Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

a variação lexical diafásica na tradução para dublagem e ..., Notas de estudo de Tradução

considerado o pai da arte do cinema. Nasceu na França e passou ... F02 – A Creche do Papai (Daddy Day Care) ... Khamani Griffin. Ben Hinton.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Vasco_da_Gama
Vasco_da_Gama 🇧🇷

4.7

(108)

223 documentos

1 / 228

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA
Área de Concentração: Semiótica e Lingüística Geral
TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: A VARIAÇÃO LEXICAL DIAFÁSICA
NA TRADUÇÃO PARA DUBLAGEM E LEGENDAGEM
DE FILMES DE LÍNGUA INGLESA
LÍVIA ROSA RODRIGUES DE SOUZA BARROS
São Paulo
2006
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63
pf64

Pré-visualização parcial do texto

Baixe a variação lexical diafásica na tradução para dublagem e ... e outras Notas de estudo em PDF para Tradução, somente na Docsity!

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICADEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA

Área de Concentração: Semiótica e Lingüística Geral

TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: A VARIAÇÃO LEXICAL DIAFÁSICA

NA TRADUÇÃO PARA DUBLAGEM E LEGENDAGEM

DE FILMES DE LÍNGUA INGLESA

L ÍVIA R OSA R ODRIGUES DE SOUZA B ARROS

São Paulo 2006

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS^ UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICADEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA

Área de Concentração: Semiótica e Lingüística Geral

TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: A VARIAÇÃO LEXICAL DIAFÁSICA

NA TRADUÇÃO PARA DUBLAGEM E LEGENDAGEM

DE FILMES DE LÍNGUA INGLESA

L ÍVIA R OSA R ODRIGUES DE SOUZA B ARROS

DissertaçãoPós-Graduação em Lingüística, do Departamento apresentada ao Programa de de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras eCiências Humanas da Universidade de São Paulo,Lingüística. para obtenção do título de Mestre em

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Barbosa

São Paulo 2006

AGRADECIMENTOS

Uma das coisas mais interessantes de se observar é que, mesmo quando se pensa que está fazendo um trabalho sozinho, nunca se faz nada sem que, de alguma forma, outras pessoas estejam envolvidas. Deixo aqui meus agradecimentos, fazendo minhas as palavras tiradas dos roteiros de tantos filmes que nos emocionaram e divertiram. Espero que retratem tudo o que vocês significam para mim e o que fizeram por mim: Ao meu paizinho querido: "Evite desencorajar-se: mantenha-se ocupado e faça do otimismo a sua maneira de viver. Isso restaura a fé em si." (Lucille Ball, estrela da série de TV I Love Lucy , 1953); À minha mãezinha querida: "Você me faz querer ser uma pessoa melhor". ( Encontro Marcado, 1998 ); Ao meu marido Mauro: “Descubra quem você é e faça disso um propósito”. ( Um Amor para Recordar, 2003); Ao meu irmão e às minhas irmãs tão amados: "Somos mais do que mil, somos um" ( O Rei Leão, 1994); À minha amiguinha Babinha: “O amor que sinto por você é como o vento, não posso ver, mas, posso sentir". ( Um Amor para Recordar, 2003); Às minhas margaridinhas tão queridas: “Adoro margaridas. Elas são tão amiguinhas. Não acha que as margaridas são as flores mais amiguinhas do mundo?” ( Mens@gem para você, 1998); À minha amiga, companheira e siamesa irmã Bá: “A vida recompensa os corajosos” ( Outono em Nova York, 2000); “As guerras acabam, mas os guerreiros são eternos” ( Swat, 2003 ); e "A coisa mais importante que se pode aprender na vida é amar. E em troca, amado ser" ( Moulin Rouge, 2001); Ao Professor Francis Henrik Aubert, cujos conhecimentos eu tanto admiro, por seus sábios conselhos: “Eu posso apenas lhe mostrar a porta, mas é você quem deve atravessá-la.” ( Matrix, 1999); À Professora Denise Aparecida Masson, por sua simpatia e presteza no auxílio às minhas dúvidas: "Encare sem medo a face de seus inimigos, seja bravo e honrado para que Deus possa amá-lo, fale sempre a verdade mesmo que isso te leve a morte. E defenda os inocentes....” ( A Cruzada, 2005); À minha mentora e querida Mestra Maria Aparecida Barbosa: “Por mais que sejamos de lugares diferentes e falemos línguas diferentes, temos um único coração” ( Harry Potter e o Cálice de Fogo, 2005) e “Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado...” ( Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, 2003). “Se um dia contarem minha história, digam que andei ao lado de gigantes. Homens nascem e morrem como trigo no campo, mas estes nomes jamais perecerão”. ( Tróia, 2003).

