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Análise do filme 1984, Trabalhos de Filosofia Política

O filme 1984 retrata um estado totalitário que controla a população por meio do medo e constante vigilância, manipulação de informações e pelo incitamento ao ódio a um personagem, Goldstein, que representa toda e qualquer oposição ao “partido”. O líder do partido e da sociedade é chamado de Grande Irmão e todos os membros do partido chamam-se uns aos outros de irmãos. O filme é baseado no romance homônimo de George Orwel.

Tipologia: Trabalhos

2018

Compartilhado em 25/10/2022

paulo-chaves-9
paulo-chaves-9 🇧🇷

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Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília Nossa Senhora de Fátima
Curso de Filosofia
Disciplina: Filosofia Política
Aluno: Paulo Guilherme Borges Chaves
1984
O filme 19841 retrata um estado totalitário que controla a população por
meio do medo e constante vigilância, manipulação de informações e pelo
incitamento ao ódio a um personagem, Goldstein, que representa toda e qualquer
oposição ao “partido”. O líder do partido e da sociedade é chamado de Grande
Irmão e todos os membros do partido chamam-se uns aos outros de irmãos, como
símbolo do que é dito ao final do filme por O’Brien: “a realidade está na mente
humana, não na mente individual, que comete erros e logo perece, mas na mente do
partido, que é coletiva e imortal”.
O Grande Irmão exerce pressão e violência simbólica sobre a população
e seu principal instrumento de coerção e controle é a chamada Novilíngua, um
“idioma” fabricado e “higienizado” de elementos que possam veicular qualquer ideia
de oposição ao partido. O objetivo do partido é que se passe da mera tradução ao
pensamento em Novilíngua e a revolução (domínio total da população) se dará
quando a nova língua estiver pronta e não possuir mais palavras que possam
comunicar pensamentos de oposição (crime de pensamento). Desse modo, o
pensamento do partido vai se tornando, pouco a pouco, o pensamento das pessoas,
que já não são seres humanos (é o que sugere O’Brien nas cenas finais quando diz
que Winston é o último ser humano), mas apenas parte da mente do partido,
“coletiva e imortal”.
O que é chamado crime de crime de pensamento refere-se,
principalmente, ao que anota Winston em seu diário: “Liberdade é a liberdade de
dizer ‘dois mais dois é igual a quatro’. Se isso é concedido, todo o resto se segue”.
De fato, pela manipulação das notícias, de modo que estas reflitam os interesses do
partido, a realidade é filtrada e chega à população enviesada por esses interesses. A
1 1984. Direção: Jean-Jacques Annaud, Produção: Al Clark, John Davis, Robert Devereux, Simon Perry,
Marvin J. Rosenblum: MGM, 1984, 1 DVD.
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Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília Nossa Senhora de Fátima Curso de Filosofia Disciplina: Filosofia Política Aluno: Paulo Guilherme Borges Chaves

O filme 1984^1 retrata um estado totalitário que controla a população por meio do medo e constante vigilância, manipulação de informações e pelo incitamento ao ódio a um personagem, Goldstein, que representa toda e qualquer oposição ao “partido”. O líder do partido e da sociedade é chamado de Grande Irmão e todos os membros do partido chamam-se uns aos outros de irmãos, como símbolo do que é dito ao final do filme por O’Brien: “a realidade está na mente humana, não na mente individual, que comete erros e logo perece, mas na mente do partido, que é coletiva e imortal”. O Grande Irmão exerce pressão e violência simbólica sobre a população e seu principal instrumento de coerção e controle é a chamada Novilíngua, um “idioma” fabricado e “higienizado” de elementos que possam veicular qualquer ideia de oposição ao partido. O objetivo do partido é que se passe da mera tradução ao pensamento em Novilíngua e a revolução (domínio total da população) se dará quando a nova língua estiver pronta e não possuir mais palavras que possam comunicar pensamentos de oposição (crime de pensamento). Desse modo, o pensamento do partido vai se tornando, pouco a pouco, o pensamento das pessoas, que já não são seres humanos (é o que sugere O’Brien nas cenas finais quando diz que Winston é o último ser humano), mas apenas parte da mente do partido, “coletiva e imortal”. O que é chamado crime de crime de pensamento refere-se, principalmente, ao que anota Winston em seu diário: “Liberdade é a liberdade de dizer ‘dois mais dois é igual a quatro’. Se isso é concedido, todo o resto se segue”. De fato, pela manipulação das notícias, de modo que estas reflitam os interesses do partido, a realidade é filtrada e chega à população enviesada por esses interesses. A 1 1984. Direção: Jean-Jacques Annaud, Produção: Al Clark, John Davis, Robert Devereux, Simon Perry, Marvin J. Rosenblum: MGM, 1984, 1 DVD.

guerra, por exemplo, serve apenas de plano de fundo para apresentar um partido que traz progressos para a sociedade, e é também simbólica, servindo de matriz para a construção controlada do presente. Notícias manipuladas e repetidas, veiculadas em Novilíngua, tecem a realidade conhecida pelos membros do partido e, pouco a pouco, consolidam o sistema. Assim, as “polícias” do partido, a manipulação das notícias, o condicionamento dos “irmãos” a verem a realidade tal como descrita pelo partido são uma forma de violência simbólica (embora praticada também por meio de tortura) que é resumida pelas palavras que introduzem o filme: “Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado”. Entretanto, a resistência sobrevive, o “espírito do homem” a que Winston faz referência quando está sendo torturado por O’Brien sempre resiste. O próprio Winston havia dito a Júlia num de seus encontros: “Se eles podem me fazer mudar meus sentimentos, eles podem me impedir de amar você. Isso seria verdadeira traição”. Júlia responde: “Eles não podem fazer isso. Eles podem te torturar e te fazer dizer qualquer coisa. Mas eles não podem te fazer acreditar”. Ao final do filme os dois parecem comportar-se e pensar de acordo com o partido, mas o “espírito do homem” insinua-se ali, dizem que precisam encontrar-se outra vez e Winston escreve ‘2+2=’ na poeira ao lado do tabuleiro de xadrez e não responde, em clara referência ao seu próprio conceito de liberdade. O regime retratado no filme parece aplicar os princípios definidos por Joseph Goebbels, ministro de propaganda da Alemanha nazista. O inimigo é um só, Goldstein, e personifica todos os outros que, quando identificados pela polícia do pensamento, acusam-se de terem sido vítimas da influência de Goldstein. Assim, o ‘mal’ personificado por esse inimigo único espalhar-se-ia por contágio. Ele é apresentado como responsável por todos os males da sociedade e o partido culpa Goldstein de tudo o que ele mesmo é culpado e cria a sensação de unanimidade com “momentos de ódio” contra seu inimigo. Uma estratégia semelhante pode ser identificada nas tentativas de implantação do comunismo no Brasil: propaganda, manipulação de dados estatísticos, criação de uma falsa sensação de unanimidade, e outros meios que imitam a prática do Partido Nacional Socialista, na Alemanha, e do Grande Irmão, no filme 1984.