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Guias e Dicas
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Representação da Mulher Negra na Literatura: Estudo sobre Mia Couto, Notas de aula de Literatura

Uma análise da construção da imagem da mulher negra na literatura, com ênfase na obra de mia couto. A pesquisa aborda a falta de espaço da mulher negra na sociedade patriarcal e colonial, a evolução literária a partir da visão feminina, e as vozes das protagonistas em busca de enaltecer a imagem da mulher atual. O texto também discute as representações estereotipadas da mulher negra na história da literatura brasileira e a importância de subverter essas imagens.

O que você vai aprender

  • Como as imagens da mulher negra se refletem em nossa sociedade e na literatura?
  • Quais são as diferentes faces da mulher africana refletidas na literatura?
  • Qual é a importância da pesquisa sobre a imagem da mulher negra na literatura?
  • Como as escritoras reinventam-se em uma linguagem própria na literatura?
  • Como a sociedade patriarcal e colonial afeta a representação da mulher negra na literatura?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Cunha10
Cunha10 🇧🇷

4.5

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE HUMANIDADES - DEPARTAMENTO DE LETRAS E EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA
AFROBRASILEIRA E AFRICANA
Sandra da Silva Paulino
DO FIO DAS MISSANGAS: A REPRESENTAÇÃO DA
VOZ FEMININA EM MIA COUTO
GUARABIRA
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Baixe Representação da Mulher Negra na Literatura: Estudo sobre Mia Couto e outras Notas de aula em PDF para Literatura, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE HUMANIDADES - DEPARTAMENTO DE LETRAS E EDUCAÇÃOCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA

AFROBRASILEIRA E AFRICANA

Sandra da Silva Paulino

DO FIO DAS MISSANGAS : A REPRESENTAÇÃO DA

VOZ FEMININA EM MIA COUTO

GUARABIRA

Sandra da Silva Paulino

DO FIO DAS MISSANGAS : A REPRESENTAÇÃO DA

VOZ FEMININA EM MIA COUTO

MonografiaEspecialização submetidaem Literatura ao Cursoe Cultura de AfrobrasileiraEstadual da eParaíba Africana, – Campusda Universidade III, em cumprimento às exigências necessárias para aobtenção do grau de Especialista, sob a orientação da Profa. Dra. Rosangela Neres A.Silva.

GUARABIRA 2011

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Sônia Aparecida da Silva Paulino e Roberto Paulino de Lima, que redobraram afeto e incentivo durante a minha trajetória escolar.

Aos meus queridos irmãos, Sonaly, Robério e Suênia, “meus primeiros alunos”, e em especial ao meu namorado Diêgo, um dos meus grandes incentivadores.

A todos os meus estimados amigos, sempre presentes em todos os momentos, indiscutivelmente, responsáveis por mais esta realização.

A literatura é o território sagrado onde se inventa um chão e nos sentamos com os deuses. O lugar onde, também nós, somos deuses. No momento dessa relação, estamos fundando um tempo fora do tempo. E nos religamos com o universo. É isso que torna num momento divino esse pequeno delírio que é o acto de inventar.

Mia Couto

RESUMO

Esta pesquisa destina-se a investigar a condição feminina, sua representação e identidade, nos contos As três irmãs , O cesto e A saia almarrotada , constituintes do livro O Fio das Missangas (2009), do escritor moçambicano Mia Couto. Os contos estudados privilegiam a natureza existencial feminina e desnudam o universo de suposta inferioridade e submissão da mulher, frente ao patriarcado, eos conflitos de sua libertação desse universo. Nossa análise baseia-se nas abordagens sobre o papel da mulher na sociedade patriarcal, colonial e moçambicana, buscando explicitar os desejos, anseios e necessidades dessas vozes femininas. Observamos como, ao longo dos anos, a posição da mulher africana e/ou afrodescendente tem modificado as estruturas socioculturais douniverso contemporâneo.

Palavras-chave: Literatura africana. Mia Couto e o feminino. Identidade. Representação.

