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Este trabalho analisa e discute o sistema de programação da produção de solados e palmilhas de uma unidade fabril de uma grande empresa do setor calçadista, que faz uso da técnica visual kanban. A empresa, localizada em santa rita - pb, implantou o sistema kanban há 04 anos com o objetivo de diminuir a quantidade de estoques em sua unidade produtiva e, consequentemente, os custos de aquisição e manutenção dos estoques. O sistema kanban é um sistema de programação e acompanhamento da produção jit, que necessita de um sistema de informações interno à produção simples, de fácil compreensão e visual.
Tipologia: Notas de estudo
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A LÓGICA DO SISTEMA KANBAN NA INDÚSTRIA CALÇADISTA: ANÁLISE DE UM SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SOLADOS E PALMILHAS
Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Cx. Postal: 5045 CEP: 58051- Campus I - João Pessoa/PB E-mail: medson@producao.ct.ufpb.br Sessões Técnicas Área Temática: Gerência da Produção
ABSTRACT:
The opening of new markets imposed strong pressures to the national industry, provoking intense run by improvements in its productive systems. The Brazilian Footwear Industry has been enough affected by the competition of the imported products (in particular the footwears produced in China). This paper aim to analyze and to discuss the system of programming of the production of soles and inner soles of an factory of a great company of the footwear section, that makes use of the visual technique Kanban , maid with the objective of decreasing the amount of stocks in its productive plants and, consequently, the decreasing of acquisition and maintenance costs of the stocks. For so much, technical visits were accomplished to the factory as well as collection of information with its leaders, through interviews and questionnaires. After to confront the expressed recommendations for the literature of the area, it was verified that the main rules of operation of this system, observed in the studied company, are in conformity with the literature suggests and that the advantages of the use of this system are considerable.
KEYWORDS: Kanban^ System, Footwear Industry, Advantages and Improvement
RESUMO:
A abertura de novos mercados impôs fortes pressões à indústria nacional, provocando intensa corrida por melhorias em seus sistemas produtivos. A indústria calçadista brasileira tem sido bastante
afetada pela concorrência dos produtos importados (em particular os calçados produzidos na China). Este trabalho tem como objetivo analisar e discutir o sistema de programação da produção de solados e palmilhas de uma unidade fabril de uma grande empresa do setor calçadista, que faz uso da técnica visual Kanban , empregada com o objetivo de diminuir a quantidade de estoques em sua unidade produtiva e, conseqüentemente, os custos de aquisição e manutenção dos estoques. Para atingir este objetivo, foram realizadas visitas técnicas à fábrica bem como coleta de informações de seus dirigentes, através de entrevistas e aplicação de questionários. Após confronto com as recomendações expressas pela literatura da área, verificou-se que as principais regras de funcionamento deste sistema, observadas na empresa estudada, estão em conformidade com o que a literatura sugere e que as vantagens da utilização deste sistema são consideráveis.
PALAVRAS-CHAVE: Sistema Kanban , Indústria Calçadista, Vantagens e Melhorias
O surgimento de novos paradigmas para enfrentar os mercados globalizados tem gerado discussões constantes entre os profissionais da Engenharia de Produção. A abertura de novos mercados impôs à empresa nacional uma corrida por melhorias em seus sistemas produtivos. As técnicas de produção Just-In-Time (JIT) e as ferramentas da Qualidade Total (TQC) são de ampla aplicação, fazendo com que os sistemas produtivos evoluam continuamente em termos de qualidade, flexibilidade, redução de custos e desempenho de entregas (Tubino, 1999). O Kanban é um sistema de programação e acompanhamento da produção JIT.
Buscando adaptar-se aos novos tempos de globalização da economia e, por conseguinte, a acirrada concorrência com produtos importados, a unidade fabril da São Paulo Alpargatas - SPASA, localizada em Santa Rita - PB, implantou há 04 anos o sistema Kanban nos setores de produção de solados e palmilhas, tendo por objetivo diminuir a quantidade de estoques em sua unidade produtiva e, conseqüentemente, os custos de aquisição e manutenção dos estoques.
Este trabalho propõe uma análise e discussão do sistema Kanban empregado por esta empresa, onde suas diretrizes são confrontadas com as recomendações expressas pela literatura da área.
Para realizar este intento, foram necessários os seguintes recursos: visitas técnicas, coletas de informações dos médios gerentes da fábrica através da aplicação de entrevistas e questionários.
Segundo Monden (1991), o Kanban é um “sistema de informação que, harmoniosamente, controla a produção dos produtos necessários, nas quantidades necessárias e no tempo certo, em cada processo de uma fábrica e também entre empresas”.
Sob o prisma da abordagem gerencial dos sistemas de produção, o termo kanban designa um sistema que autoriza a operacionalização da produção, assim como a redução dos estoques intermediários e final, através da utilização de sinais que informam, por exemplo, que o posto de trabalho “B” está pronto para receber o trabalho processado no posto “A” (Severiano Filho, 1999).
