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A RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO E EMOÇÕES ..., Notas de estudo de Psicologia

Motivação e emoções são aspectos inseparáveis do ensino e aprendizagem de ... razões: (i) o desejo de seguir os avanços da psicologia motivacional da época ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Rio890
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SIMÔNI CRISTINA ARCANJO
A RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO E EMOÇÕES DE UMA PROFESSORA
DE INGLÊS EM FORMAÇÃO INICIAL E DE SEUS ALUNOS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Letras, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
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MINAS GERAIS-BRASIL
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SIMÔNI CRISTINA ARCANJO

A RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO E EMOÇÕES DE UMA PROFESSORA

DE INGLÊS EM FORMAÇÃO INICIAL E DE SEUS ALUNOS

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Letras, para obtenção do título de Magister Scientiae.

VIÇOSA

MINAS GERAIS-BRASIL

CDD 22 ed. 428.

Arcanjo, Simôni Cristina, 1993-

A relação entre motivação e emoções de uma professora de

inglês em formação inicial e de seus alunos / Simôni Cristina

Arcanjo. – Viçosa, MG, 2019.

ix, 149f : il. (algumas color.) ; 29 cm.

Inclui anexos.

Inclui apêndices.

Orientador: Ana Maria Ferreira Barcelos.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa.

Referências bibliográficas: f.108-118.

1. Língua inglesa - Estudo e ensino. 2. Aquisição da

segunda língua. 3. Motivação na educação. 4. Emoções.

I. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Letras.

Programa de Pós-Graduação em Letras. II. Título.

T

A668r

Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa - Câmpus Viçosa

ii

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado força e paciência para chegar até aqui, superando dificuldades, reformulando meus planos e persistindo em busca de meus objetivos. A meus pais, Ana Maria e José, pelo apoio, carinho e cuidado durante todos esses anos. Aos meus irmãos, Weberson e Dorinha, pela amizade, pelas conversas e pelo companheirismo sempre presente. Vocês são incríveis! A Ana Barcelos, pela valiosa orientação neste trabalho e, principalmente, pela empatia e humanidade. Sou muita grata a você por tudo que tem feito por mim. A Mari, por essa super amizade que desenvolvemos. Obrigada por me ouvir e me mostrar que eu posso contar contigo em quaisquer momentos da minha vida, sejam eles bons ou ruins. Conte sempre comigo também! A Thaisa, por ser uma amiga excepcional, por me dar suporte, me consolar e me ajudar a seguir. Obrigada, principalmente, pelos inúmeros cafés, que marcavam o nosso ritual de intervalo durante o nosso estudo diário na Biblioteca Central da UFV. Você é uma pessoa iluminada e tenho certeza que toda essa luz que você emana voltará em forma de incríveis experiências em sua vida! A Janaina, por ser essa pessoa amiga, sempre bem-humorada e pronta para ajudar os demais. É muito bom ter você em minha vida! A Nathy, pelas conversas, geralmente aos domingos, e por me divertir com suas inúmeras histórias. Aos meus alunos durante este tempo de mestrado. Seria difícil falar um pouco de cada um aqui, mas saibam que os meus dias foram muito mais alegres com a presença de vocês. A Cida Zolnier e ao Fabiano Ramos, por aceitarem o convite de participação da banca de defesa de mestrado, contribuindo, assim, para este estudo e meu crescimento profissional. Obrigada! Ao grupo de orientação da professora Ana Barcelos, pela troca de experiências nestes últimos anos. Aos participantes desta pesquisa, pela disposição em participar deste estudo e por se mostrarem gentis e acolhedores. Ao CELIN, pela oportunidade de crescimento durante estes seis últimos anos. Para mim, foi muito importante ser aluna e professora desse projeto excepcional. Ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa.

iii

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo auxílio financeiro que me foi concedido nos últimos seis meses do mestrado. Em resumo, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse até aqui, seja através de grandes gestos ou pequenas ações, mas que, com certeza, alegraram meus dias e me deram mais esperança em minha jornada.