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa investiga a condição feminina, sua representação e identidade, tomando como base três contos do livro O Fio das Missangas (2009), do escritor moçambicano Mia Couto. Os contos estudados privilegiam a natureza existencial feminina e desnudam o universo de inferioridade e submissão da mulher, frente ao patriarcado, e os conflitos de sua libertação desse universo. O autor apresenta-nos o ambiente da mulher relegada a sua semilibertação, na tentativa de deixar fluir sua voz e a descoberta de sua natureza. Assim, nossa investigação adentra os ambientes moldados pelo narrador criado por Mia Couto, observando as imagens que representam essa mulher na sociedade. Esta pesquisa se faz importante, porque tenta mostrar a relevância sociocultural da imagem da mulher negra e suas diferentes faces na Literatura Africana. Durante muito tempo, conhecemos a mulher negra a partir de relatos de afro-descendentes ou não descendentes, que buscavam quase sempre equipara- la às mulheres dos modelos europeus, ora de valor engrandecido ou como seres esquecidos e relegados ao trabalho ou à própria condição de meros objetos. O Fio das Missangas (COUTO, 2009) “adentra o universo feminino, dando voz e tessitura a almas condenadas ao esquecimento, cuja importância muitas vezes é comparada ora a uma saia velha, ora a um cesto de comida, ora a um fio de missangas”. Por trás de todas essas pequenas coisas supostamente sem

nenhum valor, vemos um suporte maior de vivência e consciência sobre a própria vida, uma vez que, sem o fio, as miçangas^1 não teriam apoio. Zinane (2006, p.49) afirma que: “a constituição do sujeito feminino é um processo com raízes históricas que implica transformações relevantes na sociedade, uma vez que a mudança da mulher acarreta modificações nos papéis sociais que deixam de ser fixos e definidos, tornando-se abertos e indeterminados”. É, pois, nesse aspecto que desconstruímos a imagem feminina de submissão e abnegação, explicitando a força existente nos pensamentos e ações dessas mulheres. Assim, no primeiro ponto deste trabalho, observamos como se construiu a imagem da figura feminina dentro da sociedade patriarcal e, sobretudo, enfatizamos a falta de espaço da mulher negra e a elaboração de uma imagem deturpada da mesma nessa sociedade. Ainda neste primeiro momento de nossa pesquisa, abordamos a evolução literária, a partir da visão feminina, em que as escritoras reinventam-se em uma linguagem própria, trazendo à tona características específicas do universo feminino. No segundo capítulo, contextualizamos a vida e obra do autor moçambicano Mia Couto, ele que é um dos ficcionistas de maior destaque nas literaturas africanas de língua portuguesa. Vemos como o autor empreende, em sua escrita, diversos temas tais como: a crítica ao sistema colonial, as questões de raça, gênero, cultura, mitos e política, marcas distintivas de sua obra. O terceiro capítulo de nossa pesquisa dedica-se a um olhar sobre três contos incluídos em O fio das missangas (2009) , “As três irmãs”, “O cesto” e “A

(^1) A grafia da palavra missangas será mantida, quando se referir ao livro de Mia Couto. Portanto, em alguns momentos do texto, a grafia referente ao português do Brasil (miçangas) poderá sertambém observada.

2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS DO FEMININO NA LITERATURA E NA

SOCIEDADE

2.1 Mulher e Sociedade

Durante o grande movimento espiritualizador realizado pela Igreja na Idade Média, surge a imagem ideal de mulher (pura, submissa ao poder do homem). No Renascimento, esse modelo se transformou na imagem da amada pura e inacessível e do amor visto com valor absoluto. Com o fim do Iluminismo, começam a ser elaborados estudos e teorias sobre as diferenças humanas para distinguir e afirmar discursos que desigualam as raças. Mais adiante, a diferença racial foi utilizada conjuntamente com a diferença de gênero para apoiar e justificar a hierarquia social, colocando a mulher (branca) e o homem (negro) em patamares de inferioridade dentro da sociedade patriarcal. Passou-se a afirmar que as características biológicas femininas eram similares as características dos seres inferiores (negros), explicando desse ponto de vista, as baixas capacidades intelectuais de ambos. Nancy Leys Stepan traz, em seu artigo intitulado Raça e Gênero: o papel da analogia na ciência (1994), a visão aristotélica de ver a mulher e relacioná-la ao escravo, associando ambos a seres inferiores. Ela discute ainda que “a posição binária entre a negritude e a brancura, foi tão bem estabelecida que a negritude era associada a vileza, culpa, demônio, feiúra, e a brancura a virtude, pureza, santidade e beleza” (1994, p.77). Diversas teorias patológicas foram elaboradas e publicadas para justificar essa suposta diferença e similaridades entre o homem negro e a mulher branca.

