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Anatomia, Fisiologia e Patologia do Pâncreas: Um Guia Completo, Resumos de Clínica médica

Este documento oferece uma análise abrangente do pâncreas, explorando sua anatomia, fisiologia e patologias. Aborda desde a estrutura e funções do órgão até as causas, sintomas e tratamentos de condições como pancreatite aguda e crônica. O texto é rico em detalhes, ilustrado com exemplos clínicos e informações sobre mecanismos moleculares, tornando-se um recurso valioso para estudantes de medicina e profissionais da área.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 31/08/2024

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marina-dalchiavon-8 🇧🇷

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PÂNCREAS
Glândula mista situada no abdômen superior, entre a alça duodenal e o hilo do baço, posterior ao
estômago, localização retroperitoneal, transversalmente, inacessível ao exame físico, mede em torno de
15 cm pesando no máximo 150g. Dividido em processo uncinado, cabeça, corpo e cauda
Secreções são drenadas pelo ducto de Wirsung/principal (drena para papila duodenal maior) e o de
Santorini/acessório (drena para papila duodenal menor) que se forma pela convergência de vários
pequenos ductos da cauda até a cabeça, drenando para o duodeno pela ampola de Vater/papila duodenal
maior (esfíncter para não refluir secreções)
OBS: o ducto principal/Winsung pode ter variações anatômicas, mas sempre atravessa a parede duodenal
O canal comum que carrega a bile e as secreções pancreáticas atravessa a parede duodenal na ampola de
Vater tendo um reforço de fibras de ML (esfíncter de Oddi), durante o peristaltismo essa musculatura faz
uma contração contrária
A porção exócrina ocupa de 80 a 85% do órgão com células secretoras organizadas em ácinos que se
conectam com dúctulos que vão aumentando o calibre até o ducto principal. As células dos ácinos são
longas e base larga (piramidais), núcleo na base, citoplasma cheio de grânulos acidófilos de zimogênio
(material proteico com função enzimática)
Enzimas nos grânulos:
1. Proteolíticas: principalmente tripsinogênio e quimiotripsinogênio (ativados por enteroquinases)
2. Amilolíticas: amilase
3. Lipolíticas: principalmente lipase
4. Nucleases: DNAses e RNAses
5. Enzimas neutralizadoras/inativadoras/protetoras da célula acinar: para proteger a célula das próprias
substâncias que produz para caso uma vesícula se rompa evite a destruição das células. Ex: enzima
inibidora da tripsina
Os estímulos para que essas substâncias sejam lançadas no sistema ductal (formado pelas células
centroacinares) e chegue ao duodeno são neural (via nervos vagos) e/ou hormonal, com regulagem
através de participação do Ca+
A presença de a.a, gordura e açúcar faz o pH duodenal-jejunal ficar abaixo de 3, o que aciona a liberação
na circulação de colecistocinina e secretina pelas células duodenais
Secretina: produzida pelas células do epitélio duodenal, liberada pelo pH ácido e distensão do antro
gástrico, função de aumentar pH do duodeno pela estimulação da produção de bicarbonato pelo pâncreas,
liberando junto com agua no duodeno pela ligação a receptores nos ductos pancreáticos, para neutralizar o
pH para o funcionamento correto das enzimas pancreáticas
Colecistocinina (CKK): produzido pelas células do epitélio duodenal, liberada pelo pH ácido, função de
regular a motilidade gástrica e controlar a liberação de bile pela vesícula biliar e de enzimas pancreáticas
no duodeno pela ligação a receptores nas células acinares
Pâncreas endócrino: 2% da massa total, composto de ilhotas com vários tipos de células que produzem
hormônios como insulina (beta), glucagon (alfa) e outros que são secretados diretamente no sangue, a
principal patologia é o diabetes mellitus
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PÂNCREAS

