigi-lamelhor. Por mais que exijamos a magia, porém, no fundo temos medo de uma vida quese desenvolvesse inteiramente sob o signo da verdadeira magia. ausência enraizada de cultura espanta certasgrandiosas anomalias e é assim que, por exemplo, numa ilha sem qualquer contato coma civilização atual, a simples passagem de um navio contendo apenas pessoas sadiaspode provocar o surgimento de doen desconhecidas nessa ilha e que sãoespecialidade de nossos países: zona, influenza, gripe, reumatismos, sinusite,polineurite, etc. E, também, se achamos que os negros cheiram mal, ignoramos que para tudo oque não é Europa somos nós, brancos, que cheiramos mal. Eu diria mesmo queexalamos um odor branco, branco assim como se pode falar
Assim como o ferro em brasa é ferro branco, pode-se dizer que tudo o que éexcessivo é branco; e, para um asiático, a cor branca tornou sextremada decomposição. se começar a extrair uma idéia da cultura, uma idéia que é antesde tudo um protesto.
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homem, penso que foi a intervençãomilenar do homem que acabou por
a devem ser retomadas numa época em quenada adere mais à vida. E esta penosa cisão é a causa de as coisas se vingarem, e apoesia que não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar nas coisasreaparece de repente, pelo lado mau das coisas; e viram tantos crimes, cujagratuita estranheza só se explica por
Se o teatro é feito para permitir que nossos recalques adquiram vida, se através dos atos estranhos em ões dofato de viver demonstram que a intensidade da vida
Por mais que exijamos a magia, porém, no fundo temos medo de uma vida quese desenvolvesse inteiramente sob o signo da verdadeira magia. ausência enraizada de cultura espanta-se diante de certasgrandiosas anomalias e é assim que, por exemplo, numa ilha sem qualquer contato coma civilização atual, a simples passagem de um navio contendo apenas pessoas sadiaspode provocar o surgimento de doenças desconhecidas nessa ilha e que sãoespecialidade de nossos países: zona,
E, também, se achamos que os negros cheiram mal, ignoramos que para os mal. Eu diria mesmo queexalamos um odor branco, branco assim como se pode falar
se dizer que tudo o que éexcessivo é branco; e, para um asiático, a cor branca tornou-se a insígnia
se começar a extrair uma idéia da cultura, uma idéia que é
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adormecida; e a intensidade das formas existe apenas para seduzire captar uma força que, na música, desperta um lancinante teclado. Os deuses que dormem nos museus: o deus do Fogo com seu incensador quelembra o tripé da Inquisição; Tlaloc, um dos múltiplos deuses das Águas, com suamuralha de granito verde; a Deusa Mãe das Águas, a Deusa Mãe das Flores; a expressãoimóvel e que ressoa, s camadas de água, da Deusa do vestido de jadeverde; a expressão arrebatada e bem-aventurada, o rosto crepitando de aromas, em queos átomos do sol giram em círculos, da Deusa Mãe das Flores; essa espécie de servidãoobrigatória de um mundo tocada como se deve, omundo dos civilizados orgânicos, quero dizer, cujos órgãos vitais também saem de seurepouso, esse mundo humano penetra em nós, participa da dança dos deuses, sem sevoltar nem olhar para trás sob pena de se tornar, como nós mesmos, estátuasdesagregadas. No México, uma vez que se trata do México, não existe arte e as coisas servem. E o mundo está em perpétua exaltação. À nossa idéia inerte e desinteressada da arte uma cultura autêntica opõe umaidéia mágica e violentamente egoísta, isto é, interessada. É que os mexicanos captam o Manas, que não podem surgir de umacontemplação das formas por si sós, mas que surgem de uma identificação mágica comessas formas. E os v Totens lá estão para apressar a comunicação. Quando tudo nos leva a dormir, olhando com olhos atentos e conscientes, édifícil acordar e olhar como num sonho, com olhos que não sabem mais para queservem e cujo olhar está voltado para dentro. É assim que aparece a idéia estranha de uma ação desinteressada, mas quemesmo assim é ação, e mais violenta por estar ao lado da tentação do repouso.
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adormecida; e a intensidade das formas existe apenas para seduzire captar uma força que, na música, desperta um lancinante teclado. Os deuses que dormem nos museus: o deus do Fogo com seu incensador quelembra o tripé da Inquisição; Tlaloc, um dos múltiplos deuses das Águas, com suamuralha de granito verde; a Deusa Mãe das Águas, a Deusa Mãe das Flores; a expressãoimóvel e que ressoa, sob a capa de várias camadas de água, da Deusa do vestido de jadeverde; a expressão aventurada, o rosto crepitando de aromas, em queos átomos do sol giram em círculos, da Deusa Mãe das Flores; essa espécie de servidãoobrigatória de um mundo em que a pedra se anima porque foi tocada como se deve, omundo dos civilizados orgânicos, quero dizer, cujos órgãos vitais também saem de seurepouso, esse mundo humano penetra em nós, participa da dança dos deuses, sem sevoltar nem olhar para trás a de se tornar, como nós mesmos, estátuasdesagregadas. No México, uma vez que se trata do México, não existe arte e as coisas
E o mundo está em perpétua exaltação. À nossa idéia inerte e desinteressada da arte uma cultura autêntica opõe gica e violentamente egoísta, isto é, interessada. É que os Manas, as forças que dormem em todas as formas e que não podem surgir de umacontemplação das formas por si sós, mas que surgem de uma identificação mágica comessas formas. E os v Totens lá estão para apressar a comunicação. Quando tudo nos leva a dormir, olhando com olhos atentos e conscientes, édifícil acordar e olhar como num sonho, com olhos que não sabem mais para queservem e cujo olhar está voltado para dentro. ue aparece a idéia estranha de uma ação desinteressada, mas quemesmo assim é ação, e mais violenta por estar ao lado da tentação do
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adormecida; e a intensidade das formas existe apenas para seduzire captar uma força que, na música, desperta um lancinante teclado. Os deuses que dormem nos museus: o deus do Fogo com seu incensador quelembra o tripé da Inquisição; Tlaloc, um dos múltiplos deuses das Águas, com suamuralha de granito verde; a Deusa Mãe das Águas, a Deusa ob a capa de várias camadas de água, da Deusa do vestido de jadeverde; a expressão aventurada, o rosto crepitando de aromas, em queos átomos do sol giram em círculos, da Deusa Mãe das Flores; essa espécie em que a pedra se anima porque foi tocada como se deve, omundo dos civilizados orgânicos, quero dizer, cujos órgãos vitais também saem de seurepouso, esse mundo humano penetra em nós, participa da dança dos deuses, sem sevoltar nem olhar para trás a de se tornar, como nós mesmos, estátuasdesagregadas. No México, uma vez que se trata do México, não existe arte e as coisas
À nossa idéia inerte e desinteressada da arte uma cultura autêntica opõe gica e violentamente egoísta, isto é, interessada. É que os as forças que dormem em todas as formas e que não podem surgir de umacontemplação das formas por si sós, mas que surgem de uma identificação mágica comessas formas. E os velhos
Quando tudo nos leva a dormir, olhando com olhos atentos e conscientes, édifícil acordar e olhar como num sonho, com olhos que não sabem mais
ue aparece a idéia estranha de uma ação desinteressada, mas quemesmo assim é ação, e mais violenta por estar ao lado da tentação do
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Toda verdadeira efígie tem sua sombra que a duplica; e a arte sucumbe a partirdo momento em que o escultor que mode espécie de sombra cujaexistência dilacerará seu repouso. Como toda cultura mágica vertida por hieróglifos apropriados, também overdadeiro teatro tem suas sombras; e, de todas as linguagens e de todas as artes, é aúnica a ainda ter s pode-se dizer que desde aorigem elas não suportavam limitações. Nossa idéia petrificada do teatro vai ao encontro da nossa idéia petrificada deuma cultura sem sombras em que, para qualquer lado que se volte, nosso espírito sóencontra o vazio, ao passo que o espaço está cheio. Mas o verdadeiro teatro, porque se mexe e porque se serve de instrumentosvivos, continua a agitar sombras nas quais a vida nunca deixou de fremir. O ator quenão refaz duas vezes o mesmo gesto, mas faz gestos, se mexe, e sem dúvidabrutaliza formas, mas por trás dessas formas, e através de sua destruição, ele alcança oque sobrevive às formas e produz a continuação delas. O teatro que não está em nada, mas que se serve de todas as linguagens gestos,sons, palavras, fogo, gritos que o espírito precisade uma linguagem para produzir suas manifestações. E a fixação do teatro numa linguagem sons -indica sua perdição a curto prazo, determinada linguagemdemonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento dalinguagem acompanha sua limitação. Para o teatro assim como para a cultura, a questão continua sendo nomear edirigir sombras formas, com isso destróias falsas sombras, mas prepara o caminho para um outro nascimento de sombras a cujavolta agrega espetáculo da vida.