Stepan (1994) afirma que não apenas o negro e a mulher foram inferiorizados; a partir do século XIX, os pobres também foram incluídos nessa categoria:

O pobre da Europa é visto em termos aplicados ao negro [...] selvagensno seio da civilização européia, enquanto que os negros são vistos como inúteis,condenados a ficar para trás na marcha para o progresso... Para os preguiçosos, bebedores e parte dos remanescentes sociais evolucionistas,mudanças lentas envolvendo variação e seleção. Os resultados eram os as diferenças raciais e sexuais eram produto de cérebros menores e as capacidades deficientes das raças inferiores edas mulheres, e a inteligência mais desenvolvida e as feições evolutivamente avançadas nos homens de raças superiores. (p.80) Partimos, pois, deste princípio para refletirmos inicialmente o protagonismo feminino na literatura, personagens assíduas nos escritos de autoria masculina, representantes da projeção dos desejos dos homens. Outrora, a personagem feminina é apresentada em segundo plano. Faz sempre parte do desejo masculino, comportando-se e pensando segundo as normas e bons costumes impostos pela sociedade patriarcal. Quando transgridem a conduta moral no plano da sexualidade, elas surgem posteriormente como vítimas de suas próprias condutas, sendo juízas de seus atos, adoecendo fisicamente ou psicologicamente por um grande sentimento de culpa, vindo a óbito e tornando-se verdadeiras heroínas. Como exemplos dessas personagens podemos citar: Luísa ( O primo Basílio , Eça de Queiroz, 1878): Moça da burguesia, considerada uma mulher com desvio de conduta moral, por trair o marido com o primo, sob a influência dos romances folhetinescos. Vivendo longe da realidade, ela acredita nos amores impossíveis e é incapaz de tomar decisões; Diva, ( Diva , José de Alencar, 1977): Jovem mimada, rica, que busca incansavelmente um marido amoroso; Helena (Helena , Machado de Assis, 1874): Rica, sensível, dócil, emotiva, inteligente, com

Já a representação da imagem da mulher negra na história da literatura brasileira, elaborada pelo imaginário masculino eurodescendente, reforça os estereótipos que perduram até hoje em nosso contexto social e literário. Tendo em vista que o Brasil é um país que possui, em sua história, uma herança escravocrata, mesmo sendo um país com maior população negra fora da África, traz em suas esferas governamentais e sociais, ideias racistas e preconceituosas. Ser negro no Brasil significa, em termos gerais, estar vivendo em condições desiguais, seja no social, racial ou nas representações de gênero. Ao contrário dos estereótipos da mulher branca preparada para o casamento e a vida em família, a mulher negra é colocada dentro dessa mesma literatura como a mulata / negra carnal, bestial, máquina humana de trabalho, animalizada, maléfica e submissa. O seu espaço ainda é restrito; os espaços designados a elas são geralmente o quintal, a cozinha ou a senzala. A literatura outrora associou e reforçou os lugares sociais apontados ao gênero e as raças. A título de exemplificar essas imagens das personagens femininas negras descritas acima, podemos citar: Rita Baiana ( O cortiço , Aluísio Azevedo, 1890): mulata sensual, curandeira, destruidora de lar; Bertoleza ( O cortiço , Aluísio Azevedo, 1890): negra e escrava da casa e da cama. Durante o processo de formação histórica e social do Brasil, a figura feminina tem servido de sustentáculo para figura masculina (pai, irmão, marido). A mulher branca, por exemplo, durante muito tempo era obrigada a permanecer dentro do espaço físico de seu lar, sem ao menos poder aparecer na janela, quiçá na calçada de casa, saindo deste domínio apenas aos domingos para a missa. Cabe esclarecer que a igreja também teve papel fundamental nessas práticas de

“cativeiro”. Entretanto, o lugar da mulher negra, ora era de escrava da casa e da cama, ora era de negra liberta escravizada, sem identidade nem voz:

(...) as crioulas, especialmente as da casa grande, amantes do senhor edo sinhozinho, eram também as vítimas prediletas da sinhá tirana que não hesitava em supliciá-las por ciúmes ou inveja de seus dentes e rijospeitos. (Vainfas, Ronaldo. Histórias das Mulheres no Brasil, 2008, p.116).

Percebemos que durante toda a trajetória da mulher negra no Brasil, ela apenas serviu. Serviu a todo momento à sinhá/senhor, serviu como vendeira de quitutes e/ou do próprio corpo, fosse ela obrigada ou não, para o sustento da sua família.

