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Agroecologia e solos, Notas de estudo de Agronomia

Conceitos e princípios básicos da agroecologia. Principais ecossistemas brasileiros. Agroecossistemas: conceito e principais componentes. Agricultura moderna versus agricultura sustentável. Principais modelos de agricultura sustentável: agricultura tradicional; agricultura biodinâmica; agricultura orgânica; agricultura natural; agricultura biológica; agricultura ecológica;

Tipologia: Notas de estudo

2021

Compartilhado em 31/10/2022

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danielebastos 🇧🇷

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Características e distribuição dos s
olos do Brasil
O texto, a seguir, foi retirado do livro Uso agrícola dos solos brasileiros1 (pp 2 a 9) editado
pela Embrapa em 2002
, disponível na internet.
Tipos, Características e Distribuição dos Solos
A diversidade dos ecossistemas do território brasileiro é extremamente grande e os solos, que
são parte integrante desse complexo de recursos naturais, também variam significativamente.
Com base no Mapa de Solos do Brasil (Embrapa, 1981) e no atual Sistema Brasileiro
de
Classificação de Solos (Embrapa, 1999), pode-se distinguir 13 grandes classes de solos
mapeáveis e representativas das paisagens brasileiras (Figura 1 e Tabela 1). As grandes
classes de solos subdividem-se em diferentes tipos, conforme as características próprias de
cada solo, separando-os em unidades mais homogêneas. As definições, conceitos e critérios
taxonômicos utilizados na classificação e diferenciação dos mais variados tipos de solos
brasileiros estão detalhados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999).
Neste capítulo, as classes de solos são descritas e conceituadas sucintamente, generalizando-
se as mais expressivas propriedades e características dos solos brasileiros, sua distribuição
geográfica e aspectos agronômicos.
Tabela 1
Latossolos:
são solos resultantes de enérgicas transformações no material originário ou
oriundos de sedimentos pré-intemperizados onde predominam, na fração argila, minerais nos
últimos estádios de intemperismo (caulinitas e óxidos de ferro e alumínio), sendo a fração areia
dominada por minerais altamente resistentes ao intemperismo. São de textura variável, de
média a muito argilosa, geralmente muito profundos, porosos, macios e permeáveis,
apresentando pequena diferença no teor de argila em profundidade e, comumente, são de
baixa fertilidade natural. Em geral, a macroestrutura é fraca ou moderada, no entanto, o típico
horizonte latossólico apresenta forte microestruturação (pseudoareia), característica comum
nos Latossolos Vermelhos Férricos, solos de elevado teor de óxidos de ferro. São típicos das
regiões equatoriais e tropicais, distribuídos, sobretudo, em amplas e antigas superfícies de
erosão, pedimentos e terraços fluviais antigos, normalmente em relevo suavemente ondulado e
plano. Os Latossolos são os solos mais representativos do Brasil, ocupando 38,7% da área
total do país e distribuem-se em praticamente todo território nacional (veja na tabela ). Existem
variados tipos de Latossolos, que se diferenciam, dentre vários outros atributos, pela sua cor,
fertilidade natural, teor de óxidos de ferro e textura.
1 MANZATTO, C. Vainer; FREITAS JUNIOR, Elias de; PERES, José Roberto R. (ed.).
Uso
agrícola dos solos brasileiros.
Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2002 (174 p.).
Disponível em
http://www.cnps.embrapa.br/solosbr/pdfs/uso_agricola_solos_brasileiros.pdf
(acessado em novembro de 2006
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Características e distribuição dos solos do Brasil

O texto, a seguir, foi retirado do livro Uso agrícola dos solos brasileiros^1 (pp 2 a 9) editado pela Embrapa em 2002, disponível na internet.

Tipos, Características e Distribuição dos Solos

A diversidade dos ecossistemas do território brasileiro é extremamente grande e os solos, que são parte integrante desse complexo de recursos naturais, também variam significativamente. Com base no Mapa de Solos do Brasil (Embrapa, 1981) e no atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999), pode-se distinguir 13 grandes classes de solos mapeáveis e representativas das paisagens brasileiras (Figura 1 e Tabela 1). As grandes classes de solos subdividem-se em diferentes tipos, conforme as características próprias de cada solo, separando-os em unidades mais homogêneas. As definições, conceitos e critérios taxonômicos utilizados na classificação e diferenciação dos mais variados tipos de solos brasileiros estão detalhados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999). Neste capítulo, as classes de solos são descritas e conceituadas sucintamente, generalizando- se as mais expressivas propriedades e características dos solos brasileiros, sua distribuição geográfica e aspectos agronômicos.

