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É um livro resumo de como lidar com as situações de traumatologia, seguindo as normas e protocolos do ACLS, publicado pela Medway.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Quem nunca arregalou os olhos ao escutar um “Dr., chegou uma parada!” que atire a primeira pedra!
A verdade é que atender uma emergência como uma PCR não está nos planos de nenhum médico e, por isso, raramente esperamos que uma situação dessas aconteça durante o nosso plantão.
E justamente por isso devemos estar muito bem preparados e com o algoritmo na ponta da língua pra que, quando a emergência chegar, você consiga manter a calma e conduzir a PCR da melhor maneira possível.
Por isso, reunimos aqui as principais informações que você precisa saber na hora de manejar uma PCR.
Esperamos que aproveite!
Boa leitura! Equipe Medway
Somos um time de médicos formados nas principais instituições de residência do Brasil.
Conhecemos bem os obstáculos e as dificuldades que surgem durante a preparação para as provas de residência médica. Justamente por isso, e porque sentimos falta de ter alguém nos orientando lá atrás, tomamos a decisão de criar a Medway.
Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a chave do sucesso na aprovação de milhares de alunos de Medicina em todo o país.
Em quatro anos de existência, impactamos 16 mil alunos com uma metodologia diferente da convencional. Leve, objetiva e verdadeira. Sem dúvidas, essa última característica é o nosso maior diferencial.
Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados.
Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela didática e pelo lado humano.
Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até o final!
Salve, salve, meu querid@!
Creio que você já deva ter escutado a seguinte frase no plantão: “Doutor(a), chegou uma parada! ”. Dá até um arrepio ao ouvir!
Entretanto, é uma condição que vemos todos os dias.
As emergências cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo, por isso o reconhecimento precoce dessas patologias é primordial para garantirmos o melhor atendimento aos pacientes.
Neste material, vamos falar do principal assunto do ACLS – suporte avançado de vida cardiovascular: a parada cardiorrespiratória (PCR).
A PCR é definida como a cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. Calma! Vamos ler essa frase novamente?
O termo “parada cardiorrespiratória” é utilizado para os casos rapidamente detectados, enquanto ainda há possibilidade de retorno da circulação espontânea (RCE) por meio da ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
Podemos dividir a PCR em dois grupos: ritmos chocáveis (que se beneficiam da desfibrilação, que será a conduta mais importante no manejo) e não chocáveis (nos quais a desfibrilação não será indicada e, claro, não será realizada).
- Ritmos chocáveis: fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso - Ritmos não chocáveis: assistolia e atividade elétrica sem pulso (AESP)
Aqui a diferenciação é feita a partir da análise do monitor cardíaco que estará nos mostrando o traçado eletrocardiográfico. Vamos olhar então alguns eletrocardiogramas (ECG)? Atenção, porque aqui não podemos “comer bola”!
ECG 1 – fibrilação ventricular: aqui observamos ritmo anárquico decorrente de múltiplos focos de reentrada, chegando a uma frequência cardíaca (FC) de 400-600 batimentos por minuto (bpm). Essas contrações não são capazes de gerar débito e, portanto, não existe “FV com pulso”, toda FV é ritmo de PCR.
Figura 1. ECG – fibrilação ventricular. Fonte: Shutterstock.
ECG 2 – taquicardia ventricular sem pulso: no monitor, veremos uma taquicardia de QRS alargado. Uma observação importante aqui é que, caso o paciente tenha pulso, ele não estará em PCR. Portanto, no paciente com traçado compatível com TV, temos que tentar palpar pulso central e, se ele não tiver pulso, chamaremos de PCR.
Figura 2. ECG – taquicardia ventricular sem pulso. Fonte: Shutterstock.
ECG 3 – assistolia: nesse caso, o monitor mostrará apenas uma linha reta (mais adiante, conversaremos sobre o “protocolo da linha reta”, que nos ajudará a não deixar passar despercebido algum motivo para essa linha reta que não a assistolia em si).
Na tabela a seguir, elencamos as principais causas de PCR. Acompanhe.