A pobreza em que muitas dessas mulheres viviam fez a prática domeretrício invadir o tecido familiar... muitas prostitutas atuavam no domicílio que partilhavam com parentes... pais consentiam a prostituiçãode suas proles... muitas viúvas parecem ter trilhado o caminho do meretrício,exclusão doarrastando mercado suas de filhastrabalho consigo... transforma se o binômioo cotidiano miséria dae sobrevivência das mulheres num verdadeiro inferno, oferece também amedida exata de sua enorme capacidade de luta e resistência naquela sociedade.estratégia de sobrevivência e manutenção de suas unidades domésticas. Muitas mulheres precisavam adotar a prostituição como (Figueiredo, Luciano. Histórias das Mulheres no Brasil. 2008, p.162). No meio das camadas populares e através de uniões consensuais houve uma divisão dos papéis sociais no domicílio, caracterizando desse modo uma maior participação feminina do que estava previsto no casamento cristão. Essa participação se dava na transferência desses papéis e na divisão do trabalho para a sobrevivência da família. Muitas mulheres tinham participação na economia doméstica, ora por exigências masculinas, ora por questão de sobrevivência, pois muitas delas tinham o companheiro doente ou eram viúvas, e precisavam manter sua família. Havia muitos casos de casamentos consensuais entre homens (branco ou preto) e mulheres (branca ou preta). No caso de um companheiro branco e

mesmo assim, os papéis sociais atribuídos a mulher pelo patriarcado não se alteram muito. Todavia, foi crescente a participação feminina no mercado de trabalho, fazendo com que as mulheres tivessem uma maior escolarização; as mulheres negras, no entanto, continuaram não tendo muitas oportunidades na nossa sociedade. O avanço da classe trabalhadora feminina transformou de vez os papéis sociais das mulheres. Por outro lado, inúmeros preconceitos foram expostos na tentativa de mantê-las no “cativeiro” do lar. Dizia-se que elas, fora de casa, deixariam seus filhos e esposo mal cuidados, perderiam a feminilidade, etc. Mas a cada década passada do século XX, as mulheres progrediam no sistema educacional e na conquista dos seus direitos de cidadãs. Unidas tiveram grande influência nas mudanças ocorridas na política, nas relações sociais e culturais, e nas práticas trabalhistas até o fim daquele século. Entretanto, na sociedade e na literatura, era comum o papel da mulher negra, mestiça ou a invisibilidade da personagem negra por uma visibilidade estereotipada, constituindo uma outra forma de cativeiro. Alguns romances tais como: O Cortiço (1890), A Escrava Isaura (1875), Gabriela, Cravo e Canela (1958) disseminaram um comportamento estereotipado da negritude, reforçando uma imagem negativa defendida pela ideologia do branqueamento. Por muito tempo nossa literatura considerou os moldes literários e sociais europeus, deixando de reconhecer a miscigenação da sociedade brasileira e excluindo aqueles que não estavam de acordo com esse padrão. Luiz Silva Cuti (2002, p.23) afirma que “na maior parte do material que aí se apura, o negro é tema. Branco é sistema, ou seja, sujeito, foco, onisciência.”

É importante ressaltar que só a partir da constituição de 1988 é que a mulher passou legalmente a ser sujeito, com direitos e deveres. Mas, ainda hoje, muito se discute qual é o papel da mulher, principalmente da mulher negra, dentro desta sociedade e qual o seu reflexo na literatura e nas artes.

2.2 Literatura, Mulher e Negritude

Ao entrarmos no século XX, o panorama de submissão feminina imposto pela sociedade começa a se deteriorar. Com as primeiras vozes “transgressoras”, as que vêm expressar um “eu” em busca de sua própria verdade e de sua subjetividade, o papel da mulher passa por consideráveis mudanças. Podemos citar como referência a essas vozes, as autoras: Maria Firmina dos Reis e Gilka Machado (Brasil), Gabriela Mistral (Chile), Juana de Ibarbourou (Uruguai), Florbela Espanca (Portugal) e Virginia Woolf (Inglaterra), Alda Lara (Moçambique), dentre outras. Todas essas autoras contemporâneas, de diferentes países e culturas, assemelham-se em suas convicções de transformar e fortalecer a imagem feminina. Nos textos escritos por mulheres, é perceptível uma característica: a visão intimista da vida. Essa visão vem enaltecer, através de um novo perfil feminino, os sonhos, anseios, fantasias, pensamentos e opiniões, ideologias e cultura, e, sobretudo, os sentimentos comuns do universo feminino. Ao contrário do discurso escrito por homens para as personagens femininas, a voz da mulher no discurso escrito por mulheres tem uma linguagem própria e características delimitadoras e específicas. Ruth Silviano Brandão (2004, p.53) diz que elas, escrevendo: