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Guias e Dicas
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aconselhamento pastoral, Trabalhos de Teologia

conselhos para pastores novos e antigos, para batalhar na fé

Tipologia: Trabalhos

2024

Compartilhado em 09/05/2025

crister-silva
crister-silva 🇧🇷

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“Uma abordagem equilibrada tanto da teoria quanto da metodologia em um mesmo volume, este livro será um grande recurso para o atarefado pastor que deseja realizar aconselhamento bíblico, mas não sabe onde começar. O anseio de alguém pela verdade e por ajuda prática será satisfeito, e o medo de aconselhados e seus problemas será diminuído.” Rod Mays , professor adjunto de aconselhamento, Reformed Theological Seminary ; pastor, Mitchell Road Presbyterian Church , Greenville

“Uma das coisas mais importantes e talvez mais desgastantes que os pastores fazem é o aconselhamento. Este livro oferece aos pastores uma estrutura básica para abordarem os problemas e sofrimentos de pessoas que eles têm o privilégio de pastorear.” Justin S. Holcomb, sacerdote episcopal ; professor de Pensamento Cristão, Gordon- Conwell Theological Seminary

“Pastorear é um trabalho árduo, um trabalho de amor que exige conhecimento teológico e o amor de Jesus por pessoas que estão sofrendo ou desorientadas. Este é o melhor livro de princípios elementares disponível, mostrando aos pastores a sabedoria que achamos apenas na Bíblia e apresentando métodos e procedimentos básicos para o ministério pessoal.” Sam R. Williams , professor de aconselhamento, Southeastern Baptist Theological Seminary

“Pierre e Reju indicam fielmente aos pastores as boas novas de Jesus Cristo como o meio e o alvo de mudança no aconselhamento. Gostaria de ter lido este livro quando estava começando o ministério. Eu teria sido aliviado de muitos temores referentes ao aconselhamento e melhor preparado para pastorear minha congregação. Este livro permanecerá no topo da lista para nossos estagiários lerem quanto ao aconselhamento pastoral.” Phil A. Newton , pastor, South Woods Baptist Church, Memphis

“Qualquer coisa que não entendemos é mais amedrontadora do que precisa ser. Este livro faz um excelente trabalho em sintetizar o processo de aconselhamento, identificando armadilhas e oferecendo procedimentos intuitivos. Ele o orientará quanto ao seu papel no processo, para que seus temores não o afastem de cuidar do povo de Deus.” Brad Hambrick , pastor de aconselhamento, The Summit Church , Durham

“Um livro sobre aconselhamento no qual o ponto de partida é a Palavra de Deus e

o objetivo é um entendimento mais profundo do evangelho, este livro está cheio de discernimento bíblico prático que pode ser aplicado imediatamente. Você se verá recorrendo a ele constantemente em seu trabalho de aconselhamento.” Robby Gallaty , pastor, Brainerd Baptist Church , Chattanooga

“Pierre e Reju estão oferecendo a pastores de todos os lugares um livro muito necessário sobre aconselhamento bíblico. Este livro demolirá os muros da ansiedade que pastores sentem quando aconselham seus congregados de uma maneira digna do evangelho.” Dave Furman , pastor, Redeemer Church of Dubai

“Este livro é uma grande ajuda para pastores que procuram cumprir seu papel de pastoreio por meio de aconselharem pessoas feridas. Passo a passo, a abordagem discute várias questões que os conselheiros enfrentam e oferece conselho prático para cada etapa no contexto de desenvolvermos uma cultura de discipulado na igreja.” Richard P. Belcher Jr. , professor de Antigo Testamento e deão acadêmico, Reformed Theological Seminary , Charlotte

“Um assunto complexo como aconselhamento pastoral é bem favorecido por um guia sucinto, útil e bíblico como O Pastor e o Aconselhamento. Pierre e Reju resumem habilmente os aspectos mais importantes do cuidado da alma. Recomendo entusiasticamente este livro a qualquer pastor como um fomentador ou como um revigorante.” Stuart W. Scott , professor associado de Aconselhamento Bíblico, The Southern Baptist Theological Seminary

