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Cecilia Meireles' poetic endeavour presents death as a natural phenomenon, a normal process of living organisms. In her poetry, death is neither morbid nor ...
Tipologia: Exercícios
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE LETRAS MESTRADO EM TEORIA LITERÁRIA
AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NA OBRA POÉTICA DE CECÍLIA MEIRELES
Dissertação de Mestrado apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Letras como requisito para a obtenção do grau de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Luzilá Gonçalves Ferreira
Recife-PE, 2004
O desejo do homem é que as sombrias águas da morte se transformem nas águas da vida que a morte e o seu frio abraço sejam o regaço materno, exatamente como o mar, embora tragando o sol, torna a pari-lo em suas profundidades... Nunca a Vida conseguiu acreditar na Morte. C. G. Jung, Metamorfoses e os Símbolos da Libido , (1912).
Dedico este trabalho ao meu pai, Abel Antônio da Silva. Memória póstuma.
Na Obra Poética de Cecília Meireles, a característica temática sobre o tema da morte se apresenta de maneira suave, sem morbidez, sendo este assunto concebido como parte integrante e natural do esquema da vida humana. Isto tem para nós valor imenso: a sociedade moderna ocidental, tanto quanto possível, busca meios para mascarar a morte porque tende a percebê-la como fatalidade. Ao fazermos um levantamento dos conteúdos temático, estético e imagético nos poemas que falam sobre a morte, de forma direta ou indireta, foi possível perceber, que a autora afortuna tais motivos, concedendo- lhes um registro peculiar. Indo mais além, percebemos que a poetisa suscita uma visão pessoal em relação ao sofrimento, que ela atribui ao luto em sua vida como instrução para o ser. Ela relaciona a dor à brevidade da vida, à fugacidade de um tempo efêmero, exaltando o eterno através da repetição dos instantes. Na sua sensibilidade uniu as culturas ocidentais e orientais em busca do universal revelando através da morte, a exaltação de um pensamento que sugere a possibilidade de experiência e a criação de uma vida reinventada. A coletânea que serve de base a este estudo das poesias líricas da autora Cecília Meireles está compilada em Poesia Completa da Organização Antônio Carlos Secchin, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.
Dans l'oeuvre poétique de Cecília Meireles, le thème de la mort se présente d'une manière douce parce que la mort est comprise comme partie d'un processus naturel de la vie. Dans ses poésies, ce sujet ni n'est morbide, ni suave. Ce constat est très important d'une part car la société moderne occidentale, à partir de la deuxième moitié du XXe siècle, cherche des motifs qui chassent, qui excluent la mort de la vie, et d'autre part parce que la société accepte la mort comme une fatalité. La mort conçue comme un processus naturel est un sujet qui fait l'objet de nombreux débats parmi les chercheurs sur l'oeuvre poétique de Cecília Meireles. Même si notre recherche ne peut faire l'économie de ces axes maintes fois abordés, notre travail comprend des éléments que nous considérons comme essentiels par rapport au thème de la mort. En étudiant les contenus thématiques, esthétiques et des images des poèmes qui nous parlent, d'une façon directe ou indirecte de la mort, la poétesse les en enrichit, par un regard personnel. En plus, Cecília Meireles fait preuve d'une vision toute a fait spéciale par rapport à la souffrance et au deuil dans sa vie. Elle traite de la relation que la poésie établit entre la brièveté de la vie et la fugacité d'un temps éphémère, le comble de l'éternel, unifié par la répétition des instants. Elle cultive en outre la connaissance par l'union des cultures occidentales et orientales en cherchant l'universel. Suggère à travers la mort, le comble d'une pensée qui permet la possibilité d'une création dans vie réinventée. Le recueil lyrique qui constitue la base de cette recherche, est édité dans la Poésie Complète (édition d’Antônio Carlos Secchin), Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.
Introdução …………………………………………………………………….............
Capítulo 1 – A Vida, a Poesia e Obra de Cecília Meireles
1.1 – Cecília Meireles: Poetisa de eternidade e canção........................……………...... 1.2 - A Poesia: uma criação em busca da vida.........................……………………....... 1.3 – A Obra Geral e o seu liame com a representação do ser……………………..... 24 1.4 – A apresentação de sua obra poética…………………………………………...... 26
Capítulo 2 – O Ciclo da Vida e da Morte: uma visão espiritualista
2.1 – A concepção oriental da morte na poesia de Cecília Meireles…………………... 2.2 - A morte como começo de uma nova vida...............................................................