Tabela 1

Latossolos: são solos resultantes de enérgicas transformações no material originário ou oriundos de sedimentos pré-intemperizados onde predominam, na fração argila, minerais nos últimos estádios de intemperismo (caulinitas e óxidos de ferro e alumínio), sendo a fração areia dominada por minerais altamente resistentes ao intemperismo. São de textura variável, de média a muito argilosa, geralmente muito profundos, porosos, macios e permeáveis, apresentando pequena diferença no teor de argila em profundidade e, comumente, são de baixa fertilidade natural. Em geral, a macroestrutura é fraca ou moderada, no entanto, o típico horizonte latossólico apresenta forte microestruturação (pseudoareia), característica comum nos Latossolos Vermelhos Férricos, solos de elevado teor de óxidos de ferro. São típicos das regiões equatoriais e tropicais, distribuídos, sobretudo, em amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos e terraços fluviais antigos, normalmente em relevo suavemente ondulado e plano. Os Latossolos são os solos mais representativos do Brasil, ocupando 38,7% da área total do país e distribuem-se em praticamente todo território nacional (veja na tabela ). Existem variados tipos de Latossolos, que se diferenciam, dentre vários outros atributos, pela sua cor, fertilidade natural, teor de óxidos de ferro e textura.

(^1) MANZATTO, C. Vainer; FREITAS JUNIOR, Elias de; PERES, José Roberto R. (ed.). Uso

agrícola dos solos brasileiros. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2002 (174 p.). Disponível em http://www.cnps.embrapa.br/solosbr/pdfs/uso_agricola_solos_brasileiros.pdf (acessado em novembro de 2006).

Argissolos: os Argissolos formam uma classe bastante heterogênea que, em geral, tem em comum um aumento substancial no teor de argila em profundidade. São bem estruturados, apresentam profundidade variável e cores predominantemente avermelhadas ou amareladas, textura variando de arenosa a argilosa nos horizontes superficiais e de média a muito argilosa nos subsuperficiais; sua fertilidade é variada e a mineralogia, predominantemente caulinítica. Os argissolos ocupam aproximadamente 20,0% da superfície do país; em termos de extensão geográfica só perdem para os Latossolos (Tabela 1) e, semelhante a estes, distribuem-se em praticamente todas as regiões brasileiras, desde o Rio Grande do Sul até o Amapá e do Acre até Pernambuco. Habitualmente, ocupam terrenos de relevos mais dissecados quando comparados aos latossolos. Alissolos: compreendem solos de baixa fertilidade natural e elevados teores de alumínio extraível (Al3+); em alguns solos desta classe ocorre um significativo aumento do conteúdo de argila em profundidade; em outros este aumento é menos pronunciado. Em geral, são bem estruturados e distribuem-se na região subtropical do Brasil, especialmente nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas as maiores extensões deles é na Amazônia Ocidental, sob condições tropicais e equatoriais, predominantemente.

Cambissolos: devido à heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e condições climáticas em que são formados, as características destes solos variam muito de um local para outro. No entanto, uma característica comum é o incipiente estádio de evolução do horizonte subsuperficial, apresentando, em geral, fragmentos de rochas permeando a massa do solo e/ou minerais primários facilmente alteráveis (reserva de nutrientes), além de pequeno ou nulo incremento de argila entre os horizontes superficiais e subsuperficiais. Ocorrem em praticamente todo o território brasileiro. São particularmente importantes na parte oriental dos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde os Cambissolos existentes têm alto teor de matéria orgânica e elevados conteúdos de alumínio extraível. Outras ocorrências significativas são aquelas relacionadas com a Serra do Mar, estendendo-se desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo, serra da Mantiqueira e regiões interioranas de Minas Gerais (Oliveira et al., 1992). Cambissolos de elevada fertilidade natural são comuns na região nordestina e no Estado do Acre.