A função do Kanban pode ser resumida nos seis pontos seguintes (Moura, 1989):
Crouhy e Greif (1991) afirmam que o sistema Kanban repousa sobre três regras fundamentais, apresentadas a seguir:
Apresentando as considerações propostas por Boyst e Belt (1992) apud Severiano Filho (1999), quanto às características do sistema Kanban , estas se resumem em três grupos:
A operacionalização adequada de um sistema de produção de controle Kanban requer a satisfação de algumas precondições mínimas, de modo que o sistema esteja articulado para desenvolver as operações kanban s. Essas precondições são apresentadas de maneira bastante diversificada na literatura, sendo que Carillon (1986) apud Severiano Filho (1999) as descreve em relativa consonância com aquelas definidas pela Japan Management Association (1986). De forma geral, essas condições podem ser listadas de acordo com o seguinte esquema:
C1 – o posto de trabalho a montante deve fornecer os componentes, peças e/ou produtos sem nenhum defeito ou problema de qualidade, respeitando sempre o princípio de que produtos defeituosos não são enviados ao processo subseqüente.
C2 – o posto de trabalho a jusante deve retirar suas necessidades apenas no momento exato, depositando sempre o cartão onde se registra a operação. Atende-se, assim, ao princípio de que a etapa subseqüente retira apenas o que necessita da etapa anterior, num processo em que a produção é puxada do término para o início da linha.
C3 – o posto de trabalho a montante deve produzir apenas sob recepção de cartões “utilizados” pelo posto a jusante, de modo que a quantidade produzida equivale sempre à quantidade retirada.
De acordo com Moura (1989), numa fábrica JIT utilizando o sistema Kanban , as funções de programação e controle da produção são divididas entre o departamento de programação da produção e a supervisão da fábrica.
O departamento de planejamento da produção fica responsável pelo planejamento da produção, até a emissão do programa mestre, e pelos pedidos para os fornecedores externos. O Kanban assume todas as funções de controle da produção abaixo do programa mestre mensal. Toda a produção da fábrica, o fluxo de peças dos fornecedores externos e o controle do inventário da fábrica se tornam responsabilidade da supervisão. O sistema Kanban é operado pelos empregados da linha de produção, os quais possuem a visibilidade e o conhecimento profundo das necessidades imediatas dentro da fábrica, para atender às necessidades do programa mestre de produção.
A literatura especializada apresenta uma série de modelos, fórmulas e equações matemáticas, com o objetivo de orientar a determinação do número adequado de kanban s num processo produtivo (Severiano Filho, 1999).
Conforme estudo de Contador e Senne (1994), o número de kanbans é definido o mais próximo quanto possível da quantidade necessária, para tão somente suprir a demanda durante o lead-time de produto fabricado. Esse procedimento pode levar a um aumento na quantidade de preparações em relação àquela que ocorreria caso se adotasse lotes econômicos de fabricação. Como conseqüência, tem-se uma redução no volume de material em processamento, acompanhado, porém, de um aumento no custo e no tempo dedicado às preparações, podendo gerar dois inconvenientes:
y inviabilidade do programa de produção , devido ao excesso da carga de trabalho imposta ao setor e y redução da rentabilidade econômica dos produtos.
Para evitar os incovenientes acima descritos, o número de kanbans poderia ser determinado com o auxílio de modelos matemáticos de otimização.
De um modo geral, a literatura da área de gestão da produção apresenta um certo consenso sobre os benefícios decorrentes do Sistema Kanban , conforme exposição abaixo (Severiano Filho, 1999):
y Redução dos desperdícios, fora e dentro do chão-de-fábrica; y Melhoria dos níveis de controle da fábrica, pela descentralização e simplificação dos processos operacionais; y Redução do tempo de duração do processo ( lead-time ); y Aumento da capacidade reativa da empresa (resposta aos clientes); y Elevação do nível de participação e engajamento das pessoas, através da descentralização do processo decisório; y Ajustamento dos estoques à flutuação regular da demanda; y Redução dos estoques de produtos em processo; y Diminuição dos lotes em produção; y Eliminação dos estoques intermediários e de segurança; y Sistematização e aperfeiçoamento do fluxo de informações, assim como dos mecanismos de comunicação entre o pessoal de produção; y Integração do controle de produção nos demais mecanismos de flexibilidade da empresa; y Maior facilidade na programação da produção.
A SPASA atua no Brasil desde 1907, porém sua história de parceria com o Estado da Paraíba só começou em 1985, quando da aquisição do controle acionário da BESA – Borracha Esponjosa S.A., fábrica de sandálias de borracha localizada em Campina Grande. Em 1987, inaugurou a fábrica de
A programação é o próprio kanban , que significa melhoria do processo produtivo. Cada cartão corresponde à produção de 24 pares (solados ou palmilhas) contidos em contentores (caixas). Os cartões são colocados no lugar correspondente dos painéis kanban , cujos níveis de prioridade de produção são identificados respectivamente pelas cores verde e vermelho (indica urgência), e sua ausência é um indicador de que o processo está crítico, tornando-se necessário verificar a causa do problema.