Capítulo 3 – A Brevidade da Vida, a Fugacidade do Tempo: sou o espelho e a história
3.1 – O espelho registra a passagem da vida humana no tempo......... ………………... 3.2 – A rosa apresenta o espetáculo belo no ciclo efêmero da vida..................……….. 3.3 – O retrato que sabe da brevidade, da fragilidade da vida......................................... 3.4 – A representação do efêmero nos seres vivos..........................................................
Capítulo 4 – O Luto na Vida e na Obra de Cecília Meireles
4.1 – A morte e o luto na infância de Cecília Meireles……………………………....... 4.2 – Uma Elegia e um Monólogo representando o que se sabe incompreender...…..... 4.3 – A face da morte com um brilho de eternidade........................................................ 4.4 – A vida exala um aroma suave no tempo unânime……………………………......
Capítulo 5 – A Vida Reinventada
5.1 – Alma humana vestida de renúncia e vida recriada: Santa Clara............................. 5.2 – Cecília Meireles: Uma vida tecida fio a fio............................................................
Considerações Finais ………………………………………………………………...
Bibliografia Pesquisada ……………………………………………………………..
A seleção do corpus
Desde a metade do século XX, a sociedade ocidental tende a retirar a morte da vida. Contudo, estudiosos de diversas áreas como a Antropologia, Filosofia, Sociologia, Psicologia e outras, realizaram inúmeras pesquisas sobre este assunto que julgam fundamental, e a Literatura fez desse tema um objeto de inspiração.
Na Literatura mundial, poetas, romancistas, cronistas têm observado e tratado do tema da morte de forma cuidadosa. Porém, encontramos na Obra Poética de Cecília Meireles, que é composta de quase duas mil páginas, um tratamento específico sobre este tema. De uma maneira suave, mas profunda, a poetisa deu a esta questão, que julgava essencial, tanto quanto aos temas relativos ao amor, à paz, ao sofrimento humano, igual consideração e relevância.
Percebemos uma idéia central, desde seus primeiros livros de poesia, até as obras póstumas. Cecília tenta entender a vida, entender o sofrimento da vida, para assim poder recriá-la, pois durante o tempo que se vive à criatura humana caminha, entre outras coisas, de encontro à morte. Há, portanto, desde Espectros (1919) a Dispersos (1918-64), um fio condutor: a busca de uma vida reinventada. Quanto ao destino,
percebemos a adoção da filosofia oriental. Os poemas que compõem este capítulo são: Poema da Esperança ( Espectros : 1919); Desapego, Balada do soldado Batista e Compromisso (Mar Absoluto e Outros Poemas : 1945) e Canção Suspirada, Da Bela Adormecida e Chorinho ( Vaga Música : 1942). E no segundo sub-título deste capítulo, apresentamos o estudo do poema Lamento da Mãe Órfã ( Mar Absoluto e Outros Poemas : 1945).
Essa visão de morte, que Cecília considera processo natural no esquema da vida, é, dentre outros fatos, apoiada na consciência de que a vida é breve, logo o tempo é fugaz. A vida é motivo que pode ser avaliado, medido, pesado e reinventado. Em relação ao tempo, ela o vê como amigo e cúmplice em todos os momentos vividos. Esse tempo é contemplado também diante do espelho pelo eu-poético. Criamos então o capítulo terceiro, e tentamos demonstrar a relação que é intrínseca entre o tempo e a morte na vida dos seres vivos. Apresentamos ainda, neste capítulo, a beleza do efêmero, o sentido do instante e a crença no que é eterno. Compomos este capítulo terceiro com o estudo de versos dos poemas: A Morta ( Dispersos : 1957); Procurei meu rosto na água, nos vidros, nos olhos alheios ( Dispersos : 1960); Dias da Rosa ( Dispersos: 1953); Pedido da rosa sábia ( Dispersos: 1960); Retrato Falante e Encomenda ( Vaga Música : 1942); Epigrama n°3 e Motivo ( Viagem: 1938).
O capítulo quarto, ampliando o nosso estudo, a partir de versos dos poemas Orfandade em ( Viagem : 1938); Elegia e Monólogo em ( Vaga Música : 1942); Doze em ( Doze Noturnos da Holanda e o Aeronauta : 1952) e Elegia à Memória de Jacinta Garcia Benevides, minha avó em ( Mar Absoluto e Outros Poemas : 1945), demonstrará a vivência do luto no eu-lírico. O primeiro sub-título deste capítulo se compõe de alguns versos, do poema que se intitula: Para a minha morta na obra ( Balladas para El-Rei : 1925). Versos do poema demonstrarão que a infância da poetisa não fora composta apenas de tristezas e desenganos. Para tanto, nos basearemos nas definições do processo segundo Sigismund Freud, Elizabeth Kübler-Ross e Marie-Frédérique Bacqué.