“O que mais um pastor poderia desejar do que um manual que lhe oferece ajuda prática e compreensível a respeito de pastorear o rebanho? Proporcionando esperança e ajuda a pastores no desempenho de sua vocação dada por Deus, este livro é uma leitura indispensável.” Thomas Zempel , pastor de cuidado e ministério, Colonial Baptist Church , Cary; professor de aconselhamento, Sheperds Seminary

“Este é um dos primeiros livros que todo pastor de um rebanho local deveria possuir. Ele é, ao mesmo tempo, reverentemente centrado em Cristo e prático. Passo a passo, os autores mostram como pastores podem assistir pessoas feridas, dando-lhes ajuda e esperança.” Chris Brown , The Red Brick Church , Stillman Valley

Aos pastores que levam muitos problemas que não são seus

À honra daquele que levou um mundo de problemas que não eram seus

SUMÁRIO

Apresentação da Edição em Português

Prefácio

Introdução: o pastor e a manhã de quarta-feira

PARTE UM — CONCEITO

1 – Labutando por seu povo

2 – Onde começamos?

3 – Seu método: como você faz aconselhamento?

PARTE DOIS — PROCESSO

4 – O encontro inicial

5 – Trabalhando por mudança

6 – O encontro final

PARTE TRÊS — CONTEXTO

7 – Nunca trabalhe sozinho: rumo a uma cultura de discipulado

8 – Trabalhando com sabedoria: utilizando recursos externos

Epílogo: um trabalho de amor

Apêndice A – Lista de verificação para o processo de aconselhamento

Apêndice B – O que é aconselhamento cristão?

Apêndice C – Formulário de informações pessoais

Apêndice D – Método simples para tomar notas e organizar informações

Agradecimentos

segurança” (Pv 11.14), é o que se evoca nesta mesma direção. O aconselhamento pastoral é, portanto, lugar de reconhecimento da própria finitude, e de buscar e confiar na “profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus. Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33). A atitude poimênica descrita no original grego do texto bíblico como paraklesis (2Co 1.3-4; At 13.15; 1Ts 5.11) é a expressão prática do chamado para estar ao lado. Na esfera pastoral, o cuidado é termo essencial ao exercício poimênico em geral e ao aconselhamento pastoral em particular. Poimênica é o ato de refletir e de exercer o cuidado pastoral, e uma ética do cuidado deve se expressar em compaixão ativa em direção ao sofrimento do ser humano, o qual foi criado à imagem e semelhança de Deus e encontra-se acometido pela trágica realidade da Queda. Na teologia bíblica o sentido de cuidado se deriva de uma fonte primária, a saber, o próprio Deus. Ele é descrito como o principal “cuidador”. A retratação mais gráfica que se tem de seu cuidado está na analogia entre pastor e rebanho (Sl 23.1-4; Ez 34.16; Zc 10.3; Lc 15.3-6 e Jo 10), conquanto haja também outras descrições de características mais amplas e universais de seu cuidado (Dt 11.12; Jó 7.17). No Antigo Testamento, ao retratar o desenvolvimento humano saudável, a sabedoria jobina diz a Deus: “O teu cuidado a mim guardou” (Jó 10.12). Em um contexto agrícola e pastoral, o provérbio recomenda: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos” (Pv 27.23). Em o Novo Testamento, o vocábulo radical (Gr. melo ) ganha descrição vívida nos lábios do “bom samaritano”, quando este diz ao hospedeiro acerca do homem ferido e moribundo: “Cuida deste homem” (Lc 10.35); quando Cristo adverte acerca do “pastor” assalariado: “O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas” (Jo 10.13); e quando o apóstolo Pedro relembra aos seus leitores ansiosos acerca do cuidado de Deus (1Pe 5.7). Tanto no original hebraico quanto no grego, o grupo de palavras utilizadas para descrever o ato de cuidar pode ser subdivido em dois subgrupos, denotando dois níveis em que o cuidado se expressa. O primeiro descreve condições subjetivas do cuidador. Exemplos: “por o coração”, “por a mente”, “a alma” (Jó 7.17, Hb. leb ); “considerar”, “estimar”, “valorizar” (Sl 40.17, Hb. chashab ); “sentir”, “pensar”, “preocupar-se com” (Fp 4.10, Gr. phroneo ). O segundo nível, mais frequente no relato bíblico, tem conotação claramente objetiva, com materialidade em ações de natureza prática. Exemplos: “tomar conta”, comparecer”, “visitar”, “prestar atenção”, “buscar”, “passar em revista” (Zc 10.3, Hb. paqad ); “inspeção”, “supervisão” (Jó 10.12, com raiz no Hb. paqad ); “por”, “colocar [a mão sobre]” (Pv 27.23, Hb. shiyth ); “aquecer”, “manter quente” (Ef 5.29, Gr. thalpo ); “prover para alguém”, “prever”, “perceber de antemão” (1Tm 5.8, Gr. pronoeo ). A ética do cuidado pastoral remete para um chamado específico, que por sua vez remete para um exercício mais amplo e inerente à vocação divina para o ser humano. Cuidar é tarefa embutida no mandato cultural, a saber, o mandamento positivo para cuidar da criação e desenvolver o pleno potencial dela. Na teologia bíblica, cuidar é um imperativo mesmo no estado prelapsário. Parece mesmo refletir a imagem e semelhança de Deus. Neste livro, Jeremy Pierre e Deepak Reju oferecem balizada contribuição ao

