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Resumo de Ansiedade e Depressão em estudantes de medicina
Tipologia: Resumos
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REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
I (^) Faculdade Pernambucana de Saúde, Recife, PE, Brasil. II (^) Faculdade Pernambucana de Saúde; Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira; Recife, PE, Brasil.
Tatheane Couto de VasconcelosI Bruno Rafael Tavares DiasI Larissa Rocha AndradeI Gabriela Figueirôa MeloI Leopoldo BarbosaII Edvaldo SouzaII PALAVRAS-CHAVE
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
Estima-se que de 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico durante a sua formação acadêmica^1. Dentre esses transtornos, os depres- sivos e de ansiedade são os mais frequentes1,2,3. Em Dubai, um estudo demonstrou que 28,6% dos estudantes de Medicina apresentavam depressão e 28,7% manifestavam ansiedade^4. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Pau- lo mostrou que 38,2% dos alunos do curso de Medicina apre- sentavam sintomas depressivos^5. Um estudo que envolveu estudantes de Medicina conduzido na Estônia evidenciou alta porcentagem de estudantes com sintomas emocionais, dos quais 21,9% apresentavam sintomas de ansiedade e 30,6% ti- nham sintomas de depressão^6. Os fatores que podem influen- ciar a prevalência de ansiedade e depressão nos estudantes de Medicina são a elevada carga horária, grande volume de matérias, maior contato com pacientes portadores de diversas doenças e prognósticos, insegurança em relação ao ingresso no mercado de trabalho, cobrança da sociedade e da institui- ção de ensino, além da autocobrança típica deste curso^7. Uma das dificuldades dos cuidados psiquiátricos para os estudantes de Medicina é o fato de que eles tendem a não procurar ajuda médica para seus problemas^8. Estudos de- monstraram que, apesar do alto nível de aflição que acomete os estudantes de Medicina, apenas de 8% a 15% deles procu- ram cuidado psiquiátrico durante a sua formação. Além disso, os resultados de outro estudo, realizado na Universidade da Pennsylvania, mostraram que, dos 24% de seus estudantes que declararam ter problemas depressivos, apenas 22% pro- curaram ajuda médica9,10. Este fato é justificado por inúmeras razões: falta de tempo, estigma associado à utilização de ser- viços de saúde mental, custos e medo das consequências em nível curricular. Dentre os que procuram, cerca de 22% a 40% apresentam perturbação do humor, geralmente depressão9,11. Já é bem estabelecido no meio acadêmico que em pessoas com depressão há uma redução do rendimento da aprendiza- gem nas tarefas cotidianas, ocorrência de baixa autoestima e insegurança. Além disso, é demonstrada uma reciprocidade negativa entre assertividade e nível de ansiedade, sugerindo que esta pode interferir no comportamento assertivo, tão im- portante durante a formação profissional, acarretando danos ao conhecimento profissional e ao aprendizado da experiência médica, e podendo culminar, inclusive, no abandono do curso e até em suicídio12,13,14. A ocorrência de distúrbios de humor e ansiedade ainda na graduação, quando não detectada e adequadamente tratada, pode se perpetuar ou agravar durante a residência médica e na atividade profissional15,16. Assim, o presente estudo teve o objetivo de determinar a prevalência de ansiedade e depres- são nos estudantes de Medicina e possíveis fatores associados. MÉTODOS Foi realizado um estudo observacional com delineamento transversal em graduandos do curso de Medicina da Faculda- de Pernambucana de Saúde (FPS) do primeiro ao sexto ano, no primeiro semestre de 2012. Os dados foram coletados no mês de junho, por meio da aplicação de um questionário anônimo online, disponível no portal de acesso restrito aos alunos, con- tendo variáveis sociodemográficas e educacionais e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Esse instrumento foi utilizado, inicialmente, para avaliar sintomas de ansiedade e depressão em pacientes de hospitais clínicos não psiquiátricos e posteriormente passou a ser usado em pacientes não interna- dos^17 , assim como em indivíduos sadios^18. Foi disponibilizado no site da FPS e por meio de um link de acesso restrito a cada estudante após leitura e assinatura do Termo de Consenti- mento Livre e Esclarecido, aplicado no intervalo dos grupos tutoriais. As variáveis sociodemográficas estudadas foram idade, sexo, procedência, com quem mora, prática de atividade ex- tracurricular, lazer, religiosidade, grau de satisfação com o curso, uso de álcool e drogas ilícitas, como também uso de drogas psicoativas para tratamento psiquiátrico e/ou medica- mentoso para ansiedade e depressão. Escolheu-se a Ehad para avaliar sintomas sugestivos de ansiedade e depressão devido a sua fácil aplicação, já que possui apenas 14 questões intercaladas de ansiedade e de- pressão e ainda apresenta boa sensibilidade (70,8% a 80,6%) e especificidade (69,6% a 90,9%) quando comparada à Escala de Ansiedade de Beck (EAB) e à Escala de Depressão de Beck (EDB), ambas consideradas padrão-ouro^19. Essa escala dimi- nui a influência das patologias somáticas, uma vez que não utiliza manifestações clínicas inespecíficas, tais como perda de peso, anorexia, insônia, fadiga, pessimismo sobre o futuro, cefaleia, tontura, entre outros, e/ou sintomas de ansiedade ou depressão relacionados a doenças físicas. Caso haja alguma afecção, os transtornos de humor serão determinados pelos sintomas psicológicos, já que estes sobressaem em relação às manifestações somáticas^17. Os escores da Ehad variam de 0 a 21 para cada subescala, sendo que os participantes com esco- res menores que 7 são considerados sem sinais clínicos signifi- cativos para ansiedade/depressão, entre 8 e 10 com sintomas possíveis (falso-positivos), e acima de 10, sintomas sugestivos de distúrbio. Os dados obtidos foram salvos automaticamente numa planilha do Excel. Em seguida, os dados foram importados, e
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA nerada. Contudo, o uso de drogas psicoativas se mostrou associado à presença de sintomas sugestivos de ansieda- de (p <,05, RP: 1,99, IC: 1,38 – 2,87), como demonstrado na Tabela 1. Na análise univariada de fatores potencialmente associados à presença de sintomas de depressão, não se evidenciaram diferenças estatisticamente significativas em relação a sexo, morar com a família, ter parceria fixa, uso de drogas psicoativas e ter atividade extracurricular remu- nerada. Contudo, o fato de o estudante ser procedente da RMR surgiu como fator de proteção (p < ,05, RP: 0,55, IC: 0,33 – 0,93), e o uso de drogas ilícitas (p < ,05, RP 2,03, IC: 1,18 – 3,50) surgiu como fator de risco, como demonstrado na Tabela 2. T abela 2 Características sociodemográficas e comportamentais de estudantes segundo a presença de sintomas sugestivos de depressão Variáveis Sim Não p RP (IC 95%) Sexo n % n % Masculino 13 28,8 67 35,4 0, Feminino 32 71,1 122 64, Procedência RMR 23 51,1 130 68,8 0,025 (^) (0,33 – 0,93)0, Fora da RMR 22 48,8 59 31, Mora com os pais Sim 23 51,1 120 63,5 0, Não 22 48,8 69 36, Parceiro fixo Sim 26 57,7 96 50,8 0, Não 19 42,2 93 49, Drogas ilícitas Sim 13 28,8 26 13,7 0,014 (^) (1,18 – 3,50)2, Não 32 71,1 163 86, Drogas psicoativas Sim 7 15,5 19 10,0 0, Não 38 84,4 170 89, Atividade extracurricular remunerada Sim 6 13,3 30 15,9 0, Não 39 86,6 159 84,
