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Análise Psicanalítica do Filme Cisne Negro: Uma Abordagem Freudiana e Kohutiana, Resumos de Psicanálise

Esta resenha crítica explora o filme cisne negro através de uma lente psicanalítica, analisando a personagem principal, nina sayers, sob as perspectivas de freud e kohut. O texto destaca a dualidade da personagem, representada pelos cisnes branco e negro, e a influência da relação com a mãe na sua constituição psíquica. A resenha também aborda o complexo de édipo tardio e as pulsões de vida e morte em nina, proporcionando uma análise profunda da obra.

Tipologia: Resumos

2024

Compartilhado em 24/10/2024

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU CAMPUS HARMONY
MARIA CLARA GOMES DOS SANTOS
ALEX RODRIGUES PINHEIRO
RESENHA CRÍTICA:
Uma análise psicanalítica do filme Cisne Negro
Fortaleza, CE
03 de outubro, 2024
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU – CAMPUS HARMONY

MARIA CLARA GOMES DOS SANTOS

ALEX RODRIGUES PINHEIRO

RESENHA CRÍTICA:

Uma análise psicanalítica do filme Cisne Negro Fortaleza, CE 03 de outubro, 2024

SUMÁRIO

  • SINOPSE
    1. Cisne Branco, Cisne Negro e a constituição psíquica
    • 1.1 Superego, Id e Ego
    • 1.2 O Self de Heinz Kohut
    1. Nina Sayers e sua figura materna
    • 2.1 Introjeção e Projeção
    • 2.2 Imago parental idealizada
    1. Nina, Thomas e o Complexo de Édipo tardio
    1. Prazer e realidade
    1. Sadomasoquismo
    1. As pulsões de Nina
    • 6.1 Pulsão de Vida (Eros)
    • 6.2 Pulsão de Morte (Tânatos)
  • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cisne Branco, Cisne Negro e a constituição psíquica 1.1 Superego, Id e Ego O Cisne Branco e o Cisne Negro representam a dualidade dos conflitos intrapsíquicos em Nina Sayers. O Cisne Branco é a persona idealizada, suas principais características são associadas à pureza, ordem, disciplina e controle. Por outro lado, o Cisne Negro representa a persona que ela nega e principalmente, não conhece, como: Feminilidade reprimida, desejos sexuais, liberdade e sexualidade, erotismo e sedução. No filme Cisne Negro, a relação entre o Superego, o Id e o Ego é concretizada através dos cisnes branco e negro, que representam os diferentes aspectos da mente da personagem principal, Nina. O cisne branco representa o Superego. É a representação da moralidade, perfeição e pressão social; é este cisne que simboliza quem Nina deveria ser. A imagem da bailarina dessa forma é pura, controlada e representa as expectativas da sociedade. Sua mãe e a necessidade constante de aprovação moldam esse lado da mente de Nina; ela se esforça tanto para se encaixar em normas rígidas que, quando falha, ela se culpa. O cisne negro, por outro lado, é o Id. Representa os desejos mais primitivos, instintos e desejos reprimidos de Nina. Este cisne está associado à sua natureza ambiciosa, sensual e desejada, e a uma sensação de liberdade que Nina quer, mas não tem certeza se pode lidar. Durante o filme, Nina luta para aceitar quem ela realmente é, e o cisne negro é a personificação dessa luta, enquanto ela tenta se libertar das amarras do Superego. O Ego da batalha de Nina, tentando equilibrar os dois cisnes, está claro para o público desde o início, que a luta é impossível para ela. A tensão entre a expressão de si e a conformidade polida está destruindo o Ego de Nina, que entra em colapso no final. Assim, a dualidade dos cisnes branco e negro, a complexidade simbólica de sua psique. O cisne branco personifica as exigências do Superego, enquanto o cisne negro aponta na direção de um id emancipado.

