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Anestesia em Animais: Um Guia Completo para Médicos Veterinários, Esquemas de Anestesiologia

Os conceitos e práticas de anestesia em animais, desde a avaliação pré-anestésica até a escolha de fármacos e técnicas adequadas. O texto destaca a importância da anestesia balanceada, a necessidade de considerar as características individuais do paciente e os riscos associados a diferentes tipos de anestésicos. Além disso, o documento apresenta uma visão geral dos principais fármacos utilizados em anestesia veterinária, seus mecanismos de ação e efeitos colaterais.

Tipologia: Esquemas

2024

À venda por 08/01/2025

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Anestesiologia Veterinária P1
- Introdução à Anestesiologia:
- Objetivos: alívio da dor, amnésia e relaxamento muscular. Pode ser usado em procedimentos
cirúrgicos, procedimentos terapêuticos, diagnósticos (exames radiográficos, por exemplo) e na
eutanásia, o que difere esses processos é a intensidade do plano anestésico.
- No entanto, não existe apenas um fármaco capaz de contemplar todas essas possibilidades e por
isso existe a associação de fármacos, gerando anestesia balanceada e se construa um bom
protocolo para a determinada situação e para o animal em questão.
- Importante lembrar que todos os fármacos possuem efeitos adversos, e a associação deles vai
promover uma dose menor de cada um, o que é positivo e evita os efeitos ruins.
- Alívio da dor: capaz de impedir o processo nociceptivo. O escore de dor é variável entre os
procedimentos e entre animais até mesmo da mesma espécie. Os protocolos devem levar essas
diferenciações em conta, não há necessidade de anestesiar um cavalo que será castrado, da mesma
forma que se anestesia um cavalo que vai passar por laparotomia exploratória.
- Amnésia: principalmente no caso de anestesias gerais, o paciente precisa estar inconsciente para
não criar traumas relacionados ao procedimento. Protocolos de sedação visam apenas tranquilizar o
paciente, mas mantendo a sua consciência. O monitoramento de determinados parâmetros vai auxiliar
no processo de entendimento do plano anestésico e nível de consciência.
- Relaxamento muscular: o animal precisa ter relaxamento muscular, para que seja possível
movimentar os tecidos do paciente e para manutenção da posição adequada para a cirurgia. O
relaxamento muscular vai evitar que ocorram reflexos e ele saia da posição correta. Um exemplo da
necessidade desse relaxamento é a intubação, só é possível com o relaxamento.
- Como já dito anteriormente, não existe apenas um fármaco que contemple todos esses objetivos e
por isso trabalha-se com a anestesia multimodal. Que são associações de fármacos para alcançar um
protocolo adequado, tendo os três objetivos contemplados. A associação de diversos fármacos e
técnicas, usados simultaneamente, visando o aproveitamento de suas vantagens e a diminuição de
seus efeitos adversos.
- Efeitos adversos: tendo em mente os anestésicos, temos efeitos cardiorrespiratórios (depressão do
SNC), bradicardia. Por isso, o cálculo da dose é de extrema importância, seguindo a fórmula, dose x
peso dividido pela concentração do fármaco.
- Protocolo anestésico: lista de fármacos, suas respectivas doses e vias de administração que serão
usadas para realização da anestesia. Analgesia prévia = MPA. As doses variam muito de acordo com
o paciente e o procedimento, alguns não entram em plano anestésico outros aprofundam muito (um
fator de grande influência é o estado do animal antes do procedimento, estresse é inimigo da
anestesia) e o cálculo correto das doses (sobredoses podem matar o paciente).
- Avaliação pré-anestésica: leva em conta as características do paciente, seu estado físico, qual
procedimento será realizado e a disponibilidade de fármacos (em caso de grandes animais, fármacos
de maior concentração são usados, para que se use um volume menor, dado o tamanho dos animais).
- Características do paciente:
- Espécie: a maioria dos fármacos é usado em uma ampla gama de espécies, deve-se saber
as particularidades fisiológicas da espécie, exemplo, os roedores tendem a se automutilar no local da
medicação intramuscular.
- Raça: diferenças de metabolismo, comportamento, temperamentos diferentes (nelore x
holandês), um exemplo da influência da raça é no caso da Border Collie que possui deficiência da
enzima que metaboliza determinados fármacos, é uma predisposição genética da raça e por isso se
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Anestesiologia Veterinária – P