Chernossolos: compreendem solos que apresentam atividade da fração argila bastante elevada no horizonte subsuperficial, sendo o superficial do tipo A chernozêmico (espesso, escuro, bem estruturado, rico em matéria orgânica e com alta saturação por bases). São normalmente escuros, pouco coloridos, moderadamente ácidos a fortemente alcalinos, portanto, de elevada fertilidade natural e com presença de minerais de esmectita e/ou vermiculita na fração argila. Distribuem-se predominantemente em duas grandes áreas situadas ao sul (Rio Grande do Sul) e leste do Brasil (Bahia).

Espodossolos: são predominantemente arenosos, com acúmulo de matéria orgânica e compostos de alumínio em profundidade, podendo ou não conter compostos de ferro. São muito pobres e muito ácidos, sendo peculiares os teores de alumínio extraível relativamente elevados em relação aos outros íons básicos presentes no solo. Distribuem-se esparsamente nas baixadas litorâneas ao longo da costa leste do país, especialmente na Bahia, em Sergipe, Alagoas e Rio de Janeiro, nas baixadas arenosas do Rio Grande do Sul e em áreas interioranas da Amazônia Ocidental, onde são expressivos.

Gleissolos: ocupam, geralmente, as partes depressionais da paisagem e, como tal, estão permanente ou periodicamente encharcados, salvo se artificialmente drenados. Comumente, desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de hidromorfismo, como as várzeas e baixadas. Assim, situam-se indiscriminadamente em todas as áreas úmidas do território brasileiro, onde o lençol freático fica elevado durante a maior parte do ano. Como ocorrências expressivas, no entanto, pode-se citar aquelas relacionadas às várzeas da planície amazônica, em Goiás e Tocantins ao longo do Rio Araguaia, em São Paulo e Rio de Janeiro às margens do rio Paraíba, no Rio Grande do Sul às margens das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira (Oliveira et al., 1991).

Luvissolos: compreendem solos com elevada fertilidade natural, dotados de argilas com alta capacidade de retenção de íons trocáveis (argila de atividade alta) e saturação por bases também alta (elevada capacidade de retenção de nutrientes) nos horizontes subsuperficiais,

Vertissolos: são solos de coloração acinzentada ou preta, sem diferença significativa no teor de argila entre a parte superficial e a subsuperficial do solo. No entanto, a característica mais importante é a pronunciada mudança de volume com a variação do teor de umidade devido ao elevado teor de argilas expansivas (argila de atividade alta), tendo como feição morfológica característica e facilmente identificável, a presença de fendas de retração largas e profundas que se abrem desde a superfície do solo nos períodos secos. São de elevada fertilidade química, mas apresentam problemas de natureza física. Ocorrem, predominantemente, na zona seca do Nordeste, no Pantanal Mato-grossense, na Campanha Rio Grandense e no Recôncavo Baiano (Oliveira et al., 1992).

Figura 1

Ocorrência e aspectos gerais dos solos por grandes regiões.

As diferentes regiões do território brasileiro apresentam peculiaridades ambientais e culturais que refletem a ocorrência, a distribuição, a aptidão agrícola de suas terras, o uso e manejo diferenciados de seus solos. Aspectos dessa natureza adquirem, em termos gerais, o seguinte quadro sintético das paisagens brasileiras por região.

