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AMIGOS LIVROS PARA COMPARTILHAMENTO, Resumos de Pedagogia

AMIGOS LIVROS PARA COMPARTILHAMENTO

Tipologia: Resumos

Antes de 2010

Compartilhado em 21/04/2023

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helaine-ribeiro-1 🇧🇷

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Agradecemos aos parceiros que investem em nosso projeto.
ISBN 978-85-7694-172-9
"Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida,
o livro. Os outros são extensões de seu corpo. O microscópio, o
telescópio, são extensões da vista; o telefone, é a extensão da voz; temos
o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro
é uma extensão da memória e da imaginação."
Jorge Luís Borges
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Agradecemos aos parceiros que investem em nosso projeto.

ISBN 978-85-7694-172-

"Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da vista; o telefone, é a extensão da voz; temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação." Jorge Luís Borges

Amigos

Livros

Ilustrado por Daniel Kondo

Patrícia engel Secco

Antes de Mais Nada...

Antes de começar, acho interessante apresentar alguns pontos, pois é um imenso prazer poder contar com você nessa gratificante tarefa de abrir portas e janelas, de mostrar caminhos, de incenti- var a leitura.

Meu nome é Patrícia Engel Secco, sou escritora de livros infan- to-juvenis e, por meio do programa “Amigos Livros”, tenho tido a oportunidade de vivenciar experiências incríveis nas quais crianças de todas as idades, classes e ambientes sociais se mostram extremamente interessadas pela leitura.

Esse programa já distribuiu, desde 1996, milhões de livros gra- tuitamente por todo país, todos eles de conteúdo relacionado à cidadania e de excelente qualidade gráfica, livros que têm se tor- nado companheiros de crianças em lugares tão distantes como o Rio Grande do Sul, o Tocantins e o Acre, assim como nos outros estados do Brasil.

Todo esse material, composto por mais de 70 títulos diferentes, foi produzido graças a parcerias desenvolvidas com empresas, instituições e órgãos públicos. Entretanto, o sucesso dessa dis- tribuição não é o fruto exclusivo do meu esforço, muito menos dos recursos monetários advindos do patrocínio de inúmeras empresas. É, sim, a soma do resultado do trabalho de diversos parceiros, todos envolvidos no incentivo ao hábito da leitura. Pessoas que, sabendo ser a leitura um dos principais instrumentos de aprendiza- gem existentes, acreditam que ler é realmente fundamental. E, den- tre essas pessoas maravilhosas, com certeza está você.

É preciso deixar claro que, se não fosse o trabalho conjunto de diretores de escolas, bibliotecários, professores, pais e familiares,

voluntários, enfim, de todas as pessoas amantes do livro e da leitu- ra, não haveria nada a ser relatado aqui: nenhuma experiência, nenhum resultado.

Foram justamente o amor que você sente pela palavra escri- ta e todo o carinho que você dedica ao incentivo ao hábito da leitura que me levaram a escrever este livro de dicas, obtidas a partir do meu trabalho, do seu e do de diversas pessoas como nós apaixonadas pelas nossas crianças e conscientes da importância que a leitura tem e terá na vida de cada uma delas.

Portanto, se daqui para frente você achar que conhece o que estou contando de algum lugar, pode ter a certeza de que me inspirei em você e nas suas crianças.

E mais... Essa é a razão de eu estar dedicando este livro ao seu trabalho: o de fazer o meu trabalho valer a pena. Afinal, de que vale um livro, por mais bem escrito que esteja, ou mais bem ilustrado que possa estar, se não houver, no mundo, o leitor?

Então, muito obrigada por tudo. Espero de coração que você ache esta leitura agradável. Assim, do mesmo modo que me inspirei em você, ficarei aqui, torcendo para que faça uso deste material e crie novas oportunidades, desenvolva novos projetos e, se tiver tempo, conte o que aconteceu. Quem sabe não podemos trocar novas idéias e, todos juntos, escrever um novo livro com ainda mais dicas?

Tenho certeza de que essa parceria ainda vai crescer bastante, e que o nosso Brasil vai mostrar, muito em breve, que é verdadeira- mente um país de leitores.