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Toda verdadeira efígie tem sua sombra que a duplica; e a arte sucumbe a partirdo momento em que o escultor que modela acredita liberar uma espécie de sombra cujaexistência dilacerará seu repouso. Como toda cultura mágica vertida por hieróglifos apropriados, também overdadeiro teatro tem suas sombras; e, de todas as linguagens e de todas as artes, é aúnica a ainda ter sombras que romperam suas limitações. E se dizer que desde aorigem elas não suportavam limitações. Nossa idéia petrificada do teatro vai ao encontro da nossa idéia petrificada deuma cultura sem sombras em que, para qualquer lado que se volte, írito sóencontra o vazio, ao passo que o espaço está cheio. Mas o verdadeiro teatro, porque se mexe e porque se serve de instrumentosvivos, continua a agitar sombras nas quais a vida nunca deixou de fremir. O ator quenão refaz duas vezes o mesmo gesto, mas faz gestos, se mexe, e sem dúvidabrutaliza formas, mas por trás dessas formas, e através de sua destruição, ele alcança oque sobrevive às formas e produz a continuação delas. O teatro que não está em nada, mas que se serve de todas as linguagens tos,sons, palavras, fogo, gritos - encontra-se exatamente no ponto em que o espírito precisade uma linguagem para produzir suas manifestações. E a fixação do teatro numa linguagem - palavras escritas, música, luzes, indica sua perdição a curto prazo, sendo que a escolha de uma determinada linguagemdemonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento dalinguagem acompanha sua
Para o teatro assim como para a cultura, a questão continua sendo nomear edirigir sombras; e o teatro, que não se fixa na linguagem e nas formas, com isso destróias falsas sombras, mas prepara o caminho para um outro nascimento de sombras a cujavolta agrega-se o verdadeiro
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Toda verdadeira efígie tem sua sombra que a duplica; e a arte sucumbe a la acredita liberar uma
Como toda cultura mágica vertida por hieróglifos apropriados, também overdadeiro teatro tem suas sombras; e, de todas as linguagens e de todas ombras que romperam suas limitações. E se dizer que desde aorigem elas não suportavam limitações. Nossa idéia petrificada do teatro vai ao encontro da nossa idéia petrificada deuma cultura sem sombras em que, para qualquer lado que se volte, írito sóencontra o vazio, ao passo que o espaço está cheio. Mas o verdadeiro teatro, porque se mexe e porque se serve de instrumentosvivos, continua a agitar sombras nas quais a vida nunca deixou de fremir. O ator quenão refaz duas vezes o mesmo gesto, mas que faz gestos, se mexe, e sem dúvidabrutaliza formas, mas por trás dessas formas, e através de sua destruição, ele alcança oque sobrevive às formas
O teatro que não está em nada, mas que se serve de todas as linguagens - se exatamente no ponto em que o espírito precisade uma linguagem para produzir suas manifestações. palavras escritas, música, luzes, sendo que a escolha de uma determinada linguagemdemonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento dalinguagem acompanha sua
Para o teatro assim como para a cultura, a questão continua sendo ; e o teatro, que não se fixa na linguagem e nas formas, com isso destróias falsas sombras, mas prepara o caminho para se o verdadeiro
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derrocadas da psicologia,escuta em humores, corroídos, em plena destruição, eque, num vertiginoso desperdício de matéria, tornam se em carvão. Será tarde demais para conjurar o flagelo? Mesmodestruído, mesmo aniquilado e pulv queimado em suasentranhas, ele sabe que não se morre nos sonhos, que neles a vontade atua até o absurdo,até a negação do possível, até uma espécie de transmutação da mentira com a qual serefaz a verdade. Ele desperta. Saberá mostra peste queestão correndo e os miasmas de um vírus vindo do Oriente. Um navio que partiu há um mês de Beirute, o licençapara atracar e desembarcar. E então ele dá a ordem louca, a ordem consideradadelirante, absurda, imbecil e despótica pelo povo e por todo o seu círculo. Rapidamentemanda para o navio, que presume contaminado, a barca do piloto e alguns homens coma ordem para que o Antoine vire de bordo imediatamente e se faça à v sob pena de ser afundado a tiros de canhão. A guerra contra apeste. O autocrata atacava de frente. É preciso, de passagem, observar a força especial da influência que aquele sonhoexerceu sobre ele, pois ela lhe permitiu, apesar dos multidão e doceticismo de seu círculo, perseverar na ferocidade de suas ordens, passando com issonão apenas por cima do direito das pessoas como também sobre o mais simples respeitopela vida humana e sobre todos os tipos de convenções naciona morte, deixam de vigorar. Seja como for, o navio continuou seu caminho, chegou a Livorno e entrou noporto de Marselha, onde lhe foi permitido desembarcar. Os serviços públicos de Marselha não guardaram lembrança do que aconteceucom sua carga de pestíferos.