 Glândula mista situada no abdômen superior, entre a alça duodenal e o hilo do baço, posterior ao estômago, localização retroperitoneal, transversalmente, inacessível ao exame físico, mede em torno de 15 cm pesando no máximo 150g. Dividido em processo uncinado, cabeça, corpo e cauda  Secreções são drenadas pelo ducto de Wirsung/principal (drena para papila duodenal maior) e o de Santorini/acessório (drena para papila duodenal menor) que se forma pela convergência de vários pequenos ductos da cauda até a cabeça, drenando para o duodeno pela ampola de Vater/papila duodenal maior (esfíncter para não refluir secreções) OBS: o ducto principal/Winsung pode ter variações anatômicas, mas sempre atravessa a parede duodenal  O canal comum que carrega a bile e as secreções pancreáticas atravessa a parede duodenal na ampola de Vater tendo um reforço de fibras de ML (esfíncter de Oddi), durante o peristaltismo essa musculatura faz uma contração contrária  A porção exócrina ocupa de 80 a 85% do órgão com células secretoras organizadas em ácinos que se conectam com dúctulos que vão aumentando o calibre até o ducto principal. As células dos ácinos são longas e base larga (piramidais), núcleo na base, citoplasma cheio de grânulos acidófilos de zimogênio (material proteico com função enzimática)  Enzimas nos grânulos:

  1. Proteolíticas: principalmente tripsinogênio e quimiotripsinogênio (ativados por enteroquinases)
  2. Amilolíticas: amilase
  3. Lipolíticas: principalmente lipase
  4. Nucleases: DNAses e RNAses
  5. Enzimas neutralizadoras/inativadoras/protetoras da célula acinar: para proteger a célula das próprias substâncias que produz para caso uma vesícula se rompa evite a destruição das células. Ex: enzima inibidora da tripsina  Os estímulos para que essas substâncias sejam lançadas no sistema ductal (formado pelas células centroacinares) e chegue ao duodeno são neural (via nervos vagos) e/ou hormonal, com regulagem através de participação do Ca+  A presença de a.a, gordura e açúcar faz o pH duodenal-jejunal ficar abaixo de 3, o que aciona a liberação na circulação de colecistocinina e secretina pelas células duodenais  Secretina: produzida pelas células do epitélio duodenal, liberada pelo pH ácido e distensão do antro gástrico, função de aumentar pH do duodeno pela estimulação da produção de bicarbonato pelo pâncreas, liberando junto com agua no duodeno pela ligação a receptores nos ductos pancreáticos, para neutralizar o pH para o funcionamento correto das enzimas pancreáticas  Colecistocinina (CKK): produzido pelas células do epitélio duodenal, liberada pelo pH ácido, função de regular a motilidade gástrica e controlar a liberação de bile pela vesícula biliar e de enzimas pancreáticas no duodeno pela ligação a receptores nas células acinares  Pâncreas endócrino: 2% da massa total, composto de ilhotas com vários tipos de células que produzem hormônios como insulina (beta), glucagon (alfa) e outros que são secretados diretamente no sangue, a principal patologia é o diabetes mellitus

Embriologia: quando o tubo digestório primitivo começa a rodar para formar estômago e duodeno, se forma uma saliência ventral que dará origem a parte do pâncreas, todo o sistema biliar e fígado e da saliência dorsal se forma o resto do pâncreas  Anomalias congênitas