  • INTRODUÇÃO ABSTRACT ix
  • 1.1. Objetivos..............................................................................................................................
  • 1.1.1. Objetivo geral
  • 1.1.2. Objetivos específicos
  • 1.2. Justificativa
  • 1.3. Organização da dissertação
  • REFERENCIAL TEÓRICO
  • 2.1. Motivação
  • 2.1.1. Conceito de motivação
  • 2.1.2. Motivação no ensino e na aprendizagem de línguas
  • 2.1.3. Breve histórico sobre o desenvolvimento das pesquisas sobre motivação
  • 2.1.4. Motivação e grupo
  • 2.2. Emoções
  • 2.2.1. Conceito de emoções
  • 2.2.2. Emoções do professor.....................................................................................................
  • 2.2.3. Emoções dos aprendizes
  • 2.3. A relação entre motivação e emoções
  • METODOLOGIA
  • 3.1. Natureza da Pesquisa
  • 3.2. Contexto e Participantes
  • 3.2.1. O Curso de Extensão em Língua Inglesa (CELIN)
  • 3.2.2. A escolha dos participantes
  • 3.2.3. A professora....................................................................................................................
  • 3.2.4. Os alunos
  • 3.3. Instrumentos de coleta de dados
  • 3.3.1. Questionário aberto......................................................................................................... v
  • 3.3.2. Observação de aulas
  • 3.3.3 Entrevista semiestruturada
  • 3.4. Análise dos dados
  • DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
  • 4.1. A professora.......................................................................................................................
  • 4.1.1. Conhecendo melhor Clara
  • 4.1.2. Fatores que motivavam e fatores que desmotivavam Clara
  • 4.1.3. As emoções de Clara
  • 4.2.1. A motivação dos alunos para aprender inglês
  • 4.2.2. As emoções dos alunos na aprendizagem de LI
  • 4.3. A motivação da professora e a motivação dos alunos: possíveis relações
  • 4.4. A relação entre motivação e emoções dos participantes
  • CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 5.1. Retomando as perguntas de pesquisa
  • 5.2. Implicações deste estudo
  • 5.3. Sugestões para futuras pesquisas
  • REFERÊNCIAS
  • APÊNDICES
  • ANEXOS

vi

LISTA DE QUADROS E TABELAS

viii

interagiram de maneira recíproca, assim como as emoções e motivação dos participantes se relacionaram dinamicamente.

ix

ABSTRACT

ARCANJO, Simôni Cristina, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, July, 2019. The relationship between an English pre-service teacher’s motivation and emotions and her students’. Advisor: Ana Maria Ferreira Barcelos.

Motivation and emotions are inseparable aspects in language learning and teaching (DÖRNYEI e USHIODA, 2011; HARGREAVES, 2000). In order to teach and/or learn a foreign language teacher and learners need to be minimally motivated about their goals, since without enough motivation, not even talented people can reach their aims (DÖRNYEI, 2005). Emotions are a sociocultural, political and historical phenomenon present in the educational field and organizations in general (HARGREAVES, 2000). They emerge from our interactions with others in the different contexts we act (ZEMBYLAS, 2002, 2003, 2005, 2007). In Applied Linguistics, there has been little research on teachers’ motivation and on its relationship with emotions (SUSLU, 2006; DÖRNYEI e USHIODA, 2011). Thus, this study aimed at investigating a pre-service teacher’s and her students’ motivation and emotions to teach and to learn the language, respectively, focusing on the motivational dynamic between teacher and learners and to how motivation and emotions interact. The theoretical framework was based on Dörnyei and Ushioda’s (2011) studies on motivation, Zembylas’ (2002, 2003, 2005, 2007) studies on emotions and the relationship between these constructs according to Meyer and Tuner (2006), and Dornyei e Ushioda (2011). Data collection instruments were: an open-ended questionnaire, a semi-structured interview, class observations and field notes. Data was analyzed according to patterns of qualitative research (PATTON, 2002; RICHARDS, 2003; HOLLIDAY, 2007). The results have suggested that the teacher’s motivation was related to her relationship with students, their interest and participation in class, and the cooperative environment created in class. The learners were motivated by professional reasons, by the teacher, by the classmates and by their perceived linguistic development in English. The teacher reported having experienced emotions of love, happiness, as well as fear/insecurity, dissatisfaction and sadness, whereas students reported having experienced emotions of satisfaction, well-being, fear, insecurity and shame. Finally, emotions and motivation interacted reciprocally and the teacher’s motivation affected learners’ motivation and vice-versa.

