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Antonio quinet discute a persistência da psicanálise durante a pandemia e a transformação para o formato online. Ele reflete sobre as desafios e benefícios desse novo dispositivo, incluindo a perda da tridimensionalidade e a necessidade de novos recursos estratégicos. Quinet propõe algumas contribuições teóricas para o debate sobre as condições da psicanálise online.
O que você vai aprender
Tipologia: Exercícios
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Não perca as partes importantes!
Análisis online Antonio Quinet Uma psicanálise se dá no encontro de dois corpos, o do analista e o do analisante, assim como todo discurso que faz laço social. Mas ela não é um corpo-a-corpo. Quando a pandemia impôs a interrupção de circulação dos corpos, a psicanálise poderia ter se extinguido. Não foi o caso, ela persistiu graças ao desejo do analista que impulsionou muitos, senão todos os analistas a se reinventarem num novo dispositivo bem distinto do inventado por Freud: a análise online, no formato virtual e remoto. No dia 15 de março de 2020 eu fechava meu consultório pela primeira vez em mais de 30 anos de prática analítica. E assim como eu vários e em seguida todos os analistas para não deixar entrar a peste da COVID- 19 e respeitar as medidas sanitárias do isolamento social. Qual seria dali em diante o destino da psicanálise e sua manutenção num mundo que tendia a fechar todos em suas casas como única medida efetiva de contenção do contágio? A única solução foi praticar a análise online com todos, não mais em caráter especial com analisantes que não pudessem deslocar-se de seus países ou cidades, mas de forma generalizada. Em 2020 alguns psicanalistas, na época, vieram a público para denegrir esse dispositivo distinto do que herdamos de Freud. Hoje, mais de 2 anos depois alguns se retrataram e outros se calaram e ninguém mais levantou a voz contra. Mesmo porque se eles continuassem afirmando ainda que “análise online não existe”, o que foi que eles fizeram com seus analisantes durante esse período? Mais de 2 anos depois alguns analistas voltam a atender no consultório e a
análise online permanece sendo que agora às vezes de forma híbrida intercalando consultório e online. O tratamento psicanalítico tem a propriedade de ser simultaneamente experimental e terapêutico, investigativo e conclusivo. Após dois anos de experimentação, a análise online se mostrou eficaz: análise se iniciaram e terminaram, inibições, sintomas e angústias tratados, fantasias atravessadas, quedas de identificações. Com a experiência acumulada, podemos dizer que a análise online veio para ficar. Sem dúvida a análise online tem vários inconvenientes e condições que interferem no trabalho analítico, como as oscilações da conexão da internet, a repetição do “você está me ouvindo?” que nem sempre pode ser interpretado como demanda, a interrupção do sinal que não foi um corte de sessão, os ecos, os sons metálicos, a fragmentação da imagem do corpo que não é vista por inteiro tudo isso pode atrapalhar a transmissão dos ditos e a captação do dizer analisante. Perde-se a tridimensionalidade, o deslocamento dos corpos no espaço, a “atmosfera” do encontro com a luz, o som e a temperatura ambiente. Há também a particularidade de analisante e analista estarem se vendo sendo vistos colocando aí em jogo uma dimensão ausente no espaço do consultório. E apesar disso a análise funciona online e tem efeitos como muitos podemos constatar na clínica e nas supervisões. Todo o arsenal estratégico no qual o analista estava acostumado a usar sua tática foi modificado. Nada mais de sala de espera com outros analisantes, abrir e fechar porta, usar ou não o divã, levantar para cortar, acompanhar o analisante, etc.. Os psicanalistas tiveram que inventar outros recursos – bem diferentes - em sua estratégia dos semblantes para usar a tática do ato e da interpretação com o dispositivo online: usar o áudio com câmera ou sem câmera, aparecer ou não na tela, congelar a imagem e diversos outros recursos novos e improvisos com esse dispositivo diferente do divã-poltrona no consultório. Para isso o analista tem que estar orientado não pelo setting e sim pelos fundamentos e pela ética da psicanálise: a tática do ato (que inclui a interpretação), a estratégia dos semblantes e a política do mais-de-gozar. Afinal de contas não é consultório nem o celular que faz existir uma psicanálise e sim um psicanalista