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Este documento relata as experiências do autor na administração e planejamento de atividades na esfera local da igreja, enfatizando a importância de planejar e acompanhar sistematicamente as ações, além da necessidade de mobilizar as comunidades locais para participar efetivamente. O texto aborda também a importância de se treinar as pessoas e de se criar fundos para apoiar o avanço missionário.
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
Revista Caminhando, vol. 8, n. 2 [12], (2003)
João Alves de Oliveira Filho^1
Recebi a incumbência de elaborar um texto com o título acima referido. Não sou um especialista em administração; minha formação teológica “empurrou-me” para o pastorado; como algo latente dentro de mim e na caminhada do pastoreio, descobri que uma das minhas tendências pendia para o administrativo na esfera local. O que con- segui extrair da vivência pastoral nasceu da prática, das variáveis presentes em mim e do desejo de aprender. Portanto, não se iluda com um artigo de alta reflexão, porém, da experiência que sou con- vidado a compartilhar.
Administrar não é uma tarefa fácil, a começar pela auto- administração pessoal de cada um de nós. Talvez, a primeira premis- sa do bom administrador é aquela em que se inicia com a própria
(^1) Bispo Presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista.
pessoa, ou seja, conseguirei administrar o futuro sem administrar a minha própria vida e as variáveis que me cercam?
Comecei a levar a sério a questão da administração, inclusive a pessoal, bem cedo. Quando ainda adolescente, presenciei meus pais e irmãos sentados em volta da mesa, discutindo o que iriam pagar, quando iriam pagar, e como iriam pagar. Naquela ocasião, pela pri- meira vez, ouvi a expressão: “Não devemos nos esquecer do dízi- mo”. Estes detalhes ficaram gravados em minha memória, e jamais os esqueci. Há fatos, gravados em nossas memórias, que, se bem a- proveitados e aplicados, servem de orientação para toda a vida, sendo eles de caráter positivo, pois nos ajudarão nos procedimentos que es- tarão nos envolvendo.
Outro detalhe, que sempre coloquei em prática nas Igrejas por onde pastoreei é que não se deve gastar acima da receita. Reconheço que é uma tarefa difícil pautar os princípios do que temos em mãos, daqueles que se apresentam diante de nós. A palavra “gastar”, ou consumir, é uma presença latente; ainda que não se tenha condições, criam-se condições para consumir, massageados pelo velho jargão: “depois se paga”. É difícil controlar a expressão “depois se paga”, pois somos bombardeados por expressões que nos comovem e transmitem a fantasia de que não haverá problemas. Por exemplo, a mídia injeta sobre nós a propaganda de se comprar este ou aquele produto e pagar em suaves prestações mensais, e não passa pela nos- sa mente que, ao terminar os pagamentos, o valor do produto estará “sucateado”.
O consumo acima do previsto, que ocorre em nossas igrejas locais, também passa pelo viés da não elaboração da peça orçamentá- ria. A ausência desta prática faz com que as atividades locais sejam
inusitadas. Por exemplo, é difícil treinar as pessoas que fazem parte do ministério da oração, pois julgam que ao se reunirem em oração não necessitam de treinamento ou orientação para este ministério.
Reconheço que há muitas pessoas com dificuldades na área do acompanhamento. Às vezes, é necessário realizar uma “cobrança”, e muitos se sentem constrangidos no momento de se cobrar. Há exage- ros, tais como palavras alteradas, acusações, inferências mal admi- nistradas, etc. Outro fator é o ciclo de amizade que costumeiramente se forma no relacionamento do pastor com a membresia. O que fa- zer?
Diante destes e de outros fatos, a preferência recai para o co- modismo, pois é melhor ficar calado do que provocar algumas rea- ções naqueles e naquelas que estão ao meu redor. Agindo assim, ine- vitavelmente as ações que foram planejadas não alcançarão o suces- so, ficando na dependência da espiritualização das ações.
Ao chegar ao episcopado, durante um ano e meio atuei como presbítero presidente da 5ª. Região Eclesiástica, uma situação inusi- tada, ainda mais com a responsabilidade de dar continuidade às ações episcopais de um líder carismático, assim posso afirmar, em se tra- tando do Revmo. Bispo Scilla Franco. Não foi fácil, pois tinha cons- ciência de que em nenhum momento, tanto o laicato como os(as) pastores(as) da Região, sinalizavam a minha pessoa com o perfil de um Bispo.
Quando caí na real, estava ali, sendo o responsável por uma Região que chorava a perda do Bispo amado, que antes do seu fale- cimento, quadro agravado pela enfermidade, não pôde dispensar a devida atenção à situação da Região.