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de professores, como o trabalho de Andrade (2016). Dessa forma, este estudo visa contribuir para o preenchimento dessa lacuna, ao analisar a relação entre a motivação e emoções de uma professora e de aprendizes de LI, como, junto aos demais objetivos, explico na próxima seção.

1.1.Objetivos 1.1.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste estudo foi investigar a motivação e as emoções de uma professora em formação inicial e de seus alunos para ensinar e aprender a LI, respectivamente; atentando-se para a relação entre a dinâmica motivacional entre docente e aprendizes e para a maneira como motivação e emoções interagem. No intuito de alcançar esse objetivo, foram definidos os objetivos específicos a seguir.

1.1.2. Objetivos específicos

  1. Verificar como se constitui a motivação de uma professora e de seus alunos para ensinar e aprender a língua inglesa, respectivamente;
  2. Identificar quais emoções emergem no processo de ensino e aprendizagem de inglês desses participantes;
  3. Averiguar como a motivação da professora e a motivação dos alunos se relacionam;
  4. Analisar a relação entre motivação e emoções dos participantes.

Tais objetivos específicos foram traduzidos nas seguintes perguntas de pesquisa:

  1. Como se constitui a motivação de uma professora em formação inicial para ensinar inglês e de seus alunos para aprender?
  2. Quais emoções emergem nesse processo de ensino e aprendizagem?
  3. Como a motivação da professora e a motivação dos alunos se relacionam?
  4. Qual a relação entre motivação e emoções vivenciadas pelos participantes?

1.2. Justificativa

Esta pesquisa justifica-se por três razões: a carência existente em pesquisas sobre motivação de professores, a demanda por estudos que relacione motivação e emoções no

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ensino e aprendizagem de línguas, e a relevância em investigar professores e aprendizes em conjunto. Cada uma dessas justificativas é discutida nos parágrafos seguintes desta seção. No que diz respeito à primeira razão, são escassas as investigações que tratam da motivação do professor no ensino de línguas. De acordo com Suslu (2006), os estudos motivacionais envolvendo o professor têm se pautado na figura do docente como um dos responsáveis pela manutenção e pelo aumento da motivação do aprendiz. Reconheço a importância destes estudos e, inclusive, indico, neste trabalho, como o papel da professora foi importante para a motivação de seus alunos. Contudo, faz-se necessário, também, investigar a motivação do professor em si e, principalmente, o impacto causado nela pelos aprendizes no contexto de ensino e aprendizagem de LI. As pesquisas acerca da motivação do professor foram iniciadas apenas na década de 90, enquanto as que investigam a motivação dos aprendizes de línguas se iniciaram ao fim da década de 50. Dessa forma, como defendem Dörnyei e Ushioda (2011), são necessários mais estudos que visem analisar a motivação do professor de línguas para ensinar. Em relação à segunda razão, tanto motivação (WILLIAMS e BURDEN, 1997; DÖRNYEI, 2001; 2005; 2011; RIBAS, 2008) quanto emoções (ZEMBYLAS, 2002; 2003; 2005; 2007; DAY, 2004; 2011; BARCELOS, 2015) são temas que vêm cada vez mais despertando o interesse de pesquisadores da área da LA e da área da educação, em geral. Junto à cognição, esses construtos são reconhecidos como as três principais dimensões das nossas operações mentais (DÖRNYEI e USHIODA, 2011). Sobre a motivação e as emoções, por exemplo, esses são aspectos cruciais para o ensino e aprendizagem, comportando-se de maneira interativa e dinâmica (MEYER e TURNER, 2006; DÖRNYEI e USHIODA, 2011). No entanto, são poucos os estudos que tratam dessa relação entre emoções e motivação no ensino e na aprendizagem de línguas. Investigar tais construtos em conjunto faz-se relevante e tem sido uma demanda, principalmente para a LA. Como MacIntyre (2002) assevera, as emoções devem ser vistas como base fundamental da motivação, sendo necessários mais estudos que investiguem essa relação. Corroborando com o que é pontuado por esse autor, Fridja (2003) defende a dimensão motivacional das emoções, indicando que elas impulsionam o indivíduo a alterar ou manter seus objetivos em determinadas situações. Com base nisso, a investigação aqui apresentada contribui para atender à demanda mencionada. No que se refere à terceira e última justificativa para esta pesquisa, no ensino e aprendizagem de línguas, o contexto da sala de aula possui papel crucial, tanto em relação às disposições motivacionais do professor, quanto do aprendiz (DÖRNYEI e MURPHEY, 20003; DÖRNYEI e USHIODA, 2011. De maneira similar, Zembylas (2003) também pontua