cuidado pastoral, concedendo-nos “Um Guia Básico para o Pastoreio de Membros em Necessidade”. Os autores propõem que “os pastores devem pensar no aconselhamento não primariamente como uma tentativa de corrigir problemas, mas como uma tentativa de reorientar a adoração, das coisas criadas para o Criador, por meio do evangelho de Jesus Cristo”. E acrescentam que, tendo isto em vista, o conselheiro há de averiguar as combinações humanas de uma “vida sem o governo de Deus”. “Nosso alvo abrangente é construir infraestrutura espiritual na vida de pessoas, e não somente estancar vazamentos”. Assim, Pierre e Reju insistem que o “aconselhamento desenvolve frequentemente o discernimento de uma pessoa quanto ao seu próprio coração, ajudando-a a ser mais consciente de por que pensa, sente ou age de certas maneiras”. Tive o privilégio de ler os originais em inglês deste livro em um trajeto de trem no norte da Itália. Ao me defrontar com a proposta dos autores, antes mesmo dela ter sido publicada em língua inglesa, entendi que este livro, desenvolvido pelos autores com singeleza e humildade em forma de “cartilha”, poderia ser bastante útil aos pastores evangélicos no vasto mundo de língua portuguesa, bem como aos evangélicos em geral com real interesse no ministério de aconselhamento. O livro chega-nos como mais uma contribuição do Ministério 9 Marcas. Há alguns anos tive o privilégio de participar de eventos na Capitol Hill Baptist Church , em Washington, D.C, influente igreja entre os Batistas do Sul dos Estados Unidos, cuja sede está a poucas quadras do capitólio estadunidense. Ali, onde o Dr. Deepak Reju coordena o ministério de aconselhamento, pude testemunhar alguns dos princípios deste livro ganhando a sua expressão prática. O Dr. Jeremy Pierre atua em Louisville, Kentucky, exercendo atividades no Southern Baptist Seminary (Seminário Batista do Sul) e no ministério de Cuidado Pastoral em uma igreja batista na cidade. Os dois autores obtiveram o seu doutorado (Ph.D.) no Southern Baptist Theological Seminary , são legatários do movimento de Aconselhamento Bíblico nos Estados Unidos da América, e estão alinhados com as melhores expressões de maturação deste movimento. Ambos integram a Biblical Counseling Coalition (BCC, Coalizão em Aconselhamento Bíblico), instituição fundada em 2011 e na qual o Dr. Reju integra o corpo de diretores e o Dr. Pierre o corpo de conselheiros membros. Queira o bom Senhor utilizar amplamente este livro para o bem de sua igreja. Ele mesmo recomenda aos presbíteros: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).

