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Um estudo realizado na unidade básica de saúde cristais, em nova lima, minas gerais, com o objetivo de melhorar o atendimento à demanda espontânea, fortalecendo os princípios de integralidade, equidade e universalidade. O estudo identificou problemas relacionados à atenção à demanda espontânea, como a organização da demanda, infraestrutura adequada, horários e dias de atendimento, entre outros. A equipe propôs soluções baseadas no planejamento estratégico situacional (pes) e no acolhimento humanizado da população.
Tipologia: Esquemas
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Estratégia Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profa. Ms. Maria Dolôres Soares Madureira
Agradecimentos
A Deus, por todas as bênçãos concedidas e por esta oportunidade de aprendizado e crescimento profissional e como ser humano.
À equipe de profissionais da saúde da Unidade Básica de Saúde Cristais, pelo carinho e empenho.
Aos meus familiares, pelo apoio e pela compreensão.
À orientadora Maria Dolôres Soares Madureira que muito colaborou com mais uma etapa de aprendizado e realização profissional.
O modelo de saúde atualmente proposto pelo Sistema Único de Saúde atribui à Atenção Primária à Saúde, dentre outras, a função de ser a porta de entrada para o sistema. Para isso, as equipes de saúde devem possuir habilidades para atender as necessidades da população e apresentar resolubilidade. Nesse contexto, o atendimento à demanda espontânea é fundamental e é papel de todos os membros da equipe. Discutem-se estratégias de abordagem eficaz dos problemas apresentados pelos usuários que compõem essa demanda, de modo a atender o princípio da integralidade. Este estudo teve como objetivo elaborar um projeto de intervenção que permita o aprimoramento do atendimento da demanda espontânea na unidade básica de saúde Cristais, em Nova Lima, Minas Gerais, fortalecendo os princípios de integralidade, equidade e universalidade. A elaboração do projeto de intervenção seguiu os passos do planejamento estratégico situacional, com apoio de revisão bibliográfica a respeito do tema e de conhecimentos adquiridos em reuniões com a equipe de saúde local. O plano de ação obtido a partir desses dados teve como base a capacitação da equipe para atuar de forma a realizar um acolhimento de qualidade e a triagem adequada dos problemas apresentados pelos usuários do serviço. Espera-se, portanto, a partir da execução da intervenção proposta, que se alcance uma assistência de saúde de melhor qualidade aos usuários, de modo a se consolidar cada vez mais os princípios do Sistema Único de Saúde.
Palavras-chave: Acolhimento. Atenção Primária à Saúde. Estratégia Saúde da Família.
ACS Agentes Comunitários de Saúde APS CEMPRE ESF IBGE LILACS PES PNH PROVAB SCIELO SIOPS SUS UBS
Atenção Primária à Saúde Centro de Promoção da Empregabilidade Equipe de Saúde da Família Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde Planejamento Estratégico Situacional Política Nacional de Humanização Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica Scientific Electronic Library Online Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde Sistema Único de Saúde Unidade Básica de Saúde
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relacionados à coleta e disposição dos esgotos sanitários, controle de águas pluviais, abastecimento de água e coleta e disposição do lixo.
O bairro conta com uma pré-escola e creche (“Lar da Esperança”), uma Escola Municipal (“Dona Antonieta Dias de Souza”), uma Escola Estadual (“João Felipe da Rocha”), um Centro de Promoção da Empregabilidade (CEMPRE) e uma unidade básica de saúde, em que trabalham duas Equipes de Saúde da Família (ESF), 1 e 2.
A UBS Cristais, localizada no bairro Chácara dos Cristais, conta com duas equipes da Estratégia Saúde da Família, em que atuam dois médicos generalistas participantes do PROVAB, além de um médico “Apoio Clínico” e de outros médicos especialistas, como Ginecologista e Obstetra e Pediatra.