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CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, apresento o aporte teórico que serviu de base para o desenvolvimento deste estudo. Divido-o em três seções. Na primeira seção, discorro sobre o conceito de motivação. Na segunda, abordo e discuto o conceito de emoções associado, principalmente, ao professor e ao aprendiz de línguas. Por último, na terceira seção, discorro sobre a relação existente entre motivação e emoções.

2.1. Motivação

Para discutir sobre motivação, primeiramente, conceituo esse construto. Em seguida, o abordo no ensino e na aprendizagem de línguas. Adiante, faço um panorama sobre a pesquisa acerca desse tema nos estudos de língua estrangeira (LE). Por fim, discorro sobre a relação entre motivação e grupo.

2.1.1. Conceito de motivação

A palavra motivação é derivada do verbo movere , em latim, que, em português, significa “mover-se”. De uma maneira simplificada, poderíamos descrevê-la como um impulso que leva uma pessoa a agir e a se engajar em direção a determinado objetivo (BZUNEC, 2004; DÖRNYEI, 2011). No entanto, compreender a motivação humana se torna uma tarefa complexa, uma vez que faz-se necessário que busquemos entender as causas e funcionamento desse impulso ou força no comportamento das pessoas. Brown (2007) caracteriza a motivação como uma variável afetiva que pode ser interpretada com base em três diferentes correntes de pensamento: o behaviorismo , o cognitivismo e o construtivismo. Em uma visão behaviorista , a motivação é traduzida como a antecipação da recompensa. Em outras palavras, agimos guiados por experiências prévias e impulsionados a adquirir reforço positivo. Nesse sentido, a nossa motivação para desempenhar ações é influenciada por forças externas: “pais, professores, colegas, requisitos educacionais, especificações de trabalho e assim por diante” (p. 168). Por um viés cognitivo, as características motivacionais de um indivíduo são delineadas pelas decisões que ele toma. Recorrendo a Ausubel (1968), Brown (2007) apresenta seis necessidades que sustentam essas decisões: (i) a necessidade de explorar o desconhecido; (ii) a necessidade de manipulação, ou seja, de agir e causar mudança no