"Você já viveu o bastante? Fez da sua vida coisas suficientes para virar um filme?" ( The Doors, 1991)

ABSTRACT

The diaphasic lexical variations which is the differences between several types of expressive modalities, have been frequently ignored by the movie translators, maybe for lacking of acknowledge of the translators, or the work of research that one must be developed in this case, what mischaracterize many characters. The goal of this research is bring up relevant lexical questions about the dubbing and subtitling movie process in English and Portuguese from Brazil. The movies, as product of entertainment and first of all a culture product and art, are capable of creating characters, register them and reproduce them continuously and they grant this kind of representation a special power: to generate and to keep alive their symbolic constructions, even those who don’t have relation with the everyday characters. That’s why the actors, producers, directors and technical crew work must be preserved. The respect to the diaphasic lexical variations is a translator duty. A detail exam in a corpus of dubbing and subtitling movies translations in English idiom into Brazilian Portuguese suggests that, in some cases, this task might be very complex, but very viable. And the results from this research confirm this possibility as for language of the young demonstrating that one must to translate the “film spirit”, once the movie translator “ not only translate the dialog from different situations of communication from the film, but also have the concern to characterize each situation of speech” (BAMBA, 1997).

Key words: translation; movies; diaphasic variations.

SUMÁRIO

  • I. INTRODUÇÃO
    • 1.1 O BJETIVOS
  • II. CINEMA: DUBLAGEM E LEGENDAGEM DE FILMES...................................................................
    • 2.1 S 2.1.1 Sonorização do Cinema 29 ÍNTESE HISTÓRICA: A ARTE DO CINEMA
      • 2.1.2 Cinema no Brasil................................................................................................. 322.1.3 O Filme
    • 2.2 T 2.2.1 O Tradutor de Filmes 39 RADUZIR TAMBÉM É ARTE
    • 2.3 D 2.3.1 História da Dublagem.......................................................................................... 50 UBLAGEM : EVOLUÇÃO E PROCESSO
      • 2.3.2 A Dublagem Brasileira......................................................................................... 562.3.3 O Processo da Dublagem
    • 2.4 L 2.4.1 Processo de Legendagem................................................................................... 72 EGENDAS : ESPECIFICIDADES E LINGUAGEM
  • III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................................
    • 3.1 A D3.2 O PINÂMICA DOAPEL DOS P ARASSINÕNIMOS NOSISTEMA LINGÜÍSTICO PROCESSO DE 77 ADEQUAÇÃO VOCABULAR
    • 3.3 T 3.3.1 Tradução Palavra-por-Palavra 84 RADUTOLOGIA: PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
      • 3.3.2 Tradução Literal 843.3.3 Outros Procedimentos.........................................................................................
    • 3.4 D3.5 VARIAÇÕESOMÍNIOS DA L INGÜÍSTICASREALIDADE E 89XTRA-LINGÜÍSTICA
      • 3.5.1 Linguagem Gíria..................................................................................................
  • IV. ESTABELECIMENTO DO CORPUS
    • 4.1 F4.2 FICHAICHA LLEXICOLÓGICAEXICOLÓGICA: A: AMOSTRA EMOSTRA DE C PAMPOSREENCHIMENTO
  • V. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
    • 5.1 R5.2 AELEVÂNCIA DANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS SINOPSE PARA UMA I TENS LEXICAIS DOS ANÁLISE Q UALITATIVA DE FILMES CONSTITUTIVOS DO FILMES 111 CORPUS
    • 5.3 RESULTADOS DA ANÁLISE Q UANTITATIVA...................................................................
  • VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • ANEXO 1 – AMOSTRA DO CORPUS
  • ANEXO 2 – FICHA LEXICOLÓGICA E AMOSTRAGEM