O mix de vendas (percentual de vendas de determinado número ou cor) maior se dá nos números medianos 38, 39 e 40, em relação aos calçados masculinos e 34, 35 e 36, aos femininos. Para atender a essa demanda específica, a empresa opta por uma maior freqüência de produção dos números mais solicitados. Como há limitação na quantidade de moldes de estamparia e navalhas para esses números, os (moldes) existentes giram com maior freqüência na linha de produção. Essa informação é imprescindível para o balanceamento da linha de produção, indicando as ordens de produção que são prioritárias, destacadas pelos cartões kanban. Basicamente o kanban segue a seqüência numérica descrita anteriormente. Aqui, não é necessariamente o pedido do cliente final (cliente externo), e sim o pedido do cliente do setor de produção de solados e palmilhas, ou seja, o setor de montagem (posto a jusante).
Na SPASA o sistema Kanban utilizado é o de um único cartão – cartão de produção. O cartão que gira, vai e volta. Obrigatoriamente, neste sistema, o cartão percorre todo o processo. Caso não percorra, perde-se a seqüência e, conseqüentemente, sua característica.
Durante a coleta de dados, percebeu-se que a empresa em estudo utiliza todos os procedimentos para circulação de kanban s (apresentados na seção 2.2), adaptando-os às suas necessidades de sistema de cartão único.
Quanto à quantidade de cartões kanban em circulação, sua determinação é feita de acordo com o número de dias de estoque que deseja-se trabalhar e o mix de vendas. Em cima disso, determina-se se as quantidades estão dentro da curva do mix de produção e faz-se os ajustes necessários.
Conforme a literatura, o kanban admite um certo estoque. No caso estudado esse estoque formado é pequeno, o suficiente para uma produção de 2,5 dias.
A partir das observações feitas no setor de produção de solados e palmilhas da fábrica em estudo, no que diz respeito ao funcionamento do sistema Kanban , verificou-se que as principais regras de funcionamento do sistema foram consolidadas. Elas são apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES DO SISTEMA KANBAN NO SETOR DE SOLADOS E PALMILHAS DA FÁBRICA ALPARGATAS DE SANTA RITA - PB Regras do Kanban Principais Resultados O processo subseqüente (setor de montagem) busca as peças necessárias (solados e palmilhas) no processo anterior (setor de preparação)
Os solados e palmilhas demandados pelo setor de montagem e o momento em que são necessários, são determinados automaticamente Não produzir mais do que a quantidade de solados e palmilhas requisitada pelo setor de montagem (a jusante)
Como o próprio kanban é a ordem de produção, ela é gerada automaticamente. Só se produz o necessário (cada cartão corresponde a 24 pares). Não enviar solados e palmilhas defeituosos ao setor de montagem
Possibilita a identificação e eliminação de defeitos e das causas que os originaram As flutuações de demanda de produção por solados e palmilhas são ajustadas pelos cartões kanban
A produção sincronizada torna-se possível Estabilização e racionalização da produção A padronização dos métodos de trabalho permite o balanceamento da linha de produção, reduzindo tempos improdutivos e desperdícios de material em processo ou acabado (solados e palmilhas) Fonte: Pesquisa Realizada
A confiabilidade do sistema Kanban é garantida pelo cumprimento dessas medidas, as quais estão em conformidade com as recomendações que a literatura da área fornece.
O sistema Kanban , um dos principais pilares da filosofia JIT, foi implantado pela empresa estudada no setor de preparação de solados e palmilhas da unidade fabril instalada no município de Santa Rita, no Estado da Paraíba. A partir das observações feitas no estudo, pôde-se evidenciar que há conformidade entre as regras assumidas no sistema da empresa e aquelas sugeridas pelo referencial literário revisado.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA - FIEP. Cadastro Industrial da Paraíba. Campina Grande, FIEP/CNI/IEL, 1997. 295p.
MONDEN, Yasuhiro. Toyota Production System ; an integrated approach to just-in-time. Georgia - USA: Engineering Management Press, 1991. cap. 2, pp. 15-36.
MOURA, Reinaldo A. Kanban ; a simplicidade do controle de produção. São Paulo: IMAM, 1989. cap. 4, pp. 25-106.
OISHI, Michitoshi. TIPS ; Técnicas integradas na produção e serviços: como planejar, treinar, integrar e produzir para ser compettivo: teoria e prática. São Paulo: Pioneira. 1995, 296p.
SEVERIANO FILHO, Cosmo. Produtividade & manufatura avançada. João Pessoa: Edições PPGEP, 1999. 284p.
TUBINO, Dalvio F. Sistemas de Produção ; a produtividade no chão de fábrica. Porto Alegre: Bookman, 1999. 184p.