Doença arterial coronariana Cardiomiopatia Anormalidades estruturais Disfunção valvar
Disfunção do sistema nervoso central (SNC) Doença neuromuscular Encefalopatia metabólica Pneumonia Neoplasia DPOC / ASMA Edema agudo pulmonar (EAP)
Anormalidades Pneumotórax hipertensivo Tamponamento cardíaco estruturais Tromboembolismo pulmonar (TEP) Hemorragia Sepse
Hipo/hipercalemia Hipo/hipermagnesemia Hipocalcemia
Antiarrítmicos Digitálicos Betabloqueador Bloqueadores de canal de cálcio Antidepressivo tricíclico Drogas (Cocaína / Heroína / Crack) Monóxido de carbono / Cianeto
Afogamento Hipo/hipertermia Eletrocussão/trovão
Tabela 1. Tabela das causas de PCR. Fonte: adaptada de Velasco et al ., 2020.
Existe ainda uma outra forma de classificar as causas da PCR. Muito mais simples, ela permite que possamos administrar com mais facilidade a RCP. Ela é chamada de 5 Hs e 5 Ts. Normalmente associada com as causas de PCR por ritmos não chocáveis, mas erroneamente, pois todas são também possíveis causas de PCR por ritmos chocáveis.
CAUSAS DE PCR – 5 Hs e 5 Ts
Hipóxia Trombose coronariana
Hipovolemia Tromboembolismo pulmonar
Hipotermia Tensão pulmonar (pneumotórax)
H+ (acidose) Tamponamento cardíaco
Hipo/Hipercalemia Tóxicos
Tabela 2. Tabela 5 Hs e 5Ts. Fonte: AHA - ACLS 2020
Antes de qualquer coisa, você precisa identificar se a cena está segura. Como assim?
Se um paciente tivesse uma parada cardiorrespiratória no meio da rua e você fosse correndo heroicamente para socorrê-lo, talvez você fosse atropelado. Assim, além de não ajudá-lo, daria ainda mais trabalho para a equipe (se não algo mais grave, como até mesmo morrer).
1) Segurança da cena Beleza, a cena está segura. E agora?
2) Checar responsividade Aqui, você deve segurar os ombros e sacudi-los, além de chamar o paciente (pelo nome, se souber; se não, basta um “SENHOR(A)! SENHOR(A)!”).
Bom, sabemos que você entendeu o porquê de chamar o paciente. Mas por que segurar e sacudir os ombros? Primeiro porque o paciente pode ser surdo, mas também para que, caso não seja uma PCR, o paciente não levante assustado, o que pode inclusive causar um acidente se ele bater com o rosto no seu.
3) Ausência de respiração ou respiração irregular
4) Ausência de pulso central
Qual é o fator mais importante em uma PCR? Medicações? Hospital? Nada disso!
Muita atenção aqui, pois compressões eficazes são a pedra angular da RCP!
Ok, você já sabe que deve realizar 30 compressões e depois 2 ventilações. Mas e como comprimir?
Figura 5. Técnica correta de compressão torácica. Fonte: Shutterstock.
A abertura da via aérea deve ser realizada logo antes das ventilações com alguma das seguintes técnicas:
- Jaw thrust (elevação da mandíbula): bem indicada em cenários de trauma, pois permite a abertura da via aérea mantendo a coluna cervical estável - Head tilt / chin lift (inclinação da cabeça elevação do queixo): pode ser usada caso não tenha história de trauma
Como já sabemos, o recomendado é realizar duas ventilações a cada 30 compressões. O nosso objetivo aqui vai ser ofertar para o paciente de 500 a 600 mL (o que corresponde a cerca de 6-7 mL/kg).
E para isso existem algumas técnicas. Vamos a elas?
