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A literatura é uma forma de arte que traz consigo fatos históricos, que podem estar explícitos ou implícitos nas obras. Portanto, para.
Tipologia: Slides
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1. Introdução
A literatura é uma forma de arte que traz consigo fatos históricos, que podem estar explícitos ou implícitos nas obras. Portanto, para analisar uma obra literária é necessário pesquisar o período em que a obra se passa e o comportamento da sociedade naquela época, para assim poder compreender os seus personagens e os acontecimentos dentro do enredo. Além disso, é necessário analisar outras obras do autor para compreender seu estilo literário e suas características próprias. Ao ler uma obra compreendemos o enredo, mas é através da análise que conseguimos compreendê-la de fato.
2. Objetivos
Esta análise pretende caracterizar uma das primeiras comédias escrita por William Shakespeare, A Megera Domada, como uma crítica e sátira do machismo e da submissão das mulheres no período Renascentista. Pretendemos desenvolver a análise levando em consideração os fatos históricos da época em que a obra foi realizada e as características próprias de Shakespeare.
3. Desenvolvimento
Nas obras de Shakespeare encontramos características do período Renascentista. Na obra A Megera Domada especificamente, Shakespeare expôs a submissão da mulher, fato que era muito comum na época. A obra pode ter duas interpretações diferentes. Shakespeare poderia simplesmente ter sido influenciado pelo período em que vivia e teria relatado os fatos de maneira cômica. Outra suposição é que o autor escreveu a peça justamente para ridicularizar o machismo e a submissão feminina. Esta análise irá caracterizar a comédia como sendo uma crítica ao que acontecia na época. A Rainha Elizabeth I nos ajudará a entender a essência da megera de Shakespeare. Ela foi a primeira mulher independente e bem sucedida no reino da política masculina, sendo assim a maior monarca da Grã Bretanha. Embora muitos pensadores patriarcais argumentassem que nenhuma mulher poderia exercer o poder com inteligência ou eficácia, o reinado triunfante de Elizabeth mudou para sempre a ideia mundial da capacidade da mulher. (Gelb, 2002) Shakespeare demonstra sua admiração por ela na seguinte declaração: “Elizabeth... deve ser amada e temida. Os seus devem abençoá-la: seus inimigos tremem como um campo de cereais açoitados pelo vento e abaixam a cabeça com pesar. O bem cresce com ela. Nos seus dias, todo homem comerá em segurança sob suas próprias videiras o que ele planta e cantará canções alegres de paz a todos os seus vizinhos.” (Shakespeare, apud Gelb, 2002) Assim, observa-se que a admiração de Shakespeare pela Rainha Elizabeth I vinha pelo poder e autoridade que ela exercia, e com isso a personagem Catarina pode ter sido inspirada nas conquistas e na personalidade da Rainha. A megera de Shakespeare tem a personalidade muito forte e a língua afiada. Observamos que ela não quer ser controlada nem pelo próprio pai, Batista, e nem pelos supostos pretendentes. Bianca, a filha mais nova de Batista, é totalmente diferente de Catarina. Bianca é uma menina meiga e obediente e com muitos pretendentes. Porém, como já se sabe Bianca só poderia se casar depois que sua irmã mais velha se casasse. Os pretendentes ao observarem tal comportamento, almejam ter Bianca como esposa. Ambas as filhas
são “negociadas” por Batista, mas Catarina por ser mais velha teria que casar-se o quanto antes. Fica claro o desespero de Batista em livrar-se dela. Porém, diferentemente de Bianca, Catarina não só percebe a maneira como é tratada, como não aceita e se impõe ao pai: “Eu pergunto, senhor, é seu intuito transformar-me em brinquedo desses pretendentes?” (Shakespeare, 1998 – pág.28/29) Batista utiliza termos como “espírito maligno” para insultar Catarina e fica clara a preferência deste por Bianca. Os termos negativos para caracterizá-la não cessam no leito familiar. Todos os personagens da peça desprezam-na e com isso conseguimos analisar como a sociedade renascentista enxergava as mulheres que agiam como ela. Nota-se que ao chegar à cidade, Petrúquio já tem conhecimento da fama de Catarina. Como o interesse de Petrúquio é puramente no dinheiro, ele pouco se importa com o gênio forte de Catarina. Dessa forma, indaga-se: como Catarina que se opunha a todos os paradigmas da época, ao final da peça é domada por Petrúquio? Ou, afinal, será que Catarina realmente foi domada? Petrúquio foi a única pessoa que supostamente conseguiu domar a megera. Mas, por que Catarina muda de comportamento ao casar-se com Petrúquio? Afinal, se a peça é uma crítica à sociedade, a megera deveria triunfar no final da obra. Ao analisarmos o primeiro diálogo entre o casal, nota-se que ele a elogia. Porém, ao mesmo tempo em que a elogia, faz com que Catarina lembre-se de como é vista por todos: como uma megera. (Feitosa, 2008). Catarina percebe a ironia e insulta-o. Petrúquio ameaça domar Catarina: “[...] Eu sou aquele que nasceu para domar-te e transformar a Cata selvagem numa gata mansa. [...]” (Shakespeare, 1998 - pág. 61), porém, Catarina parece não aceitar o casamento. Portanto, Catarina parecia continuar sendo a indomável de sempre, mas logo após Petrúquio combinar o casamento com Batista, ela permanece calada e com isso inicia-se a mudança da megera. Segundo Feitosa, uma das possibilidades é que ao mudar o discurso, Petrúquio traz o foco para ele. Ele começa a ser visto como insuportável e louco, enquanto a sociedade acha Catarina uma pessoa dócil se comparada a ele. Logo após o casamento, Grêmio diz a Trânio: “[...] ela é uma ovelha, uma pomba, uma tolinha diante dele. [...]”. Vale ressaltar que a imagem que se tem sobre Catarina é formada ao longo da peça pelo o que a sociedade diz sobre ela. Ao mostrar seu lado generoso, Catarina parece diferente em seu comportamento. Contudo, é a falta do discurso negativo da sociedade sobre ela, que nos faz enxergar sua real natureza. (Feitosa, 2008). Mesmo assim, a megera continuava a se opor ao marido, porém, Catarina começa a notar que se continuasse a se opor a Petrúquio, este iria maltratá-la até domá-la. Então, Catarina sente a necessidade de dissimular obediência. No banquete de casamento de Bianca, Catarina se mostra a única esposa obediente entre as outras. A obediência de Catarina surpreende a todos, afinal ela não é mais o “demônio” que todos conheciam. Bianca considera tal obediência algo inaceitável, julgando-a como uma “obediência estúpida”. Nota-se que nesse ponto há a famosa inversão shakespeariana. Catarina que parecia ser indomável, agora aparentemente é controlada pelo marido e Bianca que sempre foi submissa e obediente ao pai, agora não respeita o marido. O discurso final de Catarina na última cena da peça exige muita atenção para que se possa compreender a ambiguidade em sua fala. Nesse discurso final, Catarina começa dizendo o quanto as mulheres deveriam obedecer e valorizar seus maridos. Aparentemente, este discurso parece totalmente fora dos ideais que Catarina seguia, mas com uma análise mais aprofundada, é possível enxergar sua ironia. Catarina diz: “[...] A mulher irritada é uma fonte turva, enlameada, desagradável de aspecto, ausente de beleza. [...]” (Shakespeare, 1998 - pág. 129). Catarina era julgada por ter o gênio forte e se mostrar sempre irritada com todos ao seu redor. Agora, ela simula ser uma esposa submissa e calma, enquanto Bianca se tornara desobediente e respondona. Ela devolve os insultos que tantas vezes recebeu, porém de forma muito sutil, afinal Bianca se tornara justamente o que Batista e os pretendentes tanto abominavam. Catarina não só satiriza a sociedade em geral, como também não perde a oportunidade de satirizar Petrúquio: “[...] O marido é teu senhor, tua vida, teu protetor, teu chefe e soberano. É quem cuida de ti, e, para manter-te, submete seu corpo a trabalho penoso seja em terra ou no mar. Sofrendo a tempestade à noite, de dia o frio, enquanto dormes no teu leito morno, salva e segura[...]” (Shakespeare, 1998 - pág. 129) Como sabemos, Petrúquio fez tudo contrariamente do que Catarina enalteceu. Portanto, o intuito de Catarina é mostrar à Petrúquio o papel do homem na sociedade (Feitosa, 2008), assim como tantas vezes foi imposto a ela o papel da mulher na sociedade. Dessa forma, Catarina diz disfarçadamente que Petrúquio também não fazia parte dos padrões renascentistas. Catarina se incomodava com a negociação que existia para se realizar o casamento, acima de tudo com interesses financeiros, tratando a mulher como um material em negociação. Ela também satiriza esse fato, dizendo: “[...] E não exige de ti outro tributo senão amor, beleza, sincera obediência. Pagamento reduzido demais para tão grande esforço. [...]”. Assim, Catarina diz que a mulher estaria em dívida com o marido. Porém, no caso dela, a fortuna foi cedida da mulher para o homem e assim, quem estaria em dívida seria Petrúquio em relação à Catarina. (Feitosa, 2008) Por fim, Catarina finaliza seu discurso deixando a dissimulação e sendo sincera. (Feitosa, 2008) Catarina admite que já teve o gênio difícil, mas que de nada adianta, pois diz: “[...] Nossa força é fraqueza, nossa fraqueza, sem remédio. E quanto mais queremos ser, menos nós somos. [...]”. Portanto, Catarina não foi domada por Petrúquio, mas aprendeu a lidar com o marido e utiliza a sua dissimulação a favor de seus interesses, ou seja, para conseguir o que deseja.
4. Resultado e Discussão
A maioria das análises sobre a obra A Megera Domada de William Shakespeare, julga a obra como um retrato do machismo da era renascentista. Porém, a obra em questão é uma comédia com a presença de muitas ambiguidades, ironias e sarcasmos; características muito específicas do autor e que podem sugerir uma conotação diferente à obra. Foi provada na análise que Shakespeare tinha uma admiração muito grande pela Rainha Elizabeth I que foi um símbolo muito forte do poder feminino em uma época em que as mulheres não tinham espaço. Começando por esse fato é possível gerar uma primeira hipótese: se Shakespeare admirava a Elizabeth I, faria ele uma obra machista? Catarina é a principal personagem da trama e a ironia está sempre presente em sua fala. Com isso, pode-se gerar uma nova hipótese: teria Catarina sido realmente domada por Petrúquio? Portanto, a principal discussão em torno da obra é se ela é apenas um retrato da época Renascentista, sendo assim uma obra machista ou se a obra trata de um tema a frente de seu