Região Norte A região Norte abrange 3.878 mil km2, ocupando aproximadamente a metade do território brasileiro. Solos profundos, bem drenados, muito intemperizados e de baixa fertilidade natural, como os Latossolos, são os mais representativos, estendendo-se por 34% da região. Os Latossolos Amarelos ocorrem na depressão do Médio-Baixo Rio Amazonas; são originados de sedimentos psamíticos, pelíticos e rudáceos e ocupam uma área de 582,5 mil km2, correspondendo a 15% da região Norte. No entorno dos Latossolos Amarelos predominam os Latossolos Vermelho-Amarelos, que se distribuem de maneira esparsa na paisagem e ocupam 726,3 mil km2, correspondendo a 18,7% de toda a região Norte. Outra classe de solos de grande representatividade é a dos Argissolos, que se distribuem por 26,6% da região, normalmente em relevos ondulados. Entre os Argissolos, a classe de maior ocorrência é o Argissolo Vermelho-Amarelo, distribuídos em aproximadamente 22% da região, sendo a classe de maior ocorrência individual do norte do Brasil. Nas áreas declivosas, sob relevos ondulados a montanhosos, ocorrem os Neossolos Litólicos, ocupando 165 mil km2 (4,2% da região). Os Alissolos se distribuem na depressão do Solimões e são originados de sedimentos pleistocênicos psamíticos. Ocupam 347,5 mil km2, o que corresponde a 9% da região. Nesses mesmos ambientes são comuns os Plintossolos, ocupando 269 mil km2 ou aproximadamente 7% da região. Já nas planícies fluviais ou flúvio-lacustre há a predominância de Gleissolos que se distribuem por 254 mil km2, cerca de 6,5% da região. As principais limitações, comuns na maioria dos solos da Amazônia, são a acidez elevada, a saturação alta por alumínio e a disponibilidade baixa de nutrientes. Estima-se que 90% de suas terras apresentam deficiência em fósforo, 75% toxicidade por alumínio, 50% baixa reserva de potássio, além do fato de que 50% da região estar sujeita a déficits hídricos elevados (Rodrigues, 1996). Entretanto, existem tecnologias que possibilitam contornar satisfatoriamente esses problemas, mas que refletem, necessariamente, no aumento dos custos com insumos. As limitações de ordem física para exploração agrícola intensiva das terras do norte do país são pouco representativas. Apenas 10% da área apresenta declividade superior a 20%. Entretanto, a elevada precipitação em algumas sub-regiões, acima de 2.000mm anuais, conjugada com solos de textura argilosa e drenagem deficiente, como Latossolos Amarelos e Plintossolos, dificulta ou mesmo inviabiliza o uso agrícola sustentável. A ampliação da fronteira agrícola na região Amazônica, apesar da grande oferta de terras com potencial para suportar atividades agrícolas, deverá ser acompanhada de um incremento da difusão de tecnologias que permitam alcançar uma maior produtividade com sustentabilidade, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e a preservação dos recursos naturais da região.

Região Nordeste A região Nordeste é tradicionalmente dividida em três zonas: Litorânea, Agreste e Sertão, as quais, totalizadas, ocupam 1.582 mil km2. Estas duas últimas se caracterizam pelo clima semi- árido, abrangendo, aproximadamente, 70% da área daquela região, bem como 63% da população nordestina. Uma característica peculiar do Nordeste brasileiro é a grande variabilidade de seus solos e condições ambientais, com diferentes vocações e potenciais para fins de produção. Considerando apenas duas grandes faixas – a úmida (Litorânea) e a semi- árida – seria possível caracterizar aproximadamente os solos de cada uma delas de acordo com Souza (1979). A primeira faixa revela solos bem diferenciados. Compreende grande parte do Maranhão, amplas áreas do Piauí e a faixa costeira que vai do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, incluindo os Tabuleiros Costeiros. Sobre ela repousa a economia agrícola do litoral úmido – a cana-de-açúcar, o cacau, as frutas, o arroz, etc. – em substituição às matas desaparecidas. Os solos aí são de profundidade variada, dotados de boa precipitação anual, e tiveram sua fertilidade reduzida graças ao uso agrícola contínuo e à grande pluviosidade, favorecendo a lixiviação e a erosão. Nestas condições, dominam os Latossolos que ocorrem em relevos plano e suave ondulado e ocupam 488 mil km2, correspondendo a 31% da área

Litólicos e Plintossolos Pétricos, são solos pouco intemperizados, rasos ou pouco profundos, cascalhentos, concrecionários, geralmente pedregosos, ocorrendo em relevos desde planos até fortemente ondulados, ocupam em torno de 17% da região Centro-Oeste. São de potencial agrícola praticamente nulo, com limitações de fertilidade, profundidade efetiva, impedimento ao emprego da mecanização e altamente susceptíveis à erosão, constituindo, em geral, as áreas onde se observam os altos índices de degradação quando cultivadas. Outras áreas de características peculiares compreendem as planícies fluviais inundáveis, como o Pantanal Mato-Grossense e a Ilha de Bananal, onde predominam tipos de solos como Planossolos, Plintossolos, Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos e Vertissolos. Estas áreas requerem manejo especial e culturas adaptadas às condições de hidromorfismo, em função do regime hídrico e da drenagem deficiente. Em caso de utilizálas com sistemas produtivos, permanece o risco da proximidade do lençol freático e dos numerosos cursos d’água quando da aplicação de defensivos agrícolas e adubação, constituindo uma ameaça a contaminação de mananciais, com reflexos diretos ao meio ambiente. Áreas com estas características representam cerca de 10% da região Centro-Oeste e são indicadas para preservação, constituindo ambientes ecológicos frágeis.