Mas para que estudar a morte? Possivelmente, para se entender a vida. Mas que tipo de vida? Em Vaga Música: 1942 Cecília Meireles afirma no poema Reinvenção , "a vida só é possível reinventada". A Vida Reinventada é o tema do nosso quinto e último capítulo. A recriação da vida é apresentada pela abnegação, pela renúncia, pelo desapego às coisas materiais e a aceitação da morte. Estudamos alguns versos que compõe o Pequeno Oratório de Santa Clara. ( 1955 ) e o poema Reinvenção ( Vaga Música : 1942 ).
As análises dos poemas também se baseiam na leitura do livro de Gerard Dessons ( Introduction à l'analyse du poème ); Carlos Bousoño ( Teoria de la Expresion Poetica ); Octavio Paz ( O Arco e a Lira ) dentre outros.
Para Dessons o poema apresenta quatro grandes características: a primeira, o poema é um sistema: definido por todos os componentes desde o fonema à sintaxe que são solidários para produzirem sua significação; a segunda é uma aventura da linguagem : aparece uma solicitação máxima de recursos lingüísticos em relação à significação, o que vai além desta significação, ao sujeito e à sociedade; a terceira é a relação do sujeito: quer dizer que aquele que escreve, o faz para se tornar, pelo poema, aquilo que ele não é ainda e a última característica é a dimensão política : em largo sentido designa o conjunto das relações que se instalam, pela linguagem, entre os sujeitos de uma comunidade lingüística. Observamos estes aspectos em alguns dos poemas que escolhemos para estudo.
Bousoño situa o poema dando uma visão ao que ele chama de "surperposiciones". Ele as apresenta em cinco categorias: temporal, espacial, metafórica, significacional e a situacional. Nosso trabalho utiliza o recurso da análise destas superposições, sobretudo as temporais. Carlos Bousoño diz que nosso século demonstra uma grande preocupação com o tempo. E não apenas a Literatura se tem ocupado deste tema, como também outras manifestações do espírito como a Filosofia, por exemplo. Como apresentamos um estudo sobre a fugacidade do tempo no terceiro
Durai, durai, flores, como se estivésseis ainda no jardim do mosteiro amado onde fostes colhidas, que escrevo para perdurardes em palavras, ( ...) alvas, de olhos roxos (ah,cegos?) Dispersos: 1964/2001, p. 1957.
Quanto mais lemos sobre a vida desta escritora mais compreendemos que só quem sabe valorizar a vida é quem pode compreender a dor do sofrimento e da perda, é quem pode superar o vazio da solidão, cultivando a vida no silêncio, para Reinventá-la. O que é a Vida Reinventada? Mas, longe estamos de antagonizar vida e morte. Ambos são alicerces mútuos para se entender, para se cultivar, para alcançar a essência profunda do ser. Na vida, estão encerradas as experiências dos momentos alegres e tristes, ponte que faz descobrir e dar ao ser, a essência de si, fundada num equilíbrio psíquico tranqüilo e sereno. Um caminho que pode desencadear o processo de reconquista de valores centrais.
Não importa a quantidade de tempo de vida de um indivíduo para se constatar temperança ou desespero diante dos fatos difíceis que possa experimentar. Todavia, há pessoas que pelo seu gênio, dão-nos pistas generosas, inteligentes, que nos sensibilizam face às várias escrituras existentes do comportamento humano. E tudo isso está vinculado ao Tempo, que para Cecília Meireles, às vezes se apresenta como companheiro e irmão, outras vezes como o seu oposto. O Tempo tudo dá e tudo tira, ou seja, permite constantes mudanças. Ele tem um poder onisciente e onipotente de ferir a alegria e curar as chagas emocionais. É uma mola invisível proporcionando ao ser saltar as dificuldades que por ventura venha a sofrer. É a construção do eterno provisório na insistência do instante, formando o ser nas suas infinitas formas de amor.
1.1 – Cecília Meireles: Poetisa de eternidade e canção
"... força de vida crescente E poder criador de se multiplicar..." Dispersos: 1918-64/2001, p. 1572.
Aos 63 anos de idade, Cecília Benevides de Carvalho Meireles, morreu às 15 horas, no Hospital do Servidor Público no Rio de Janeiro, no dia 09 de novembro de
Muitos nomes da Literatura Brasileira renderam homenagens a esta artista que fez da palavra, uma ponte para a eternidade. Disciplinada e de uma sensibilidade ímpar, percepção extraordinária do ser, Cecília demonstrou em toda a sua vida, uma delicadeza intensa para com a própria vida e a vida das outras pessoas. Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil e de Matilde Benevides, professora municipal, a vida marcá-la-ia com o traço da orfandade de pai, três meses antes de ela
(^1) Revista Visão – Vol. 33, n° 46, Nov. 1984, pp. 100 – 105.