Em estudo de demanda realizado pela UBS Cristais, no período de 17 a 38 de novembro de 2014, registrou-se o atendimento de 1.321 pacientes, numa média de 132 pacientes por dia, por diversos motivos, dentre eles a procura pelo atendimento médico. A UBS apresentava 8.491 pessoas cadastradas em sua área de abrangência na ocasião e concluiu-se que havia uma “super utilização” do serviço oferecido na UBS. Além disso, notou-se que existe uma dificuldade de adequada triagem das queixas apresentadas, com prejuízo na classificação de risco e na priorização de demandas que exigem abordagem mais rápida.
Devido ao exposto, percebeu-se a necessidade de se pensar estratégias de abordagem eficaz dos usuários que compõem essa demanda espontânea, com o objetivo de atender integralmente os mesmos em suas necessidades.
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Este trabalho se justifica pela necessidade de uma melhor compreensão e abordagem da demanda espontânea que busca atendimento na UBS Cristais, não apenas nos aspectos quantitativos, mas principalmente com relação à melhor condução de cada problema apresentado pelos usuários do serviço.
Nesse contexto, busca-se atender ao princípio da integralidade, ao assistir o usuário em todas as suas necessidades. Ao mesmo tempo, porém, não se pode esquecer a equidade, que significa tratar de forma “desigual” cada demanda apresentada, no sentido de priorizar os mais necessitados. Além disso, ao se otimizar o atendimento, reforça-se a universalidade, outro princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) previsto na lei 8.080/90 do SUS (BRASIL, 1990).
Este estudo torna-se importante ao propor estratégias que facilitem o atendimento da demanda espontânea, como o acolhimento adequado e a aplicação de técnicas de triagem, como o protocolo de Manchester. Entende-se que, pelo treinamento da equipe para conduzir os problemas apresentados pelos usuários, será alcançada maior satisfação dos usuários e resolubilidade.
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O primeiro passo para a realização do trabalho foi a definição de um problema importante, de acordo com a realidade da UBS Cristais, a partir do diagnóstico situacional. Entre os problemas identificados foi eleito pela equipe o do atendimento da demanda espontânea que procura a unidade, para ser melhor compreendido e para que fossem propostas intervenções pertinentes.
Este trabalho foi desenvolvido com apoio de revisão bibliográfica de textos científicos disponibilizados nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram utilizados os seguintes descritores: Acolhimento, Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família.
A elaboração do projeto de intervenção seguiu os passos do Planejamento Estratégico Situacional (PES) de acordo com Campos; Faria e Santos (2010).
Foi utilizado também o conhecimento adquirido em encontros com toda a equipe, a fim de instruir e capacitar os profissionais da saúde para atendimento da demanda espontânea, de forma humanizada e com integralidade.
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O modelo de saúde atualmente proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) atribui à Atenção Primária à Saúde, dentre outras, a função de ser a porta de entrada para o sistema. Para isso, as equipes de saúde devem possuir habilidade para atender as necessidades da população e apresentar resolubilidade (BRASIL, 2010a).
O atendimento à demanda espontânea é fundamental e é papel de todos os membros da equipe. A função de cada um desses membros deve ser muito bem compreendida, a fim de se prestar a melhor assistência possível. A atenção à demanda espontânea na Atenção Primária, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010a, p.17), “deverá ser baseada no acolhimento e na escuta qualificada à população, de forma a garantir um atendimento humanizado, a resolutividade dos serviços e a promoção da saúde da população”.
Para que este atendimento seja eficaz e provoque a satisfação do usuário, é fundamental que ele seja humanizado. A humanização faz com que as ações em saúde representem mais que atendimento com qualidade e resolubilidades. Ela representa a valorização da dignidade do profissional e do usuário (SIMÕES et al ., 2007).
A criação da Política Nacional de Humanização (PNH) do SUS traduz a necessidade de um atendimento humanizado, na busca da garantia de serviço de qualidade para os cidadãos. Segundo essa política, a humanização é o guia de todas as ações de saúde e leva em consideração a subjetividade de cada um, bem como sua história de vida e o meio em que vive. Uma das marcas da PNH, nesse contexto, é o acolhimento com avaliação de risco e agilidade, como meio de reduzir filas em serviços de saúde (OLIVEIRA et al ., 2010).
O Ministério da Saúde propõe que haja uma avaliação da demanda de cada indivíduo de acordo com seu risco e vulnerabilidade, o que permite a priorização da atenção, ao invés do atendimento por ordem de chegada (BRASIL, 2006). Esse atendimento por ordem de chegada favorece a formação das filas e distancia o atendimento prestado do princípio da equidade.
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Para Baraldi e Souto (2011, p.16), o acolhimento pode ser definido como “uma prática que possibilita ao cidadão o acesso a um cuidado justo, ampliado e integral por meio da interprofissionalidade e intersetorialidade assistencial, a partir do reconhecimento de que esse acesso é um direito humano fundamental”. Santana (2011) corrobora esse pensamento, ao afirmar que o acolhimento não apenas facilita o acesso da demanda espontânea; ele envolve um novo olhar para o usuário, reconhecendo-o como sujeito de direitos e necessidades, sendo necessário que o profissional de saúde que o acolhe estabeleça uma boa comunicação no processo da relação profissional-usuário, permeada por compromisso e confiança mútua.
Portanto, “a atitude de acolher pressupõe a mobilização dos sujeitos envolvidos em todos os aspectos das relações que se estabelecem no âmbito da saúde. É necessária uma consciência de cidadania” (BREHMER, VERDI, 2010, p.3570).
Uma estratégia importante para a abordagem da demanda espontânea é o conhecimento e aplicação do protocolo de Manchester. Este é um sistema composto de algoritmos, que classifica as demandas em cinco níveis de urgência, atribuindo a cada quadro clínico uma cor, vinculada ao tempo máximo em que este deve ser atendido (PINTO JUNIOR; SALGADO; CHIANCA, 2012). Este protocolo, inicialmente utilizado apenas em serviços de urgência, já está sendo utilizado, também, nas unidades básicas de saúde e pode contribuir imensamente para a organização do atendimento, com foco na equidade.
Entendendo que “o acolhimento com classificação de risco é um processo de transformações, de mudanças, que busca modificar as relações entre profissionais de saúde e usuários” é importante destacar que concomitante à busca pela resolutividade, identificação e priorização dos atendimentos, os usuários devem ser considerados de forma ética e humanitária (OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2013, p.28).
Para Scholze (2014), é importante que o acolhimento com classificação de risco seja conduzido de forma explícita para que os processos de tomada de decisão na utilização de recursos destinados aos cuidados em saúde sejam transparentes para profissionais e usuários. Nesse processo,
[...] Além do reconhecimento do profissional para com o sofrimento do usuário, possibilita-se assim que as pessoas atendidas construam
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seus vínculos com o serviço a partir de respostas positivas a suas demandas. Abre-se ainda uma oportunidade de ampliar a visão do usuário para as outras pessoas que buscam o serviço concomitantemente com seus próprios problemas, permitindo que estes também se reconheçam mutuamente, fomentando a corresponsabilização (SCHOLZE, 2014, p.225).
Pelo exposto, evidencia-se que ações de atendimento à demanda espontânea devem ser realizadas em todos os níveis de atenção à saúde, incluindo “aspectos organizativos da equipe e seu processo de trabalho como também aspectos resolutivos de cuidado e de condutas” (BRASIL, 2013, p.16).
Neste sentido, torna-se necessário que os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) concretizem os princípios da acessibilidade e da integralidade das ações de saúde, por meio de uma atenção qualificada à demanda espontânea, organizando o processo de trabalho das equipes de saúde. Necessários se fazem o desenvolvimento de estratégias que possibilitem práticas de saúde mais humanizadas e a “organização de redes de atenção à saúde, disponibilização de infraestrutura e equipamentos e qualificação dos profissionais de saúde” (BRASIL, 2010b, p.14).