Neste trabalho, foi identificado que 34,3% (80) dos estudantes apresentaram sintomas falso-positivos para ansiedade (pon- tuação entre 8 e 10 na Ehad-A), sendo que 19,7% (46) destes apresentaram sintomas sugestivos de ansiedade (pontuação > 10 na Ehad-A). Um estudo desenvolvido na Lituânia inves- tigou sintomas de ansiedade em 338 estudantes do curso de Medicina, utilizando também a Ehad. Foi identificada preva- lência de sintomas de ansiedade em 43% dos estudantes, não diferenciando, no entanto, os escores da Ehad-A^20. Na Facul- dade de Medicina do ABC paulista, 30,9% dos graduandos de Medicina apresentaram traços de ansiedade alta, e os demais alunos, 69,1%, demonstraram ansiedade moderada. Uma comparação fidedigna torna-se difícil, tendo em vista a utili- zação de diferentes escalas nos estudos^13. Porém, este estudo nos mostra quão elevados podem ser os achados de sintomas de ansiedade no curso médico, tendo em vista que nenhum estudante da amostra foi classificado como tendo ansiedade leve ou sem sintomas ansiosos. Avaliando de maneira mais ampla, um estudo realizado no Rio de Janeiro mostrou que, dos 149 alunos nos dois anos de residência, 50% obtiveram pontuação > 9 na Ehad-A, o que sugere um aumento da prevalência de sintomas ansiosos a partir da residência. Isto corrobora a importância da preven- ção e tratamento precoces da ansiedade nos estudantes de Me- dicina^21. O presente estudo demonstrou que 19,3% (45) dos estu- dantes apresentaram sintomas falso-positivos para depressão, sendo que 5,6% deles manifestaram sintomas sugestivos de depressão. No Estado de Goiás, 26,8% dos alunos apresen- taram sintomas depressivos, sendo que 6,9% apresentaram sintomas depressivos de moderados a graves, e 19,9% leves^22. Vale ressaltar que foi usada a escala de depressão de Beck, que, como citado, possui uma correspondência de boa a muito boa com a Ehad. No Estado de São Paulo, um estudo realizado com estu- dantes de Medicina utilizando o IDB constatou que apenas 9,2% da amostra possuíam sintomas de depressão. Esta baixa prevalência é atribuída ao alto ponto de corte utilizado, fato justificado devido à composição da amostra. Os autores pre- feriram os termos tristeza ou luto para caracterizar os partici- pantes em detrimento de depressão leve. Porém, expuseram os resultados seguindo o ponto de corte mais utilizado para IDB, encontrando 29,8% de indivíduos “com sintomas leves ou moderados”, 8,1% “com sintomas moderados ou graves” e 1,1% “com sintomas graves”^23. Outro estudo realizado em São Paulo também revelou percentual inferior ao encontrado no
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA presente estudo, tendo encontrado apenas 12,2% dos estudan- tes com sintomas depressivos. Tais valores se devem ao alto ponto de corte utilizado na IDB, que atribui o termo depressão apenas aos estudantes com pontuação superior a 20 pontos, enquanto em outros estudos que utilizam a mesma escala essa pontuação se refere a depressão grave^24. Já em Uberlândia, os resultados ultrapassaram muito a média de prevalência dos estudos citados: 79% dos estudantes avaliados tinham depres- são de leve a grave. Vale ressaltar que neste estudo o ponto de corte para IDB foi bastante inferior ao dos estudos acima, pois estudantes com pontuação superior a quatro já eram conside- rados com depressão leve^14. De modo geral, os estudantes universitários, principal- mente aqueles que precisam se afastar do núcleo familiar em decorrência da localização da universidade, tornam-se mais expostos a distúrbios psicológicos. Neste estudo foi observado que há maior risco de depressão entre os estudantes proce- dentes de municípios distantes da universidade e que, con- sequentemente, estavam afastados do âmbito familiar. Este resultado coincide com o encontrado na literatura, a exemplo de um estudo com alunos de Medicina colombianos que afir- ma ter ocorrido aumento do risco de depressão à medida que diminuiu a qualidade da relação familiar^25. Além disso, a lite- ratura descreve que o fato de o estudante dispor de pessoas próximas, com quem possa compartilhar sentimentos, é um elemento importante para retardar ou reter os processos de estresse e burnout^26. Quanto a outros fatores, estudos realizados numa univer- sidade privada