São José dos Campos, SP, 20 de abril de 2015.

  1. Gilson Carlos de Souza Santos possui bacharelado em Teologia, formação em Psicologia, e licenciaturas emHistóriae Geografia. Cursa atualmente uma especialização em Avaliação Psicológica Clínica. Exerce atividades pastorais desde 1987 e docentes desde 1988. Por décadas tem integrado diversas instituições religiosas e assistenciais e participado da organização de algumas delas. Preside desde 1999 o corpo pastoral da Igreja Batista da Graça em São José dos Campos, São Paulo. Integra o conselho administrativo do Seminário Martin Bucer no Brasil, no qual leciona especialmente disciplinas na área pastoral, inclusive aconselhamento. www.gilsonsantos.com

combinem exame bíblico cuidadoso, reflexão teológica, consideração cultural, aplicação coletiva e um pouco de exortação individual. Os melhores livros cristãos são sempre teológicos e práticos. A nossa oração é que Deus use este livro e os outros para preparar sua noiva, a igreja, com brilho e esplendor, para o dia da sua vinda.

  1. Publicado em português pela Editora Fiel

INTRODUÇÃO

O PASTOR E A MANHÃ DE QUARTA-FEIRA

Na terça-feira à tarde, você está em guerra com sua caixa de mensagens quando sua

secretária o chama pelo telefone. Uma senhora, membro da igreja, está querendo falar com você; e é um problema. Com uma oração rápida que mais parece um suspiro, você pega o telefone e entra numa conversa de meia hora que o confunde e, com certeza, confunde também a sua interlocutora. Quando você termina a ligação, sua mente está zunindo com pensamentos sobre o que fazer com esta revelação inesperada de quão más as coisas estão entre ela e seu marido. A primeira coisa que você fará no dia seguinte é reunir-se com eles a fim de lidarem com isto. Como você começa a se preparar para a manhã de quarta-feira? Pastores e líderes leigos são familiarizados com chamadas telefônicas como esta. Talvez bastante familiarizados. Depressão resistente, tristeza profunda diante da prática de adultério, ira violenta, falta de comunicação crônica, lutas com a culpa por adição à pornografia, transtornos alimentares de evitação fóbica a calorias, câncer recorrente, atração secreta por pessoa do mesmo sexo, ideações suicidas – e essa é a lista curta. A vida num mundo caído é cheia de miséria. Para alguns, a vida está submergida na miséria. Isso se aplica tanto a pessoas no contexto da igreja quanto fora dele. Esta é a razão por que você é um pastor. Deus o chamou para pastorear suas ovelhas, e essas ovelhas estão frequentemente machucadas e confusas ou são obstinadas. Mas nem sempre é claro como você deve cuidar delas, especialmente nas situações mais complexas que as oprimem. Você pode ou não pensar em si mesmo como um pastor conselheiro, mas o fato incontestável é que você foi chamado a trabalhar em favor de seu povo nestes problemas inquietantes. E este é um trabalho que vale a pena. Oferecemos esta cartilha porque em nosso tipo de trabalho recebemos, frequentemente, chamadas telefônicas de pastores que precisam de ajuda para lidarem cuidadosamente com situações difíceis em suas igrejas.