Região Sul Com uma extensão geográfica de 577.723km2 é a menor das regiões brasileiras, com alta densidade populacional, clima subtropical e cobertura vegetal nativa de florestas e campos, atualmente desaparecidos quase por completo para dar lugar à exploração agropecuária e florestal mais desenvolvida do país. A região mantém grande atividade comercial com os países do Mercosul e com outras regiões do Brasil, destacando-se, no setor agropecuário, como gran O Recurso Natural Solo de produtora de milho, soja, trigo, arroz, além de destacar- se na indústria madeireira, celulose, manufaturados e a já conhecida indústria vinícola. Em grandes propriedades desenvolve-se a pecuária extensiva, atividade tradicional, onde se encontra um grande rebanho bovino, além de suíno e ovino, constituindo praticamente a metade do rebanho nacional. Constituída de três estados, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é uma região típica de planaltos e serras com terras férteis originadas, em grande parte, do derrame basáltico que se estende por toda a Bacia Sedimentar do Paraná. Na região predominam os Latossolos Vermelho-Amarelos, Vermelhos e Brunos, profundos, de excelentes propriedades físicas e de fertilidade facilmente corrigível pela adubação e calagem (Fasolo, 1991). São muito susceptíveis à erosão e as áreas cultivadas seguem recomendações técnicas de contenção da erosão, onde começam a surgir cultivos segundo o método do plantio direto e estudos para aumento da eficiência da aplicação de corretivos e adubos através de técnicas de agricultura de precisão. Outros solos, como os Nitossolos, Argissolos, Cambissolos e Chernossolos, de média a alta fertilidade natural são comuns na região Sul e respondem por grande parte da produção de grãos. As planícies representam grandes extensões no sul do país, predominantemente no Rio Grande do Sul. A maior parte se encontra destituída de sua cobertura vegetal original, devido à utilização pelo homem com sistemas produtivos, principalmente, pecuária e orizicultura. Em virtude destas explorações, tais planícies foram submetidas a sistemas intensivos de drenagens, a ponto de não se legitimar as condições hídricas originais da grande maioria dos solos. Esta consideração é fortemente ratificada em situações onde se observam plantios de soja, o qual necessita rebaixamento definitivo do lençol freático. Solos como Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Cambissolos (derivados de sedimentos fluviais), Planossolos, Plintossolos e Organossolos são os mais representativos desses ambientes, muito importantes na economia da região. O uso intensivo do recurso solo é uma característica desta região que, aliado à mecanização agrícola, é responsável pelos altos índices de erosão hídrica, observados principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Em Santa Catarina, as serras dominam extensas áreas de relevo forte ondulado a montanhoso, fator restritivo à utilização dos solos com culturas anuais. Não obstante, técnicas de manejo adaptadas a relevos acidentados têm sido implementadas com bons resultados, tais como o preparo mínimo do solo, plantio na palha, não remoção de restos culturais e o cultivo em faixas e em curvas de nível, reduzindo significativamente as perdas por erosão.

Região Sudeste Os latossolos abrangem aproximadamente 56% da região Sudeste e somados aos Argissolos, perfazem cerca de 78% desta importante região do país (Tabela 1), deelevado desenvolvimento social, técnico e cultural e responsável por setores estratégicos da cadeia

