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ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA, Esquemas de Matemática Aplicada

Nesta aula, vamos estudar a Análise de Viabilidade Econômico-Financeira (AVEF), buscando atingir os seguintes objetivos: fomentar uma reflexão etimológica sobre o que é a AVEF; definir qual é o objeto de estudo da AVEF e esclarecer o papel da Economia, da Contabilidade e da Engenharia na AVEF por meio do processo orçamentário. Para tanto, este encontro foi estruturado nos

Tipologia: Esquemas

2019

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DISCIPLINA:
ANÁLISE DE VIABILIDADE
ECONÔMICO-FINANCEIRA
AULA 1
Prof. Ernani João Silva
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Baixe ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA e outras Esquemas em PDF para Matemática Aplicada, somente na Docsity!

DISCIPLINA:

ANÁLISE DE VIABILIDADE

ECONÔMICO-FINANCEIRA

AULA 1

Prof. Ernani João Silva

CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos estudar a Análise de Viabilidade Econômico-Financeira (AVEF), buscando atingir os seguintes objetivos: fomentar uma reflexão etimológica sobre o que é a AVEF; definir qual é o objeto de estudo da AVEF e esclarecer o papel da Economia, da Contabilidade e da Engenharia na AVEF por meio do processo orçamentário. Para tanto, este encontro foi estruturado nos seguintes temas: Análise de Viabilidade Econômico- Financeira (AVEF), reflexão etimológica; definição do objeto de estudo da AVEF: capital; o papel da Economia na AVEF por meio do processo orçamentário; o papel da Contabilidade na AVEF por meio do processo orçamentário; o papel da Engenharia Financeira na AVEF por meio do processo orçamentário.

CONTEXTUALIZANDO

Uma empresa pode ser entendida como uma forma organizada de recursos produtivos cujo objetivo é a geração de resultados econômicos e financeiros favoráveis a curto, médio e longo prazos. Entre outras interpretações, é uma organização constituída para gerar lucro e caixa. Por isso, seus gestores precisam entender o significado das AVEFs e dos relatórios sobre elas. Quando esse cuidado interpretativo não é tomado, a entidade jurídica corre o risco de as decisões realizadas em seu nome fomentarem o desequilíbrio operacional, o que pode comprometer sua continuidade. Em outras palavras, a má interpretação de um relatório de AVEF pode criar cenários desfavoráveis. Por exemplo: se por um lado um erro de foco pode gerar cenários de inadimplências no curto prazo, ao mirar apenas posições de lucro no longo prazo; por outro, pode desencadear a manutenção de prejuízos que estão disfarçados de operações de caixa sustentadas pela queima de patrimônio. Assim, podemos justificar a importância dos temas a serem trabalhados nesta aula, pois eles possibilitam a interpretação do que é uma AVEF e, por conseguinte, contribuem para a continuidade das empresas.

Pesquise

atributo dado para o que é viável, e isso, por sua vez, nos leva ao termo francês “ viable”, o qual identifica aquele que está apto a viver em certo cenário por reunir condições favoráveis a tal ambiente.

Saiba mais

Se você ficou curioso pelo debate existente sobre a etimologia de “viabilidade” ou de outras palavras, saiba que existem vários livros bem legais e agradáveis sobre o tema, entre eles o que consta a seguir.  LEITE, Marli Quadros. Metalinguagem e discurso. 2. ed. Paraná: Humanitas, 2006. Nessa obra, você encontrará uma reflexão sobre a diferença de viável e vital que nos leva até o intelectual Rui Barbosa.

Com base no que foi visto, uma análise de viabilidade seria, de acordo com a linha que estamos seguindo, uma metodologia que busca apurar se determinado evento apresenta elementos específicos que o torne apto a sobreviver a certos cenários. Que elementos relevantes seriam esses? Ora, os econômicos e os financeiros, sendo estes os nossos dois próximos focos de investigação, mas, a partir de agora, vamos trabalhar com as formas mais contemporâneas dos termos. Ou seja, estudar, por exemplo, o que é “o resultado econômico”, em vez de nos atermos sobre qual é a origem da palavra “economia”. Por que faremos isso? Para podermos exemplificá-lo dentro do que nos é mais importante no curso. Vamos lá! Sobre a análise de viabilidade econômica, podemos dizer que seu objetivo é apurar a capacidade de certo evento em gerar resultados positivos no fluxo de receitas e despesas, ou seja, analisar a capacidade de um evento em gerar “ lucro ”. Já a análise de viabilidade financeira tem como principal objetivo apurar a capacidade de um evento em gerar resultado positivo no fluxo de encaixe e desencaixes, ou seja, seu foco é a análise da capacidade de pagamento. Ficou confuso? Então, observe o exemplo a seguir, o qual se encontra organizado em três partes: contextualização, problematização e resolução.