**- Introdução à Anestesiologia:

  • Objetivos:** alívio da dor, amnésia e relaxamento muscular. Pode ser usado em procedimentos cirúrgicos, procedimentos terapêuticos, diagnósticos (exames radiográficos, por exemplo) e na eutanásia, o que difere esses processos é a intensidade do plano anestésico.
  • No entanto, não existe apenas um fármaco capaz de contemplar todas essas possibilidades e por isso existe a associação de fármacos , gerando anestesia balanceada e se construa um bom protocolo para a determinada situação e para o animal em questão.
  • Importante lembrar que todos os fármacos possuem efeitos adversos , e a associação deles vai promover uma dose menor de cada um, o que é positivo e evita os efeitos ruins.
  • Alívio da dor: capaz de impedir o processo nociceptivo. O escore de dor é variável entre os procedimentos e entre animais até mesmo da mesma espécie. Os protocolos devem levar essas diferenciações em conta, não há necessidade de anestesiar um cavalo que será castrado, da mesma forma que se anestesia um cavalo que vai passar por laparotomia exploratória.
  • Amnésia: principalmente no caso de anestesias gerais, o paciente precisa estar inconsciente para não criar traumas relacionados ao procedimento. Protocolos de sedação visam apenas tranquilizar o paciente, mas mantendo a sua consciência. O monitoramento de determinados parâmetros vai auxiliar no processo de entendimento do plano anestésico e nível de consciência.
  • Relaxamento muscular: o animal precisa ter relaxamento muscular, para que seja possível movimentar os tecidos do paciente e para manutenção da posição adequada para a cirurgia. O relaxamento muscular vai evitar que ocorram reflexos e ele saia da posição correta. Um exemplo da necessidade desse relaxamento é a intubação, só é possível com o relaxamento.
  • Como já dito anteriormente, não existe apenas um fármaco que contemple todos esses objetivos e por isso trabalha-se com a anestesia multimodal. Que são associações de fármacos para alcançar um protocolo adequado, tendo os três objetivos contemplados. A associação de diversos fármacos e técnicas, usados simultaneamente, visando o aproveitamento de suas vantagens e a diminuição de seus efeitos adversos.
  • Efeitos adversos: tendo em mente os anestésicos, temos efeitos cardiorrespiratórios (depressão do SNC), bradicardia. Por isso, o cálculo da dose é de extrema importância, seguindo a fórmula, dose x peso dividido pela concentração do fármaco.
  • Protocolo anestésico: lista de fármacos, suas respectivas doses e vias de administração que serão usadas para realização da anestesia. Analgesia prévia = MPA. As doses variam muito de acordo com o paciente e o procedimento, alguns não entram em plano anestésico outros aprofundam muito (um fator de grande influência é o estado do animal antes do procedimento, estresse é inimigo da anestesia) e o cálculo correto das doses (sobredoses podem matar o paciente).
  • Avaliação pré-anestésica: leva em conta as características do paciente, seu estado físico, qual procedimento será realizado e a disponibilidade de fármacos (em caso de grandes animais, fármacos de maior concentração são usados, para que se use um volume menor, dado o tamanho dos animais).
  • Características do paciente:
    • Espécie: a maioria dos fármacos é usado em uma ampla gama de espécies, deve-se saber as particularidades fisiológicas da espécie, exemplo, os roedores tendem a se automutilar no local da medicação intramuscular.
    • Raça: diferenças de metabolismo, comportamento, temperamentos diferentes (nelore x holandês), um exemplo da influência da raça é no caso da Border Collie que possui deficiência da enzima que metaboliza determinados fármacos, é uma predisposição genética da raça e por isso se

usa doses menores. Quanto menor o animal mais rápido vai ser o seu metabolismo e por isso o volume de fármaco deve ser maior para que o animal não volte antes do processo terminar. E há ainda os braquicefálicos que tem dificuldade respiratória naturalmente e precisam ser entubados de forma rápida pelo maior risco de parada respiratória.