1. 2 O Self de Heinz Kohut Partindo para a análise da personagem à luz da ideologia de Heinz Kohut, pode-se associar a luta interna de Nina acerca das duas personalidades à Escola da Psicologia do Self, criada entre os anos de 1966 e 1972. 1960 foi um período marcado por muitos pacientes identificados como portadores de falhas de desenvolvimento identitário, e o austríaco se dedicou ao estudo dessas pessoas. Ele se deparou com pacientes descrevendo sintomas diferentes do que a estrutura teórica vigente não era capaz de explicar; não manifestavam conflitos neuróticos, mas baixa autoestima e vulnerabilidade, com uma busca por validação. Heinz usou sua observação como reduto para desenvolver sua teoria: o conceito de Self. Á partida, Kohut conceitua o Self como uma estrutura, embora não o pontue como parte do aparelho psíquico. Portanto, mesmo que a ideia do Self possa ser interpretada como uma representação do Superego, Id e Ego, o psicanalista não lhe atribui um sentido equiparado a esses agentes, tendo em vista que o termo foi criado por ele ao achar que a teoria psicanalítica já existente não era capaz de elucidar a demanda de muitos pacientes. Heinz, a priori, não esclarece uma definição propriamente dita ao conceito de Self, mas pontua que a expressão é caracterizada como “o sentimento seguro de uma pessoa de ser uma unidade bem delimitada, isto é, sua concepção clara de quem é.” (Kohut, 1970b, p. 587). Em síntese, o Self, no sentido amplo, é o universo do funcionamento psíquico, não se limitando em ser apenas uma parte do aparelho mental. Dado o contexto, observa-se que Nina, como uma jovem com claros sinais de transtorno dissociativo de personalidade, possui graves falhas de desenvolvimento do Self e que pode ser caracterizado por um Self desarmônico, que não deteve a oportunidade de se constituir de forma saudável e, portanto, multifragmentado ou borderline. Levando em consideração que a construção de um Self coeso está relacionada ao ambiente e relações interpessoais, principalmente entre mãe e filha,

descontar suas frustrações pessoais por nunca ter conseguido se tornar a bailarina em que estava focada a se tornar. Por outro lado, a introjeção dos ideais maternos era o processo pelo qual Nina nunca poderia acreditar que sua mãe se importaria com algo menos que a perfeição, aceitando, em muitos aspectos, que a mãe viva a sua vida através da internalização de suas expectativas. Para ela mesma, no entanto, essa aceitação era dolorosa, o que gerou um conflito interno que eventualmente a levaria a buscar a libertação dessas expectativas. Essas dinâmicas ilustraram as complexas relações entre mãe e filha, cada uma marcada por desejos, frustrações e a luta pela expressão da própria identidade. 2.2 Imago parental idealizada Na psicologia do Self, Kohut evidencia a importância da relação entre mãe e filhos para a constituição da sua personalidade e defende a ideia de que "o bebê originalmente experiencia a mãe e seus cuidados não como um outro e suas ações, mas dentro de uma visão de mundo em que a diferenciação eu-outro ainda não foi estabelecida" (1966/2011c, p. 430). Porém, essa experiência se deturpa e gera frustrações quando a mãe, como esperado, não é capaz de suprir a demanda e a fantasia da criança, o que se torna uma fonte de angústia, explicada por Kohut como imago parental idealizada , onde, inclusive, o próprio comportamento dos pais pode corroborar para essa tensão psíquica que se manifesta quando eles possuem tendências narcísicas. O psicanalista elucida, ainda, que a criança possui meios de reagir à situação quando a imagem da mãe enquanto selfobjeto vai sendo desmistificada, e pode ser saudável ou não. Nina possui profundo apego e admiração por sua mãe, empregando a ela uma imagem de perfeição, o que fortalecia um vínculo e bem-estar no relacionamento das duas. Vê-se como o relacionamento entre elas declina quando Nina começa a tomar consciência própria e percebe o controle que Erica sempre exerceu na filha; o comportamento da mãe de projetar em Nina suas próprias necessidades e aspirações foi a fonte dessa angústia que causou um ponto de ruptura na relação, antes