  1. Pâncreas aberrante, ectópico ou acessório: se localiza comumente na parede do duodeno, estômago e jejuno, sem manifestações clínicas
  2. Pâncreas anular: o pâncreas ventral do desenvolvimento abraça o duodeno podendo ser completo ou não, pode estar associado a atresia duodenal (acaba em fundo cego, requer cirurgia logo após o nascimento), frequentemente os neonatos tem outras anomalias como trissomia do 21, alguns pacientes podem descobrir apenas na vida adulta (pois não afetou o duodeno)
  3. Pâncreas divisum/dividido : falha na fusão do pâncreas ventral e dorsal ficando duas glândulas separadas com ductos drenando para o duodeno, sem sintomas
  4. Agenesia de pâncreas : se for de partes é assintomática desde que libere as secreções no duodeno, já a total é incompatível com a vida
  5. Cistos pancreáticos : cistos com revestimento epitelial formados devido a ductos com desenvolvimento imperfeito (falha dos ductos embrionários em regredir após substituição pelos ductos permanentes), ficam cheios de agua e bicarbonato, mas podem ser encontrado enzimas, podem ser múltiplos ou únicos e variam de tamanho
  6. Fibrose cística/mucoviscidose: autossômica recessiva hereditária, compromete várias glândulas exócrinas e toda secreção que envolve bombas iônicas de cloreto pois estarão defeituosas, no pâncreas as células que revestem os ductos são afetadas prejudicando a liberação de água e Na+ (fluidifica secreção), ficam viscosas e obstruem os dúctulos, reflui a secreção que ativam as enzimas e vão destruindo pequenos grupos de ácinos, gerando infamação e levando a pancreatite crônica, os focos destruídos são substituídos por colágeno gerando má absorção, esteatorreia (falta lipase) e mau desenvolvimento.  Pancreatites  Existem hipóteses e possibilidades, mas não se sabe exatamente o que estimula um início de pancreatite, pode ser quando vesículas com enzimas não são liberadas e os lisossomos fazem autofagia dos grânulos, vesículas se rompem e liberam enzimas que não são neutralizadas, drenagem de enzimas pelos canalículos entre as células acinares, liberação pela célula acinar de mediadores inflamatórios para o interstício, falha na produção de energia pela mitocôndria para síntese das enzimas  Causas
  7. Metabólicas: alcoolismo, dislipidemia, hipercalcemia, fármacos como estrógenos e diuréticos, venenos e toxinas, gestação
  8. Mecânicas: cálculos biliares, pós-cirurgia abdominal, traumas e acidentes (contusão, colangiopancreatografia retrógrada), exame que analisa vias biliares, tumor de pâncreas, obstrução duodenal
  9. Infecciosas: vírus (pincipalmente paramixovírus da caxumba ou citomegalovírus em pacientes com AIDS), bactérias e helmintos
  10. Vasculares: menos frequentes
  11. Hereditária: não se sabe a causa (idiopática), terceira forma mais comum

Teorias

  1. Secreção contra obstrução: refluxo de pequeno material liberado para o duodeno que se difunde para o líquido extracelular (entre células acinares e as que compõe o epitélio ductal), podendo se difundir pro plasma sanguíneo, mas esse material será rapidamente inativado. Se tiver uma obstrução, o refluxo aumenta o gradiente de pressão e a difusão ocorre de forma maior, sendo suficiente para ativar as enzimas
  2. Refluxo de bile: a fosfolipase hidrolisaria a lecitina transformando em isolecitina levando a lesão e ativação das enzimas, depois se viu que isso não ocorria
  3. Refluxo de conteúdos duodenais: refluxo de bile e enzimas pancreáticas, pra isso é preciso haver falha no esfíncter de Oddi, causando pancreatite aguda
  4. Ativação intracelular de proteases: ingestão excessiva de álcool ou substâncias químicas produziriam pancreatite aguda por bloqueio da secreção de grânulos de zimogênio, que começam a ser degradados por hidrolases lisossomais (autofagia), ativando a tripsina que ativa as outras.
  5. Enzimas pancreáticas ativadas antes do tempo: se acredita que a ativação da tripsina gera uma cascata de ativação das outras enzimas, pois ela sozinha não traz uma necrose importante de células acinares
  6. Inibidores das proteases: diferentes inibidores em diversos fluidos e tecidos que são uma defesa contra a ativação precoce/imprópria de enzimas, os 4 principais são alfa-1-antitripsina (inibe no alvéolo as proteases do neutrófilo no fumante), macroglobulina-alfa-2 (inibe a capacidade da tripsina digerir proteínas mas não de pequenos peptídeos, inibidor da esterase C1 e inibidor da tripsina (é o mais importante mas não é totalmente eficaz e pode ocorrer da tripsina digeri-lo), elas não tem efeito contra as carboxipeptidades
  7. Etanol: o abuso crônico ou o excesso de uma vez só, auxiliam no desenvolvimento de pancreatite, nos etilistas crônicos não se vê a necrohemorrágica mas a crônica, causa edema e espasmo do esfíncter de Oddi, estimula secreção do intestino delgado que aciona o pâncreas exócrino, quando a secreção está aumentada e o ducto obstruído o resultado é desastroso (necrohemorrágica)
  8. Hiperlipidemia/dislipidemia: acreditam que a hidrolise do excesso de triglicérideos por uma lipase que escapou entre as células acinares libere AG citotóxicos e leve a pancreatite  Alterações evidentes da pancreatite aguda : necrose de células acinares, intensa reação inflamatória aguda, focos de necrose gordurosa e hemorragia  No início da doença são liberadas enzimas para a cavidade abdominal fazendo a dosagem de amilase (se eleva nas primeiras 12 horas) e lipase (de 24 a 72 horas se eleva)  Abcessos e pseudocistos pancreáticos : pacientes que sobrevivem a pancreatite aguda desenvolvem abcessos (se infectar bactérias, proximidade com as alças intestinais) e pseudocistos (cavidade com conteúdo liquido sem revestimento epitelial), se formam pois as células de Ito depositam colágeno ao redor das áreas de necrose, então é uma cápsula de colágeno com sangue degradado, restos de células e fluido rico em enzimas pancreáticas (uma bomba), requer remoção cirúrgica pois a ruptura é um caos, comprime estruturas vizinhas, pode virar um abcesso. Pancreatite crônica  Destruição lenta, gradativa e progressiva do parênquima pancreático, os sintomas aparecem após gradativas inflamações e fibrose substituindo uma boa parte do parênquima por colágeno  Patogenia: abuso prolongado de álcool é a principal causa por um mecanismo exato ainda desconhecido, a alteração morfológica mais precoce é a formação de tampões proteicos precipitados nos pequenos ductos que com o passar do tempo calcificam gerando cálculos obstruindo o sistema, pelo álcool ser secretagogo para o pâncreas estimula hipersecreção de proteínas pelos ácinos sem liberação de uma maior quantidade de líquido junto.  Duas proteínas parecem estar envolvidas na formação dos tampões e cálculos, sendo a litostatina e a GP secretadas pelos ácinos que precipitam nos ductos