  • Idade: animais neonatos ou muitos jovens tem imaturidade de certos órgãos como rins e fígado, ou seja, possuem dificuldade de metabolizar e excretar, risco de intoxicação, logo as doses precisam ser menores. Já os idosos, não conseguem metabolizar de forma correta, por causa de danos hepáticos e renais, por ter metabolismo mais lento.
  • Escore corporal e peso: não se avalia apenas o peso dos animais, mas também o escore. - Animais obesos: o cálculo da dose é baseado no peso, visando o sítio de ação do anestésico (SNC). Então um animal obeso e um animal com escore normal possuem o mesmo “volume” de sítio ativo, risco de sobredose nos obesos, ou seja, a quantidade de receptores é a mesma em animais de escore normal e obesos, caso a dose seja calculada visando apenas o peso, haverá sobredose.
  • Todos os anestésicos são lipossolúveis, animal obeso vai ter maior distribuição do fármaco no seu tecido adiposo, formando um reservatório que vai ser liberado aos poucos e com isso, haverá liberação gradual desse medicamento fazendo com que o animal demore mais tempo para retornar da anestesia.
  • Prenhes: em caso de fêmeas prenhes, temos que ter em mente que todos os fármacos anestésicos afetam os bebês e podem gerar abortos e por isso, é preciso pensar em qual fármaco será de mais fácil metabolização e excreção pelos filhotes e não apenas pela mãe.
  • Animais anoréxicos: possuem baixo teor de proteína plasmática, a maioria dos fármacos anestésicos precisa de proteínas plasmáticas para serem carreados pelo organismo, mas é o fármaco livre que possui efeito, a dose usada em cada animal já leva em conta os fármacos que serão ligados a proteína, caso o animal tenha baixas doses de proteínas, haverá maior quantidade de fármacos livres do que o esperado e por isso pode haver intoxicação.
  • **Menor tempo de anestesia possível, mais tempo, maiores riscos.
  • Doenças concomitantes e medicações de uso contínuo:** atenção aos pacientes que usam anticonvulsivantes, pois os anestésicos vão usar os mesmos receptores. Diabetes, cardiopatias, nefropatas, hepatopatas, tumores (realizar raio-x para averiguar se há metástase pulmonar), pulmão com metástase não absorve anestésico inalatório e não mantem a anestesia.
  • Temperamento: pacientes estressados, como os gatos, podem depender do uso de outros fármacos antes de vir para cirurgia, como a gabapentina. Isso auxilia na construção de um protocolo mais eficaz, quanto mais estressado estiver o animal, mais difícil vai ser entrar em plano anestésico.
  • Importante que as doses comecem baixas, é melhor reaplicar o medicamento do que perder o paciente por efeitos adversos.
  • ASA (American Society of Anesthesiology): se trata da classificação dos estado físico do animal e faz parte da avaliação pré-anestésica do paciente. A classificação segue a seguinte tabela:
  • Ou seja, para que a dor seja percebida pelo cérebro, ela precisa passar por todas essas etapas, os anestésicos, tendem a bloquear ou diminuir a ação de pelo menos uma das fases para que a dor não seja percebida pelo paciente.
  • Anestésico local: melhor para tratar a dor, bloqueio local, trata a dor na sua origem e impende toda a cadeia de estímulo do processo nociceptivo.
  • Opioides: atuam nos receptores localizados na medula espinhal e no sistema nervoso central, ou seja, impede que a dor seja interpretada pelo cérebro. Receptores mi, delta e kapa.
  • Mecanorreceptores: receptores sensoriais especializados em detectar estímulos mecânicos, contribuem para a percepção tátil e propriocepção do animal.
  • Nociceptores: receptores sensoriais especializados em transmitir sinais de dor e atuam na percepção consciente da dor ao levar esses estímulos para o cérebro.
  • Produtos da inflamação: subprodutos que começam a ser depositados no local lesionado – prostaglandinas, prostaciclinas e histamina. Elas vão atuar diminuindo o limiar de excitabilidade das fibras A e C gerando hiperalgesia. Quando esse processo não é limitado, ocorre retroalimentação e efeito cascata, gerando dor cada vez mais intensa – causa alodinia (dor a um estímulo que normalmente não gera dor – só de encostar já doi). *Limiar de excitabilidade: nível mínimo de estímulo para desencadear uma resposta, ou seja, quanto mais diminui, estímulos menores serão capazes de gerar estímulos.
  • Para evitar essa ocorrência, a dor precisa ser tratada antes de acontecer, ou ao menos, antes de alcançar a alodinia. Uma forma de realizar esse processo é começar a administração do analgésico antes do procedimento cirúrgico, para que quando ele acabar, o fármaco esteja em seu ápice de ação.
  • **Classificação da dor:
  • Quanto ao tempo de duração:** - Aguda: duração de dias, resposta à danos teciduais, bem localizada e geralmente responsiva à medicamentos.