Contextualização

Imagine que o sr. Paulo, um dentista, comprou um carro no valor de R$ 10 mil na condição de pagamento a prazo, isto é, após 15 dias da data da compra, ele terá que pagar a citada quantia. Passados 10 dias da data da compra, sr. Paulo resolveu vender esse carro para seu amigo José, um bancário, pela quantia de R$ 15 mil na condição a prazo, com 12 dias para o pagamento (isto é, o sr. José vai pagar o sr. Paulo 12 dias após comprar o carro do dentista). Acontece que o sr. José, já no dia seguinte, vendeu o referenciado carro para seu primo Milton, um advogado, por R$ 16 mil na condição à vista.

Problematização Nessa contextualização, há transações entre conhecidos, em que em nenhum momento foi dito que os envolvidos sobrevivem de vender carros. Assim, a venda é um evento isolado na vida dessas pessoas. Todavia, vamos refletir o que ocorreria se esses personagens fossem entidades jurídicas, e a operação de compra e venda do carro fosse a atividade fim das empresas “Paulo Ltda.” e “José Ltda.”. Com base nesse novo cenário, vamos analisar os resultados econômicos e financeiros dessas entidades.

Resolução a) Primeiramente, vamos analisar o resultado econômico da operação. A empresa “Paulo Ltda.”, em cada operação de venda de carro, obtém no fluxo de receita e despesa um resultado positivo de R$ 5 mil (= vende por R$ 15 mil o que compra por R$ 10 mil). Já a empresa “José Ltda.” tem um resultado positivo de R$ 1 mil (= vende por R$ 16 mil o que compra por R$ 15 mil). Portanto, a empresa “Paulo Ltda.” tem maior capacidade de gerar lucro em comparação com à “José Ltda.”. b) Agora, vamos analisar o resultado financeiro da operação. A empresa “Paulo Ltda.”, em cada operação de venda de carro, obtém no fluxo de caixa (encaixe e desencaixe) um resultado negativo de 7 dias (= vende para receber em 12 dias o que tem que pagar em 5 dias <= 15 dias de prazo de compra menos 10 dias de posse). Já a empresa “José Ltda.” tem um resultado positivo de 11 dias (= vende para receber à vista o que tem que pagar daqui 11 dias <= 12 dias de prazo de compra menos 1 dia de posse). Portanto, a empresa “José Ltda.” tem maior capacidade de gerar caixa em comparação à “Paulo Ltda.”.

50, citado por Hoji, 2006, p.188). O capital de uma empresa pode ser obtido por duas formas: recursos de terceiros e recursos próprios. Com relação aos recursos de terceiros (= capital de terceiros), estes são aqueles que a empresa pode obter com personagens financeiros fora dos portões da empresa, por exemplo os bancos comerciais, por meio de operações como desconto de duplicatas, antecipação de contratos, etc. Já os recursos próprios (= capital próprio) são aqueles que podem ser obtidos com os donos (cotistas ou acionistas) atuais ou novos por meio de operações de emissão de ações/cotas da empresa, retenção de lucros, etc. Quando esses recursos são abordados em processos analíticos, são identificados segundo duas formas estruturais: financeira e capital. A estrutura financeira é formada pelos recursos obtidos com terceiros mais os recursos próprios da empresa/donos. Essa é a estrutura que financia todas as operações da empresa – por exemplo, máquinas, estoques etc. Já a estrutura de capital é um subconjunto da estrutura financeira, sendo constituída pelos recursos de longo prazo obtidos com terceiros mais os recursos próprios da empresa. A função principal desta última é financiar as necessidades operacionais de baixa liquidez da empresa, por exemplo, máquinas, instalações, enfim, tudo que provavelmente não terá condições de virar dinheiro no curto prazo. Vejamos a representação dessas formas segundo a interpretação da contabilidade:

Para fins analíticos sobre o capital, geralmente apenas a estrutura de capital é considerada, uma vez que esta é formada por fundos permanentes (PL = Patrimônio líquido) e de longo prazo (PNC = Passivo Não Circulante), ou seja, não é frequentemente alterada ao longo do tempo. Com base nessa lógica, o capital de uma empresa é simbolizado como:

Assim, o custo de capital da empresa seria obtido por meio da soma do custo dos capitais ponderados pelo volume de suas participações na estrutura. Ou seja, o custo de capital de uma empresa é a média ponderada aritmética entre os recursos de longo prazo de terceiros e o patrimônio líquido.

Saiba mais

Para ver a aplicação do uso de capital próprio e de terceiro, leia:

https://www.treasy.com.br/blog/custo-de-capital-capital-proprio-x-capital-de- terceiros/

É importante deixar claro que tanto o custo de capital próprio (k p ) quanto o capital de terceiros (k (^) t ) são formados pelos elementos de oportunidades perdidas (custo de oportunidade) e risco incorridos (prêmio de risco). No custo de oportunidade, os investidores querem receber no mínimo o que deixaram de ganhar ao saírem de uma posição de investimento sem risco (no Brasil, normalmente, usa-se a taxa Selic). No prêmio de risco, a taxa representa quanto

paradigmáticas se destacam: a Escola Econômica Neoclássica e a Nova Economia Institucional (NEI). Cada uma dessas escolas econômicas apresenta uma forma teórica própria para explicar o comportamento das firmas, ou seja, a Economia como área da ciência humana nos fornece duas lentes importantes para ajudar na “análise de viabilidade econômico-financeira” (AVEF): a teoria da firma neoclássica e a teoria da firma da NEI. Por que elas são importantes para AVEF? Porque juntas aproximam os cenários analíticos projetados para a realidade de uma empresa, ao abordarem, respectivamente, os custos das transformações e das transações presentes na AVEF, ou seja, fornecem possibilidades interpretativas. A Teoria da Firma Neoclássica, de forma bem sintética, tem como foco a diagramação do processo de transformação dos recursos produtivos em produtos finais e o volume de comercialização deste com base no preço comercializado. Tudo isso e um pouco mais é obtido com o uso da teoria, tendo como base a premissa de que o comportamento dos agentes econômicos envolvidos é de racionalidade substantiva – isto é, tanto as informações quanto sua interpretação são plenas. Para cumprir essa agenda tão densa de análise, a teoria da firma se desmembra em três outras:

1. produção – busca identificar, por exemplo, no curto prazo, as regiões produtivas que são viáveis e inviáveis no uso dos recursos fixo e variáveis. 2. custo – apresenta o comportamento do custo dada a eficiência identificada na teoria da produção e, partir dessa, estabelece qual a quantidade de maior eficiência em custo por unidade produzida (custo médio mínimo) 3. rendimento – demonstra o comportamento da receita total devido variações no preço médio das unidades vendidas. Exemplo: Quando o preço cai, geralmente vende-se mais produto, todavia nem sempre a receita aumenta com este volume maior de venda. O que tudo isso nos fornece no final? Bem, permite, ao término da análise, encontrar indicadores econômicos importantes sobre a viabilidade da empresa, como: ponto de equilíbrio e ponto de lucro máximo.

A Teoria da Firma da Nova Economia Institucional é importante para a AVEF porque traz para o debate analítico a importância do custo das transações/contratos, levantando a premissa de que os agentes são racionais,

porém limitados. Isto é, ela instiga a reflexão da viabilidade dos investimentos considerando qual é a possibilidade de controle dos eventos dada à complexidade que lhes é inerente, seja pelo tamanho do projeto, seja pelas especificidades envolvidas (por exemplo, tecnologia de ponta). Quanto maior a complexidade, maior o risco e, assim, maior o custo de execução. Ou seja, a firma para NEI tem como custo total a soma dos custos de transformação e de transação. O primeiro, isto é, o custo de transformação, colhe benefícios na medida em que a produção aumenta (logicamente, até o limite de sua capacidade produtiva) – os famosos ganhos de escala. Todavia, no segundo caso, o custo de transação, a firma amplia sua complexidade na medida em que a produção aumenta, ampliando, assim, os custos contratuais de aquisição e controle. Por que os custos transacionais aumentam? Para responder a essa pergunta vamos precisar entender como o cenário de custo de uma transação pode ser avaliado pela lógica da Teoria da Agência da NEI, que é uma parte importante da teoria da firma.

