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Uma revisão integrativa sobre estudos relacionados ao uso de fitas de marcação em instrumentos cirúrgicos, discutindo os benefícios e riscos associados. O documento também descreve boas práticas para garantir a segurança na utilização dessas fitas, além de responder a perguntas frequentes sobre a esterilização, materiais e identificação de instrumentos cirúrgicos marcados com fitas.
Tipologia: Resumos
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| Artigo de revisão |
*artigo produzido a partir do Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do grau de especialista em Centro Cirúrgico, Recuperação anestésica e Centro de Material e esterilização pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde 1 albert einstein (FICSae) em 2015. enfermeira. especialista em enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação anestésica e Centro de Material e esterilização pela FICSae. Coordenadora do Centro Cirúrgico do Hospital evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (HeCI) – Cachoeiro de Itapemirim (eS), Brasil.. Rua 2 anacleto Ramos, 23 – Ferroviários – CeP: 29308-022 – Cachoeiro de Itapemirim (eS), Brasil. e-mail: carlaanmozer@hotmail.com enfermeira. Doutora em Ciências pela escola de enfermagem da universidade de São Paulo (eeuSP). Docente dos Cursos de Pós-graduação da FICSae e do Centro universitário São Camilo, e de MBa da Faculdade Método de São Paulo (FaMeSP). Coordenadora do Centro de Material e esterilização do Hospital Israelita albert einstein (HIae) – São Paulo (SP), Brasil. e-mail: giovanaaanm@einstein.br Recebido: 15 fev. 2016 – aprovado: 26 abr. 2016 DOI: 10.5327/Z1414-
RESUMO: Objetivo: Identificar artigos relacionados ao uso de fitas de marcação de instrumental cirúrgico e descrever boas práticas para o seu uso. Método: Revisão integrativa da literatura de artigos hospedados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com pesquisas no site e grupo de discussão online da Association of periOperitative Registered Nurses (AORN) e utilização da busca inversa de publicações. Foram aceitos estudos escritos nos idiomas por- tuguês, inglês e espanhol, sem recorte temporal, que apresentassem informações relacionadas ao uso da fita de marcação de instrumental e que dispu- nham seus textos completos via online. Resultados: Foram encontrados 13 artigos que abordaram o perigo e os benefícios quanto ao seu uso. Conclusão: A revisão integrativa permitiu evidenciar que os estudos são escassos e os poucos trabalhos existentes possuem níveis de evidências científicas baixos, não oferecendo graus de recomendações fortes o suficiente para auxiliar a tomada de decisão prática. Palavras-chave: Instrumentos cirúrgicos. Rotulagem de equipamentos e provisões. Esterilização.
ABSTRACT: Objective: Identify articles related to the use of surgical instruments marking tapes and describe best practices for their use. Method: Integrative literature review of articles hosted on the Virtual Health Library (BVS), with research on the website and group of online discussions of the Association of periOperitative Registered Nurses (AORN) and use of reverse search of publications. Written studies in Portuguese, English, and Spanish, with no specific time frame, which present information related to the use of instrumental marking tape and had their full texts online accepted. Results: Thirteen articles that addressed risks and benefits concerning the use of marking tapes were found. Conclusion: The integrative review highlighted studies are scarce and the few existing articles show low levels of scientific evidence, not offering strong enough degrees of recommendations to support the decision making process. Keywords: Surgical instruments. Equipment and supplies labeling. Sterilization.