produtiva brasileira. Parte desses ambientes, de solos profundos, muito porosos, bem drenados e situados em relevos de relativa planura de superfície, características inerentes aos Latossolos, dominam nas zonas de recarga dos aqüíferos, contribuindo efetivamente para a sua capacidade de armazenamento de água; esta depende diretamente da facilidade de infiltração da água da chuva, daí a relevância dos Latossolos na manutenção e recarga dos aqüíferos (Freitas, 2001). Em termos gerais, há uma estreita relação entre os grandes domínios geológicos da região Sudeste e os principais tipos e uso dos solos, conforme exposto a seguir. Nos domínios de rochas pré-cambrianas do embasamento cristalino, constituídos por complexos gnáissicos-graníticos-migmatíticos, região denominada por Ab’Saber (1970) de Mares de Morros, há uma predominância de Argissolos, Latossolos e Cambissolos. São solos, em sua maioria, de baixa fertilidade natural, e acidentados, no entanto, é a área de maior densidade rural do país, originalmente coberta por floresta tropical (Rezende & Resende, 1996). Na região Sudeste, os Mares de Morros envolvem predominantemente o Leste do Estado de São Paulo, o Sul e o Leste de Minas Gerais, o Estado do Rio de Janeiro e a maior parte do Espírito Santo (Ab’Saber, 1996). Essas áreas foram intensivamente ocupadas com lavoura cafeeira a partir da segunda metade do século XIX. Os nutrientes da mata original sustentavam a lavoura por algum tempo, no entanto, com o manejo inadequado dos cafezais e enfraquecimento das terras, essas eram transformadas em pastagens (Rezende & Resende, 1996). Atualmente, o parque cafeeiro dessas regiões montanhosas permanece significativo, representando aproximadamente 35% da cafeicultura nacional (Guimarães, 1996), embora sejam as pastagens plantadas mais extensivas, as quais, em geral, estão mal manejadas, com baixa capacidade suporte e degradadas. A Bacia Sedimentar do Paraná é outra ocorrência geológica expressiva no Sudeste brasileiro, ocupando cerca de 40% Estado de São Paulo, predominantemente na sua porção Centro-Oeste, bem como o Oeste de Minas Gerais (região do Triângulo). Nesses ambientes predominam os arenitos cretácicos do Grupo Bauru, em sua maioria com cimentos ou nódulos carbonáticos (IPT, 1981). Uma estreita relação solo-relevo- uso atual pode ser genericamente verificada na região: latossolos de textura média e baixa fertilidade natural ocorrem nos topos em relevos aplainados, predominantemente cultivados com café, pastagens e menos freqüentes a culturas anuais, reflorestamento e fruticultura. Em seqüência, na parte intermediária das encostas, tem-se Argissolos de textura arenosa/média que se caracterizam por um manto arenoso superficial, geralmente transitando abruptamente para um horizonte inferior de textura média, as vezes argilosa, e de melhor fertilidade em relação aos latossolos. Esses solos predominam em relevos acidentados e são altamente susceptíveis aos processos erosivos lineares, sendo comuns o desenvolvimento de ravinas e voçorocas com pouco tempo de uso (Salomão, 1994). A vegetação primitiva praticamente não existe na região, com predominância de pastagens extensivas e degradadas nos locais de ocorrência dos Argissolos. Juntos, Latossolos e Argissolos, perfazem aproximadamente 70% dos solos da região Sudeste, sob domínio dos arenitos do Grupo Bauru. Os derrames basálticos mesozóicos da Bacia Sedimentar do Paraná constituem outro grande domínio litológico do Sudeste. Restrito basicamente ao Estado de São Paulo, predominantemente na província geomorfológica denominada por Almeida (1964) de Depressão Periférica, é composto na sua maioria por Latossolos Vermelhos, Nitossolos e Argissolos Vermelhos; solos com elevado teor de óxidos de ferro e de fertilidade variada, predominando os de relativa pobreza em nutrientes. Esses domínios, principalmente em relevos planos ocupados com os Latossolos, são intensamente cultivados com cana-de-açúcar, que desalojou importantes áreas outrora ocupadas com café (Oliveira & Menk, 1984), embora esta cultura ainda permaneça em grandes extensões, predominantemente no leste paulista. Além dessas atividades, tais solos são aproveitados com citrus, culturas anuais, principalmente milho, algodão, soja, sorgo, com pastagens e, em menor extensão, reflorestamento. Os Latossolos Vermelhos, argilosos, muito porosos e com elevados conteúdos de ferro (Fe 2 O³ > 180g/kg) provenientes do intemperismo das rochas básicas da Bacia Sedimentar do Paraná, ocupam aproximadamente 14% do Estado de São Paulo (Oliveira & Menk, 1984). Finalmente, os domínios representados por seqüências metamórficas (pré-cambriano), englobam grupos e formações geológicas diversas e distribuem-se predominantemente por todo o Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais. Genericamente, recobrem o embasamento cristalino e caracterizam-se por ocorrências de gnáisses variados, xistos, filitos, quartzitos, mármores, ardósias e rochas carbonáticas, bem como formações ferríferas localizadas, onde as explorações minerais são expressivas. A diversidade de solos nessa região reflete a diversidade litológica, no entanto, extensas áreas de Cambissolos e Latossolos com elevados teores de alumínio extraível, solos de baixa fertilidade natural, são expressivos nos domínios do Grupo Bambuí,

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