- Ventilação boca a boca/boca a máscara : - Posicionar-se ao lado da vítima - Abrir a via aérea (com head tilt/chin lift se não tiver história de trauma) - Fechar o nariz do paciente com polegar e indicador (pinça) - Realizar uma inspiração profunda e, na sequência, colocar os lábios sobre os do paciente (sem deixar escape pelas laterais) - Realizar uma expiração vagarosa (atenção: é para fazer uma expiração, não assoprar) - Retirar os lábios para permitir a expiração passiva do paciente e depois repetir a técnica mais uma vez - Se for usar um dispositivo de proteção facial (máscara), basta acoplar englobando nariz e boca (faça um C com polegares e indicadores para vedar e com os demais dedos um E abaixo da mandíbula para elevá-la) e então realizar a expiração na máscara - Importante: você não é obrigado a realizar a ventilação boca a boca caso não se sinta à vontade ou seguro (um exemplo prático é pensar na pandemia da covid-19) - Ventilação boca a nariz - Pode ser eficaz em casos de trauma facial - Ventilação pela traqueostomia - O orifício da traqueostomia se torna a via aérea do paciente - Ventilação bolsa-válvula-máscara (famoso “Ambu”) - Permite uma melhor ventilação e oxigenação, mas precisa ter disponível o dispositivo (normalmente apenas após a chegada do Samu) - Posicionar-se atrás da vítima - Formar um C com o polegar e indicador e um E com os demais dedos abaixo da mandíbula para acoplar a máscara no rosto do paciente - Com a outra mão, pressionar a bolsa vagarosamente e permitir o retorno passivo
Portanto, será feito o seguinte:
Figura 7. Posicionamento correto das pás (desfibrilação). Fonte: Shutterstock.
Ao contrário do que muitos estudantes e médicos acreditam, a intubação orotraqueal (IOT) não é uma conduta prioritária na PCR. Sabe por quê?
Figura 8. Curva de capnografia (EtCO 2 ). Fonte: Shutterstock.
Acesso venoso periférico (AVP): o AVP é importante para o uso de medicações e reposição volumétrica. Após a infusão de medicação, devemos realizar flush com 20 mL de soro fisiológico 0,9% e, em seguida, elevar o membro.
Acesso venoso central (AVC): pelo fato de demandar tempo e o cateter não permitir infusão rápida de grandes volumes, não é recomendado a sua passagem de rotina durante uma PCR.
Acesso intraósseo (IO): é uma excelente alternativa ao AVP quando este não é facilmente obtido, pois também permite infusão rápida de grandes volumes.
Acesso arterial: dispositivo inserido diretamente em artéria (radial ou femoral), que nos fornece a medida de PA segundo a segundo, de maneira contínua. Normalmente instalada em pacientes no ambiente de terapia intensiva, dificilmente será instalada durante a PCR em si.
A massagem é considerada adequada quando a PA diastólica se mantém acima de 20 mmHg – valor de pressão mínimo para que seja mantida a perfusão coronariana.
Na tabela a seguir, elencamos as principais medicações envolvidas na PCR. Posteriormente, quando falarmos a respeito dos fluxogramas, entenderemos com mais clareza o momento em que elas serão utilizadas.
Epinefrina (adrenalina) 1 mg EV a cada 3 a 5 minutos em bolus Todos
Amiodarona
300 mg EV na primeira dose e 150 mg EV na segunda dose, ambos em bolus
FV/TV sem pulso
Lidocaína
1 a 1,5 mg/Kg EV na primeira dose e 0,5 a 0, mg/Kg EV na segunda dose, ambos em bolus
FV TV sem pulso (como alternativa à amiodarona, ou seja, usaremos uma ou outra)
Sulfato de Magnésio 1 a 2 g EV em bolus Manutenção: 0,5 a 2 g/h
Torsades de pointes (subtipo de TV polimórfica)
Alteplase
50 mg EV (podendo ser repetido em 15 minutos) em bolus
TEP (suspeita ou confirmado)
Bicarbonato de sódio 8,4%
1 a 1,5 mEq/Kg EV em bolus
Intoxicação por tricíclicos / Acidose metabólica grave
Gluconato de cálcio 10% 20 a 30 ml EV a cada 2 a 5 minutos em bolus Hipercalemia
Glicose + insulina (glicoinsulina)
25 g de glicose + 10 UI de insulina regular EV em bolus
Hipercalemia
Dose inicial: 2 mEq/min por 10 minutos Manutenção: 0,5 a 1 mEq por 10 minutos
Hipocalemia
Tabela 3. Medicações e suas respectivas indicações na PCR. Fonte: adaptada de Velasco et al ., 2020.