Vamos entender esse diagrama focando no comportamento que pode ocorrer em uma empresa. Dentro de uma empresa sempre teremos contratados e contratantes, os primeiros aceitam defender os interesses dos segundos mediante uma remuneração acertada em contrato (formal ou informal). Quando tudo corre bem, o acordo acontece dentro de um processo de egoísmo

TEMA 04: O PAPEL DA CONTABILIDADE NA AVEF POR MEIO DO PROCESSO

ORÇAMENTÁRIO

Este tema nos possibilita um momento de reflexão sobre o que é a Contabilidade e o que são seus relatórios/demonstrações. Com base nisso, abordaremos como a AVEF pode usar o poder informativo da Contabilidade, com maior ênfase nos aspectos gerenciais, isto é, para tomada de decisão de usuários gerenciais da empresa. A Contabilidade é considerada a linguagem dos negócios, uma vez que coleta, organiza, sumariza, processa e informa a situação patrimonial e operacional de uma entidade por meio de demonstrações objetivas sobre os elementos-chave desses eventos. Para tanto, usa um conjunto rigoroso de procedimentos que auxilia a produção de informações úteis e confiáveis para interesses dos seus usuários. O problema é que existem diferentes tipos de usuários e, logicamente, diversos tipos de interesses informacionais. Como a Contabilidade resolve isso? Simples, segmenta-se em diferentes tipos, entre os quais, para os fins da AVEF, destacam-se a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira. A contabilidade gerencial destina-se a atender aos interesses dos usuários internos, isto é, dos gestores, os quais precisam de informações que possam esclarecer o efeito de suas decisões ao longo do tempo. Portanto, tem um caráter preditivo em seus relatórios. Por exemplo: o lucro demonstrado em seus relatórios pode ser, conforme o caso, constituído pelo preço de reposição dos insumos, e não pelo valor histórico da compra – nesse caso, o lucro seria o excedente obtido em relação ao que será gasto para a reposição do estoque. Outra característica importante da contabilidade gerencial é que ela, diferentemente da financeira, tem maior flexibilidade no uso de custeios (formas de contabilização dos dispêndios), pois pode usar uma ou mais formas de mensuração que jugue necessário pela ótica do benefício custo – por exemplo: custeio variável, ABC, etc. A contabilidade financeira é destinada principalmente para os usuários externos, mas também pode ser usada pelos internos. Como seu foco é o público fora de seus portões, seus relatórios precisam ser construídos com maior rigor no uso de princípios contábeis amplamente aceitos, para que todos que os usem não tenham dúvidas sobre como estes foram feitos ou o que informam. Outra característica é que sua informação, em geral, demonstra os efeitos das

decisões pretéritas. Por exemplo: o lucro demonstrado em seus relatórios é constituído pelo preço histórico de aquisição dos insumos e não pelo valor reposição – neste caso, o lucro seria o excedente obtido em relação ao que já foi gasto. Por fim, considerando o aspecto do custeio, a contabilidade precisa apresentar seus relatórios finais apresentando os valores dos custos apropriados aos produtos finais e os valores das despesas como dispêndios do período. Em outras palavras, precisa utilizar o custeio por absorção parcial ou ajustar os resultados dos demais custeios para ficarem iguais aos que seriam obtidos pelo método por absorção.

SAIBA MAIS

Para obter mais informações sobre a imposição do uso do custeio por absorção na contabilidade financeira, leia o artigo a seguir.  É o Custeio por Absorção o único método aceito pela Contabilidade? Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/

Mas, afinal, como é possível usar a contabilidade na AVEF? Por meio das informações geradas por seus principais relatórios, os quais, pela ótica gerencial, serão gerados com o uso do procedimento orçamentário. Observe estes exemplos:  Balanço Patrimonial (BP) O BP orçado nos permitirá entender como as decisões tomadas em um projeto afetarão a empresa no horizonte temporal de um projeto. Nesse sentido, podemos citar como exemplo os impactos decisórios nas estruturas financeira e de capital, a visualização das “necessidades de capital de giro líquido” (NCGL), a capacidade de liquidez diante dos compromissos de curto prazo (= liquidez corrente e seca).