Patrícia Engel Secco

Quem sabe não podemos trocar novas idéias e, todos juntos, escrever um novo livro com ainda mais dicas?

A Criança e o Livro

Sendo um pouco mais formal do que eu gostaria de ser, acho importante contextualizarmos o relacionamento da criança e dos livros. A criança pequena é, por natureza, uma entusiasta pela leitura. Rodeada por símbolos que ainda não conhece, sonha com o dia em que conseguirá decifrar as letras e com elas compreender o signi- ficado de cada palavra escrita. Dessa maneira, logo que ela é alfabetizada, esse prazer fica mais do que evidente quando a vemos ler em voz alta uma palavra escri- ta em um cartaz de rua ou em uma manchete de jornal, prazer este ampliado quando a leitura se estende a uma frase inteira ou a um parágrafo completo. Nessa fase a criança talvez não entenda o significado do que leu, pois na maioria das vezes o material não é adequado para sua idade e, quase sempre, está nas mãos de um adulto ou exposto em vias públicas. É nesse momento que não podemos perder a oportunidade de oferecer livros a esse jovem leitor: livros lindos, coloridos, repletos de ilustrações. Livros que serão a chave de ouro a abrir para ele as portas do maravilhoso mundo da literatura. Entretanto, para que possamos usufruir os prazeres desse mundo tão especial, precisamos trafegar pela estrada do “hábito da leitura”, uma estrada larga, atraente, mas também cheia de desvios e caminhos extras que podem nos levar, num piscar de olhos, para outras atividades... Pois no mundo em que vivemos a informação, a tecnologia e os hábitos de consumo parecem querer se unir de forma a nos afastar dos livros. E para a criança os resultados dessa união são tão atraentes que é difícil ela não se deixar seduzir. A televisão e seus recursos, inimagináveis há alguns anos, como canais com desenhos animados 24 horas por dia, os videogames e a realidade virtual, os jogos eletrônicos, os filmes e brinquedos de ação, todas essas opções são de tal forma eficazes para divertir que fica até difícil a tarefa de escolher entre elas... Mas ainda há mais: há o encantamento do mundo do lado de fora da janela, dos jogos de futebol, dos passeios de bicicleta, dos mergulhos nos dias de calor, das brincadeiras com os amigos. Tudo

A criança pequena é, por natureza, uma entusiasta pela leitura.

isso para ser feito nas horas vagas, depois da escola, depois de estar com a lição terminada, depois das aulas extras e... Como podem as crianças, em meio a tantas atividades e obrigações, encontrar tempo para a leitura? Ou, melhor ainda, como con- seguirão elas encontrar tempo para ler, e ler com prazer? Não podemos esquecer que o mundo mudou muito. A cada dia que passa as informações chegam mais rapidamente ao nosso conhecimento e, de forma praticamente instantânea, temos acesso a tudo que acontece no planeta, e até fora dele... O que também vale para essas crianças que ouvem tudo, prestam atenção em tudo e sabem de tudo. Assim, a tarefa de revelar às nossas crianças como pode ser prazerosa e encantadora a companhia de um bom livro não é fácil, e quanto mais tempo deixarmos passar para mostrar a elas como caminhar pela maravilhosa estrada da leitura que descrevi há pouco, mais difícil será sua trajetória. Um fato que precisamos ter sempre em mente é que não há como comparar, de maneira alguma, a nossa infância à infância das crianças de hoje. E tentar explicar-lhes a importância que dávamos ao livro não vai nos ajudar muito nessa missão. O que vai contar pontos, – decisivos, aliás, – é transmitir todas as boas lembranças que ficaram em nossos corações das deliciosas horas em companhia desses amigos inesquecíveis, vivendo aventuras incríveis que só nossa própria imaginação pode proporcionar. E então, vamos lá?

seu livro, e que você verifique se o mesmo é adequado, ou seja, se a história não é longa demais, se as letras não são muito pequenas ou se o assunto abordado não é inapropriado. Feito isso, as chances de que o nosso querido leitor termine seu livro são enormes, e a sen- sação de ter lido “um livro inteiro” é tão deliciosa que pode e deve ser comemorada.

