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América Anglo Saxônica, Notas de aula de Geopolítica

América Anglo-Saxônica ... continente americano (América do Norte com exceção do ... Seu relevo pode ser dividido em três compartimentos em um.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Sel_Brasileira
Sel_Brasileira 🇧🇷

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América Anglo-Saxônica
1. Quadro Natural
Formada por Estados Unidos e Canadá, caracteriza-se pela
maior parte da porção de terras emersas setentrional do
continente americano (América do Norte com exceção do
México) tendo terras nas Zonas Temperada Norte e Glacial
Norte.
Seu relevo pode ser dividido em três compartimentos em um
corte Oeste-Leste:
Porção oeste: Cadeias de Montanhas elevadas de
formação recente por orogênese cenozóica. Nessa
região encontram-se a Cadeia da Costa, Serra
Nevada, Rochosas além de planaltos como a Grande
Bacia e o Planalto do Colorado.
Porção central: Formação sedimentar com relevo de
planícies como as Planícies Centrais americanas.
Porção Oriental: Formação cristalina pré-cambriana
com cadeias de montanhas desgastadas. Nessa área
encontram-se o planalto do Labrador e os Apalaches.
A hidrografia da região é marcada pela presença de lagos
formados por erosão glacial das últimas glaciações. Alguns
rios importantes são:
São Lourenço: Utilizado para transporte de
mercadorias e para produção de energia. Encontra-
se na região de maior dinamismo econômicos dos
EUA e do Canadá.
Colorado: Na porção oeste dos EUA, trata-se de um
rio importante para irrigação, dessedentação humana
e animal e para produção de energia.
Mississipi e Missouri: Viabilizam irrigação e transporte
na principal área agrícola dos EUA
Grande: Fronteira com o México.
São importantes fatores climáticos para a definição do clima
da região a latitude (predominantemente na Zona Temperada),
o relevo, a ação de correntes marítimas e de massas de ar.
Correntes quentes: Golfo e Pacífico Norte
Correntes Frias: Labrador e Califórnia
Massas de ar: Tropical (quente e úmida); Polar (fria e seca).
O relevo da região torna-se um fator facilitador da passagem
de massas de ar fazendo das Planícies Centrais dos EUA uma
região de grande variação anual de temperatura (amplitude
térmica) e a principal região de tornados no mundo (“corredor
de tornados”).
Além disso, as cadeias montanhosas que cercam o Planalto
do Colorado e a Grande Bacia impedem a entrada de massas
úmidas do oceano Pacífico e das Planícies Centrais. Isso
resulta em chuvas orográficas nas encostas montanhosas com
permanência de climas secos nas porções interiores.
A tabela abaixo mostra os principais tipos de clima e de
vegetação.
Clima Vegetação
Subpolar Tundra
De Montanha Floresta Coníferas
Temperado Continental Floresta Mista
Temperado Oceânico Floresta Caducifólia
Temperado Pradarias
Subtropical Savanas
Mediterrâneo Mediterrânea
Semi-Árido Estepes e Xerófitas
Árido Floresta Latifoliada
2. Canadá
Devido a sua grande extensão territorial, apresenta baixa
densidade de população. Porém, algumas regiões apresentam
densidades ainda mais reduzidas regiões centrais e
setentrionais – devido aos climas frios.
A formação da sua população resultou fundamentalmente do
processo de imigração com destaque para dois grupos: o
inglês (predominante) e o Francês (concentrado na província
de Quebec). A ocorrência de uma minoria expressiva
(aproximadamente 25% da população) em uma região
concentrada com padrões históricos e culturais peculiares
sempre fomentou o ideal separatista dos franceses de
Quebec. A permanência da unidade territorial foi mantida,
entretanto, devido à autonomia política das províncias.
Esse mesmo procedimento de autonomia regional possibilitou
a criação do território Nunavut liga às populações Inuits.
As atividades econômicas, apesar de diversificadas,
concentram-se ao sul, onde o clima é ameno. São destaques
econômicos: trigo nas pradarias, petróleo, gás natural, carvão
mineral, as indústrias de papel e a metalurgia do alumínio.
3. Formação Geopolítica dos EUA
A população americana formou-se da imigração com base no
elemento anglo-saxão até o final do século XVIII.
São bases da formação dos EUA:
Iluminismo
Protestantismo calvinista
Se a formação Iluminista se relaciona com a constituição de
uma sociedade de ideal democrático, o protestantismo
fomenta uma ética do trabalho e de uma “missão civilizadora”
do americano em meio ao ambiente “selvagem” da América do
Norte no século XVIII e XIX. A “missão civilizadora”
fundamentou o Destino Manifesto resumido na frase “nosso
destino manifesto atribuído pela Providência Divina para cobrir
o continente para o livre desenvolvimento de nossa raça que
se multiplica aos milhões anualmente”. O Destino Manifesto é
base de entendimento de todas as doutrinas geopolíticas
enunciadas pelo Estado americano.
Com o crescimento da atividade econômica da Europa no séc.
XIX em um contexto industrial a área de influência das
potências européias se espalhava pela África e Ásia. Os EUA,
apesar de contar com a extensão territorial e os recursos
naturais que os países europeus não tinham, teria
necessidade de dominação sobre a América Latina para
exploração eventual. A Doutrina Monroe – “América para os
Americanos” procurava afastar o imperialismo europeu da
região em favor das necessidades dos EUA.
Essa Doutrina foi adaptada para novas necessidades do início
do século XX. Os EUA já contavam com um imenso território
com atividades econômicas que precisavam ser integradas.
Para tanto, o Canal do Panamá caracterizava-se como um
instrumento essencial para as demandas econômicas e
estratégicas americanas. O controle do canal e da política
Centro-Americana exigiam uma ação mais forte dos EUA
sobre a região viabilizada pelo Corolário Roosevelt (ou política
do Big Stick). As intervenções militares americanas sobre a
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América Anglo-Saxônica

