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Analise utilizando o circulo teórico de Bakhtin como arcabouço metodológico.
Tipologia: Esquemas
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SANTOS, Carlos Antônio Barbosa dos^1 SANTOS, Amanda Gonzaga dos^1 GOMES, Severina^2 MORAIS, Maria Lúcia Lima de^3 (^1) Graduandos do curso de Licenciatura em Letras Inglês, Uneal; (^2) Graduando do Curso de Licenciatura em Letras Português, Uneal;^3 Professora Auxiliar/Orientadora do Curso de Licenciatura em Letras, Uneal; cabs1997@outlook.com.br RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar uma análise da música “Desconstrução” do artista Tiago Iorc, à luz da Análise Dialógica de Discurso, considerando que a música em questão apresenta críticas sociais e traça uma relação entre o “eu social” e o “eu digital”, que caracteriza um dos estudos do processo dialógico. A natureza do enunciado está pautada na relação entre a linguagem e a ideologia e é compreendida pela diversidade dos gêneros discursivos, produzidos nas relações da vida com a língua. A fundamentação teórica dessa pesquisa está centrada nas teorias de Mikhail Bahktin (1997), nos estudos do círculo e em outros autores que bebem desta fonte como: Brait (2001; 2006), Fiorin (2017), Geraldi (2003) entre outros. Como caminho metodológico, foi feito um levantamento bibliográfico a partir dos estudiosos já mencionados fazendo uma abordagem sobre a concepção dialógica de língua/linguagem pautada nas teorias desenvolvidas pelo viés do círculo bakhtiniano. Os resultados mostraram que existe uma relação entre a teoria abordada e a letra da música em questão, reforçando o pressuposto de que os sujeitos se constituem a partir da interação que ocorre entre si e entre os contextos vivenciados. Conclui-se assim que, a pesquisa se torna relevante à medida que contribui para a consolidação de estudos em ADD, como também colabora para a compreensão dos gêneros, práticas de ensino-aprendizagem de línguas. Palavras-chave : Analise dialógica. Gênero do discurso. Música. ABSTRACT: The aim of this paper is to present an analysis of the song “Deconstruction” by artist Tiago Iorc, in the light of Dialogic Discourse Analysis, considering the music in question presents social criticism and traces a relationship between the “social self” and “digital self”, Which characterizes one of the studies of the dialogical process. The nature of the statement is based on the relationship between language, ideology and is understood by the diversity of discursive genres produced in relations of life with language. The theoretical basis of this research is centered on the theories of Mikhail Bahktin (1997), circle studies and other authors who drink from this source such as: Brait (2001; 2006), Fiorin (2017), Geraldi (2003) among others. As a methodological way, a bibliographical survey was made from the aforementioned scholars taking an approach on the dialogical conception of language / language based on the theories developed by the Bakhtinian circle bias. The results showed that there is a relationship between the theory approached and the lyrics of the music in question, reinforcing the assumption the subjects are constituted from the interaction occurs between themselves and between the experienced contexts. It’s concluded that the research becomes relevant as it contributes to the consolidation of studies in ADD, as well as contributes to the understanding of genres, language teaching-learning practices. Key-words : Dialogical analysis. Gender of speech. Music. .