Fernanda. Em 1925 surge outro livro de poesia " Baladas para El-Rei". Contudo, anos mais tarde, ela própria retiraria de sua coletânea poética três obras: Espectros (1919), Nunca Mais... e Poema dos Poemas (1923) e Balladas par El-Rei (1925) por julgá-las menores.
Disciplinada, resoluta, segura, dócil, Cecília fez de suas palavras a expressão de sua vida, investigou o duradouro, indagando as conquistas de alegrias e de tristezas. Decidida e ininterrupta nas suas atividades literárias, pedagógicas e folclóricas, exercia tudo de uma maneira sempre metódica, com a sensibilidade aliada ao espírito de pesquisa. Em "Horário de Trabalho" escreve, dando-nos prova de uma serenidade e de uma lucidez espiritual intensa, mesmo sabendo sobre sua doença incurável:
"Depois das 13 horas poderei sofrer=/ antes, não. /Tenho os papéis tenho os telefonemas, / tenho as obrigações à hora certa." (...) então, depois das 13, todos os deveres cumpridos,/ desfarei o material da dor/ com a ordem necessária/ para prestar atenção a cada elemento= (...)"
Esse último verso, dá-nos base para afirmar que a poetisa estava atenta a tudo a cada segundo de sua vida, porque "Prestar atenção a cada elemento" , é dizer também que se deixa sentir os momentos da vida. E senti-la sem transe, sem sonambulismos, ou seja, sem medo de sofrer, encarando de frente a dor. Foi buscar forças admiráveis em sua poesia para viver e dividir sua vida com os demais. E acrescenta em outros versos deste mesmo poema "acomodarei na canção meus antigos punhais, / Distribuirei minhas cotas de lágrimas." Essa força interior, a maneira como encarou os problemas na sua vida, deixa-nos perplexos. O câncer que transformou o seu corpo físico, já se havia instalado desde 1960 e este poema fora escrito em maio de 1963. Perguntamos, então: - Que forças reunia Cecília na vida para vivê-la assim, intensamente!? Parece que aliava a esta maturidade espiritual que transborda na sua sensibilidade, vinculada ao seu ecletismo, ou seja, expõe em sua obra a liberdade de escolher o que julga melhor apresentando segurança em si no domínio literário e na sua maneira de encarar os fatos
pessoais e do mundo, em outras palavras, uma profunda consciência humana de vida. Em Epigrama , a poetisa escreve:
"A serviço da Vida fui, / a serviço da Vida vim; / só o meu sofrimento me instrui, / quando me recordo de mim. / (Mas toda a mágoa se dilui: / permanece a Vida sem fim.)" ( Vaga Música: 1942/2001, p. 333 ) essa certeza de que toda mágoa passa e de esta Vida sem fim , é uma demonstração da espiritualidade que acompanhou sempre a poetisa desde muito jovem. Em 1929, escreve uma tese que se intitula O Espírito Vitorioso para a cátedra de Literatura da Escola Normal do Distrito Federal, mas escreve Eliane Zagury, a defesa foi brilhante, mas não conseguiu o cargo almejado por não ser verdadeiramente católica. 4
Sua vida foi pontuada de melancolia, dor, tristeza, angústia, devido às perdas que sofreu, acumulando aspirações e idealizações perdidas. No entanto, todos esses pontos que nos parecem negativos se apresentam de forma recriada, dando à Obra Poética a força interior do olhar da poetisa em relação à sua própria vida, segundo ela mesma nos mostra em Canção do Caminho :
"(Isto são coisas que digo, / que invento, / para achar a vida boa... / A canção que vai comigo/ é forma de esquecimento/ do sonho sonhado à toa...)".
As palavras vida-invento fundamentam a hipótese de ela desejar essa invenção de vida para encontrar Vida. No sofrimento, por exemplo, mostra-se corajosa e destemida. O que importa é descobrirmos como Cecília apresenta, através da morte, a vida reinventada. Em outras palavras, que sentido dá a esta sua Reinvenção da Vida. Tentaremos compreender os caminhos que percorreu para adquirir a força interior que
(^4) In Notícia Biográfica. Na Poesia Completa , Org. A. C. Secchin, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001, p. 63. Esse advérbio “verdadeiramente” empregado sem aspas na nota recolhida, quando escrito para definir uma posição religiosa, parece-nos sempre duvidoso quanto à dimensão da própria significação da palavra. E para nós torna-se mais intrigante ainda porque quando se trata da poetisa em estudo, sabemos que seu ponto de vista em relação ao mundo abrange um “universo” de idéias que não caberia tal advérbio como fora empregado.