de Curitiba, na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e em outras faculdades de São Paulo conclu- íram que a droga mais usada por estudantes de Medicina é o álcool e que 78%, 86% e 82% das amostras, respectivamente, já haviam ingerido bebida alcoólica ao menos uma vez na vida; foi constatado, também, aumento do consumo no decorrer do curso27,28,29. Em nossa amostra, 68% dos estudantes relataram uso dessa substância. Já na Faculdade de Medicina da Univer- sidade Federal da Bahia, um estudo que investigou as drogas mais comuns entre estudantes de Medicina revelou que 56,1% dos alunos relataram uso de álcool^30. Quanto ao uso de drogas ilícitas e drogas psicoativas, ob- tivemos um percentual de 16,6% (39) e 11,1% (26), respecti- vamente. Entre os medicamentos com potencial para abuso, os mais utilizados são os ansiolíticos (13,1%) e as anfetaminas (10,1%). De acordo com uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, os acadêmicos usam tais medicamentos em virtude do extenso conteúdo curricular a ser estudado, com o intuito de melhorar a atenção e/ou se manter acordados durante mais tempo^28. Apesar de não ter sido avaliada em nosso estudo, é im- portante salientar a associação do tabaco com sintomas suges- tivos de ansiedade e depressão. A literatura demonstra que o tabagismo está relacionado diretamente com os transtornos de ansiedade, principalmente no sexo feminino, e também com os transtornos depressivos, especialmente o transtorno depressivo maior31,32. Os distúrbios relacionados com a saúde mental dos estu- dantes de Medicina são frequentes, porém poucos alunos bus- cam tratamento, normalmente por temerem o estigma asso- ciado à procura de ajuda e tratamento nestas situações. Assim, relutam em demonstrar tal vulnerabilidade, mesmo quando dispõem de suporte^8. Confirmando isto, um estudo realizado em Portugal constatou que 10% dos estudantes que participa- ram do estudo haviam realizado tratamento medicamentoso sem prescrição médica para distúrbios relacionados a saúde mental, enquanto 30% já haviam procurado apoio de profis- sional de saúde por apresentarem sintomas relacionados com a saúde mental alguma vez na vida^33. Entretanto, em nosso trabalho, obtivemos uma média superior à desse estudo. Para os sintomas relacionados com ansiedade, foi observado que 26,9% já haviam realizado tratamento psicológico para esse quadro e que 25,6% já haviam ingerido algum medicamento. Quanto à depressão, embora o percentual encontrado tenha sido de apenas 13,3% para os estudantes que realizaram trata- mento psicológico – valor abaixo do encontrado em um estu- do realizado em Uberlândia (que foi de 24%) –, encontramos que 11,5% (27) haviam usado algum medicamento para tratar a depressão, contra 5,5% desse mesmo estudo^14. Em nosso estudo, a maioria dos participantes era do sexo feminino e também apresentou maior proporção de sintomas sugestivos de ansiedade e depressão, seguindo o descrito pela literatura14,23. Contudo, neste estudo não foi demonstrada di- ferença estatisticamente significativa, provavelmente pelo ta- manho da população estudada. Neste trabalho, 52,1% (122) dos estudantes possuíam parceiro(a) fixo(a) e 47,86% (112) não tinham, o que difere de outros estudos, como o realizado na Universidade de São Pau- lo (USP), onde havia mais estudantes sem companheiro(a)^23. A literatura afirma que problemas conjugais mais frequente- mente agravam a situação pelas responsabilidades impostas, gerando situações estressantes e aumentando os riscos de depressão34,35. No estudo feito em Uberlândia, porém, não foi observada correlação significante entre estado civil dos estu- dantes e depressão^14. Os resultados do presente estudo não demonstraram diferenças estatisticamente significantes entre o exercício de atividade remunerada pelo estudante e sintomas sugestivos
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