ideal, entre elas, deturpando a imago parental que a jovem havia construído acerca da imagem de Erica como sua progenitora. Nota-se como Nina abraçou os desejos da mãe e se propôs a realizá-los em busca de gratificação, o que é chamado de internalizações transmutadoras (Kohut, 1968/2011f), o que seria o precursor para a maneira ideal de agir à quebra da imago criada por Nina, mas gerou uma dependência ao selfobjeto e ocasionou na falta de autonomia da personagem em função da submissão entranhada na relação das duas. 3. Nina, Thomas e o Complexo de Édipo tardio O Complexo de Édipo é um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a sua forma dita positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo- Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. (Laplanche e Pontalis, 1992, p. 77) Nina cresceu com a ausência de uma figura masculina em casa, sendo amparada no cotidiano apenas pela mãe, o que pode explicar sua submissão ao treinador Thomas Leroy, que se apresenta como um dos responsáveis pelo colapso da consciência da jovem quando a intimida, provocando os limites da sanidade de Nina para manejá-la no caminho que ele pretende, desencadeando na garota a descoberta lenta e agonizante do seu lado obscuro, regado pela manifestação da ira e culpa adormecidas na bailarina. Nina permanece durante a trama sujeita ao seu professor, o que pode ser um reflexo da falta de uma figura masculina em tantos anos da sua vida e suscitou como um complexo de Édipo tardio, o que fomentou a rivalidade entre ela e sua colega Lilly, que a protagonista descobriu ter um caso com o treinador. Thomas foi o agente do despertar sexual de Nina, tendo em vista que ele tomou a iniciativa de explorar sua pureza orientando-a a se masturbar. Portanto, pode-se sentir a existência de elementos sexuais na relação entre os dois, principalmente quando Thomas beija a bailarina, que responde contato mordendo-o, o que

exemplo, se apresenta como um objeto de grande ira para Nina, mas sua figura manifestava ânsia e admiração, portanto, houve uma aproximação entre as duas apesar da turbulência de seu relacionamento, oscilando entre agressividade e desejo. Podemos ver o sadomasoquismo espreitando o comportamento inconsciente de Nina quando vemos como o Superego, em um ato sádico, permitia que o Id de Nina extravasasse suas pulsões pela via do prazer que não podia mais ser recalcado, mas que posteriormente impedia a manifestação das demandas de seu Id com uma punição, frequentemente caracterizada por uma piora no seu quadro de psicose. 6. As pulsões de Nina 6.1 Pulsão de Vida (Eros) A pulsão de vida é representada pela busca incansável pela perfeição; Nina é consumida pela necessidade de se tornar a bailarina perfeita e inalcançável. Essa busca é motivada pelo desejo de ser reconhecida, insubstituível, amada e admirada. O esforço para alcançar a beleza e a expressão artística reflete a pulsão de vida. Nesse contexto, as relações afetivas que Nina tem impacta em suas pulsões, como, o vínculo com a mãe que é ambivalente; ao mesmo tempo em que busca a aprovação e o amor, também sente opressão por parte dela. Essa dinâmica revela um desejo por conexão e validação, que é o central para o Eros. 6.2 Pulsão de Morte (Tânatos) A pulsão de morte é representada pela autos sabotagem, à medida que Nina se aprofunda pela busca da perfeição, ela começa a experimentar a autos sabotagem. As alucinações, paranoias, uso de drogas e a relação sexual com Lily dentro de um contexto metafórico reflete a crescente ansiedade e um desejo de se destruir, simbolizando Tânatos. A competição e a inveja contra Lily intensifica as inseguranças de Nina. A rivalidade não é apenas externa, mas também interna,

levando-a a confrontar seus próprios demônios. Esse conflito tem como consequência ações autodestrutivas, como ferimentos físicos. Contudo, chega o clímax trágico, onde Nina se transforma no "Cisne Negro", é a representação final do conflito entre Eros e Tânatos. A busca pela libertação do Cisne negro resulta em sua própria destruição, simbolizando a vitória da pulsão de morte. Portanto, observa-se que as pulsões de vida e de morte em Nina ilustram a complexidade da condição humana e o impacto devastador da busca constante e incansável pela perfeição. O filme explora essa dualidade, mostrando como a pressão externa e interna pode levar a um colapso psicológico trágico, refletindo as teorias de Freud sobre a natureza humana.