RESUMEN: Objetivo: Identificar los artículos relacionados con el uso de las cintas adhesivas de marcación de los instrumentos quirúrgicos y describir las buenas prácticas para su uso. Métodos: Revisión integradora de la literatura de los artículos alojados en la Biblioteca Virtual en Salud (BVS), con bús- queda en el sitio y en los grupos de discusión de la Asociación de Enfermeras Registradas de Peri-operación (AORN), y el uso de búsqueda inversa de las publicaciones. Fueron aceptos estudios en los idiomas portugués, inglés y español, sin un exacto período de tiempo, los cuales presentaban información relacionada con el uso de la cinta adhesiva de marcación instrumental y que tenían sus textos completos a través de la Internet. Resultados: Se encontra- ron 13 artículos que abordan los riesgos y los beneficios del su uso. Conclusión: La revisión integradora ha puesto de relieve que los estudios son esca- sos y los pocos trabajos existentes tienen bajos niveles de evidencia científica, y por eso no ofrecen grados de recomendaciones suficientemente fuertes para ayudar a la toma de decisiones práctica. Palabras clave: Instrumentos quirúrgicos. Etiquetado de equipos y suministros. Esterilización.
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Mozer CAN, MoriyA GAA
INTRODUÇÃO
O centro de material e esterilização (CME) é descrito como uma unidade de processamento (limpeza, desinfecção, pre- paro e esterilização) de produtos para a saúde que atende diversos setores dentro do contexto hospitalar 1. Dentre as atividades realizadas no CME, o processo de rastreabilidade dos materiais processados é condição sine qua non. Esse pro- cesso é determinado, inclusive, por legislações brasileiras para garantia de qualidade e segurança da assistência pres- tada, mesmo que de forma indireta, respaldando legalmente o CME como forma de demonstrar que as melhores práticas foram aplicadas 1-4^. O primeiro desafio global para a segu- rança do paciente teve como foco a prevenção de infecções relacionadas com a assistência à saúde; já o segundo desafio, com o tema “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, reforça ainda mais essa exigência de que o CME garanta o fornecimento de produtos para a saúde livres de patógenos, corroborando com o objetivo de um paciente livre de infecções^5. Variadas são as formas de promover a rastreabilidade do instrumental de forma eficiente, mas, o que elas possuem em comum é a necessidade de um sistema metódico e bem estruturado 6. Alguns métodos permitem, através da infor- matização do processo, a rápida e eficiente rastreabilidade do instrumental. Porém, o custo pode ser demasiadamente elevado quando comparado à rastreabilidade manual dos dados 7. Um exemplo disso é a utilização do DataMatrix, um código bidimensional em representação gráfica que armazena informações em espaços muito menores do que os códigos de barras convencionais^7. O processo manual de identificação permite pouco percentil de confiança de rastreabilidade por instrumental; no entanto, o custo é muito inferior. A vanta- gem é que, em ambos os casos, as normas e regulamentações são perfeitamente atendidas^7. Vista a possibilidade de utilização da ferramenta de rastrea- bilidade informatizada ser uma realidade distante para os CMEs do território nacional^7 , um dos sistemas de rastreabilidade muito utilizado é a marcação do instrumental cirúrgico utilizando elementos identificadores, como fitas coloridas. Tal identifi- cação é realizada fisicamente no instrumental, envolvendo a fita numa pequena porção dele, codificando-os por cores. Dessa forma, é possível segregar cada grupo de instrumentais ou caixas/kits por cores diferentes de etiquetas, facilitando visualmente a contagem manual e montagem das caixas/kits apropriados. Entretanto, existem relatos informais de insatis- fação com esse produto, provenientes de usuários da prática cotidiana como, por exemplo, a dificuldade de padronização
e periodicidade na troca dessas fitas, uma vez que, com o pro- longar do tempo, observa-se a facilidade de ressecamento e desbotamento, o que pode favorecer o acúmulo de sujidade e ainda aumentar o risco de desprendimento, possibilitando que caiam nos sítios operatórios. As informações existentes são vagas e não agradam aos enfermeiros do CME. Assim, tendo em vista que, mesmo sendo amplamente utilizadas e comercializadas, não existem dados científicos na literatura brasileira que demonstrem recomendações quanto ao uso das fitas, levantou-se o seguinte questionamento: as fitas de marcação de instrumentais cirúrgicos são seguras para serem utilizadas na prática cotidiana das CMEs? Este trabalho propõe identificar estudos relacionados ao uso de fitas de marcação de instrumental cirúrgico, subsidiando a prática em CMEs brasileiros que utilizam a metodologia de codificação por fitas no instrumental cirúrgico.