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derrocadas da psicologia,escuta em si mesmo o murmúrio de seus humores, corroídos, em plena destruição, eque, num vertiginoso desperdício de matéria, tornam-se densos e aos poucosmetamorfoseiam se em carvão. Será tarde demais para conjurar o flagelo? Mesmodestruído, mesmo aniquilado e pulverizado organicamente, e queimado em suasentranhas, ele sabe que não se morre nos sonhos, que neles a vontade atua até o absurdo,até a negação do possível, até uma espécie de transmutação da mentira com a qual serefaz a verdade. Ele desperta. Saberá mostrar-se capaz de dissipar todos os boatos de peste queestão correndo e os miasmas de um vírus vindo do Oriente. Um navio que partiu há um mês de Beirute, o Grand-Saint-Antoine, licençapara atracar e desembarcar. E então ele dá a ordem louca, a ordem ideradadelirante, absurda, imbecil e despótica pelo povo e por todo o seu círculo. Rapidamentemanda para o navio, que presume contaminado, a barca do piloto e alguns homens coma ordem para que o vire de bordo imediatamente e se faça à velapara longe da cidade, sob pena de ser afundado a tiros de canhão. A guerra contra apeste. O autocrata atacava de frente. É preciso, de passagem, observar a força especial da influência que aquele sonhoexerceu sobre ele, pois ela lhe permitiu, apesar dos multidão e doceticismo de seu círculo, perseverar na ferocidade de suas ordens, passando com issonão apenas por cima do direito das pessoas como também sobre o mais simples respeitopela vida humana e sobre todos os tipos de convenções nacionais ou internacionais que,diante da morte, deixam de vigorar. Seja como for, o navio continuou seu caminho, chegou a Livorno e entrou noporto de Marselha, onde lhe foi permitido desembarcar. Os serviços públicos de Marselha não guardaram lembrança do que onteceucom sua carga de pestíferos.
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si mesmo o murmúrio de seus humores, corroídos, em plena destruição, eque, num vertiginoso se densos e aos poucosmetamorfoseiam- se em carvão. Será tarde demais para conjurar o flagelo? erizado organicamente, e queimado em suasentranhas, ele sabe que não se morre nos sonhos, que neles a vontade atua até o absurdo,até a negação do possível, até uma espécie de transmutação da mentira com a qual serefaz a verdade. se capaz de dissipar todos os boatos de peste queestão correndo e os miasmas de um vírus vindo do Oriente. Antoine, pede licençapara atracar e desembarcar. E então ele dá a ordem louca, a ordem ideradadelirante, absurda, imbecil e despótica pelo povo e por todo o seu círculo. Rapidamentemanda para o navio, que presume contaminado, a barca do piloto e alguns homens coma ordem para que o Grand-Saint- elapara longe da cidade, sob pena de ser afundado a tiros de canhão. A guerra contra apeste. O
É preciso, de passagem, observar a força especial da influência que aquele sarcasmos da multidão e doceticismo de seu círculo, perseverar na ferocidade de suas ordens, passando com issonão apenas por cima do direito das pessoas como também sobre o mais simples respeitopela vida humana e sobre is ou internacionais que,diante da
Seja como for, o navio continuou seu caminho, chegou a Livorno e entrou
Os serviços públicos de Marselha não guardaram lembrança do que
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Sabe-se mais ou menos o que aconteceu com os marinheiros de sua tripulação,que não morreram todos de peste e se espalharam por diversos lugares. O Grand-Saint-Antoine numperíodo de particular recrudescência. Mas já se tinha conseguido localizar seus focos. A peste trazida pelo Grand original, eé de sua chegada e de sua difusão pela cidade que datam o lado particularmente atroz eo E isso inspira alguns pensamentos. A peste, que parece reativar um vírus, era capaz de provocar sozinhadevastações sensivelmente igualitárias, pois, de toda a tripulação, o capitão foi o único anão contrair a peste e pestíferos recém-chegados nuncaestiveram em contato direto com os outros, mantidos em zonas fechadas. O alcance da voz de Cagliari, na Sardenha, não deposita apeste nessa cidade, mas o vice-rei recebe, em sonho, algumas emanações dela. Não sepode negar que entre ele e a peste tenha se estabelecido uma comunicação ponderável,embora sutil, e é muito fácil acusar, na comunicação de uma doença como essa, ocontágio por simples contato. Mas essas relações entre Saint liberaremem imagens em seu sonho, não são suficientemente fortes, no entanto, para provocaremnele o aparecimento da doença. Seja como for, a cidade de Cagliari, sabendo algum tempo depois que o navioescorraçado de suas costas pela vontade despótica do príncipe míraculosamente iluminado tinha sido a causa da grande epidemia de Marselha, registrou o fato em seusarquivos, que qualquer um pode consultar. A peste de 1720 em Marselha ofereceu clínicasque temos do flagelo.
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se mais ou menos o que aconteceu com os marinheiros de sua tripulação,que não morreram todos de peste e se espalharam por diversos
Antoine não levou a peste a Marselha. Ela já estava lá. E período de particular recrudescência. Mas já se tinha conseguido
Grand-Saint-Antoine era a peste oriental, o vírus original, eé de sua chegada e de sua difusão pela cidade que datam o lado particularmente atroz eo alastramento generalizado da epidemia. E isso inspira alguns pensamentos. A peste, que parece reativar um vírus, era capaz de provocar sozinhadevastações sensivelmente igualitárias, pois, de toda a tripulação, o capitão foi o único anão contrair a peste e, por outro lado, parece que os chegados nuncaestiveram em contato direto com os outros, mantidos em zonas fechadas. O Grand-Saint-Antoine, alcance da voz de Cagliari, na Sardenha, não deposita apeste nessa cidade, rei recebe, em sonho, algumas emanações dela. Não sepode negar que entre ele e a peste tenha se estabelecido uma comunicação ponderável,embora sutil, e é muito fácil acusar, na comunicação de uma doença como essa, ocontágio por simples contato. elações entre Saint-Rémys e a peste, bastante fortes para se liberaremem imagens em seu sonho, não são suficientemente fortes, no entanto, para provocaremnele o aparecimento da doença. Seja como for, a cidade de Cagliari, sabendo algum tempo depois que o avioescorraçado de suas costas pela vontade despótica do príncipe míraculosamente iluminado tinha sido a causa da grande epidemia de Marselha, registrou o fato em seusarquivos, que qualquer um pode
A peste de 1720 em Marselha ofereceu-nos as únicas descrições ditas clínicasque temos do flagelo.
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se mais ou menos o que aconteceu com os marinheiros de sua tripulação,que não morreram todos de peste e se espalharam por diversos
não levou a peste a Marselha. Ela já estava lá. E período de particular recrudescência. Mas já se tinha conseguido
era a peste oriental, o vírus original, eé de sua chegada e de sua difusão pela cidade que datam o lado alastramento generalizado da epidemia.