A primeira questão que me preocupava versava sobre o item financeiro, pois a nossa Região tem sobre si o compromisso das viú- vas e dos pastores aposentados, etc, que recebem da tesouraria regio- nal. O que fazer? As primeiras providências foram canalizadas com a liderança regional no sentido de encaminhar a problemática que nos angustiava.
Chegamos à conclusão de que para vencer o atual momento era necessário termos a quantia X a fim de equacionarmos os pro- blemas. Ao pensarmos nos valores, a angústia tomava conta, pois es- távamos em débito, e os valores remetidos pelas igrejas locais não correspondiam com a realidade.
A primeira decisão era conscientizar as igrejas locais de que, como igrejas, deveriam participar de forma efetiva e objetiva em nossa caminhada regional. Surgiu em minha mente a idéia de mostrar para as igrejas locais a nossa realidade, por meio de circulares, carta- zes e o que deveríamos quitar como compromisso regional. De forma exaustiva, iniciei o processo de contatar as igrejas, mobilizando os(as) pastores(as) a assessorar o Bispo nesta caminhada. Este mo- vimento, aparentemente tão simples, surtiu um grande efeito; para minha surpresa, os valores das igrejas locais, correspondentes aos compromissos com a Região, ultrapassaram as expectativas. Portan- to, minha primeira ação foi a de mobilizar a nossa Região.
Equacionado o problema dos nossos compromissos, o segundo passo foi sistematizar um processo de adequar a receita com a despe- sa, e o excedente encaminhá-lo para um sistema que “rendesse” al-
condições de construir planos e propostas que nos ajudaram a superar os momentos mais tensos em nossa Região.
Sempre passou pela minha imaginação que é necessário colo- car os pés no chão, em se tratando de administrar uma Região que si- nalizava avanços missionários, em especial nos pontos mais distantes tais como Mato Grosso e Tocantins. Não existe avanço missionário sem dotação financeira. Desta forma, juntamente com minha assesso- ria, decidimos que qualquer excedente de caixa, pelo período de um ano, seria aplicado em fundos com a finalidade de fortalecer o avan- ço missionário. A idéia deu certo. Deu-se início à criação de alguns fundos com pequenas quantias, tendo como base aplicações conser- vadoras, ou seja, houve paciência até que a idéia ganhasse corpo.
Outro detalhe importante ocorreu em um Concílio Regional, quando o Rev. Ely Eser Barreto César, em uma decisão arrojada, de- safiadora e missionária, propôs a criação de um Fundo Regional com a finalidade de investimento missionário e, também, ter um suporte para a sustentação das viúvas e dos pastores(as) aposentados(as). Por decisão conciliar, este fundo teve início com a venda de propriedades ociosas em nossa Região. Ele teve um início vagaroso. Surgiram no- vas idéias, tais como: o excedente de caixa da tesouraria regional de um ano para outro seria incorporado ao fundo; do resultado das ven- das de propriedades pelas igrejas locais, 10% direcionados para o fundo; a criação do Projeto Amigos da Missão, ou seja, pessoas das igrejas locais que contribuiriam voluntariamente para o Fundo. As idéias ganharam corpo, e hoje o fundo é auto-sustentável. Desta for- ma, administrar o futuro passa pela percepção e pela prática de se trabalhar com criatividade e com os “pés no chão”.
Conforme tenho afirmado, é necessário que seja adequado o quesito da receita com o da despesa. Em outras palavras, não se pode gastar acima do que se recebe. Esta é uma “tentação” que perpassa pela nossa mente e pela variável da administração. Neste sentido, ur- ge necessidade de se adequar: o pessoal, a questão salarial e o inves- timento em projetos. Quanto ao pessoal, minha experiência passa pe- la necessidade de todos(as) terem o conhecimento das atividades que são realizadas. Tenho preocupação quanto à sistemática de se contra- tar pessoas para atividades sistematizadas; reconheço que há situa- ções nas quais esses procedimentos são imprescindíveis; porém, a criatividade tem que despertar, no administrador, que uma pessoa pode com eficácia realizar duas ou três atividades, conforme a neces- sidade. Preocupa-me observar, em um ambiente para duas ou três pessoas, sete ou oito “trombando” umas com as outras.
Os investimentos terão que ser aplicados tendo como base os itens que constam no planejamento, ou seja, não se pode investir a- penas para investir. O que este investimento acarretará? Que objeti- vos pretendo alcançar?