OBJETIVO
Identificar na literatura estudos relacionados ao uso de fitas utilizadas para marcação de instrumental cirúrgico e as evi- dências em relação aos riscos e à boa prática do seu uso.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, que busca sintetizar informações de variados estudos publicados a fim de fornecer evidências para a prática clínica^8. Este estudo foi elaborado em seis etapas, seguindo as recomendações já bem definidas na literatura, sendo elas: elaboração da pergunta nor- teadora, elaboração dos critérios de busca de dados, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados, e síntese do conhecimento 8. Para a identificação dos estu- dos, foi realizada a busca de artigos científicos hospedados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a qual disponibiliza grande conteúdo de investigação científica advinda de bases de dados referenciais em distintos campos da saúde, tais como: Literatura Latino-Americana de Ciências da Saúde da América Latina e do Caribe (LILACS), Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde (IBECS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Biblioteca Cochrane, Scientific Electronic Library On-line (SciELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Para tal, utilizaram-se descritores em português via Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), obedecendo as
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Mozer CAN, MoriyA GAA
Continua...
Grau de recomendação (nível de evidência)
Revista (ano) Objetivo^ Metodologia^ Resultados
C (4)
Journal of Oral and Maxillofacial Surgery (1993)
apresentar os riscos produzidos pela utilização de fitas com código de cores para marcação de instrumentais
Relato de caso
Quatro de seis pacientes submetidos à vestibuloplastia, com utilização de instrumentais marcados com fita de instrumental cirúrgico apresentaram abscessos subcutâneos no pós- operatório, com culturas positivas idênticas às encontradas nos instrumentais com as fitas. em outro caso, após uma cirurgia de fechamento de fístula oroantral, foi encontrado um fragmento de fita após a retirada do curativo, advindo de uma fita deslocada de uma das curetas antrais^11
C (4)
British Journal of Surgery (1987)
Relatar o perigo da utilização de fitas plásticas coloridas para marcar instrumentais cirúrgicos
Relato de caso
Quatro dias após a realização de uma traqueostomia sem intercorrências, o paciente começou a apresentar sangramento pelo tubo da traqueostomia e, na averiguação aprofundada, foi identificado um coágulo. após sua remoção, foi identificado junto a ele um pedaço de fita de codificação plástica colorida^12
B (3B)
Journal Healthc Mater Manage (1993)
avaliar se a esterilização flash é adequada para instrumentais identificados com fitas codificadas coloridas
experimental, caso controle
Todos os discos do grupo controle contendo esporos de Bacillus stearothermophilus que estavam em contato com os instrumentais mas não submetidos à esterilização eram positivos para o crescimento, como era esperado. Mas, nenhum dos discos que estavam em contato com os instrumentais e com a fita após esterilizados no ciclo flash mostraram qualquer crescimento^13
D (5)
AORN Journal (1996)
esclarecer a dúvida se, no ciclo flash por três minutos, os instrumentais marcados com fitas são de fato esterilizados
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
O aORN não recomenda o uso das fitas de codificação de cores em instrumentais cirúrgicos. as fitas de codificação de cores desgastam rapidamente, e garantir a esterilidade dessas fitas de codificação pode ser difícil. Itens porosos e não porosos quando combinados exigem ciclos de esterilização de 10 minutos. Seria melhor considerar outro método para “codificação” de instrumentais cirúrgicos e conjuntos de instrumentais^14
D (5)
AORN Journal (1996)
