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Ansiedade, Ecoansiedade e Gratidão em Voluntários de Igrejinha: Um Estudo de Caso, Trabalhos de Psicologia

Este relatório apresenta uma análise qualitativa dos fenômenos de ansiedade, ecoansiedade e gratidão observados em voluntários da cidade de igrejinha, rio grande do sul, durante um período de calamidade climática. O estudo, realizado como requisito parcial de avaliação na disciplina de estágio básico – observação do curso de psicologia da universidade feevale, explora as reações emocionais e psicológicas dos voluntários em meio às inundações, com foco na influência do contexto social e ambiental. O relatório destaca a importância do acolhimento psicológico e a presença de profissionais de saúde mental em situações de crise, além de analisar o papel do voluntariado como mecanismo de enfrentamento e promoção da gratidão.

Tipologia: Trabalhos

2024

À venda por 11/11/2024

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UNIVERSIDADE FEEVALE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
CATÁSTROFES CLIMÁTICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Uma análise dos fenômenos de ansiedade, ecoansiedade e gratidão
observados nos voluntários da cidade de Igrejinha
Lívia Dreher
NOVO HAMBURGO
2024
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UNIVERSIDADE FEEVALE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

CATÁSTROFES CLIMÁTICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Uma análise dos fenômenos de ansiedade, ecoansiedade e gratidão observados nos voluntários da cidade de Igrejinha Lívia Dreher NOVO HAMBURGO 2024

1 INTRODUÇÃO

A cidade de Igrejinha, localizada no estado do Rio Grande do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, é um local com aproximadamente 38 mil habitantes. A cidade foi colonizada por imigrantes alemães e permanece até a atualidade com grande parte de sua população descendente dessa origem. Para celebrar a tradição de seus antepassados, a cidade criou a famosa festa que ocorre todo mês de outubro e é recorde em voluntariado no país – a Oktoberfest de Igrejinha. Recentemente, a cidade, tão bonita como antes era conhecida, foi afetada por uma onda de tragédias climáticas decorridas de fortes chuvas na região, ocasionando inundações severas e, como consequência, deixando centenas de famílias desabrigadas e com prejuízos psicológicos e materiais gravíssimos. O presente relatório é resultado das observações realizadas em dois principais locais dentro da cidade, uma empresa do ramo calçadista e uma central de donativos, durante o período de 01/05/2024 até 14/05/2024 como requisito parcial de avaliação na disciplina de Estágio Básico – Observação, do bacharelado em Psicologia da Universidade Feevale. As observações presentes aqui foram realizadas de uma maneira diferente, não havendo contato prévio com as instituições, tendo em vista a situação de calamidade da cidade. Entretanto, ao longo do desenvolvimento das observações, foram realizadas anotações, que posteriormente serão correlacionadas com alguns referenciais bibliográficos nessa dissertação, através de uma análise teórica, com o principal objetivo de construir uma linha de raciocínio em relação às questões observadas em ambos os locais, assim como para promover discussões realizadas sobre a experiência. O relatório está organizado em duas principais partes. Como primeira parte, será apresentado a descrição da observação dos locais propriamente dita, perpassando todos os detalhes, como as características dos locais observados e, em seguida, a apresentação e descrição do planejamento e realização de cada uma das observações. Na segunda parte, será apresentada uma análise teórica sobre três principais fenômenos observados durante as horas de estágio. Nesse sentido, serão retomadas

2 DESCRIÇÃO DOS LOCAIS

2.1 Os locais observados 2.1.1 Indústria calçadista privada A cidade de Igrejinha tem, em sua maioria, indústrias calçadistas que movimentam a economia da cidade e que fornecem empregos à grande maioria da população. A indústria em questão, na qual foi observado o trabalho voluntário realizado, consiste em uma das maiores indústrias da região. A sede da matriz se encontra na cidade de Igrejinha e conta com dois grandes pavilhões, nos quais se estabelecem os setores produtivos, desde corte, chanfração, costura e montagem de calçados. Além dos setores principais, a sede conta com outras duas construções, nas quais estão alocadas o setor administrativo, o restaurante, bem como os setores de recursos humanos e segurança do trabalho. Nessa empresa, há códigos de vestimenta para os setores produtivos, estabelecidos por cores conforme sua função (de forma hierárquica) na empresa. Paralelamente a isso, há códigos de conduta exigidos pela empresa, como o respeito, a solidariedade e a dedicação na realização de tarefas, assim como, também, a pontualidade e comprometimento. Em relação a posição geográfica, a empresa se encontra no início da cidade, próxima a RS- 115 , a caminho da cidade de Taquara/RS. Levando em consideração o acontecido devido às fortes chuvas, é possível dizer que a empresa não correria risco de alagamento; porém, devido às gigantes proporções do fenômeno climático, parte da empresa foi atingida (setores de RH e segurança do trabalho). O local da empresa no qual foi realizada parte das observações foi na central de distribuição (Logística), onde os donativos, adquiridos pela própria empresa, estavam sendo separados para destinar às famílias de funcionários atingidos. 2.1.2 Central de donativos pública