  1. Quadro Natural Formada por Estados Unidos e Canadá, caracteriza-se pela maior parte da porção de terras emersas setentrional do continente americano (América do Norte com exceção do México) tendo terras nas Zonas Temperada Norte e Glacial Norte. Seu relevo pode ser dividido em três compartimentos em um corte Oeste-Leste:
    • Porção oeste: Cadeias de Montanhas elevadas de formação recente por orogênese cenozóica. Nessa região encontram-se a Cadeia da Costa, Serra Nevada, Rochosas além de planaltos como a Grande Bacia e o Planalto do Colorado.
    • Porção central: Formação sedimentar com relevo de planícies como as Planícies Centrais americanas.
    • Porção Oriental: Formação cristalina pré-cambriana com cadeias de montanhas desgastadas. Nessa área encontram-se o planalto do Labrador e os Apalaches.

A hidrografia da região é marcada pela presença de lagos formados por erosão glacial das últimas glaciações. Alguns rios importantes são:

  • São Lourenço: Utilizado para transporte de mercadorias e para produção de energia. Encontra- se na região de maior dinamismo econômicos dos EUA e do Canadá.
  • Colorado: Na porção oeste dos EUA, trata-se de um rio importante para irrigação, dessedentação humana e animal e para produção de energia.
  • Mississipi e Missouri: Viabilizam irrigação e transporte na principal área agrícola dos EUA
  • Grande: Fronteira com o México.

São importantes fatores climáticos para a definição do clima da região a latitude (predominantemente na Zona Temperada), o relevo, a ação de correntes marítimas e de massas de ar. Correntes quentes: Golfo e Pacífico Norte Correntes Frias: Labrador e Califórnia

Massas de ar: Tropical (quente e úmida); Polar (fria e seca).

O relevo da região torna-se um fator facilitador da passagem de massas de ar fazendo das Planícies Centrais dos EUA uma região de grande variação anual de temperatura (amplitude térmica) e a principal região de tornados no mundo (“corredor de tornados”). Além disso, as cadeias montanhosas que cercam o Planalto do Colorado e a Grande Bacia impedem a entrada de massas úmidas do oceano Pacífico e das Planícies Centrais. Isso resulta em chuvas orográficas nas encostas montanhosas com permanência de climas secos nas porções interiores.