Sem objetivo definido Sem metodologiacientífica
O código de cores tem feito do trabalho de triagem, organização e identificação de instrumentais uma tarefa mais gerenciável para enfermeiros perioperatórios e membros da equipe de apoio que podem ser menos familiarizados com instrumentais cirúrgicos^15
D (5)
AORN Journal (1998)
esclarecer se é ou não preocupante a utilização da marcação de instrumentais cirúrgicos com fita
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
a fita deve ser ao mesmo tempo permeável ao vapor e ao gás de óxido de etileno para garantir a esterilidade. a área por baixo da fita não permeável, considerado não esterilizado; portanto, a fita não permeável ao vapor torna-se desgastada e rompe-se, podendo ficar exposta. Se for difícil estabelecer e monitorar um programa para lidar com estas preocupações, deve ser considerado outro método de “codificação”^16
D (5)
AORN Journal (2003)
esclarecer se é aceitável o ciclo flash durante três minutos se não houver itens porosos na bandeja
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
a fita do instrumental deve ser porosa e permeável ao vapor ou ao gás. Toda vez que há fita na carga, a carga contém artigos porosos e a esterilização flash deve ser usada com o ciclo recomendado para artigos porosos. Se estiver usando uma autoclave gravitacional, o ciclo correto é de 10 minutos a 132 a 133ºC. Se estiver usando uma autoclave pré-vácuo, o ciclo correto é de 4 minutos a 132 a 133ºC^17
D (5)
AORN Journal (2004)
esclarecer se é aceitável o ciclo flash por três minutos de uma bandeja com instrumentais marcados e não marcados com fita
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
Sabendo que a fita de marcação é porosa, os instrumentais cirúrgicos devem ser esterilizados como itens porosos. a aORN recomenda que seja utilizado o ciclo flash para artigos porosos^18
Quadro 1. Síntese dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre o uso de fita de identificação de instrumental cirúrgico.
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Fitas de marcação de instrumentais cirúrgicos
aORN: Association of periOperative Registered Nurses.
Grau de recomendação (nível de evidência)
Revista (ano) Objetivo^ Metodologia^ Resultados
B (3B)
Medicina infantil (2008)
Investigar se as fitas de marcação podem evitar o risco de troca de elementos de uma da caixa cirúrgica e reduzir seu tempo de preparo
experimental, caso controle
Houve diminuição no tempo de preparo das caixas e diminuição de irregularidades na organização das caixas cirúrgicas quando utilizada a fita de marcação de instrumental 19
D (5)
AORN Journal (2010)
esclarecer a dúvida sobre que fatores devem ser considerados na utilização da fita de marcação de instrumental e se é aceitável a esterilização flash para instrumentais marcados com fita durante três minutos
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
O sistema de marcação deve ser validado com os tipos de métodos de esterilização utilizados e deve ser permeável para permitir que o esterilizante entre em contato com a superfície por baixo da fita. À medida que a fita de marcação com código de cor se desgasta, o pedaço de fita pode romper-se e ser deixada em uma ferida cirúrgica. a monitorização contínua das fitas de marcação é aconselhável para detectar qualquer degradação. Quanto à esterilização flash de um produto poroso e não poroso combinado, o parâmetro de tempo de esterilização poroso deve ser usado. Consulte instruções específicas do fabricante. elas devem ser seguidas cuidadosamente para determinar o ciclo correto^20
C (4)
Patient Safety in Surgery Journal (2013)
verificar se é verdadeira a hipótese de que as práticas de identificação de instrumental cirúrgico estabelecidas, usando fitas, podem expor os pacientes a um never event
Relato de caso