I. INTRODUÇÃO

Uma narrativa (conto, novela ou romance) constitui-se numa manifestação textual, de tipo lingüístico, resultante de um conteúdo parcialmente autônomo, uma vez que pode ser retomado num outro suporte de comunicação, como, por exemplo, um filme (PINHO 1 , 1992).

Nessa perspectiva, o cinema, antes de ser um produto de entretenimento, apresenta-se – ainda que muitos estudiosos e teóricos refutem esta idéia – como arte e, assim, um produto da cultura. A capacidade do cinema de criar figuras, registrá-las e reproduzi-las continuamente confere a esta forma de representação um poder especial: o de gerar e manter acesas suas construções simbólicas, mesmo aquelas que não possuem relação com as figuras da prática cotidiana.

É uma arte, sim. Desde seu nascimento nas mãos dos roteiristas, passando pelo período de gravação com o envolvimento de produtores, diretores, a equipe técnica das mais diversas como os responsáveis por figurino, trilha sonora, maquiagem, efeitos visuais e sonoros, fotografia e arte, até sua edição final, momento em que são escolhidas as melhores cenas e quais serão suas seqüências.

É uma arte em que o envolvimento dos atores começa bem antes da gravação dos filmes com a pesquisa – o chamado “laboratório” – feita pela maioria dos atores, o estudo do roteiro e a memorização das falas. No estudo do roteiro

(^1) PINHO, José Augusto. Análise da Narrativa - Metodologia para uma abordagem semiolingüística. 1992. Disponível em http://jopinho.planetaclix.pt/index.htm.

estão incluídas aulas com especialistas para, se a personagem exigir, aquisição de sotaque e conhecimento do caráter, da personalidade de cada papel. E o empenho do corpo artístico tem como objetivo principal a caracterização de cada personagem, para a melhor performance e para o agrado do público.

Para que expectadores do mundo inteiro possam ter acesso a essas obras é necessário o trabalho de um tradutor, seja nas traduções feitas para dublagem ou para legendagem. Portanto, traduzir faz parte dessa arte e, por isso mesmo, é arte também.

Trabalhando por quase uma década, com dedicação e afinco, na tradução de filmes, desenhos animados e documentários, tenho, cada vez mais, confirmado essa idéia. E essa foi a razão primeira da escolha de filmes como objeto de estudo para este trabalho.

A segunda razão decorreu da observação de filmes bem ao gosto de um adolescente e uma pré-adolescente: meus filhos, Lucas e Débora, que assistem a muitos filmes infanto-juvenis. Ao ser questionada por eles a respeito da ausência de piadas, gírias ou palavrões nas legendas dos filmes, que ambos acompanhavam, sem tanto conhecimento, nas falas da língua inglesa, tive de admitir essa omissão, passando a observar com maior cuidado essa questão.

O meu particular interesse na tradução de filmes, aliado ao estímulo de dois filhos questionadores, levou-me a observar também a dublagem dos filmes. Com a chegada do aparelho de DVD, que dá a opção de escolha do idioma (original – com legendas ou não, ou dublado em vários idiomas, incluindo, obviamente, o português), pude fazer muitas comparações entre a dublagem e a legendagem de

legendagem de filmes em Língua Inglesa, e que VILELA^2 (1980:183) designa por língua corrente, língua familiar, língua feminina, língua poética etc.