Demonstração de Resultado (DR) O DR orçado nos permitirá entender, por meio das diferentes formas de custeios, qual será o potencial da empresa na geração de lucro. Por exemplo: essa demonstração, se for bem-feita, poderá informar os impactos econômicos gerados pelos diferentes volumes que serão transacionados, bem como os das alterações das despesas com o incremento nos níveis de investimento.

artefatos que busca avaliar sistemicamente um investimento pelas óticas econômica e financeira. Mas quais seriam esses artefatos? Os da engenharia de produção, quando olha para o comportamento de um projeto (ex.: aporte inicial de capital, reposição de equipamentos, etc.); os da economia, quando se preocupa de que forma os recursos escassos estão sendo utilizados (ex.: as oportunidades perdidas, riscos corridos, etc.); por fim, os da matemática financeira, quando considera o efeito do tempo nos valores aplicados e gerados (ex.: valor presente líquido, valores uniformes, etc.). Agora que já estudamos o que é a Engenharia Econômica, vamos ver como ela pode ser utilizada no processo da AVEF. A lógica é a seguinte: os valores, tanto do capital investido quanto dos montantes que ele gera, se alteram ao longo do tempo por diversas causas, entre elas oportunidades, risco, inflação. Da mesma forma, com o tempo, os recursos escassos vão apresentando os benefícios e/ou malefícios nominais que geram, dada a maneira como o investimento foi organizado, por exemplo: prejuízos por operarem abaixo do ponto de equilíbrio ou lucro quando acima desse ponto. A Engenharia Econômica nos permite avaliar ambas as coisas ao mesmo tempo, quando, por intermédio da matemática financeira, nos permite analisar o comportamento do fluxo de caixa de um investimento ao longo do tempo. Observe este diagrama:

Nessa representação, a linha central é a indicação do tempo de um investimento, o momento zero é o início e as marcações posteriores os momentos seguintes até sua conclusão no momento “n”. Por exemplo: considere que, em certo ano no mês de janeiro, você resolve investir R$ 100,00 durante 6 meses. Assim, o momento zero é janeiro (início); o 1, fevereiro (1 mês depois de zero); o 2, março (2 meses depois de zero), e assim por diante até chegar ao momento 6, que é julho (6 meses depois de zero). Com relação ao “n” e ao “n- 1”, são formas de expressar genericamente o final do fluxo sem indicar um valor

específico. No exemplo, o final era momento 6 (n), então o momento anterior era o momento 5 ( n – 1 = 6 – 1).

Quanto ao símbolo “ ” que aparece entre o “2” e o “n-1, é uma forma de indicar a sequência de momentos que existe entre o 2 e o penúltimo momento da série, ou seja, o símbolo, no exemplo, representa os momentos 3 e 4. Seu uso é recorrente em séries muito longas, em que existe repetição de eventos no intervalo. Imagine um fluxo de 200 momentos no qual entre o momento 20 e 180

não acontece nada, pense como deve ser desenhar isto... solução “ ”. Por fim, quanto ao significado do diagrama do fluxo de caixa, resta-nos falar sobre os encaixes e desencaixes. Quando temos a entrada de recursos (encaixe) em um investimento, ela é representada por uma seta desenhada acima da linha do tempo. Quando temos a saída de recursos (desencaixe), ela é indica por uma seta desenhada abaixo da linha do tempo. Essas formas de representação são tratadas nas fórmulas com os sinais + para encaixe e – para desencaixe. Daí o motivo de a calculadora HP 12c ter a tecla CHS, ela serve para você indicar se o número informado é encaixe ou desencaixe no fluxo financeiro. Para encerrarmos esse tópico sobre a importância da Engenharia Econômica e sua forma de uso na AVEF, precisamos entender a lógica dos sinais – e + nos cálculos. Se você digitar na HP 12c que R$ 100,00 foram aplicados em um investimento de 12 meses com taxa de retorno de 5% ao mês, muito provavelmente ela informará na tela que, ao término da aplicação, o valor será de menos R$ 179,59. Se isso aconteceu, aposto que você ficou confuso e deve ter pensado: “Por que o valor negativo? Não era para ter lucro?”. Primeiramente, fique calmo, pois a HP12c não errou, ela simplesmente seguiu a lógica do fluxo de caixa. Funciona assim: se você fez um investimento, isso significa que colocou a mão no bolso e tirou R$ 100,00, isto é, fez um desencaixe, por isso o lançamento na HP12c deve ser feito com sinal negativo. Como as pessoas costumam lançar as aplicações que fazem sem respeitar o sinal, a HP12c entende que o valor informado é um encaixe (empréstimo recebido), informando um valor negativo ao término da aplicação (neste caso, o valor de – 179,59), pois está informando quanto você deve pagar pelo empréstimo recebido, isto é, o valor do desencaixe. Então, para termos a resposta correta, deveríamos proceder respeitando os sinais. Desta forma: 12 n (meses); 5 i (juros); 100 CHS PV (desencaixe), FV (na tela 179,59 positivo = encaixe).

b) Identificação do que deve ser feito e teoria/conteúdo que resolve o problema Ao lermos o problema, fica claro que devemos utilizar a fórmula: K = COp + Pr Também precisamos extrair os dados das variáveis apresentadas no texto. Para isso, é possível utilizar a teoria da estrutura de capital, vista no tema 2.

c) Apresentação da solução do problema Qual é o custo do capital de terceiros para a empresa? Resposta: 15% a.a. (é igual a captação, pois a empresa é lucro presumido, se fosse lucro real, teríamos que tirar o efeito do IRPJ e da CSLL).

Qual é o custo de oportunidade desses terceiros? Resposta: O custo de capital de terceiros segue a seguinte lógica: K = Cop + Pr Sendo o Custo de oportunidade (Cop) uma aplicação sem risco, portanto, podemos referenciá-la como sendo o valor da taxa Selic. Portanto, o Cop é de 10,75% (já estava dado o valor no texto).

Qual é o valor prêmio de risco considerado por esses fornecedores? Resposta: Seguindo a mesma lógica: K = Cop + Pr K = Selic + Pr 15% = 10,75% + Pr 15% - 10,75% = Pr 4,25% = Pr => Prêmio de risco é de 4,25%.

SÍNTESE

Neste encontro, trabalhamos os elementos essenciais da Análise de Viabilidade Econômico-Financeira (AVEF). No tema 1, vimos que AVEF busca analisar, em síntese, a capacidade de a empresa gerar lucro e caixa em cenários projetados em um processo orçamentário. No tema 2, identificamos que o objeto de estudo da AVEF é o capital e, também, apuramos sua relevância para uma empresa. No tema 3, refletimos sobre a importância do arcabouço teórico da

Economia na AVEF, focando nas escolas econômicas: “neoclássica” e da “nova instituição”. No tema 4, fizemos uma análise sobre a força da informação contábil na AVEF, bem como os indicadores que ela nos permite gerar. Por fim, no tema 5, estudamos a Engenharia Econômica, analisando a importância do diagrama do fluxo de caixa para AVEF. Além disso, fomentamos, no fórum, um debate sobre a importância da AVEF em fato real de nossa economia e, por fim, aplicamos matematicamente um dos artefatos estudados. Quanto ao problema levantado na seção Pesquise, a resposta para ele é que o diretor está equivocado em sua dedução, pois um relatório que apresente apenas o resultado econômico não serve para conclusões sobre saldo de caixa em operações de curto prazo... Provavelmente, você já sabia essa resposta, afinal, depois de tudo o que foi estudado, essa confusão do diretor ficou muito óbvia para sua nova forma de ver o mundo empresarial.

REFERÊNCIAS

ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. et al. Finanças corporativas: análise de demonstrativos contábeis e de investimentos. Curitiba: Intersaberes, 2014.

_____. Gestão financeira moderna: uma abordagem prática. Curitiba: Intersaberes, 2013.

BEZAS, G.; WERNECK, A. L. Idioma grego: análise da etimologia anatomocardiológica: passado e presente. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v27n2/v27n2a22.pdf. Acesso em: 16 ago. 2016.

CHEROBIM, A. P. S.; LEMES JR., A. B.; RIGO, C. M. Administração financeira : princípios, fundamentos e práticas brasileiras – aplicações e casos nacionais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

CONSALTER, M. A. S. Elaboração de projetos: da introdução a conclusão. Curitiba: Ibpex, 2007.

HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 10. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.