Os estudos linguísticos passaram por constantes transformações ao longo do tempo e por meio delas as concepções de língua/linguagem foram sendo ressignificadas. Com os estudos bakhtinianos, a linguística rompeu as barreiras da frase fora de contexto, inserindo-as numa realidade socio-histórica e ideológica. Passaram-se a analisar os discursos, tidos como elementos linguísticos dialógicos. Através desse rompimento, a língua agora é analisada levando em conta todo o seu percurso, momento histórico, social, político e ideológico, não mais como algo estático, a qual se pressupõe haver apenas um segmento, mas como unidade concreta porque apresenta um conteúdo em uma situação histórica particular e irrepetível, o que permite a variada significação da linguagem dentro de um tema. De acordo com Bakhtin (2003), o uso e as finalidades da linguagem originaram os gêneros do discurso, que são enunciados dos diferentes campos da atividade humana, constituídos em diferentes situações sociais e proferidos a determinado auditório social. Os gêneros orais e escritos refletem as finalidades de cada campo e de cada situação imediata, e são compostos por três elementos: o conteúdo ou unidade temática, o estilo ou recursos específicos que constituem a significação, e a construção composicional ou estrutura. O diálogo, para Bakhtin (2006), vai além da interação face a face, abrangendo as relações entre interlocutores e discursos. Dito de outra maneira, o enunciador e o enunciatário necessitam interagir verbalmente para que possam se entender, por isso, através da leitura, dialogam, somando o ponto de vista de quem escreve com os de quem lê. O mesmo ocorre com a fala. Entretanto, para o Círculo de Bakhtin, a distância no tempo não impede a construção de pontes entre enunciados que guardam proximidade de sentido. Nas palavras de Bakhtin (2003): Dois enunciados alheios confrontados, que não se conhecem e toquem levemente o mesmo tema (ideia), entram inevitavelmente em relações dialógicas entre si. Eles se tocam no território do tema comum, do pensamento comum (p. 320). O ponto de partida para a relação entre a letra da música e a teoria bakhtiniana de língua/linguagem vem da fala de Geraldi, (2003) “o que me constitui como sujeito que sou é o que está fora de mim”, levando em conta a perspectiva do autor, que reforça a ideia de que a construção do eu se dá pela relação e interação com os outros. Partindo desse pensamento, o objetivo principal desta pesquisa é observar por meio da Análise Discursiva Dialógica (ADD), a interação entre o eu/outro na música supracitada, tendo como base epistemológica, a teoria enunciativo-discursiva de pensadores do círculo de Mikhail Bakhtin. Desse modo, pretende-se estabelecer uma relação entre a teoria abordada e a letra da música em questão, partindo do pressuposto de que os sujeitos se constituem a partir da interação, entre o eu e o outro, como postulou Geraldi (2003). O estudo busca respaldo em teóricos como Bakhtin (1997; 2006); Geraldi (1984; 2003), Fiorin (2017); entre outros.
capacidade psicológica geral. Posterior a Chomsky, como gerativismo, surgiram as contribuições do funcionalismo. Essa corrente ganha força a partir dos estudos da Escola de Praga, entendendo a língua por meio da relação entre estruturas gramaticais de uma língua e seu uso em diferentes contextos comunicativos (CUNHA, 2008). Posteriormente, pretende estabelecer uma relação entre a teoria abordada e a letra da música em questão, partindo do pressuposto de que os sujeitos se constituem a partir da interação, como postulou. Nessa perspectiva entendemos que a pesquisa se torna relevante, à medida que não apenas contribui para a consolidação de estudos em ADD, como também colabora para a compreensão dos gêneros, práticas de ensino e aprendizagem de línguas. E dos vários autores disponíveis para esse empreendimento, decidimos por concentrarmo-nos neste artigo em um grupo que tem contribuído muito para os estudos e pesquisas na área da música, o círculo do pensador russo Mikhail Bakhtin, conhecido como o Círculo de Bakhtin^1 , pelos estudiosos de suas obras^2. Esse grupo de pensadores se interessou pelas produções simbólicas de modo geral, as quais eles denominavam “sistemas ideológicos” ou “sistemas axiologicamente marcados”, dando especial ênfase à língua e à literatura. No tópico que segue busca-se explicitar alguns princípios básicos da teoria do discurso e da enunciação. A MÚSICA E SUA RELAÇÃO PERSPECTIVA DISCURSIVA Embora o Círculo de Bakhtin tenha criado seus principais conceitos tomando como objeto a linguagem verbal, acredita-se que muitos desses conceitos iluminam questões importantes sobre a música e a arte, ou seja, também sobre outras linguagens. Assim sendo, partimos de conceitos propostos pelo Círculo, principalmente do próprio Bakhtin e de Voloshinov, mostrando a música em perspectiva algumas homologias e analogias possíveis que se mostram elucidativas e fundamentais para o