Para COSERIU 3 (1980, p. 110/111), o objeto por excelência da descrição estrutural é a língua como técnica sincrônica do discurso. Entretanto, numa língua histórica (língua constituída historicamente como unidade ideal e identificada como tal pelos seus próprios falantes e pelos falantes de outras línguas, habitualmente através de um adjetivo “próprio”: língua portuguesa , língua italiana , língua inglesa , língua francesa etc.), esta técnica não é nunca perfeitamente homogênea. Muito ao contrário: em geral representa um conjunto assaz complexo de tradições lingüísticas historicamente conexas, mas diferentes e só em parte concordantes. Em outros termos: uma língua histórica apresenta sempre variedade interna. Mais precisamente, podemos nela encontrar diferenças mais ou menos profundas pertencentes substancialmente a três tipos: a) diferenças diatópicas , isto é, diferenças no espaço geográfico; b) diferenças diastráticas , isto é, diferenças entre os estratos sócio-culturais da comunidade lingüística; e c) diferenças diafásicas , ou seja, diferenças entre os diversos tipos de modadlidade expressiva. As variedades lingüísticas que caracterizam – no mesmo estrato sócio-cultural – os grupos “biológicos” (homens, mulheres, crianças, jovens) e os grupos profissionais podem ser considerados como “diafásicas”.

Para esta pesquisa, considerou-se como variantes lexicais diafásicas as formas lexicais diversas, conforme o sexo, a idade, a profissão, os níveis e registros de linguagem, enfim, o idioleto de cada personagem.

(^23) VILELA, Mário. O Léxico da Simpatia. Porto: INIC, 1980. COSERIU, E. Lições de Lingüística Geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.

Essas variações deveriam ser observadas por parte do tradutor. Entretanto, uma das principais dificuldades enfrentadas pelo tradutor profissional é a postura dos estúdios de legendagem quanto à diversidade lingüística do texto original em relação ao texto interpretante. Não compreendida como fator de extrema importância por falta de conhecimento lingüístico e de tradução, os estúdios exigem, mesmo em desarmonia com as características da personagem, que as legendas sejam traduzidas para o português padrão, ou formal.

Ora, os níveis de registros de fala e as variações lingüísticas têm de ser observadas, para que não haja um descompasso entre a norma lingüística de cada personagem, ou do conjunto de personagens dos discursos dos filmes traduzidos e a dos discursos do texto do tradutor. Sabe-se que a norma lingüística padrão, exigida pelos estúdios, é apenas um tipo de norma, sabe-se, ainda que a variação lingüística ocorre não só entre indivíduos, mas no próprio indivíduo, já que esse é o ponto de convergência e de conflito de várias normas lingüísticas, sociais e culturais. Com efeito, o falante deveria adequar os seus discursos lingüísticos aos diferentes discursos sociais culturais, caso contrário, há uma ruptura no processo interdiscursivo que conduz a um texto completamente disfórico. Os processos da intertextualidade e da interdiscursividade têm de ser desenvolvidos nos discursos dos indivíduos, mas sobretudo em todas as operações metalingüísticas para garantir a eficácia da comunicação e da transmissão da informação. Tais processos devem, aliás, subjazer a todas as operações metalingüísticas, e a legendagem é uma delas.

A exigência de nivelamento e uniformidade lingüística imposta pelos estúdios também se verifica nas casas de dublagem^4. Entretanto, hoje em dia, a maioria

(^4) Utiliza-se o termo casa de dublagem , e não estúdio , por autodenominação dos próprios profissionais da área. Estes chamamlegendagem. Portanto, o correto seria estúdio à sala especial de gravação da casa de dublagem (^) e dublagem estúdio de legendagem , ou quando a (^) , embora, de maneira geral, casa trabalha apenas com sejam ambos chamados de estúdio.

Como o campo das variantes lingüísticas é bastante vasto, limitamos este primeiro estudo apenas às variantes diafásicas, ocorridas em 25 filmes infanto-juvenis, de lançamento a partir dos anos 90 e que, como já foi dito, foram escolhidos e questionados por meus filhos.

1.1 O BJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é levantar questões lexicais relevantes no processo de legendagem e dublagem de filmes de língua inglesa, em língua portuguesa do Brasil.