A peste, que parece reativar um vírus, era capaz de provocar sozinhadevastações sensivelmente igualitárias, pois, de toda a tripulação, , por outro lado, parece que os chegados nuncaestiveram em contato direto com os Antoine, que passa ao alcance da voz de Cagliari, na Sardenha, não deposita apeste nessa cidade, rei recebe, em sonho, algumas emanações dela. Não sepode negar que entre ele e a peste tenha se estabelecido uma comunicação ponderável,embora sutil, e é muito fácil acusar, na comunicação de uma
Rémys e a peste, bastante fortes para se liberaremem imagens em seu sonho, não são suficientemente fortes, no
Seja como for, a cidade de Cagliari, sabendo algum tempo depois que o avioescorraçado de suas costas pela vontade despótica do príncipe míraculosamente iluminado tinha sido a causa da grande epidemia de Marselha, registrou o fato em seusarquivos, que qualquer um pode
cas descrições ditas
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Sejam quais forem as divagações dos historiadores ou da medicina sobre a peste,creio que é possível concordar quanto à idéia d seria uma espéciede entidade psíquica, e que não seria veiculada por um vírus. Se quiséssemos analisar deperto todos os fatos de contágio de peste que a história ou as Memórias nos apresentam,seria difícil isolar um único caso verdadeiramente comprovado de contágio por contato,e o exemplo citado por Boccaccio, de porcos que teriam morrido por cheirar lençóis emque se envolveram pessoas empestadas, só serve para demonstrar uma espécie deafinidade misteriosa entre a carne de porco e a naturez da peste, o que também teria deser analisado com muito rigor. Não existindo a idéia de uma verdadeira entidade mórbida, há formas que oespírito pode provisoriamente aceitar a fim de caracterizar alguns fenômenos, e pareceque o espírito pode concordar com peste tal como a que segue. Antes de se caracterizar qualquer mal espalham-sepelo corpo manchas vermelhas, que o doente só percebe, de repente, quando se tornamescuras. Ele nem tem tempo de se assustar, e sua cabeça já começa a ferver, a tornar Então, é tomado por uma fadiga atroz, a fadiga de umaaspiração magnética central, de suas moléculas cindidas em dois e atraídas para suaaniquilação. Seus humores descontrolados, revolvi parecem galoparatravés de seu corpo. Seu estômago se embrulha, o interior de seu ventre parece querersair pelo orifício dos dentes. Seu pulso, que ora diminui até tornar pulso, ora galopa, segue a eferves desordem de seu espírito. O pulso batendo através de golpes precipitadoscomo seu coração, que se torna intenso, pleno, barulhento; o olho vermelho, incendiadoe depois vítreo; a língua que sufoca, enorme e grossa, primeiro branca, depois vermelhae depois preta, como que carbonífera e rachada, tudo isso anuncia uma tempestadeorgânica sem precedentes. Logo os humores trespassados como a terra pelo raio, comoum vulcão trabalhado pelas tempestades subterrâneas, procuram saída para o exterior.
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Sejam quais forem as divagações dos historiadores ou da medicina sobre a peste,creio que é possível concordar quanto à idéia de uma doença que seria uma espéciede entidade psíquica, e que não seria veiculada por um vírus. Se quiséssemos analisar deperto todos os fatos de contágio de peste que a história ou as Memórias nos apresentam,seria difícil isolar um único nte comprovado de contágio por contato,e o exemplo citado por Boccaccio, de porcos que teriam morrido por cheirar lençóis emque se envolveram pessoas empestadas, só serve para demonstrar uma espécie deafinidade misteriosa entre a carne de porco e a naturez da peste, o que também teria deser analisado com muito rigor. Não existindo a idéia de uma verdadeira entidade mórbida, há formas que oespírito pode provisoriamente aceitar a fim de caracterizar alguns fenômenos, e pareceque o espírito pode concordar com uma descrição da peste tal como a que segue. Antes de se caracterizar qualquer mal-estar físico ou psicológico, sepelo corpo manchas vermelhas, que o doente só percebe, de repente, quando se tornamescuras. Ele nem tem tempo de se assustar, e cabeça já começa a ferver, a tornar-segigantesca pelo peso, e ele cai. Então, é tomado por uma fadiga atroz, a fadiga de umaaspiração magnética central, de suas moléculas cindidas em dois e atraídas para suaaniquilação. Seus humores descontrolados, revolvidos, em desordem, parecem galoparatravés de seu corpo. Seu estômago se embrulha, o interior de seu ventre parece querersair pelo orifício dos dentes. Seu pulso, que ora diminui até tornar-se uma sombra, umavirtualidade de pulso, ora galopa, segue a efervescência de sua febre interior, aturbulenta desordem de seu espírito. O pulso batendo através de golpes precipitadoscomo seu coração, que se torna intenso, pleno, barulhento; o olho vermelho, incendiadoe depois vítreo; a língua que sufoca, enorme e rimeiro branca, depois vermelhae depois preta, como que carbonífera e rachada, tudo isso anuncia uma tempestadeorgânica sem precedentes. Logo os humores trespassados como a terra pelo raio, comoum vulcão trabalhado pelas tempestades subterrâneas, procuram
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Sejam quais forem as divagações dos historiadores ou da medicina sobre a e uma doença que seria uma espéciede entidade psíquica, e que não seria veiculada por um vírus. Se quiséssemos analisar deperto todos os fatos de contágio de peste que a história ou as Memórias nos apresentam,seria difícil isolar um único nte comprovado de contágio por contato,e o exemplo citado por Boccaccio, de porcos que teriam morrido por cheirar lençóis emque se envolveram pessoas empestadas, só serve para demonstrar uma espécie deafinidade misteriosa entre a carne de porco e a natureza da peste, o que também teria deser analisado com muito rigor. Não existindo a idéia de uma verdadeira entidade mórbida, há formas que oespírito pode provisoriamente aceitar a fim de caracterizar alguns uma descrição da
estar físico ou psicológico, sepelo corpo manchas vermelhas, que o doente só percebe, de repente, quando se tornamescuras. Ele nem tem tempo de se assustar, e segigantesca pelo peso, e ele cai. Então, é tomado por uma fadiga atroz, a fadiga de umaaspiração magnética central, de suas moléculas cindidas em dois e atraídas para dos, em desordem, parecem galoparatravés de seu corpo. Seu estômago se embrulha, o interior de seu ventre parece querersair pelo orifício dos dentes. Seu se uma sombra, umavirtualidade de cência de sua febre interior, aturbulenta desordem de seu espírito. O pulso batendo através de golpes precipitadoscomo seu coração, que se torna intenso, pleno, barulhento; o olho vermelho, incendiadoe depois vítreo; a língua que sufoca, enorme e rimeiro branca, depois vermelhae depois preta, como que carbonífera e rachada, tudo isso anuncia uma tempestadeorgânica sem precedentes. Logo os humores trespassados como a terra pelo raio, comoum vulcão trabalhado pelas tempestades subterrâneas, procuram a