Em frente a toda a destruição que as fortes chuvas causaram na cidade de Igrejinha, a fim de auxiliar a população atingida e centralizar os donativos enviados por outros municípios da região, a administração da cidade estabeleceu em uma das escolas municipais da cidade, uma central de donativos. Essa central foi dividida por setores, a fim de criar um método ágil e organizado de separação dos donativos. No pavilhão principal da escola, onde originalmente funciona como o refeitório dos alunos, era onde acontecia a distribuição dos donativos, entre eles roupas, produtos de higiene e comida. Nas salas do primeiro andar da instituição, nas quais normalmente acontecem aulas para os anos iniciais, eram onde ficavam a separação de roupas entre tamanhos adulto e infantil. Já, nas salas do segundo andar, onde os alunos dos anos finais costumam ter aula, acontecia a separação mais específica das roupas, de acordo com tamanho, idade, e avaliava-se as condições da vestimenta (se era possível ser doada ou não). Desta forma, o trabalho dos voluntários fluía de forma rápida e contínua. Às pessoas que se disponibilizavam a ajudar, era oferecido água e comida, bem como, periodicamente, havia rotação de voluntários (já que havia bastante disponibilidade de voluntariado). Por se tratar de um lugar público, e visto a calamidade a qual se encontrava o município, códigos de vestimenta e conduta não eram exigidos; entretanto, é de um senso comum que há necessidade, nesses momentos, de cooperação e honestidade (por exemplo, não furtar peças de roupas destinadas à doação).

pessoas fugindo, deixando suas casas, seus pertences. O fenômeno da ecoansiedade é facilmente perceptível neste contexto preocupante. Segundo Arthur Henrique de Oliveira (2023, p. 11), A psicologia pode desempenhar um papel importante na luta contra as alterações climáticas, já que os eventos climáticos extremos estão afetando a saúde mental e o bem-estar das pessoas, principalmente crianças e jovens. As alterações climáticas, portanto, representam uma ameaça grave e crescente à saúde mental, eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, inundações e furacões, podem causar depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático em pessoas de todas as idades. Como Oliveira (2023) reforça, nos dias atuais, o papel da Psicologia é fundamental na luta contra transtornos mentais, principalmente a ansiedade. Em tempos de catástrofes e voluntariado, como o que estamos vivendo, o fenômeno reconhecido da ecoansiedade pôde ser consideravelmente amenizado quando se havia a presença de um profissional de saúde mental por perto. No primeiro local observado, a indústria calçadista, havia a presença de duas psicólogas, que realizavam o trabalho de acolhimento de vítimas e voluntários. Nesse sentido, foi possível, claramente, verificar a transição de um estado de ansiedade a um estado de alívio mental após o acolhimento psicológico. Paralelamente aos diversos estágios de ansiedade que foram identificados nos voluntários, é importante destacar o fato de que muitas pessoas que estavam ajudando, também tiveram perdas. É um paralelo entre ser vítima e voluntário ao mesmo tempo. Essa realidade podia ser facilmente percebida na cidade de Igrejinha. Entretanto, alguns indivíduos não conseguiram estar em ambos os lados. O luto pela perda de seus bens observado em algumas pessoas era muito intenso comparado às pessoas que conseguiam realizar o voluntariado. O luto não é pertinente apenas a perdas de entes queridos, ele pode ser compreendido em diferentes tipos de perdas. Sendo assim, podemos identificar esse fenômeno em processos de perdas materiais, como identificado na população igrejinhense em meio às inundações. Colin Murray Parkes (19 28 - 2024 ), psiquiatra britânico, define o luto como uma transição psicossocial, na qual o indivíduo é levado a repensar a forma como enxerga o mundo. Além disso, é importante destacar que a vivência do luto como experiência