Em quinze minutos, estarei conversando com um casal que está pensando em se divorciar. Eis o que penso fazer… Um jovem de nossa igreja admitiu recentemente para mim que sentia atração por pessoas do mesmo sexo. Preciso ajudá-lo, mas não sei o que dizer… Alguns pais de minha igreja me disseram nestes dias que sua filha é anoréxica. Há algum lugar que posso

Nosso argumento é simples: pastores pastoreiam. Os pastores lidam com a tarefa de fazer discípulos, e discipulado incluirá frequentemente aconselhar pessoas em situações diferentes. Este fato não deve inquietá-lo nem desanimá-lo. Também não precisa necessariamente empolgá-lo, mas deve fazê-lo ver que o cuidado de pessoas atribuladas é parte do privilégio de amar a Jesus. Apascente as ovelhas de Jesus. No capítulo 2, nós o ajudamos a saber como se preparar para o aconselhamento – como ele começa, quem o começa e como arranjar as coisas para conduzi-lo tão suavemente quanto possível. O capítulo 3 apresenta o método básico de aconselhamento. Em outras palavras, explicamos uma técnica útil para explorar um problema de uma pessoa e ter algo redentor a transmitir a ela. Discutimos os tipos de perguntas que devem ser feitas, as áreas pertinentes da vida de uma pessoa que precisam de exploração e como você responde de maneiras biblicamente proveitosas. A segunda parte, constituída dos capítulos 4 a 6, considera o processo de aconselhamento desde o encontro inicial até à devolutiva final. Oferecemos sugestões quanto a reconhecer a dinâmica do coração, entender problemas teológicos e empregar estratégias redentoras para mudança. Desejamos que estes capítulos o ajudem a responder à pergunta “como é o processo de cuidar desta pessoa?” A terceira e última parte, constituída dos capítulos 7 e 8, explica o contexto do aconselhamento. O aconselhamento pastoral acontece tanto dentro da comunidade da igreja quanto numa comunidade de recursos fora da igreja. O capítulo 7 trata da realidade de que você, pastor, não pode trabalhar sozinho. Não lhe é possível fazer tudo e continuar, você mesmo, sadio. Por isso, nós o ajudaremos a pensar no que significa desenvolver uma cultura de discipulado em sua igreja que suplemente e enriqueça qualquer aconselhamento que ocorra. O que significa desenvolver uma cultura em que os membros ajudam uns aos outros a crescerem na fé? Depois, o capítulo 8 olha para fora da comunidade a fim de verificar quais conselheiros, profissionais e os outros recursos que estão disponíveis. É sempre sábio encaminhar pessoas a alguém de fora da igreja? Se você fizer isso, como pode ter confiança de que um profissional específico ajudará e não prejudicará algum membro de sua igreja? E se você não puder achar um conselheiro cristão em sua comunidade, mas somente os que trabalham com base numa perspectiva naturalista? As perguntas são abundantes. Finalizamos o livro com vários materiais práticos, desde uma definição simples de aconselhamento bíblico até um método de tomar notas. Esses materiais têm o propósito de que você os use, e esperamos que lhe sejam úteis nesta tarefa tão nobre.

O VERDADEIRO PODER NO ACONSELHAMENTO — JESUS CRISTO Honestamente, ninguém espera que este livro mude seu mundo. Nosso alvo não é capacitá-lo a lidar com qualquer coisa que surja em seu caminho. Pelo contrário, o alvo é dar-lhe confiança no fato de que no evangelho você dispõe das categorias de que necessita para lidar com problemas de seu povo. Sua confiança não está em alguma técnica superdesenvolvida de aconselhamento, mas em Jesus Cristo. Confiança verdadeira está arraigada no poder das boas-novas de Jesus Cristo que transformam a vida. Afinal de contas, Jesus é o modelo de como os seres humanos funcionam melhor. E ele veio a um mundo disfuncional como substituto para seres humanos disfuncionais como nós. O pecado nos aliena de Deus. Aliena tudo de Deus.