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No meio das manchas criam pontos a pele seergue em pelotas como bolhas de ar sob a epiderme de uma lava, e essas bolhas sãocercadas por círculos, o último dos quais, como um anel de Saturno indica o limite extremo de um bubão. O corpo fica cheio de bubões. Mas, assim como os vulcões têm seus lugareseleitos sobre a terra, os bubões também têm lugares eleitos no corpo humano. A dois outrês dedos da viri preciosos onde glândulas ativas realizamfielmente suas funções, aparecem bubões, através dos quais o organismo descarrega ousua podridão interior ou, conforme o caso, sua vida. Uma conflagração violenta elocalizada num ponto central nada perdeu de suaforça e que uma remissão do mal ou mesmo sua cura é possível. Assim como o cólerabranco, a peste mais terrível é a que não divulga suas feições. Aberto, o cadáver do pestífero não mostra lesõ encarregadade filtrar os dejetos entorpecidos e inertes do organismo, fica inflada, quase estourando,cheia de um líquido escuro e pegajoso, tão compacto que lembra uma matéria nova. Osangue das artérias, das veias, também é preto e pegajoso. O corpo fica duro comopedra. Nas paredes da membrana estomacal parecem ter despertado inúmeras fontes desangue. Tudo indica uma desordem fundamental das secreções. Mas não há nem perdanem destruição de matéria, como na lepra ou na sífilis. Os próp intestinos, lugar dosdistúrbios mais sangrentos, onde as matérias atingem um grau inusitado de putrefação epetrificação organicamente atacados. A vesícula biliar, de ondeé preciso quase arrancar o pus endurecido, como em algu faca afiada, um instrumento de obsidiana, vítreo e duro estáhipertrofiada e quebradiça em alguns lugares, mas intacta, sem lhe faltar nenhumpedaço, sem lesão visível, sem matéria perdida. No entanto, em certos casos os pulmões e o cérebro lesados ficam escuros egangrenados. Os pulmões amolecidos, fragmentados, desfazem se em pedaços de umamatéria preta qualquer e o cérebro está fundido,
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No meio das manchas criam-se pontos mais ardentes, ao redor desses pontos a pele seergue em pelotas como bolhas de ar sob a epiderme de uma lava, e essas bolhas sãocercadas por círculos, o último dos quais, como um anel de Saturno ao redor do astroem plena incandescência, indica o limite extremo de um bubão. O corpo fica cheio de bubões. Mas, assim como os vulcões têm seus lugareseleitos sobre a terra, os bubões também têm lugares eleitos no corpo humano. A dois outrês dedos da virilha, sob as axilas, nos locais preciosos onde glândulas ativas realizamfielmente suas funções, aparecem bubões, através dos quais o organismo descarrega ousua podridão interior ou, conforme o caso, sua vida. Uma conflagração violenta elocalizada num ponto indica na maioria das vezes que a vida central nada perdeu de suaforça e que uma remissão do mal ou mesmo sua cura é possível. Assim como o cólerabranco, a peste mais terrível é a que não divulga suas feições. Aberto, o cadáver do pestífero não mostra lesões. A vesícula biliar, encarregadade filtrar os dejetos entorpecidos e inertes do organismo, fica inflada, quase estourando,cheia de um líquido escuro e pegajoso, tão compacto que lembra uma matéria nova. Osangue das artérias, das veias, egajoso. O corpo fica duro comopedra. Nas paredes da membrana estomacal parecem ter despertado inúmeras fontes desangue. Tudo indica uma desordem fundamental das secreções. Mas não há nem perdanem destruição de matéria, como na lepra ou na sífilis. Os próp intestinos, lugar dosdistúrbios mais sangrentos, onde as matérias atingem um grau inusitado de putrefação epetrificação - os intestinos não estão organicamente atacados. A vesícula biliar, de ondeé preciso quase arrancar o pus endurecido, como em alguns sacrifícios humanos, comuma faca afiada, um instrumento de obsidiana, vítreo e duro - a vesícula biliar estáhipertrofiada e quebradiça em alguns lugares, mas intacta, sem lhe faltar nenhumpedaço, sem lesão visível, sem matéria perdida. rtos casos os pulmões e o cérebro lesados ficam escuros egangrenados. Os pulmões amolecidos, fragmentados, desfazem se em pedaços de umamatéria preta qualquer e o cérebro está fundido,
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se pontos mais ardentes, ao redor desses pontos a pele seergue em pelotas como bolhas de ar sob a epiderme de uma lava, e essas bolhas sãocercadas por círculos, o último dos quais, ao redor do astroem plena incandescência,
O corpo fica cheio de bubões. Mas, assim como os vulcões têm seus lugareseleitos sobre a terra, os bubões também têm lugares eleitos no lha, sob as axilas, nos locais preciosos onde glândulas ativas realizamfielmente suas funções, aparecem bubões, através dos quais o organismo descarrega ousua podridão interior ou, conforme o caso, sua vida. Uma conflagração indica na maioria das vezes que a vida central nada perdeu de suaforça e que uma remissão do mal ou mesmo sua cura é possível. Assim como o cólerabranco, a peste mais terrível é a
es. A vesícula biliar, encarregadade filtrar os dejetos entorpecidos e inertes do organismo, fica inflada, quase estourando,cheia de um líquido escuro e pegajoso, tão compacto que lembra uma matéria nova. Osangue das artérias, das veias, egajoso. O corpo fica duro comopedra. Nas paredes da membrana estomacal parecem ter despertado inúmeras fontes desangue. Tudo indica uma desordem fundamental das secreções. Mas não há nem perdanem destruição de matéria, como na lepra ou na sífilis. Os próprios intestinos, lugar dosdistúrbios mais sangrentos, onde as matérias atingem os intestinos não estão organicamente atacados. A vesícula biliar, de ondeé preciso quase ns sacrifícios humanos, comuma a vesícula biliar estáhipertrofiada e quebradiça em alguns lugares, mas intacta, sem lhe faltar nenhumpedaço, sem lesão visível, sem matéria perdida. rtos casos os pulmões e o cérebro lesados ficam escuros egangrenados. Os pulmões amolecidos, fragmentados, desfazem- se em pedaços de umamatéria preta qualquer e o cérebro está fundido,
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preferiria que esse doutor me dissesse por que todas as grandes pestes, comou sem vírus, têm uma duração de cinco meses, após a qual sua virulência diminui, ecomo aquele embaixador turco que passava pelo Languedoc, por volta do fim de 1720,conseguiu traçar uma espécie de linha que, passando por Avignon e Toulouse, chegavaa Nice e Bordeaux, como limite extremo do desenvolvimento geográfico do flagelo. Osacontecimentos mostraram que ele estava certo. De tudo isso resulta a fisionomia espiritual de um mal cujas leis não é possíveldeterminar cientificamente e cuja origem geográfica seria tolice tentar determinar, poisa peste do Egito não é a do Oriente, que não é a de Hipócrates, que não é a de Siracusa,que não é a d Negra, à qual a Europa da Idade Média deve seuscinqüenta milhões de mortos. Ninguém pode dizer por que a peste atinge o covarde quefoge e poupa o dissoluto que se satisfaz sobre os cadáveres. Por que o afastamento, acastidade, a solidão flagelo e por que um certogrupo de debochados que se isolou no campo, como Boccaccio com dois companheirosbem equipados e sete devotas libertinas, pode esperar tranqüilamente pelos dias quentes,quando a peste se retira; e por que num castelo próximo, transformado em cidadelafortificada com um cordão de homens armados impedindo a entrada, a peste transformatoda a guarnição e os ocupantes em cadáveres e poupa os homens armados, os únicosexpostos ao contágio. E quem pode explicar o fato de os cordões sanitáriosestabelecidos com grandes reforços de tropas, por Mehmet Ali, ao final do séculopassado, por ocasião de uma recrudescência da peste egípcia, terem se mostradoeficazes na proteção dos conventos, escolas, prisões e pal e por que muitos focosde uma peste que tinha todas as características da peste oriental puderam irromper derepente na Europa da Idade Média em lugares sem qualquer contato com o Oriente. É com essas estranhezas, esses mistérios, contradições e aspec devecompor a fisionomia espiritual de um mal que corrói o organismo e a vida até a rupturae o espasmo, como uma dor que, à medida que cresce em intensidade e se aprofunda,multiplica seus acessos e suas riquezas em todos os círculos da sensibilid