“Um Livro Inteiro”

Portanto, comemorar essa conquista tão especial é outra su- gestão bastante interessante, e a comemoração pode acontecer por meio de um abraço especial, de uma salva de palmas ou do nome do pequeno leitor em um lugar de destaque na classe, na biblioteca, na sala de leitura e até mesmo em casa. Para a criança, contar a história que acabou de ser lida aos ami- gos também pode ser uma comemoração bastante agradável, mas ela precisa estar de acordo, pois leitores tímidos não achariam nada interessante a experiência... Aliás, é importante frisar, a idéia é que a criança conte a história do seu modo, no seu ritmo. Caso não haja muito tempo, ajude na organização das informações, mas deixe o querido leitor ser o dono da festa. Muitas vezes saber que o amigo leu um determinado livro e gostou ou conhecer um pouco da história são ótimos estímulos à leitura do mesmo material por outras crianças. Vale lembrar que nem toda leitura agrada a todos, como não poderia deixar de ser, opiniões devem ser respeitadas. Assim, caso um aluno não tenha apreciado a obra após terminar de lê-la e queira manifestar interesse em apresentar aos colegas sua opinião, devemos respeitá-la. Entretanto, é importante que ele tenha ter- minado de ler o livro, pois para dizer que não gostamos de algo temos de realmente tê-lo experimentado. Deixar que as crianças apresentem sua opinião sobre as obras para os colegas é sempre válido, assim como é muito interessante aproveitar a oportunidade e perguntar para as outras crianças se alguma delas também leu a obra e compartilha dessa opinião. Geralmente os resultados das “conversas sobre livros” são posi- tivos, pois, afinal, foram as próprias crianças que os escolheram!

a idéia é que a criança conte a história do seu modo, no seu ritmo.

Leitura Coletiva

Outra sugestão que pode ser bastante prazerosa é a leitura coletiva, ou seja, em grupo. Bem, o que eu estou querendo dizer é “leia um livro para as crianças”, “conte histórias!” Escolha três ou quatro livros não muito longos, adequados para a faixa etária com a qual você está trabalhando, e deixe que deci- dam qual será lido. Se estiver trabalhando com uma classe, o ideal é que as crian- ças estejam acomodadas em uma roda. Se seu trabalho é com ape- nas uma ou duas crianças, sugiro um sofá ou uma cadeira larga e confortável. Pronto, o ambiente está montado, e você já pode começar a contar a história. Comentários pertinentes ao longo do caminho são bem-vindos, e deixar que as crianças folheiem o livro após a leitura é ainda melhor. Se tiver a possibilidade de usar bonecos, marionetes ou mesmo desenhos, aproveite a experiência, use a imaginação. É uma delícia! Agora, caso você se apaixone por essa idéia, sugiro que procure aprimorar suas técnicas de “contar histórias” por meio da leitura de livros especializados no assunto (veja a bibliografia). Alguns são muito bons e apresentam inúmeras dicas de como prender a atenção das crianças e fazê-las viajar por esse maravilhoso mundo da imaginação.

Biblioteca do Coração

Depois de algum tempo, quando as crianças já tiverem tido oportunidade de ler deliciosos “livros inteiros” e apreciar diversas “leituras coletivas”, sugira a criação de uma “Biblioteca do Coração”. Sua criação é muito simples e consiste em pedir para cada crian- ça levar para a classe seu livro predileto, de forma que cada um tenha oportunidade de mostrá-lo aos amigos. Contar a história, mostrar as ilustrações ou mesmo fazer dese- nhos sobre o que foi lido são atividades que devem ser incentivadas.

Se tiver a possibilidade de usar bonecos, marionetes ou mesmo desenhos, aproveite a experiência, use a imaginação. É uma delícia!