Constituem objetivos específicos:

  • analisar, descrever e comentar as diferenças de escolhas lexicais no processo de dublagem e no processo de legendagem de um mesmo filme de língua inglesa;
  • verificar os tipos e os graus de distorções de sentidos do texto fílmico original quando o tradutor não é fidedigno às variantes lexicais diafásicas;
  • fornecer subsídios teóricos e práticos a profissionais e pesquisadores das áreas de tradução, legendagem e dublagem, no que concerne à observância e adequação dos textos interpretantes do texto fílmico traduzido.

Em conseqüência, atingiríamos um outro discreto objetivo: o de juntarmo-nos aos estudiosos que se dedicam ao estudo das escolhas lexicais na tradução para dublagem e legendagem de filmes, oferecendo nosso trabalho como instrumento de

desenvolvimento e reflexão aos profissionais tradutores de filmes e aos profissionais de ensino dos cursos superiores de tradução, dublagem e legendagem de filmes.

De modo a procurar responder as nossas expectativas e cumprir os objetivos traçados, reunimos, neste trabalho, dados e observações como:

a) Introdução (objetivos, hipótese e estrutura do trabalho); b) Síntese histórica sobre a arte do cinema, a sonorização e as primeiras tentativas de dublagem e legendagem de filmes, desde o velho piano dos filmes mudos até os sofisticados computadores de hoje, incluindo-se a história do cinema no Brasil; c) Estudos sobre a tradução de filmes, o trabalho do tradutor e os processos pelos quais passa uma película até atingir, através da dublagem – e dos dubladores – e da legendagem, público de todo o mundo; d) Estudo e levantamento dos dados para análise (procedimentos metodológicos), descrição dos filmes e das personagens analisadas, incluindo estabelecimento do corpus , fixa lexicológica e amostragem como modelos de análise; e) Análise Qualitativa seguida da respectiva fundamentação teórica, baseada na Lexicologia, na Tradutologia e no estudo das variações lingüísticas em especial na variação lexical diafásica, base desta pesquisa; f) Análise Quantitativa dos dados, contendo tabelas e gráficos que constatam o resultado da pesquisa efetuada, demonstrando se as expressões ouvidas habitualmente no nosso cotidiano aplica-se mais à dublagem ou à legendagem dos filmes;

II. CINEMA: DUBLAGEM E LEGENDAGEM DE FILMES

II. CINEMA: DUBLAGEM E LEGENDAGEM DE FILMES

As primeiras lembranças da vida são lembranças visuais. A vida, na lembrança, torna-se um filme mudo. Todos nós temos na mente a imagem que é a primeira, ou uma das primeiras, da nossa vida. Essa imagem é um signo, e, para sermos mais exatos, um signo lingüístico, comunica ou expressa alguma coisa (Pier Paolo Pasolini, 1990) 5.

Dentre as mais diversas artes existentes no mundo, existe uma que se destacou muito desde que foi lançada em 1895: a chamada Sétima Arte – o cinema

  • que se tornou uma das formas de diversão e entretenimento mais popular do mundo.

Quando se entra numa sala de cinema, apagam-se as luzes, ilumina-se a tela. Uma sucessão de imagens, cores, luzes, sombras e sonoridades preenche o espaço e o espectador, junto às personagens que compõem a história que se desenrola à sua frente, reconstrói aquela narrativa cinematográfica. Um filme é sempre visto como se fosse a primeira vez, mesmo que já tenha sido visto antes, ou ainda que se veja depois. A linguagem cinematográfica conduz o espectador a um tempo inaugural, sempre no presente. Primeiro a escuridão, minutos depois a luz se faz. Nas palavras de TARKOVISKI^6 (1998):

Tudo se passa, então, como se o filme, ao apreender determinado tempo, pudesse transformá-lo em um eterno presente. E é para esse presente que o espectador é transportado a cada nova projeção. As pessoas vão ao

(^5) PASOLINI, Pier Paolo. "Gennariello: a linguagem pedagógica das coisas" em: Os jovens infelizes: antologia de (^6) TARKOVISKI, Andrei. ensaios corsários. (^) São Paulo: Brasiliense, 1990 Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. , p. 125.