Torna-se fundamental que a equipe de saúde planeje e analise a organização da demanda da população na Unidade Básica de Saúde, considerando:
[...] as características epidemiológicas, demográficas e sociais da população, os aspectos do território, bem como a capacidade instalada da unidade e a capacitação dos profissionais, para que as atividades coletivas e individuais sejam programadas de forma mais adequada às necessidades da população local (BRASIL, 2010b, p.20).
A demanda espontânea e a atenção programada devem ser abordadas conjuntamente, “de forma a caminhar a partir da atenção ao agudo em direção à atenção programada, como uma forma de organização progressiva do processo de trabalho das equipes” (MINAS GERAIS, 2010, p.13).
Para se organizar a demanda, programada ou espontânea, é necessário que o espaço e tempo para o atendimento sejam previstos, incluindo o acolhimento às urgências e seus encaminhamentos. Desta forma o acolhimento a essas demandas se complementa, possibilitando a satisfação dos usuários, uma vez que são dadas
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O projeto de intervenção ou plano de ação é entendido como uma “forma de sistematizar propostas de solução para enfrentar os problemas que estão causando o problema principal” (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010, p.61).
O projeto de intervenção para enfrentamento do problema “grande demanda espontânea de usuários na Unidade Básica de Saúde” seguiu os passos do PES: definição dos problemas, priorização dos problemas, descrição e explicação do problema selecionado, seleção dos “nós críticos”, desenho das operações, identificação dos recursos críticos, análise de viabilidade do plano, elaboração do plano operativo e gestão do plano (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).
Definição dos problemas
A Unidade Básica de Saúde Cristais enfrenta, diariamente, problemas comuns a muitas outras unidades, difíceis de serem solucionados. Por meio do diagnóstico situacional inicial e da observação do processo de trabalho foram identificados pela equipe de saúde da família alguns problemas, como: grande demanda espontânea e dificuldade de lidar com essa demanda, qualificação limitada dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sistema de contra-referência deficiente, quase inexistente, uso abusivo de benzodiazepínicos, excesso na solicitação de exames complementares, devido a procura por “check up”, pouca instrução da população a respeito do funcionamento da unidade de saúde, pouca oferta de consultas com especialistas.
Priorização de problemas
Na priorização dos problemas foram considerados: a importância do problema, sua urgência e a capacidade da equipe em enfrentá-lo além do reflexo em vários outros problemas (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).
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Nesse contexto, foi escolhido o tema referente à abordagem da demanda espontânea, pela sua importância e reflexo em outros problemas, como disponibilização de tempo para atividades de prevenção e promoção à saúde.
Descrição do problema selecionado
O atendimento da demanda espontânea na UBS Cristais ocorre durante todo o horário de funcionamento da mesma, o que se considera um ponto positivo no que diz respeito à humanização do atendimento. O problema identificado, com relação à abordagem espontânea, está relacionado principalmente à triagem, muitas vezes realizada sem critérios bem definidos. Assim, muitas vezes, pacientes que necessitam de atendimento mais rápido não são priorizados e outros, que poderiam ser atendidos posteriormente acabam ocupando as vagas reservadas para a demanda espontânea. A consequência disso é que, quando essas vagas já estão ocupadas e surgem pacientes com demandas realmente prioritárias, ocorre sobrecarga no atendimento prestado pelos profissionais de saúde, especialmente os médicos. Além da questão da triagem, existe também outro problema que é o “excesso de demanda”, já citado, diagnosticado em levantamento realizado na UBS, o que também contribui para a dificuldade no atendimento e sobrecarga dos profissionais.
Explicação do problema
Sobre as causas da dificuldade de abordagem adequada da demanda espontânea, uma hipótese levantada é a falta de capacitação suficiente dos profissionais que fazem o acolhimento dos pacientes a respeito da distinção entre casos que necessitam de atendimento mais rápido e casos que podem aguardar alguns dias para o atendimento eletivo.
Já sobre o “excesso” de pacientes, pode-se supor, ainda sem dados consistentes, que a falta de um médico “apoio clínico” que exerça uma maior carga horária de trabalho na unidade possa contribuir para o problema, pois o médico que atua na