 Pode ocorrer por crises agudas seguidas de recuperação ou pela necrose persistente e cicatrização, semelhante ao mecanismo da cirrose hepática  Macroscopicamente firme, mantem lobulações, presença de cálculos nos ductos e dilatação deles, microscopicamente extensas áreas irregulares de fibrose, atrofia das ilhotas de Langerhans, processo inflamatório com fibroblastos circundados por linfócitos, macrófagos e plasmócitos  Consequências: diabetes, má absorção e emagrecimento, esteatorreia, deficiências vitamínicas Neoplasias

1. Benignas a) Cistoadenoma pancreático: raro, geralmente são císticas, embora sejam benignas podem ser precursoras de neoplasia maligna ou já ser maligna mantendo a conformação cística, pois podem ter graus variados de displasia (Nipan- neoplasia intraepitelial pancreática, grau 1 - leve, 2 –moderado e 3- carcinoma in situ podendo invadir).  Podem ser uni ou multiloculados, devendo ser diferenciados de cistos congênitos ou adquiridos, mulheres são mais afetadas  São de 2 tipos: seroso quando o epitélio é cúbico e produz secreção mais fluida semelhante a produção do epitélio ductal pancreático, é caracterizado por uma cicatriz/fibrose central emitindo ramificações e vários pequenos cistos e o mucinoso quando o revestimento epitelial é colunar ou cilíndrico com secreção de mucina, caracterizado por cavidades císticas maiores e graus variados de displasias, tendo que analisar se é benigna ou maligna b) Neoplasia mucinosa papilífera intraductal ou adenoma intraductal: tumores com proliferação do epitélio dentro do sistema ductal sem formar uma cavidade cística 2. Malignas a) Carcinoma de células acinares: raro , células bem diferenciadas contendo grânulos de zimogênio e produzem enzimas principalmente tripsina e lipase, alguns pacientes desenvolvem síndromes envolvendo muito tecidos com necrose gordurosa e poliartralgias. CÁLCULO PANCREÁTICO