pensamento artístico, especialmente musical. De acordo com Voloshinov (Bakhtin/Voloshinov 2002)^3 , as teorias da linguagem no início do século XX de modo geral se filiavam a duas principais e opostas correntes. A primeira, por ele denominada “objetivismo abstrato”, tinha um caráter estruturalista e considerava a língua um sistema fechado, regido por leis claras e intransponíveis, socialmente partilhadas e estáveis. Fatores externos eram tidos como irrelevantes, pois a ela era vista como um produto acabado a ser transmitido de geração a geração. Já para a segunda corrente, a qual Voloshinov denominou “subjetivismo idealista”, a língua era uma criação individual e contínua, que não se submetia a normas de qualquer tipo. (^1) O Círculo de Bakhtin era composto por vários intelectuais, entre eles, além do próprio Mikhail Bakhtin, o filósofo Matvei I. Kagan, o biólogo Ivan I. Kanaev, a pianista Maria V. Yudina, o estudioso de literatura Lev V. Pumpianski, o lingüista e músico Valentin N. Voloshinov e o advogado e educador Pavel N. Medvedev, que se reuniram regularmente em Nevel e depois em Vitebsk entre 1919 e 1929 (Faraco, 2009, p.13). (^2) Ver, por exemplo, Faraco (2009), Brait (2009) e Paula e Stafuzza (2010). (^3) Adotamos neste texto a posição de alguns estudiosos atuais do Círculo que atribuem autorias distintas para algumas obras do grupo. Outros estudiosos consideram todas como produções do próprio Bakhtin. Nossa opção pode ser justificada a partir das reflexões que Faraco (2009) faz sobre a questão da autoria das obras (principalmente p. 11 e ss), mas também Bubnova (2010, p. 21) e Morson, Emerson (2008, p. 120 e ss). Contudo, nas referências iremos respeitar a atribuição das autorias de acordo com as edições brasileiras utilizadas
Tratava-se, portanto, de uma visão romântica da linguagem como expressão interior do falante. Para Voloshinov (2002), mas também para os demais integrantes do Círculo de Bakhtin, embora essas duas perspectivas tivessem razão em vários pontos, nenhuma delas, contudo, dava conta do fenômeno total da linguagem, já que a primeira destacava apenas os seus aspectos formais, estruturais, e a segunda, os seus aspectos individuais, expressivos, criativos. Como alternativa a essas visões parciais, o Círculo de Bakhtin propõe uma abordagem enunciativo-discursiva da linguagem. Para esses autores, a língua só pode ser abarcada quando em uso ou em funcionamento. Nem o sistema enquanto uma abstração nem as leis da psicologia individual oferecem subsídios suficientes para um entendimento da linguagem. A MÚSICA “DESCONSTRUÇÃO”: SOB A OPTICA DA ANÁLISE DIALOGICA Este tópico propõe-se a fazer uma análise da música “Desconstrução” de Tiago Iorc à luz da teoria bakhtiniana sobre o Dialogismo. A música em questão é demarcada por uma constante projeção do “eu social” no “eu digital” (eu/outro), levando em conta que ela conta e denuncia de forma social, ideológica e histórica, a construção do ser social na sociedade contemporânea. Na composição em estudo, não há um personagem apresentado, ele é genérico, apesar de que os traços de uma figura feminina são visíveis. No entanto, além dessa possível protagonista feminina, qualquer ouvinte pode se projetar nas brechas e marcas sociais denunciadas na música. As análises dialógicas pretendem reiterar a ideia do dialogismo de Bakhtin, presente nos trechos selecionados, em que se possa evidenciar mais claramente o caráter social ideológico da linguagem, bem como o reconhecimento da interação entre locutor e interlocutor na construção do sentido e do acento apreciativo que, de acordo com Flores e Teixeira (2005), é transmitido através da entonação expressiva, que diz respeito à relação individual entre o locutor e o objeto do discurso. O dialogismo é uma concepção de linguagem e tem como base a interação, não necessariamente face a face, mas que sempre necessita de um eu/tu/ele inseridos em um tempo e em um espaço. O dialogismo engloba a ideia das relações dialógicas, que ultrapassam a interlocução, podendo incluir a relação entre outros discursos, entre cronótopos diferentes e entre olhares exotópicos, dando conta de que o signo é socio-ideológico e, como tal, reflete e refrata pontos de vista diversos, conforme os diferentes contextos em que ele é enunciado. Barros (1997) destaca que Bakhtin aponta no enunciado-discurso dois aspectos: o que vem da língua e o que vem do contexto. O enunciado é considerado produto de uma enunciação e de um contexto histórico, social e cultural. É, nesse contexto, que participantes interagem verbalmente com seus enunciados de forma concreta e ativa. O discurso que resulta desse processo é dialógico, pois requer reação-resposta ativa daquele a quem são destinados os enunciados. ANÁLISE DA LETRA DA MÚSICA “DESCONSTRUÇÃO” Nas análises a seguir, primeiramente, é reconhecida a realidade extraverbal da letra, sendo parte constituinte dos contextos mediato e imediato, denominados também como .