a fragmentação da fita durante uma cirurgia pode acabar como um objeto “estranho” no paciente. Durante a cirurgia, uma desfragmentação da fita não foi detectada pela equipe cirúrgica. Mas nesse caso, no final do procedimento, a equipe cirúrgica acidentalmente encontrou e recuperou um corpo estranho na ferida antes de fechar. Na inspeção do objeto estranho foi identificado que ele era a fita de marcação de uma tesoura cirúrgica^21
D (5)
AORN Journal (2013)
esclarecer a dúvida de quais fatores devem ser considerados para os instrumentais cirúrgicos serem marcados, a fim de se identificar a qual grupo pertencem
Sem metodologia científica. Trata-se de questionamentos de enfermeiros respondidos pela AORN
Sobre a fita de marcação de instrumental, quanto aos benefícios: a fita é fácil de aplicar e não há terceirização do processo. Quanto aos riscos: os ciclos de esterilização repetidos podem fazer a fita deslocar ou tornar-se frágil, cair no campo operatório e se tornar um corpo estranho. a fita pode não ser permeável a todos os tipos de agentes esterilizantes, restringindo o método de esterilização. Indivíduos daltônicos e que trabalham no departamento de processamento estéril podem ser incapazes de determinar a cor da fita correta. Quanto aos custos, ele é baixo, mas como a fita é um material poroso, o tempo de processamento de uma carga de esterilização pode precisar ser aumentado^22
D (5)
aesculap academy (não informado)
Rever os benefícios da marcação de instrumentais e descrever métodos de marcação comuns de instrumentais
Sem metodologia científica. Trata-se de um material didático da academia aesculap
a utilização da fita é uma maneira rápida e simples para marcar um instrumental. as variedades de cores disponíveis permitem que os funcionários facilmente saibam a qual caixa o instrumental pertence. Por exemplo, instrumentais gravados em vermelho pertencem aos conjuntos de cardiologia. a marcação não é uma solução de gravação permanente. ao longo do tempo, o calor do esterilizador fará com que a fita fique quebradiça, e em seguida, será necessário a regravação do instrumental. Quando a fita começar a ondular, ela terá de ser completamente removida 23
Quadro 1. Continuação.
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Fitas de marcação de instrumentais cirúrgicos
gás esterilizante. Logo, se a fita não for porosa, o esterili- zante não penetrará na fita e não esterilizará por debaixo dessa 18,20,22^. Um artigo do ano de 1993 13 , incluso nesta pes- quisa, estudou se é possível esterilizar com o ciclo flash ( minutos ao calor 135ºC) a área por baixo da fita de mar- cação quando ela está aderida no instrumental cirúrgico. A motivação desse estudo veio de uma carta publicada no Jornal AORN, que afirmava que a zona por debaixo da fita não poderia ser esterilizada. Porém, essa conclusão advi- nha de um raciocínio intuitivo e não de uma evidência experimental. No experimento, foram colocados discos de esporos de Bacillus stearothermophilus entre a fita e o instru- mental. Como esses esporos são extremamente resistentes ao calor, a falta de esporos após a esterilização indicaria que as condições são adequadas para a esterilização com- pleta. Foram separados os instrumentais do grupo controle para com o do grupo experimental. No grupo controle, os instrumentais não passaram pela esterilização e, como era esperado, todos os discos de esporo que estavam em contato com os instrumentais e a fita eram positivos para crescimento. Já no grupo experimental, cujos instrumentais foram esterilizados, nenhum dos discos mostrou qualquer crescimento 13. No entanto, esse estudo possui grau de reco- mendação B (nível de evidência 3B). Por fim, sobre a aceitabilidade do uso das fitas, não foi encontrado nenhum posicionamento da SOBECC. Já a AORN não recomenda nem condena o uso dessas fitas, mas fornece boas práticas para a instituição que optar por esse método16,20.