Esta é a razão por que sofremos e a razão por que pecamos. Mas Jesus reconciliou o que estava alienado por fazer o pagamento do pecado mediante a sua morte. E agora Jesus vive ressurreto, transformando pessoas para viverem de acordo com sua justiça, de acordo com um relacionamento restaurado com Deus. É Deus, por meio de seu Filho glorioso, que muda pessoas. Ora, essa é a razão por que temos confiança. Nós, seres humanos, somos criados para manifestar o caráter de Deus no que pensamos, no que desejamos e na forma como agimos. Quando surge no coração humano um pensamento obstinado, um desejo lascivo ou uma intenção egoísta, esse coração está falhando em manifestar o caráter de seu Criador, que é paciente, puro e generoso para com os outros. Em resumo, tudo que há dentro e fora de uma pessoa foi planejado para glorificar a Deus. O coração de Jesus foi o único que manifestou perfeitamente o caráter de Deus – porque ele mesmo é Deus, mas também humano, como nós. Portanto, ele é adequado para ser nosso representante, nosso exemplo, nosso resgatador (Hb 4.14-16). Para aconselhar, devemos ter em mente os seguintes fatos:

Jesus Cristo é o meio de mudança. Crer no evangelho de Cristo muda as reações de nosso coração. Toda sabedoria teórica e todo conselho prático, ministrados no aconselhamento, devem promover, muito essencialmente, um relacionamento com Jesus Cristo pela fé. Jesus Cristo é o alvo de mudança. Manifestar o caráter de Cristo é o modelo de maturidade pelo qual labutamos. As circunstâncias talvez não mudem, os problemas talvez não desapareçam por meio de aconselhamento, mas Deus promete o poder que precisamos para reagir de maneiras que refletem a obediência confiante de seu Filho.

O aconselhamento, em sua forma simples, é uma pessoa procurando andar ao lado de outra que perdeu seu caminho. Programas de formação profissional ou acadêmica podem ser muito proveitosos para aprimorar habilidades. Mas, se você não os teve, pode aconselhar se adotar sinceramente a Palavra de Deus como o instrumento que mostra às pessoas suas maiores necessidades e suas maiores esperanças. Este labor é digno de seu tempo, pastor. Nossa esperança é equipá-lo com as ferramentas básicas para começar. A estrutura que apresentamos aqui expressa a nossa tentativa de sermos ousados em usar a verdade evangélica para lidar com os problemas não resolvidos de nosso povo. Francamente, seria muito mais fácil eliminar todos eles com instruções generalizadas procedentes do púlpito ou recomendar às pessoas que procurem ajuda de fora. Mas é um labor que vale a pena a um pastor que almeja ministrar cuidado habilidoso ao seu povo.

CAPÍTULO UM

LABUTANDO POR SEU POVO

Pastores de ovelhas não exalam bom cheiro. Pelo menos bons pastores não exalam

bom cheiro. Um bom pastor se identifica com ovelhas fedorentas, e o cheiro se apega a ele. Os pastores fedem não somente porque têm cheiro como o de ovelhas. Fedem porque têm cheiro como o de suor. E sangue, também. Como trabalhadores comuns, a face dos pastores está estriada, e suas costas estão curvadas. Como soldados, sua face está fatigada, e seus braços estão marcados por cicatrizes. Como ambos, eles se sentem frequentemente esgotados e supridos aquém do que seria apropriado. E têm aceitado o fato de que esse tipo de trabalho exige muito. Você nunca conhecerá um bom pastor que não esteja fatigado pelo fim da tarde. Da mesma maneira, você nunca conhecerá um bom pastor que tem uma atitude relaxada para com sua obra. Ele não reclama do trabalho árduo que é exigido para cuidar dos obstinados e dos machucados, enquanto também alimenta e protege todos os demais. Certamente, todo pastor tem dias em que é tentado a olhar para o céu e perguntar: “Por que os problemas constantes destas pessoas?” Mas ele acha fé para aceitar que sua obra é árdua. Deus a fez desta maneira para esvaziar o pastor de si mesmo, para que ele seja cheio do poder de Cristo.