social” não vê seu próprio rosto há algum tempo, marcas da perda de identidade. No verso seguinte, “tela escura” nos remete ao vício de estar sempre conectado, o que podemos considerar como algo negativo, em que o figurante da ação, já não tem mais controle sobre seus limites com a tecnologia. Aqui nessa frase é notável a troca de personagens “Saiu de cena”, A pessoa real sai e entra um personagem, uma capa fica online^4 e o rosto real fica offline^5. Uma estratégia para disfarçar a timidez. Vestiu um “ego”, um “eu” que não satisfez a si, mas que satisfará quem? Os seguidores? Os likes^6? Comentários? Nos versos seguintes, temos a característica predominante do mal-uso da tecnologia, em que a figura cai nos vícios da rotina, o que lhe fazia bem antes agora tornou-se uma forma de atrair atenção, e quando não se atinge tal meta, se afoga em solidão. De acordo com pesquisas recentes, em um artigo de opinião publicado na revista The Atlantic^7 , Twenge (2017) afirmou que o uso exagerado de internet e redes sociais pode ter relação direta com o aumento exponencial de ansiedade e depressão – de acordo com a ONU^8 (2017), elas incidem em 3,6% e 4,4% da população mundial, respectivamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2017), ligada à ONU, a depressão é vista como “mal do século”. Fragmento 2 Abrir os olhos não lhe satisfez Entrou no escuro de seu celular Correu pro espelho pra se maquiar Pintou de dor a sua palidez E confiou sua primeira vez No rastro de um pai que não via Nem a própria mãe compreendia No passatempo de prazeres vãos Viu toda a graça escapar das mãos E voltou pra casa tão vazia Ao abrir os olhos, como nos mostra o fragmento 2, não lhe satisfez, ou seja, enxergar a vida como ela se mostra. Isto não a satisfez. Logo, preferiu o oposto de abrir os olhos que é entrar na escuridão do celular. De novo o celular como algo negativo, tenebroso, um mundo sombrio e escabroso. Ao visualizar a realidade em que se encontrava, temos aqui a troca de personagens novamente, sai o digital e entra o social, só que agora, o social ao se deparar com o texto real corre, foge, sai em busca de uma fuga. Em sequência, o autor da música, utiliza metáforas, mostrando a realidade inerente à sociedade, “Correu pro espelho pra se maquiar / Pintou de dor a sua palidez” - Maquiar, ou seja, disfarçar imperfeições. A maquiagem significa um disfarce a uma “palidez existencial”, uma apatia de não viver. Esse artifício pode revelar uma dor que quer ser escondida, entretanto, mesmo quando a pessoa se maquia com o objetivo de cobrir dores, acaba sinalizando para a existência delas. No verso seguinte, temos a presença da polifonia^9 , conceituada por Barros (2003), como as vozes que estão em constante diálogo no interior do texto. A voz da figura feminina, (^4) Verificar significado no Dicionário Aurélio através do link: https://dicionariodoaurelio.com/ (^5) Verificar significado no Dicionário Aurélio através do link: https://dicionariodoaurelio.com/ (^6) Conferir o dicionário online inglês-português pelo link: https://www.wordreference.com/enpt/like (^7) Ver, por exemplo: https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2017/09/has-the-smartphone-destroyed-a- generation/534198/ (^8) referente aos dados da OMS e ONU , seus respectivos dados se encontram publicados na edição inglês que podem ser acessados por esse link: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER- 2017.2-eng.pdf;jsessionid=C1FF003EC14722E2EA7373E189E20891?sequence= (^9) Ver, por exemplo – Barros (2003) e Fiorin (2003) .