    • Crônica: duração de meses (mais de três meses), associada à doenças inflamatórias, oncológicas, degenerativas, lesões nervosas, difícil de localizar por ser difusa, difícil de tratar, pois tende a não responder à medicamentos.
  • Quanto a localização:
    • Somática: ocorre em tecidos periféricos, pele, ossos, bem localiza e fácil de tratar.
    • Visceral: localizada em cavidades e tende a ser difusa.
  • Dor neuropática: desenvolve-se após lesões em nervos periféricos ou no sistema nervoso central, alterações na sensibilização periférica e central, o nervo lesionado pode desenvolver espontaneamente hiper-responsividade a estímulos lesivos ou inóquos.
  • Tende a se associar a amputações, quimioterapia ou lesões químicas de nervos, sensação de formigamento, queimação, ferroadas, agulhadas, geralmente evolui para cronicidade e é difícil de ser tratada.
  • Objetivo: não deixar a dor se desenvolver, os quadros de alodinia devem ser evitados sempre. Para isso, deve haver reconhecimento de parâmetros fisiológicos, mas principalmente dos comportamentais. Para isso, existem algumas escalas de dor que podem ser aplicadas aos animais: escala visual analógica, escala felina, escala de Glasgow (funciona melhor para gatos e avalia suas expressões faciais) e o site animalpain.org
  • Em caso de dor leve: AINES e adjuvantes analgésicos, em caso de dor moderada opioides parciais, AINES e adjuvantes e em caso de dor intensa, opioides agonistas totais, AINES e adjuvantes.
  • Medicação Pré-Anestésica (MPA): a sedação induz um estado de redução da consciência, mas não assegura nível de analgesia cirúrgica adequada. Já a anestesia geral promove sim a inconsciência e a depressão do sistema nervoso central. Independentemente de estar sedado ou anestesiado, há a necessidade de organização de um bom plano anestésico. - Temos abaixo: a demonstração gráfica das fases da anestesia geral.
  • Medicação pré-anestésica: se trata do uso de fármacos com funções sedativas ou tranquilizantes que começam um grau de analgesia, sendo uma MPA bem feita, haverá indução adequada, manutenção e recuperação, pois uma fase depende da outra.
    • Objetivos: reduzir a ansiedade e agressividade, relaxamento muscular, redução da dor e desconforto (dependendo do procedimento cirúrgico, o animal pode chegar com dor, como em casos de procedimentos ortopédicos), potencializa ação dos demais anestésicos, permitindo a redução de doses, promove indução e recuperação suaves, garante melhor contenção para a segurança do médico veterinário.
  • Importante lembrar que todo paciente chega ansioso, estressado pelo jejum, muitos estímulos diferentes (cheiro de outros animais, local diferente, mudança na rotina), contato com pessoas desconhecidas, pode haver dor em alguns casos e por isso há necessidade de acalmar o animal.
  • Não se faz MPA em animais com grau de consciência baixo ou em cesarianas.
  • Nessa fase, o silêncio é muito importante, se faz a tricotomia e o acesso venoso no animal, tudo com calma e silêncio para não gerar excitação.
  • Anestesia balanceada: permite associação de fármacos para que os efeitos positivos sejam aproveitados e os negativos sejam reduzidos.
  • **Os fármacos:
  • Acepromazina/Acepram:** um fenotiazínico, muito usado em pequenos animais e em equinos. Possui melhor ação tranquilizante nos cães. Sua tranquilização não é dose-dependente para que esse processo seja intensificado há necessidade da associação com outra classe de medicamentos.
  • Antagonistas NMDA: receptores de glutamato que é excitatório ao SNC. Ou seja, os fármacos antagonistas, vão bloquear ou inibir essa ação de excitação. Esse bloqueio pode ocorrer de diferentes formas e não será comentado aqui.
  • O maior exemplo dessa classe é a cetamina um anestésico dissociativo que causa inconsciência em doses elevadas. Usado para contenção química em animais muito agitados ou agressivos. Não se deve usar de forma isolada, mas sim associada a fármacos que promovam relaxamento muscular. Gera analgesia, não era depressão respiratória e não possui relaxante muscular.
  • Benzodiazepínicos: aumenta a afinidade do GABA pelo seu receptor. Lembrando que o GABA é uma substância natural do corpo que gera diminuição da atividade do sistema nervoso, ou seja, função relaxante. Tem como vantagem a redução das doses necessárias para indução do paciente e tem como desvantagem o fato de não permitir que a anestesia aprofunde muito, pode gerar para cardiorrespiratória.
  • Tem como efeitos principais, ansiolítico, hipnose, relaxamento muscular, efeitos anticonvulsivantes, são muito usados em associação a Cetamina.
  • Antagonista: Flumazenil.
  • Ex: Diazepam e Midazolam: efeito anticonvulsivante relaxamento muscular, efeito ansiolítico e hipnótico, tranquilização leve e ataxia, praticamente não altera os parâmetros vitais e podem causar excitação em pacientes hígidos.

FIM!