Assim sendo, tenho condições de acompanhar os custos ope- racionais. Como exemplo, posso acompanhar as ações realizadas na Região mediante os relatórios mensais que me proporcionam uma vi- são do relacionamento entre receita e despesa, e os custos que estão sendo aplicados. Diante dos fatos, tenho condições de orientar sobre esta ou aquela atividade, ou simplesmente eliminá-la por sua inefici- ência. O acompanhamento sobre os custos operacionais tem que ser uma sistemática daquele(a) que administra a igreja ou órgãos sob sua responsabilidade. Este procedimento tem que ser muito bem assimi- lado, pois, caso contrário, os pontos positivos que se almeja alcançar dificilmente farão parte da minha caminhada administrativa.
adequado à minha personalidade. A confusão torna-se maior quando não consigo detectar a diferença entre o que sou e a pseudo- espiritualização das minhas ações. Quando tal fato acontece, o perigo de não sermos bem sucedidos na área da administração é inevitável, pois a fantasia me leva a “jogar tudo nas mãos de Deus”. Deve-se tomar este cuidado e evitar este procedimento, pois poderá ocorrer que assimilarei possíveis frustrações; nem Deus e nem a minha con- dição de administrar darão o suporte às minhas fantasias. Em outras palavras, não posso culpar Deus pelas minhas falhas administrativas e nem fantasiar que sou um bom administrador. O bom senso reco- menda que devo compartilhar até onde posso chegar com este quesi- to, pois não é pecado deixar claro que não tenho muito queda nesta ou naquela área.
Hoje, como Presidente do Colégio Episcopal e da Coordena- ção Geral de Administração Missionária – COGEAM, tenho a res- ponsabilidade de administrar a Área Nacional, uma tarefa desafiado- ra que coloca em risco a capacidade de manter, nos patamares dese- jáveis, as ações que envolvem os segmentos sob os cuidados da Área Nacional, inclusive a Região Missionária do Nordeste – REMNE e os Campos Missionários da Amazônia – CMA. Esta experiência tem sido muito interessante, pois a minha visão administrativa sempre re- caiu no estar junto, acompanhar e estar ao lado das ações que serão desenvolvidas. Na Área Nacional, minha situação modificou-se um pouco; estou há mais de 520 km de distância, e a administração vive um prosseguimento, por meio da delegação, telefone, fax, e-mail, etc. Este fato vem criar uma nova dinâmica na estrutura da igreja, pois a igreja ao defender o sistema presidencialista, ou seja, governo episcopal, o acompanhar as atividades do sistema central da igreja, provoca alguns “ruídos”. Esclareço: a figura do Presidente, Bispo(a), ainda é uma figura “carismática” na caminhada da nossa igreja, pois,
com esta figura está a palavra final. Esta é a nossa cultura, este é o nosso dia-a-dia. O ruído ocorre quando é necessária a palavra final, e a palavra final não está próxima, o que vem a causar um certo “de- sespero” naqueles(as) que aguardam esta palavra. Outro fator que te- nho detectado é a necessidade de se treinar as pessoas no que tange à delegação das atividades e compromissos. Do ponto de vista psicoló- gico, é necessário que haja muita confiança e sobriedade na questão de repassar esta ação. Quem administra a distância tem que desen- volver a percepção dos detalhes, pois, sem essa prerrogativa a “fa- lência” será inevitável. Chego a estereotipar um prognóstico; talvez posso estar errado; porém, afirmo que “aquele(a) que não é perceptí- vel a detalhes não pode administrar a distância. Não estou afirmando que eu seja a pessoa ideal, contudo, este é um detalhe que pude per- ceber.
Outro detalhe interessante diz respeito à figura do Presidente do Colégio Episcopal e da COGEAM. A figura é uma só, mas, a ver- satilidade tem que ser sensível aos dois órgãos que são diferentes nas proposituras e no relacionamento. Quando na Presidência do Colégio Episcopal e de acordo com os nossos Cânones, a figura do(a) Bis- po(a) é a figura do carisma, e os assuntos versam sobre ações e ativi- dades voltadas para o(a) clérigo(a). Quando na Presidência da CO- GEAM, os assuntos dizem respeito aos quesitos administrativos, en- volvendo valores, pessoal, compra, venda etc. Vivenciar e detectar os limites de cada órgão não é uma tarefa fácil; já está presente na men- te de todos(as) a figura do(a) Presidente. Não é fácil trabalhar com estas duas versões administrativas, a não ser aguçar a percepção quanto ao momento e ao órgão que estiver presidindo.
Outrossim, a atual estrutura da nossa igreja, em especial da Área Nacional, é incompatível com o que a igreja pretende alcançar. Urge a necessidade de se repensar o que a igreja pretende com a Á- rea Nacional: Um grupo de executivos? A ação programática da igre- ja? Um escritório nacional? Portanto, diante das circunstâncias atu- ais, diria que não é fácil administrar o presente momento da nossa i-