A tabela abaixo mostra os principais tipos de clima e de vegetação. Clima Vegetação Subpolar Tundra De Montanha Floresta Coníferas Temperado Continental Floresta Mista Temperado Oceânico Floresta Caducifólia Temperado Pradarias

Subtropical Savanas Mediterrâneo Mediterrânea Semi-Árido Estepes e Xerófitas Árido Floresta Latifoliada

  1. Canadá Devido a sua grande extensão territorial, apresenta baixa densidade de população. Porém, algumas regiões apresentam densidades ainda mais reduzidas – regiões centrais e setentrionais – devido aos climas frios. A formação da sua população resultou fundamentalmente do processo de imigração com destaque para dois grupos: o inglês (predominante) e o Francês (concentrado na província de Quebec). A ocorrência de uma minoria expressiva (aproximadamente 25% da população) em uma região concentrada com padrões históricos e culturais peculiares sempre fomentou o ideal separatista dos franceses de Quebec. A permanência da unidade territorial foi mantida, entretanto, devido à autonomia política das províncias. Esse mesmo procedimento de autonomia regional possibilitou a criação do território Nunavut liga às populações Inuits. As atividades econômicas, apesar de diversificadas, concentram-se ao sul, onde o clima é ameno. São destaques econômicos: trigo nas pradarias, petróleo, gás natural, carvão mineral, as indústrias de papel e a metalurgia do alumínio.
  2. Formação Geopolítica dos EUA A população americana formou-se da imigração com base no elemento anglo-saxão até o final do século XVIII. São bases da formação dos EUA:
    • Iluminismo
    • Protestantismo calvinista Se a formação Iluminista se relaciona com a constituição de uma sociedade de ideal democrático, o protestantismo fomenta uma ética do trabalho e de uma “missão civilizadora” do americano em meio ao ambiente “selvagem” da América do Norte no século XVIII e XIX. A “missão civilizadora” fundamentou o Destino Manifesto resumido na frase “nosso destino manifesto atribuído pela Providência Divina para cobrir o continente para o livre desenvolvimento de nossa raça que se multiplica aos milhões anualmente”. O Destino Manifesto é base de entendimento de todas as doutrinas geopolíticas enunciadas pelo Estado americano. Com o crescimento da atividade econômica da Europa no séc. XIX em um contexto industrial a área de influência das potências européias se espalhava pela África e Ásia. Os EUA, apesar de contar com a extensão territorial e os recursos naturais que os países europeus não tinham, teria necessidade de dominação sobre a América Latina para exploração eventual. A Doutrina Monroe – “América para os Americanos” – procurava afastar o imperialismo europeu da região em favor das necessidades dos EUA. Essa Doutrina foi adaptada para novas necessidades do início do século XX. Os EUA já contavam com um imenso território com atividades econômicas que precisavam ser integradas. Para tanto, o Canal do Panamá caracterizava-se como um instrumento essencial para as demandas econômicas e estratégicas americanas. O controle do canal e da política Centro-Americana exigiam uma ação mais forte dos EUA sobre a região viabilizada pelo Corolário Roosevelt (ou política do Big Stick). As intervenções militares americanas sobre a

América Central e a permanência de governos pró-EUA se tornaram constantes. No pós-Guerra – anos 1940 – a orientação geopolítica dos EUA estava desatualizada. Afinal, a velha Doutrina Monroe de contenção das potencias européias não se justificava em um mundo da Guerra Fria. O presidente Truman atualizou a ação geopolítica dos Estados Unidos em uma doutrina

  • Com alcance mundial
  • Para contenção do socialismo da URSS São desdobramentos da Doutrina Truman desde guerras como as da Coréia e do Vietnã até a intervenção política em golpes militares na América do Sul nos anos 1960/70. Após o fim da URSS nos anos 1990 os EUA ensaiaram por alguns anos a nova orientação geopolítica do país, finalmente sistematizada após os episódios de 11 de setembro de 2001. Com a Doutrina Bush o governo dos Estados Unido mantinha uma orientação global para sua ação geopolítica, porém, sem a interferência de outras potências. Era o início do sentimento de potencia hegemônica dos EUA no Sistema Internacional.
  1. População dos Estados Unidos Resultado da imigração, a formação da população americana pode ser dividida em três fases esquemáticas: a) Final do Século XVIII Trata-se de um fluxo migratório de pequeno volume mas de grande importância ideológica e política. Populações européias, com destaque para anglo-saxões, se fixaram ao norte das antigas colônias britânicas na América que viriam a formar os EUA. A orientação protestante em contexto Iluminista contribuiu para o desenvolvimento de uma sociedade pautada pela ideologia
  • Liberal-democrática
  • Meritocrática
  • Com valorização do trabalho Além disso, como desdobramento desse fluxo de anglo- saxões, a sociedade americana formou um caráter multirracial com a presença de diferentes grupos étnicos ou nacionais que apresentam circuitos sociais mais intensos entre si do que com o restante da sociedade. É possível a identificação de bairros de maioria branca, negra, hispânica, asiática e assim por diante 1 .