subjetiva configura uma tendência natural àquele que já não está mais presente e uma fonte estressora, apesar de se tratar do curso natural da vida. Ademais, é pertinente compreender o luto como um processo e não como um estado. (Msawa, et al ., 2022) Sendo o luto entendido como um processo, é claramente perceptível a dificuldade de passar por ele que acomete as pessoas. Porém, sabemos, também, que para conseguir atravessar esse processo, é necessário que o indivíduo esteja consciente dele e consiga reorganizar, aos poucos, seu estado psicológico. Especificamente quando falamos das catástrofes que atingiram a cidade, é possível perceber pessoas tentando uma espécie de fuga deste fenômeno, principalmente usando o mecanismo de comparação à realidade alheia, como se perdas de bens materiais não fossem tão doloridas quanto outras perdas. Entretanto, como perceptível na indústria calçadista observada, pessoas nesse processo, ao serem acolhidas e terem um psicólogo como mediador da situação, conseguiram exercer o acolhimento de sua própria dor, de seu próprio sentimento, para, assim, partir para os próximos passos de recuperação psicológica e auto regulação. 3.2 Gratidão Segundo Ana Archangelo et al. (2021, p. 01), A experiência de estar com o outro, de sentir-se cuidado por alguém e de sentir-se parte de uma unidade para além de si mesmo é fundamental para o desenvolvimento (experiência de pertencimento). O ser humano, desde sua infância, é pautado pela experiência de pertencimento. Esse sentimento causa bem-estar, e muitas vezes, quando direcionado a prática do voluntariado, por exemplo, além do “sentir-se bem”, é uma grande fonte do fenômeno da gratidão. Ao observar ambos os locais descritos anteriormente, principalmente no contexto de rotatividade de voluntários, foi possível identificar a presença do fenômeno da gratidão claramente. Sempre quando um indivíduo se deslocava para a área de pausa, seja para fazer um lanche ou apenas para descansar; ou até mesmo

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Afinal, é de nosso conhecimento que o trabalho voluntário é realizado em vários locais, de vários países de todo o mundo. Com base na vivência na cidade de Igrejinha, o espírito do voluntariado é presente no cotidiano de famílias igrejinhenses desde sempre. Conforme dito anteriormente, muito desse espírito é influenciado pelo ritmo no qual a cidade se encontra quando chegam às vésperas da maior festa comunitária do país, a Oktoberfest, que acontece todo mês de outubro. Ao realizar a observação de grupos de voluntários distintos em meio às catástrofes climáticas, foi possível identificar fenômenos em comum em ambos, os quais foram analisados anteriormente. A observação de voluntários é uma experiência desafiadora, mas igualmente incrível. Conseguir identificar e distinguir tantos diferentes fenômenos que indivíduos distintos têm em comum é satisfatório. Ao observar, provamos que, independentemente da abordagem que é escolhida no campo da Psicologia, a técnica de observação analítica funciona em conjunto com todas elas. Em relação ao processo de recuperação dessa tragédia, conforme observação, é indispensável destacar o papel dos profissionais da saúde nessas horas. Esses profissionais, juntamente com todos os voluntários, trouxeram esperança à população. O sentimento de poder reconstruir e de reconhecer que tudo é um processo (como o luto) e que é possível encontrar-se em um estado de consciência linear para reconstrução de seus bens materiais é indispensável ao ser humano. Esses profissionais e voluntários promovem o cuidado, embora, muitas vezes, sejam limitados por tempo, disponibilidade, ou outros fatores. Ao praticar a observação, nos capacitamos para que, em um futuro próximo, seja possível contribuir com a sociedade como um profissional da Psicologia capaz de acolher, escutar, inspirar e cuidar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHANGELO, Ana et al. Sentimento de Pertencimento e Desenvolvimento da Moralidade na Escola. ln: SCIELO - Scientific Eletronic Library Online. Psicologia: Teoria e Pesquisa. São Paulo, 20 set. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/PQLkn3PQFchLqg3S44XwGwR/#. Acesso em: 15 jun.

MSAWA, Caio Satoshi et al. OS EFEITOS DO LUTO NO CÉREBRO. ln: UNESP. Simbiologias. São Paulo, 1 fev. 2022. Disponível em: https://simbiologias.ibb.unesp.br/index.php/files/article/view/262/12. Acesso em: 15 jun. 2024. MUNICÍPIO DE IGREJINHA. Site Oficial da Prefeitura Municipal de Igrejinha. Igrejinha, RS: Desenvolvimento AC, 2021. Disponível em: https://igrejinha.rs.gov.br/home. Acesso em: 15 jun. 2024. OLIVEIRA, Arthur Henrique de. ECOANSIEDADE: A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. ln: Faculdade Campos Elíseos. Revista Educar. São Paulo, 1 out. 2023. Disponível em: Arthur_Henrique_de_Oliveira_Artigo_FCE_Ecoansiedade_PDF_-libre.pdf. Acesso em: 5 jun. 2024. TAVERNA, Gelson; SOUZA, Waldir. O luto e suas realidades humanas diante da perda e do sofrimento. ln: PUCPR. Caderno Teológico. Paraná, 25 abr. 2022. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/cadernoteologico/article/view/28011. Acesso em: 15 jun. 2024.