Aspectos positivos
Estão disponíveis no mercado variadas cores de fita de mar- cação e isso permite diversas combinações na classificação do instrumental cirúrgico. Por exemplo, instrumentais marcados em vermelho pertencem ao conjunto de cardiologia, já os marcados com fita azul às caixas da obstetrícia^23. Esse aspecto positivo proporciona a organização dos instrumentais por caixa, por grupo principal de cirurgia, por cirurgião, por departamento, etc. A expansibilidade no uso da fita é pro- porcional à criatividade das combinações que o enfermeiro gerencial da unidade de serviço consegue obter. De modo geral, a codificação dos instrumentais através da marcação com fita tem tornado o trabalho de triagem, orga- nização e identificação dos instrumentais uma tarefa mais gerenciável tanto para os enfermeiros envolvidos quanto para a equipe de apoio, que pode ser menos familiarizada com os
instrumentais cirúrgicos^15. Até mesmo os funcionários que não estiverem familiarizados com os instrumentais podem prepa- rar de forma eficiente caixas cirúrgicas para a esterilização^11. Na pesquisa, encontrou-se um artigo que especificamente objetivou avaliar a funcionalidade da fita de marcação em evitar o risco de troca de instrumentais das caixas cirúrgicas e diminuir o tempo de preparo delas. Para isso, foram uti- lizadas 15 caixas cirúrgicas que tiveram seus instrumentais cirúrgicos identificados com as fitas coloridas e 15 caixas cirúrgicas que não tiveram os instrumentais identificados com nenhum método. Os resultados foram positivos para as caixas que dispunham de instrumentais marcados com fita. Houve diminuição no tempo de preparo das caixas e das irregularidades na organização das mesmas. A rápida identificação do instrumental cirúrgico para a caixa da sua especialidade facilita, então, sua preparação e organização^19. Esses benefícios, ao final, geram maior desempenho dos fun- cionários e otimização do tempo de trabalho despendido na fase do preparo das caixas cirúrgicas^19. Quanto à marcação do instrumental cirúrgico com a fita, ela é fácil de ser aplicada e não se faz necessário o envio do instrumental para uma empresa terceirizada a fim de realizar esse serviço. Assim sendo, existe a diminuição de custo e de tempo de inatividade do instrumental, quando comparado a outro método de rotulagem 22. No entanto, os benefícios derivados durante a preparação do instrumental são insig- nificantes quando o paciente é exposto desnecessariamente ao risco de retenção de um fragmento da fita^11. Sobre a análise de entre risco, benefício e custo referentes ao uso da fita de marcação, em relação ao custo a fita possui baixo investimento quando comparada a outros métodos de marcação do instrumental. Como a fita é considerada um material poroso, o tempo de esterilização pode sofrer aumento, conduzindo a um acréscimo no custo e no tempo de inatividade do instrumental. Além disso, a fita deve ser ins- pecionada para não existir risco ao paciente e isso aumentará o tempo de descontaminação e troca da fita, e, desse modo, o aumento do custo da mão de obra^22. Os progressos dos estudos relacionados à temática desta revisão integrativa não foram suficientes para afirmar ou negar que o uso das fitas de marcação de instrumental cirúr- gico é seguro. Os estudos identificados possuem baixo nível de evidência (alguns são antigos e sem rigor metodológico) e, portanto, não se pode traçar recomendações quanto ao seu uso. Novas propostas de estudo devem ser conduzidas para desmistificar o uso das fitas.
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Mozer CAN, MoriyA GAA
CONCLUSÃO
Esta revisão integrativa permitiu evidenciar que os estudos são escassos e os poucos trabalhos existentes acerca da mar- cação dos instrumentais cirúrgicos por meio de fitas adesivas possuem níveis de evidências científicas baixos. Dessa forma, não oferecem graus de recomendação fortes o suficiente para auxiliar a tomada de decisão prática. As publicações consultadas assinalam que ainda existem divergências entre estudos favoráveis e não favoráveis. Há benefícios advindos do uso de instrumentais marcados com fitas; no entanto, há também evidências que apontam eventos adversos relacio- nados à sua fragmentação. Considerando a segurança como condição fundamen- tal para a prática em saúde, os resultados desta pesquisa
evidenciam que é necessário maior investimento em estu- dos rigorosamente construídos sobre a prática da utilização de fitas de marcação de instrumentais para contribuir com os achados desta pesquisa. Vale ressaltar que a instituição que optar pelo uso das fitas de marcação como método de gerenciar os instrumentais cirúrgicos deverá adotar um tra- balho de supervisão constante da atitude de cada colaborador que atua no bloco operatório, pois a fragilidade do processo exige inspeção constante em cada etapa do processamento dos materiais, bem como na sala cirúrgica. Tal trabalho de supervisão reflete e influencia diretamente na exequibilidade de prática segura ao paciente cirúrgico, mesmo que de forma indireta, e possibilita identificar falhas no processo e desenvol- ver ações preventivas, resultando em qualidade e segurança ao paciente cirúrgico, tão almejada em nosso meio.
REFERÊNCIAS