Finalmente, após muita conversa sobre esses livros sensacionais, é chegada a hora de construir, com a colaboração de todas as crianças, a “Biblioteca do Coração”, que será desenhada em uma cartolina, com muito capricho. Sugiro que você desenhe as prateleiras da biblioteca e que cada aluno seja o responsável por desenhar nelas seu livro predileto, ilustrando sua capa ou anotando seu título. O trabalho pronto pode ser pendurado na classe, na biblioteca da escola ou na sala de leitura, mas é muito importante que seja escolhido um lugar de destaque para ele. Como as crianças continuarão sendo estimu- ladas em seus trabalhos de leitura, a Biblioteca do Coração pode receber livros novos após um determinado espaço de tempo ou, ainda, ser refeita, se for do interesse das crianças. O que precisa ficar patente é a confiança de que a leitura é um hábito realmente prazeroso e que essa opinião é comparti- lhada pelos amigos, colegas, professores e pais, fato que confere à criança incentivo para continuar, para se aventurar, para descobrir... Descobrir que a cada livro novo, a cada nova aventu- ra, a cada nova história, mais e mais portas se abrem, mais colo- rido vai ficando seu universo literário, mais amigos e compa- nheiros os livros vão se tornando.

“Biblioteca do Coração” na Classe

Se houver oportunidade, além do cartaz sugerido acima, forme fisicamente a Biblioteca do Coração na classe, ou deixe- a separada na biblioteca ou na sala de leitura. Faça pequenos car- tazes indicando que aqueles livros são os livros do coração da Turma A, B ou C. Deixe que ela exista “realmente” por algumas semanas, pois isso facilitará o trabalho das crianças na hora de escolher o próximo livro. Caso a Biblioteca do Coração esteja na sala de aula, incentive a leitura sempre que houver alguns minutos livres entre uma atividade e outra, ou mesmo quando um determinado aluno já tiver termina- do seus afazeres. Além de agradável, esse hábito manterá os alunos entretidos e interessados. Aproveite as oportunidades para deixar que o livro faça, efetivamente, companhia para a criança!

Sua criação é muito simples e consiste em pedir para cada criança levar para a classe seu livro predileto, de forma que cada um tenha oportunidade de mostrá-lo aos amigos.

“Biblioteca da Fama”

Caso você trabalhe com crianças mais velhas ou jovens e não ache adequado montar uma “Biblioteca do Coração”, crie uma “Biblioteca da Fama”ou uma “Lista dos Campeões”. Sugira que cada um de seus alunos indique seu livro preferido, e, se houver oportu- nidade, crie “fisicamente” a biblioteca na classe. Ter os livros por perto é sempre um ótimo estímulo.

Leitura Sugerida

A escolha de um livro interessante para a classe como um todo é uma atividade que não pode e não deve ser esquecida. Muitas vezes sabemos da importância do assunto tratado em uma deter- minada obra e não há nada mais apropriado do que sugerir que todos os alunos leiam o mesmo livro. Mas minha sugestão como amante da leitura é que os temas abordados pelo livro escolhido sejam discutidos em classe, tornan- do-os mais e mais interessantes, que a discussão em torno do livro seja alegre e participativa, e que os alunos façam desenhos sobre a obra sempre que possível. Ilustrar um texto cria vínculos entre o ilustrador e o conteúdo, permite intimidade, desenvolve amizade. Além do mais o desenhar é excelente para a liberação da fantasia e o desenvolvimento da criatividade. Conversar sobre um determinado assunto, ouvir opiniões diver- sas e perceber que os pontos de vista podem ser diferentes são outras experiências tão ricas e especiais que não podem ser esque- cidas ou abandonadas. E ter o tema do livro lido por todos como centro dos trabalhos é muito interessante. Aproveite essas idéias e mostre que se há uma história há um tema, e se há um tema ele pode ser discutido em grupo. Sempre vale a pena! E a avaliação? Você acha realmente necessária? Eu, pessoalmente, acho que todas as demais atividades pro- postas já nos oferecem uma excelente visão do relacionamento da criança com o livro. Mas caso sua resposta seja positiva, sugiro a promoção de debates sobre a obra. Você pode, inclusive, formar

Ilustrar um texto cria vínculos entre o ilustrador e o conteúdo, permite intimidade, desenvolve amizade.