b) Séc. XIX – XX: aumento do fluxo Países da Europa e da Ásia apresentavam grande crescimento vegetativo na segunda metade do século XIX gerando excedente de população. Esses excedentes buscavam, através da migração, outras regiões de fixação em escala global: áreas de domínio imperialista da Europa na África e Ásia; imigração de japoneses para regiões conquistadas militarmente até a Segunda Guerra Mundial; imigração de europeus e asiáticos para a Argentina, Peru e

1 Vale ressaltar que na Europa ocorre algo análogo. No Reino

Unido ocorre a formação de “guetos” nos quais são

identificados diferentes grupos nacionais ou étnicos. Já na

França, diferentemente, há um padrão integracionista no qual

o imigrante precisa ter um comportamento compatível com o

ideal francês de sociedade: lei de proibição de símbolos

regligiosos em escolas públicas, proibição do véu islâmico

entre as mulheres muçulmanas.

Brasil. Entretanto, uma área privilegiada de fixação desses imigrantes foi os EUA. Como fatores de atração dessas populações nos EUA encontram-se:

  • Desenvolvimento industrial: O crescimento da atividade industrial no nordeste americano demandava grande contingente de população como força de trabalho barata.
  • Ocupação do Oeste: A expansão territorial para oeste exigia ocupação do território para efetivar o domínio dos EUA (preocupação geopolítica) e para exploração econômica (problema econômico capitalista). Porém, a ocupação da área encontrava os seguintes entraves: o Pequena população no leste o Região a ser ocupada de clima e relevo adverso o Região a ser ocupada com a presença de índios nativos Como meio de superar esses problemas, o governo americano criou o Homestead Act, um sistema de doação de terras (aproximadamente 65Ha) para os imigrantes fixados nas áreas vazias de ocupação a oeste. Foi produzida toda uma ideologia de atração dos imigrantes nesse período. O poema Novo Colosso, de Lazarus, ilustra essa propaganda atrativa de imigrantes para a sociedade americana. Mas, já nessa época, a sociedade americana veiculava na prática um sentimento xenófobo com maus-tratos aos imigrantes.

c) Década de 1920... Nas primeiras décadas do século XX os fatores atrativos a entrada de imigrantes deixaram de existir. Não havia mais áreas de ocupação na porção ocidental e a economia industrial não contratava mais como no final do século XIX. Sem os fatores de atração a xenofobia implícita da sociedade americana tornou-se explícita na forma de leis restritivas a entrada de imigrantes como a Lei de Cotas da década de

Até hoje os EUA são um destino frequente dos imigrantes do mundo todo, mas que encontram sérias barreiras contra sua entrada na sociedade americana. Porém, os grupos de imigrantes mudaram: houve queda significativa da entrada de europeus frente ao começo do século XX em favor da entrada de asiáticos (grupo que teve o maior crescimento na participação percentual dos imigrantes); a liderança percentual pertence, entretanto, aos latinos, com destaque para os mexicanos.

A população negra caracteriza-se como um capítulo separado na formação da população. Suas áreas originais de concentração são as porções sul e sudeste do território, áreas de utilização de força de trabalho escrava nas antigas plantations. O final do século XIX teve extinção de trabalho escravo acompanhado pela eventual mecanização da agricultura efetivada na primeira metade do século XX. Assim, o negro que trabalhava como escravo nas plantações de algodão tornou-se um trabalhador livre mas desempregado. Soma-se a isso que o sul dos EUA é uma das áreas onde o preconceito contra o negro é mais forte. O resultado: migração de negros do sul para o nordeste e oeste dos EUA, áreas de crescimento industrial ao longo do