MINISTÉRIO PÚBLICO, PROBLEMAS PESSOAIS Nunca ouvimos a afirmação explícita de que o ministério é fácil. Mas temos visto muitos pastores tentando arranjar as coisas para que o ministério seja fácil. Também já vimos muito homens entrarem no pastorado tendo em vista um ministério de púlpito. O que eles tencionam com o ministério de púlpito é serem pagos para pregar e ensinar, com talvez uma visita pastoral de vez em quando. Sabem que o ministério pessoal e o aconselhamento são importantes; por isso, em geral eles planejam fazer o orçamento da igreja aumentar por meio de suas admiráveis habilidades de púlpito e, depois, contratam um pastor auxiliar para fazer tudo mais. Não queremos parecer insensíveis à realidade. Antes éramos jovens que tinham visões de guiar um povo leal ao grande desconhecido por meio de exposição eloquente e de aplicação penetrante, ao poder da Palavra irradiando do púlpito como luz resplandecente numa cultura tenebrosa. Maridos pegariam a mão da esposa durante nossos sermões e se arrependeriam com lágrimas amargas. De vez em quando, viciados decidiriam nunca mais satisfazer os vícios. Pessoas desesperadas

sairiam de sua perplexidade ao som de nossa voz. Nosso ministério de pregação seria tão poderoso que tornaria desnecessário o ministério de aconselhamento. Ou pelo menos quase desnecessário. Certamente, de vez em quando haveria alguém enfermo espiritualmente, mas a igreja seria saudável por causa do ministério de pregação. No entanto, duas coisas nos impedem de persistir neste sonho: a experiência e a Bíblia. A experiência é um professor exigente. Ela nos mostra imediatamente que começamos como pregadores miseráveis. E, mesmo quando nos tornamos menos miseráveis, descobrimos que pregação aprimorada não está necessariamente correlacionada com menos problemas na vida de nosso povo. De fato, pense em seu pregador favorito e você verá uma igreja com um orçamento maior, mas não com menos problemas na vida de seus membros. A experiência não permite que tenhamos a ilusão de que a pregação é tudo que existe no ministério. Sendo bastante claros, a pregação é o ministério da Palavra central e vital na missão da igreja. É um dos propósitos primários do ajuntamento do corpo; é também fundamental para qualquer ministério pessoal que realizamos. Portanto, não entenda mal a nossa intenção aqui. Não estamos questionando a primazia do ministério de pregação. Estamos apenas salientando que ele não é a única circunstância em que o ministério da Palavra acontece na vida da igreja. A experiência sozinha não seria uma mestra suficiente para estabelecer este fato. Examinar o que a Bíblia diz, a fim de aprender o que constitui o pastoreio, é melhor do que simplesmente aprender do que não funciona no mundo real.

MINISTÉRIO PESSOAL NA BÍBLIA Os olhos de Pedro estavam provavelmente cansados quando o sol começava a se levantar para aquecer a terra. Talvez ele tenha examinado de perto a face de Jesus após a ressurreição, enquanto comiam o desjejum em silêncio; e todos os discípulos estavam tímidos para perguntar se era realmente ele. Estavam esperando que Jesus começasse a conversa. “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros?” Você sabe a história. Três vezes Jesus perguntou a Pedro se ele o amava realmente. À terceira vez, Pedro se entristeceu pelo fato de que Jesus parecia pouco convencido de suas respostas afirmativas. Mas, em cada vez, Jesus estava instruindo Pedro em como demonstrar amor genuíno por ele: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.15- 19). Amar a Jesus envolve cuidar daqueles que são dele. E cuidar daqueles que pertencem a Jesus envolverá morte. No caso de Pedro, envolveu morte literal. Jesus predisse com que “gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus” (v. 19).

O ministério é sofrimento Embora reconheçamos que a chamada de Pedro como apóstolo foi única para ele, também entendemos que o caminho de seguir Jesus em guiar sua igreja incluirá tanto o labor em alimentar as ovelhas quanto o sofrimento às mãos de outros. Muitos anos depois, o amadurecido Pedro faria esta conexão com muita clareza: Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória (1Pe 5.1-