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preferiria que esse doutor me dissesse por que todas as grandes pestes, comou sem vírus, têm uma duração de cinco meses, após a qual sua virulência diminui, ecomo aquele embaixador turco que passava pelo doc, por volta do fim de 1720,conseguiu traçar uma espécie de linha que, passando por Avignon e Toulouse, chegavaa Nice e Bordeaux, como limite extremo do desenvolvimento geográfico do flagelo. Osacontecimentos mostraram que ele estava certo. resulta a fisionomia espiritual de um mal cujas leis não é possíveldeterminar cientificamente e cuja origem geográfica seria tolice tentar determinar, poisa peste do Egito não é a do Oriente, que não é a de Hipócrates, que não é a de Siracusa,que não é a de Florença, a Peste Negra, à qual a Europa da Idade Média deve seuscinqüenta milhões de mortos. Ninguém pode dizer por que a peste atinge o covarde quefoge e poupa o dissoluto que se satisfaz sobre os cadáveres. Por que o afastamento, acastidade, a solidão nada podem fazer contra os efeitos do flagelo e por que um certogrupo de debochados que se isolou no campo, como Boccaccio com dois companheirosbem equipados e sete devotas libertinas, pode esperar tranqüilamente pelos dias quentes,quando a a; e por que num castelo próximo, transformado em cidadelafortificada com um cordão de homens armados impedindo a entrada, a peste transformatoda a guarnição e os ocupantes em cadáveres e poupa os homens armados, os únicosexpostos ao contágio. E quem explicar o fato de os cordões sanitáriosestabelecidos com grandes reforços de tropas, por Mehmet Ali, ao final do séculopassado, por ocasião de uma recrudescência da peste egípcia, terem se mostradoeficazes na proteção dos conventos, escolas, prisões e pal e por que muitos focosde uma peste que tinha todas as características da peste oriental puderam irromper derepente na Europa da Idade Média em lugares sem qualquer contato com o Oriente. É com essas estranhezas, esses mistérios, contradições e aspec devecompor a fisionomia espiritual de um mal que corrói o organismo e a vida até a rupturae o espasmo, como uma dor que, à medida que cresce em intensidade e se aprofunda,multiplica seus acessos e suas riquezas em todos os círculos da sensibilidade.
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preferiria que esse doutor me dissesse por que todas as grandes pestes, comou sem vírus, têm uma duração de cinco meses, após a qual sua virulência diminui, ecomo aquele embaixador turco que passava pelo doc, por volta do fim de 1720,conseguiu traçar uma espécie de linha que, passando por Avignon e Toulouse, chegavaa Nice e Bordeaux, como limite extremo do desenvolvimento geográfico do flagelo.
resulta a fisionomia espiritual de um mal cujas leis não é possíveldeterminar cientificamente e cuja origem geográfica seria tolice tentar determinar, poisa peste do Egito não é a do Oriente, que não é a de e Florença, a Peste Negra, à qual a Europa da Idade Média deve seuscinqüenta milhões de mortos. Ninguém pode dizer por que a peste atinge o covarde quefoge e poupa o dissoluto que se satisfaz sobre os cadáveres. Por que o nada podem fazer contra os efeitos do flagelo e por que um certogrupo de debochados que se isolou no campo, como Boccaccio com dois companheirosbem equipados e sete devotas libertinas, pode esperar tranqüilamente pelos dias quentes,quando a a; e por que num castelo próximo, transformado em cidadelafortificada com um cordão de homens armados impedindo a entrada, a peste transformatoda a guarnição e os ocupantes em cadáveres e poupa os homens armados, os únicosexpostos ao contágio. E quem explicar o fato de os cordões sanitáriosestabelecidos com grandes reforços de tropas, por Mehmet Ali, ao final do séculopassado, por ocasião de uma recrudescência da peste egípcia, terem se mostradoeficazes na proteção dos conventos, escolas, prisões e palácios; e por que muitos focosde uma peste que tinha todas as características da peste oriental puderam irromper derepente na Europa da Idade Média em
É com essas estranhezas, esses mistérios, contradições e aspectos que se devecompor a fisionomia espiritual de um mal que corrói o organismo e a vida até a rupturae o espasmo, como uma dor que, à medida que cresce em intensidade e se aprofunda,multiplica seus acessos e suas riquezas em
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Mas dessa liberdade espiritual com a qual a peste se desenvolve, sem ratos, semmicróbios e sem contatos, pode sombrio de um espetáculoque tentarei analisar. Estabelecida a peste numa cidade, seus quadros regulares desmoron não hámais limpeza pública, nem exército, nem polícia, nem prefeitura; acendem-se fogueiraspara queimar os mortos, conforme a disponibilidade de braços. Cada família quer tersua fogueira. Depois a madeira, o lugar e o fogo escasseiam, há lutas entre fa seguidas por uma fuga geral, pois os cadáveres já são emnúmero excessivo. Os mortos já atravancam as ruas, em pirâmides instáveis que animaisroem aos poucos. Seu mau cheiro sobe pelo ar como uma labareda. Ruas inteiras sã então que as casas se abrem, quepestíferos delirantes, com os espíritos carregados de imaginações pavorosas, espalham mal que lhes corrói as vísceras, que anda por seu organismointeiro, l se em jorros através do espírito. Outros pestíferos que, sem bubões, semdores, sem delírios e sem sangramentos, observam orgulhosamente em espelhos,sentindo mortos, com a bacia nas mãos, cheios de desprezopelos outros pe Sobre os riachos sangrentos, espessos, nauseabundos, cor de angústia e de ópioque brotam dos cadáveres passam estranhas personagens vestidas de cera, com narizescompridos, olhos de vidro e montadas em uma espécie de sandálias japonesas, feitascom de madeira, uma horizontal em forma de sola e aoutra vertical, que as isolam dos humores infectos; elas passam salmodiando litaniasabsurdas, cuja virtude não as impede de submergir por sua vez no braseiro. Essesmédicos ignaros só mostram seu medo e sua puerilidade. Nas casas abertas, a ralé imunizada, ao que parece, por seu cúpido frenesi,penetra e rouba riquezas que ela sente que lhe serão inúteis. E é então que se instala oteatro. O teatro, isto é, a gratuidade imediata que proveito parao momento presente.
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Mas dessa liberdade espiritual com a qual a peste se desenvolve, sem ratos, semmicróbios e sem contatos, pode-se extrair o jogo absoluto e sombrio de um espetáculoque tentarei analisar. Estabelecida a peste numa cidade, seus quadros regulares desmoron não hámais limpeza pública, nem exército, nem polícia, nem prefeitura; se fogueiraspara queimar os mortos, conforme a disponibilidade de braços. Cada família quer tersua fogueira. Depois a madeira, o lugar e o fogo escasseiam, há lutas entre famílias aoredor das fogueiras, logo seguidas por uma fuga geral, pois os cadáveres já são emnúmero excessivo. Os mortos já atravancam as ruas, em pirâmides instáveis que animaisroem aos poucos. Seu mau cheiro sobe pelo ar como uma labareda. Ruas inteiras sãobloqueadas pelo amontoamento dos mortos. É então que as casas se abrem, quepestíferos delirantes, com os espíritos carregados de imaginações pavorosas, espalham-segritando pelas ruas. O mal que lhes corrói as vísceras, que anda por seu organismointeiro, l se em jorros através do espírito. Outros pestíferos que, sem bubões, semdores, sem delírios e sem sangramentos, observam orgulhosamente em espelhos,sentindo-se explodir de saúde, caem mortos, com a bacia nas mãos, cheios de desprezopelos outros pe Sobre os riachos sangrentos, espessos, nauseabundos, cor de angústia e de ópioque brotam dos cadáveres passam estranhas personagens vestidas de cera, com narizescompridos, olhos de vidro e montadas em uma espécie de sandálias japonesas, feitascom um arranjo duplo de tabuinhas de madeira, uma horizontal em forma de sola e aoutra vertical, que as isolam dos humores infectos; elas passam salmodiando litaniasabsurdas, cuja virtude não as impede de submergir por sua vez no braseiro. s só mostram seu medo e sua puerilidade. Nas casas abertas, a ralé imunizada, ao que parece, por seu cúpido frenesi,penetra e rouba riquezas que ela sente que lhe serão inúteis. E é então que se instala oteatro. O teatro, isto é, a gratuidade imediata que leva a atos inúteis e sem proveito parao momento presente.
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Mas dessa liberdade espiritual com a qual a peste se desenvolve, sem se extrair o jogo absoluto e
Estabelecida a peste numa cidade, seus quadros regulares desmoronam, não hámais limpeza pública, nem exército, nem polícia, nem prefeitura; se fogueiraspara queimar os mortos, conforme a disponibilidade de braços. Cada família quer tersua fogueira. Depois a madeira, o lugar e o mílias aoredor das fogueiras, logo seguidas por uma fuga geral, pois os cadáveres já são emnúmero excessivo. Os mortos já atravancam as ruas, em pirâmides instáveis que animaisroem aos poucos. Seu mau cheiro sobe pelo ar como uma obloqueadas pelo amontoamento dos mortos. É então que as casas se abrem, quepestíferos delirantes, com os espíritos segritando pelas ruas. O mal que lhes corrói as vísceras, que anda por seu organismointeiro, libera- se em jorros através do espírito. Outros pestíferos que, sem bubões, semdores, sem delírios e sem sangramentos, observam-se se explodir de saúde, caem mortos, com a bacia nas mãos, cheios de desprezopelos outros pestíferos. Sobre os riachos sangrentos, espessos, nauseabundos, cor de angústia e de ópioque brotam dos cadáveres passam estranhas personagens vestidas de cera, com narizescompridos, olhos de vidro e montadas em uma um arranjo duplo de tabuinhas de madeira, uma horizontal em forma de sola e aoutra vertical, que as isolam dos humores infectos; elas passam salmodiando litaniasabsurdas, cuja virtude não as impede de submergir por sua vez no braseiro. s só mostram seu medo e sua puerilidade. Nas casas abertas, a ralé imunizada, ao que parece, por seu cúpido frenesi,penetra e rouba riquezas que ela sente que lhe serão inúteis. E é
leva a atos inúteis e sem
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Uma vez lançado em seu furor, é precisomuito mais virtude ao ator para impedir-se de cometer um crime do que coragem aoassassino para executar seu crime, e é aqui que, em sua gratuidade, a ação de umsentimento no teatro surge como algo infinitamente mais válido do que a ação de umsentimento realizado. Diante do furor do assassino que permanecenum círculo puro e fechado. O furor do assassino realizou um ato, ele se descarrega eperde contato com a força que o inspira, mas que não mais o alimentará. Esse furorassumiu agora uma forma, a do ator, que se nega à medida que se libera, se funde nauniversalidade. Se quisermos admitir agora a imagem espiritual da peste, consideraremos oshumores perturbados do pestífero como sendo a face solidificada e material de umdistúrbio que, em outros planos, equivale aos co lutas, aos cataclismos e assim como não é impossível que odesespero inútil e os gritos de um alienado num asilo causem a peste, por uma espéciede reversibilidade de sentimentos e de imagens, do mesmo osacontecimentos exteriores, os conflitos políticos, os cataclismos naturais, a ordem darevolução e a desordem da guerra, ao passarem para o plano do teatro, se descarreguemna sensibilidade de quem os observa com a força de uma ep Santo Agostinho em A Cidade de Deus entre apeste que mata sem destruir órgãos e o teatro que, sem matar, provoca no espírito nãoapenas de um indivíduo, mas de um povo, as mais misteriosas alterações. "Sabei", diz ele, "vós que o ignorais, que esses jogos cênicos, espetáculos detorpezas, não foram estabelecidos em Roma pelos vícios dos homens, mas por ordem devossos deuses. Seria mais razoável prestar homenagens divinas a Cipião1 do que adeuses assim; claro, eles não val que tinham!...