Pode ser o livro sugerido para leitura coletiva, pode ser uma das histórias contadas na classe, pode ser uma história especialmente selecionada. O mais importante é que seja escolhida pelas crianças, pois a atividade é delas, por elas, para elas. A definição do público também é importante. Precisamos con- siderar se serão convidadas apenas as crianças das outras classes, se os pais também serão chamados ou se poderão ser convidados amigos. É claro que também precisamos levar em conta o local da apresentação... Minha sugestão pessoal é de que a peça seja ence- nada apenas para as famílias das crianças da classe, pois a idéia continua ser a de incentivar o hábito da leitura. Entretanto, essa é uma decisão de cada um, e o principal cuidado a ser tomado é o de não gerar expectativas... Para começar é preciso que a história seja lida pelos alunos e por você, em sessões de “leitura coletiva”. Feito isso, os papéis precisam ser definidos, os atores escolhi- dos pelas próprias crianças. Nessa hora vale assegurar a partici- pação de todas elas, inclusive dos alunos mais tímidos, que podem vir a atuar como produtores, diretores, cenógrafos, figurinistas, maquiadores, “técnicos de luz”, “técnicos de som” etc. O impor- tante é que todos se sintam integrantes do grupo! E que comecem os ensaios. A idéia de uma pequena apresentação é mais uma maneira de mostrar como é rico o universo da imaginação, como é divertido ler e quanta coisa se pode fazer a partir da leitura de um livro!

Outras Atividades Interessantes

A leitura constante leva a deliciosas viagens, a universos inexplo- rados, a amizades preciosas, mas, além de tudo isso, indica os cami- nhos de uma boa escrita, eficiente, correta e criativa. E como é bom escrever bem... Como facilita os estudos, como ajuda a vida e como garante a boa comunicação, não é? Mas se já não é tão simples incentivar o hábito da leitura, como possibilitar o treino da escrita de maneira também prazerosa sem com isso atrapalhar o bom andamento do programa? Tenho aqui algumas sugestões bastante simples com as quais podemos nos divertir muito ao mesmo tempo em que treinamos a escrita, o raciocínio e também a imaginação!

História Coletiva

A primeira delas é a criação de uma história coletiva, escrita em conjunto por uma ou mais crianças, que requer como material ape- nas uma folha de papel em branco e um lápis ou caneta. O trabalho com grupos de seis crianças é bastante apropriado, o que significa que podemos dividir a classe em diversas equipes e trabalhar uma história coletiva em cada uma delas. Tanto o tema quanto a primeira frase da história podem ser, a princípio, apresentados por você. E seria bastante interessante que você pudesse relacionar a atividade ao tema dos livros que estão sendo lidos pela classe no momento. Cada grupo será responsável por uma história, e a minha suges- tão é que você apresente o tema e, em seguida, dite a frase para os grupos. Uma criança de cada grupo deve escrever a frase na folha de papel e em seguida continuar a história de acordo com o que sua imaginação mandar. É interessante que ela escreva pelo menos três linhas sobre o assunto sem que nenhum outro partici- pante veja o conteúdo. Em seguida, ela dobrará o papel, deixando apenas a última linha visível, e passará a “história coletiva” para o colega que está sentado do seu lado direito. Esse colega repetirá a operação, passando a folha dobrada para outro colega, sempre no sentido horário e sempre deixando visível apenas a última linha

A leitura constante leva a deliciosas viagens, a universos inexplorados, a amizades preciosas, mas, além de tudo isso, indica os caminhos de uma boa escrita, eficiente, correta e criativa.

da sua frase. Ninguém deve desdobrar o papel ou comentar o con- teúdo de suas frases até que a atividade se encerre, o que pode acontecer caso o tempo estipulado tenha se passado, ou se todos os participantes já tiverem escrito sua frase algumas vezes, ou, ainda, se a história tiver chegado a um suposto final. As regras só dependem de você! A história coletiva geralmente gera textos bastante engraçados, os quais podem ser lidos para todos da classe pelos participantes do grupo ou por você.

História Impossível

A “história impossível” pode ser escrita pela classe toda e é outra forma de estimular a escrita, consistindo na criação de uma história na qual os alunos participam cada qual escrevendo uma frase. Mas, diferentemente da “história coletiva” descrita acima, todos podem sempre ler o texto já elaborado. A brincadeira real está no fato de que cada participante tem um objetivo: fazer uma frase que não permita mais nenhuma continuação para a história. O aluno que conseguir ser o autor desse feito é o vencedor da rodada. Vale a pena ler a história para todos no final!

Agora é Por Nossa Conta

Mais uma atividade divertida é ler para a classe o início de uma história e deixar que o final seja escrito pelos alunos, cada qual usando sua imaginação e criatividade. Quando todos já houverem terminado, pode-se ler em voz alta o final original. Caso você ache apropriado, realize uma espécie de concurso utilizando essa atividade, premiando o aluno que escreveu o final mais criativo ou o mais próximo do original. A escolha é sua!

De Todos Nós Para Você

Não há nada mais gostoso nem mais gratificante do que saber que seu trabalho é apreciado. Isso vale para todos, para profes- sores, médicos, bombeiros, chefs de cozinha, atores, autores e tan- tos outros profissionais... E constitui um ótimo convite para que se escrevam cartas! Assim, estimule a elaboração de cartas para os autores e ilustradores dos livros mais queridos. As cartas podem ser escritas individualmente ou em grupo, podem ser simples cartões ou até mesmo e-mails. O importante é estimular a escrita e ter como ponto de partida um livro lido. Agora, antes que eu me esqueça: deixe que as crianças escrevam as cartas expressando seus sentimentos e suas emoções.

Ler em voz alta? Na sala de aula?

Na frente de todos?

A leitura na sala de aula é muitas vezes feita oralmente, quer dizer, em voz alta. Todos já tivemos de ler textos em voz alta para a classe e, assim, consideramos essa atividade normal. Na minha opinião essa prática só deveria acontecer para o treinamento da fala e da “estética” literária, nunca para treinar a leitura em si. Quando um aluno for solicitado a ler na frente da classe, ele pre- cisará de toda sua auto-estima para passar por cima do nervosismo,

O importante é estimular a escrita e ter como ponto de partida um livro lido.

Conteúdos e Conceitos

Já que estamos falando de confiança e consideração, de seguir modelos e exemplos, acho conveniente lembrar que, se você está participando de um programa de estímulo ao hábito da leitura, então você ama as crianças. E, se as ama, lê com elas, conta histórias e apresenta a elas livros para serem lidos. Assim, todo o conteúdo e os conceitos dos livros oferecidos são tidos pelas crianças como “aceitos por você”, alguém que elas amam e cuja opinião conside- ram. Afinal, se você não gostasse daquele livro ou não concordasse com o tema, porque o teria apresentando às crianças? Portanto, sempre que discordar do conteúdo de um livro, con- verse sobre o assunto, discuta-o, expresse sua opinião aberta- mente. As crianças são muito especiais e sempre podem nos sur- preender positivamente com os resultados de um bom papo, de uma boa troca de idéias. Lembre-se de que a leitura desprovida de crítica muitas vezes leva à aceitação mecânica de situações. E na vida saber apresen- tar a nossa opinião de forma apropriada é fundamental, não é?

Só Mais Uma Palavrinha...

Difundir a leitura como um hábito saudável de vida é uma obri- gação de todos. E formar uma biblioteca para a criança é um dos melhores meios de promover o desenvolvimento da leitura.

“Quem ama os livros deseja possuí-los;

quem os possui acaba por amá-los.”

Bibliografia

Bamberger, Richard Como Incentivar o Hábito da Leitura São Paulo: Ática/Unesco, 1985

Dinorah, Maria O Livro na Sala de Aula Porto Alegre: L&PM, 2002

Dohme, Vânia A História como Veículo de Comunicação São Paulo: Informal, 2003

Dohme, Vânia Técnicas de Contar Histórias São Paulo: Informal, 2000

Martinez, Lucila & Calvi, Gian Escola, Sala de Leitura e Bibliotecas Criativas O Espaço da Comunidade Petrópolis: Autores & Agentes Associados, 1981.

Petroni, Marilze S. Como Conquistar um Leitor São Paulo: Ibrasa, 2001.

Zilberman, Regina A Literatura Infantil na Escola São Paulo: Global Editora e Distribuidora Ltda, 1981.

Texto Patrícia Engel Secco

Ilustrações Daniel Kondo

Projeto Gráfico Daniel Kondo

Coordenação Editorial Patrícia Engel Secco

Revisão Frank de Oliveira

Primeira impressão: dezembro de 2003

Tiragem: 36.000 exemplares