a ausência de uma figura paterna, indicando uma carência corrente, demonstrando a falta de orientação, de consciência moral. Assim como a incompreensão da mãe. E ao mesmo tempo se evidencia a identidade em detrimento do que antes apresentava um efeito dominó^10 , que as ações da figura feminina eram pela ausência do pai e incompreensão da mãe, agora deixam claro que as tomadas de decisões do (eu/outro) “eu digital” tornaram o “eu social” vazio, e não o efeito de ação e reação. Fragmentos 3 e 4 Amanheceu tão logo se desfez Se abriu nos olhos de um celular Aliviou a tela ao entrar Tirou de cena toda a timidez Alimentou as redes de nudez Fantasiou o brio da rotina Fez de sua pele sua sina Se estilhaçou em cacos virtuais Nas aparências todos tão iguais Singularidades em ruína Entrou no escuro de sua palidez Estilhaçou seu corpo celular Saiu de cena pra se aliviar Vestiu o drama uma última vez Se liquidou em sua liquidez Viralizou no cio da ruína Ela era só uma menina Ninguém notou a sua depressão Seguiu o bando a deslizar a mão Para assegurar uma curtida Nos fragmentos 3 e 4, por apresentarem uma estrutura semelhante, podemos analisá- los em igual, mais uma vez os personagens real e digital trocam de lugar, e seguem todo o percurso, de experimentação, estranheza, sensações, perpassam por novas experiências, até que chegam ao ápice da epopeia^11 , o digital agora sai de cena, e o real, desfigurado, com seu corpo aberto e fragilidades que ganhou durante o percurso que fez, agora acorda para enfrentar as dificuldades deixadas pela soberba de um eu que não era ele, mas que se construiu a partir dele. É oportuno lembrar, também, que o olhar do leitor em relação à letra é fundamental para a construção de sentidos. Certamente o leitor de hoje faz uma interpretação bem mais abrangente daquela que o leitor da época em que a música foi composta fez. Isso porque, segundo Bakhtin (2003), a distância no tempo, no espaço, e também na cultura entre o que se busca compreender é que leva a uma compreensão criativa. Em consonância com as ideias de Tezza (2001), ao identificar o cronótopo da produção discursa em questão, identifica-se automaticamente sua cultura e sua visão de mundo. Conforme foi citado na parte teórica desse estudo, a compreensão é o efeito da interação entre dois sujeitos, duas consciências tidas como orientações axiológicas que trabalham com o sentido de enunciados que se complementam e dialogam entre si. Cabe destacar a importância da entonação da letra para a construção de sentidos. Pois, como muito bem postula Bakhtin (2003), a tonalidade serve de contexto axiológico-emocional da interpretação e Barros (1999) complementa que, através da análise da entonação, se pode comprovar que o enunciado é expressão e produto da interação verbal. CONSDIERAÇÕES FINAIS (^10) Para mais informações sobre o efeito dominó, verificar a fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_domin %C3%B3#targetText=O%20efeito%20domin%C3%B3%2C%20efeito%20em,m%C3%A9dia%2C%20longa %20ou%20infinita%20dura%C3%A7%C3%A3o. (^11) Definição do termo “epopeia”, acessar - https://www.todamateria.com.br/epopeia/
_________ Concepções de linguagem e ensino de português. In: GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula; leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984. p. 41-49. MORSON, Gary S.; EMERSON, Caryl. Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. 552p. PAULA, Luciane de; STAFUZZA, Grenissa (orgs.). O círculo de Bakhtin: teoria inclassificável. Campinas: Mercado das Letras, 2010. 478p. PETTER, Margarida Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à Linguística. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto. 2004. p. 11-24. TEZZA, Cristóvão. Sobre O autor e o herói – um roteiro de leitura. In: FARACO Carlos Alberto et al. Diálogos com Bakhtin. 3. ed. Curitiba. Ed. da UFPR, 2001. TRAVAGLIA, Luiz Carlos Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, (2003). _________. Letra da música “Desconstrução” disponível no endereço eletrônico https://www.vagalume.com.br/tiago-iorc/desconstrucao.html. Acesso 01 de agosto de 2019. _________.^4 Verificar significado no Dicionário Aurélio através do link: https://dicionariodoaurelio.com/ Acesso 08 de agosto de 2019. _________.^5 Verificar significado no Dicionário Aurélio através do link: https://dicionariodoaurelio.com/ Acesso 08 de agosto de 2019. _________.^6 Conferir o dicionário online inglês-português pelo link: https://www.wordreference.com/enpt/like. Acesso 08 de agosto de 2019. _________.^7 Ver, por exemplo: https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2017/09/has-the-smartphone- destroyed-a-generation/534198/ Acesso 10 de agosto de 2019. _________.^8 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5354:aumenta-o- numero-de-pessoas-com-depressao-no-mundo&Itemid=839 – referente aos dados da OMS e ONU , seus respectivos dados se encontram publicados na edição inglês que podem ser acessados por esse link: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2- eng.pdf;jsessionid=C1FF003EC14722E2EA7373E189E20891?sequence=1. Acesso 05 de agosto de 2019. _________.^10 Para mais informações sobre o efeito dominó, verificar a fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_domin%C3%B3#targetText=O%20efeito%20domin%C3%B3%2C %20efeito%20em,m%C3%A9dia%2C%20longa%20ou%20infinita%20dura%C3%A7%C3%A3o. Acesso 10 de agosto de 2019. _________.^11 Ver, por exemplo - https://www.todamateria.com.br/epopeia/. Acesso 11 de agosto de 2019.