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Uma vez lançado em seu furor, é precisomuito mais virtude ao ator para e de cometer um crime do que coragem aoassassino para executar seu crime, e é aqui que, em sua gratuidade, a ação de umsentimento no teatro surge como algo infinitamente mais válido do que a ação de umsentimento realizado. Diante do furor do assassino que se esgota, o furor do ator trágico permanecenum círculo puro e fechado. O furor do assassino realizou um ato, ele se descarrega eperde contato com a força que o inspira, mas que não mais o alimentará. Esse furorassumiu agora uma forma, a do ator, que ga à medida que se libera, se funde nauniversalidade. Se quisermos admitir agora a imagem espiritual da peste, consideraremos oshumores perturbados do pestífero como sendo a face solidificada e material de umdistúrbio que, em outros planos, equivale aos co lutas, aos cataclismos e débâcles que os acontecimentos nos trazem. E, assim como não é impossível que odesespero inútil e os gritos de um alienado num asilo causem a peste, por uma espéciede reversibilidade de sentimentos e de imagens, do mesmo modo pode-se admitir que osacontecimentos exteriores, os conflitos políticos, os cataclismos naturais, a ordem darevolução e a desordem da guerra, ao passarem para o plano do teatro, se descarreguemna sensibilidade de quem os observa idemia. A Cidade de Deus acusa essa semelhança de ação entre apeste que mata sem destruir órgãos e o teatro que, sem matar, provoca no espírito nãoapenas de um indivíduo, mas de um povo, as mais misteriosas alterações. "vós que o ignorais, que esses jogos cênicos, espetáculos detorpezas, não foram estabelecidos em Roma pelos vícios dos homens, mas por ordem devossos deuses. Seria mais razoável prestar homenagens divinas a Cipião1 do que adeuses assim; claro, eles não valiam o pontífice
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Uma vez lançado em seu furor, é precisomuito mais virtude ao ator para e de cometer um crime do que coragem aoassassino para executar seu crime, e é aqui que, em sua gratuidade, a ação de umsentimento no teatro surge como algo infinitamente mais válido do
se esgota, o furor do ator trágico permanecenum círculo puro e fechado. O furor do assassino realizou um ato, ele se descarrega eperde contato com a força que o inspira, mas que não mais o alimentará. Esse furorassumiu agora uma forma, a do ator, que
Se quisermos admitir agora a imagem espiritual da peste, consideraremos oshumores perturbados do pestífero como sendo a face solidificada e material de umdistúrbio que, em outros planos, equivale aos conflitos, às que os acontecimentos nos trazem. E, assim como não é impossível que odesespero inútil e os gritos de um alienado num asilo causem a peste, por uma espéciede reversibilidade de se admitir que osacontecimentos exteriores, os conflitos políticos, os cataclismos naturais, a ordem darevolução e a desordem da guerra, ao passarem para o plano do teatro, se descarreguemna sensibilidade de quem os observa
acusa essa semelhança de ação entre apeste que mata sem destruir órgãos e o teatro que, sem matar, provoca no espírito nãoapenas de um indivíduo, mas de um povo, as mais
"vós que o ignorais, que esses jogos cênicos, espetáculos detorpezas, não foram estabelecidos em Roma pelos vícios dos homens, mas por ordem devossos deuses. Seria mais razoável prestar homenagens iam o pontífice
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Para apaziguar a peste que matava os corpos, vossos deuses exigem em suahonra esses jogos cênicos, e vosso pontífice, querendo evitar a peste que corrompe asalmas, opõe vos restam alguns lampejos deinteligência para preferirdes a alma ao corpo, escolhei quem merece vossas adorações;pois a astúcia dos Espíritos maus, prevendo que o contágio cessaria nos corpos,aproveitou alegremente a ocasião para introduzir um flagelo muito mais perig pois: 1 CipiãoNasica, grande pontífice, que ordenou que os teatros de Roma fossem nivelados e seus porões aterrados, costumes. De fato, tal é a cegueira, tal é a corrupçãoproduzida pelos espetáculos na alma que, mesmo essa paixão funesta, que escaparam ao saque de Roma e se refugiaram em Cartago,passavam o dia no teatro, delirando, cada um mais que o outro, pelos histriões." É inútil dar as razões exatas desse delírio comunicativo. procurar asrazões pelas quais o organismo nervoso esposa, ao fim de algum tempo, as vibrações damúsica mais sutil até extrair delas uma espécie de modificação durável. Antes de maisnada, importa admitir que, como a peste, o jogo teatral seja u O espírito acredita no que vê e faz aquilo em que acredita: esse é o segredo dofascínio. E santo Agostinho não coloca em dúvidas nem por um instante, em seu texto, arealidade desse fascínio. No entanto, há certas condições espíritoum espetáculo que o fascine; e esta não é uma simples questão de arte. Ora, se o teatro é como a peste, não é apenas porque ele age sobre importantescoletividades e as transtorna no mesmo sentido. Há no teatro como na peste, algo devitorioso e de vingativo ao mesmo tempo. Sente que esse incêndio espontâneo que apeste provoca por onde passa não é nada além de uma imensa liquidação.
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Para apaziguar a peste que matava os corpos, vossos deuses exigem em suahonra esses jogos cênicos, e vosso pontífice, querendo evitar a peste que corrompe asalmas, opõe-se à construção do próprio palco. Se ainda guns lampejos deinteligência para preferirdes a alma ao corpo, escolhei quem merece vossas adorações;pois a astúcia dos Espíritos maus, prevendo que o contágio cessaria nos corpos,aproveitou alegremente a ocasião para introduzir um flagelo muito mais perig
1 CipiãoNasica, grande pontífice, que ordenou que os teatros de Roma velados e seus porões aterrados, atinge não os corpos, mas os costumes. De fato, tal é a cegueira, tal é a corrupçãoproduzida pelos espetáculos na alma que, mesmo nestes últimos tempos, aqueles quetêm essa paixão funesta, que escaparam ao saque de Roma e se refugiaram em Cartago,passavam o dia no teatro, delirando, cada um mais que o
É inútil dar as razões exatas desse delírio comunicativo. procurar asrazões pelas quais o organismo nervoso esposa, ao fim de algum tempo, as vibrações damúsica mais sutil até extrair delas uma espécie de modificação durável. Antes de maisnada, importa admitir que, como a peste, o jogo teatral seja um delírio e que sejacomunicativo. O espírito acredita no que vê e faz aquilo em que acredita: esse é o segredo dofascínio. E santo Agostinho não coloca em dúvidas nem por um instante, em seu texto, arealidade desse fascínio. No entanto, há certas condições a serem buscadas para fazer nascer no espíritoum espetáculo que o fascine; e esta não é uma simples questão de
Ora, se o teatro é como a peste, não é apenas porque ele age sobre importantescoletividades e as transtorna no mesmo sentido. Há no teatro como na peste, algo devitorioso e de vingativo ao mesmo tempo. Sente que esse incêndio espontâneo que apeste provoca por onde passa não é nada além de uma imensa liquidação.
não à comercialização
Para apaziguar a peste que matava os corpos, vossos deuses exigem em suahonra esses jogos cênicos, e vosso pontífice, querendo evitar a peste se à construção do próprio palco. Se ainda guns lampejos deinteligência para preferirdes a alma ao corpo, escolhei quem merece vossas adorações;pois a astúcia dos Espíritos maus, prevendo que o contágio cessaria nos corpos,aproveitou alegremente a ocasião para introduzir um flagelo muito mais perigoso,
1 CipiãoNasica, grande pontífice, que ordenou que os teatros de Roma atinge não os corpos, mas os costumes. De fato, tal é a cegueira, tal é a corrupçãoproduzida pelos nestes últimos tempos, aqueles quetêm essa paixão funesta, que escaparam ao saque de Roma e se refugiaram em Cartago,passavam o dia no teatro, delirando, cada um mais que o
É inútil dar as razões exatas desse delírio comunicativo. Mais valeria procurar asrazões pelas quais o organismo nervoso esposa, ao fim de algum tempo, as vibrações damúsica mais sutil até extrair delas uma espécie de modificação durável. Antes de maisnada, importa admitir que, m delírio e que sejacomunicativo. O espírito acredita no que vê e faz aquilo em que acredita: esse é o segredo dofascínio. E santo Agostinho não coloca em dúvidas nem por um
a serem buscadas para fazer nascer no espíritoum espetáculo que o fascine; e esta não é uma simples questão de
Ora, se o teatro é como a peste, não é apenas porque ele age sobre importantescoletividades e as transtorna no mesmo sentido. Há no teatro, como na peste, algo devitorioso e de vingativo ao mesmo tempo. Sente-se que esse incêndio espontâneo que apeste provoca por onde passa não é