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ambiente; (iii) a necessidade de mover-se física e mentalmente; (iv) a necessidade de ser estimulado por outras pessoas, pensamentos, sentimentos e pelo contexto; (v) a necessidade de conhecimento – a partir da ação, estímulo e exploração, ser capaz de apresentar soluções para determinados problemas; e, por último, (vi) a necessidade de fortalecimento do ego – sentir-se reconhecido, aprovado e aceito por outras pessoas. Já por meio de uma postura construtivista, a ênfase da motivação encontra-se tanto no contexto social, quanto em escolhas individuais, como defendido por Williams e Burden (1997). Assume-se, dessa maneira, que cada indivíduo é motivado de forma distinta e age, de um jeito único, no ambiente onde está inserido. Contudo, as ações específicas de cada pessoa ocorrem sempre de acordo com um contexto cultural e social, não podendo ser dissociadas dele. Em suma, segundo o construtivismo, a nossa motivação é influenciada pelas nossas interações com o outro e pela nossa autodeterminação. Com base nos pressupostos apresentados, percebemos as várias interpretações que a motivação pode envolver. Dörnyei e Ushioda (2011) ressaltam que, quando se trata de investiga-la, é impossível encontrar, até o momento, uma teoria que consiga integrar todos os possíveis motivos por trás do comportamento das pessoas. De acordo com os autores, esse seria um desejo utópico, irrealista. A motivação, para Dörnyei e Ushioda (2011), pode ser metaforicamente ilustrada pela Parábola dos Cegos e o Elefante^1. Na fábula indiana, um grupo de cegos é colocado para tocar um elefante e explicar como é o animal. No entanto, cada uma das pessoas toca uma parte diferente (barriga, orelha, perna, tromba, cauda) e cria representações mentais específicas e distintas, o que faz com que não haja apenas uma única descrição do elefante. De maneira similar, os estudos acerca da motivação têm oferecido uma gama de teorias, visando compreender o construto nas mais variadas situações. Assim, cabe ao pesquisador selecionar especificamente o foco o qual deseja estudar. Quando nos referimos à educação, Guimarães e Burochovitch (2004, p. 143) afirmam que: A motivação no contexto escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível da qualidade da aprendizagem e do desempenho. Um estudante motivado mostra-se ativamente envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefas desafiadoras, despendendo esforços, usando estratégias adequadas, buscando desenvolver novas habilidades de compreensão e domínio. Apresenta entusiasmo na execução de tarefas e orgulho acerca dos resultados de seus desempenhos, podendo superar previsões baseadas em suas habilidades ou conhecimentos prévios. De acordo com as autoras, a motivação do aprendiz é capaz de trazer benefícios a sua

(^1) A parábola completa está disponível em: <https://paralemdoagora.wordpress.com/2014/12/23/a-parabola-dos- cegos-e-o-elefante/>. Acesso em: 10 mai. 2019.

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línguas. Segundo Dörnyei (2014), o termo motivação é vastamente utilizado, tanto por professores quanto por alunos no que se refere ao sucesso ou fracasso na aprendizagem. O autor afirma, ainda, que o conceito de motivação vem despertando um crescente interesse justamente por não ser considerado um conceito simples, uma vez que tem por base a compreensão do comportamento das pessoas. Em outras palavras, visa ao entendimento de três aspectos que estão inter-relacionados: “[...] a escolha^4 de uma determinada ação, a persistência no desempenho desta ação, e o esforço nela despendido”. (DÖRNYEI, 2011, p. 199). Tanto o ensino quanto a aprendizagem de línguas são processos que ocorrem de maneira contínua, ou seja, não podem ser caracterizados como uma tarefa curta e de rápida conclusão, por isso os termos escolha , persistência e esforço definem bem os estágios da motivação, não apenas como decisão por iniciar uma atividade, mas também como engajamento no que se decidiu realizar. No Brasil, pesquisadores como Ribas (2008) e Viana (1990) especificam que, voltada ao contexto escolar, a palavra motivação tende a ilustrar a disposição dos alunos, ligada à atenção que manifestam em sala de aula. Dessa maneira, há alguns sinônimos comuns a esse construto, como: vontade, impulso, interesse e prontidão. A inter-relação dos aspectos acima é capaz de propiciar um campo de pesquisa vasto dentro da LA. Sobre esse assunto, Sampson (2016) afirma que os estudos sobre a motivação de aprendizes de línguas têm sido considerados uma parte produtiva de pesquisa. Em nível internacional, podemos destacar alguns trabalhos, como os de Dörnyei e Ushioda (2011), You, Dörnyei e Csizér (2016), Ushioda e Dörnyei (2017). Esses estudos têm geralmente mostrado os avanços nas investigações acerca do construto motivacional e indicando novos desafios, principalmente por enfatizarem que a motivação é dinâmica e sempre relacionada a outros fatores. Devido a isso, pesquisas nos mais variados contextos de aprendizagem de línguas são necessárias para melhor compreendê-la. Dialogando com essa necessidade de que diversas situações de aprendizagem sejam exploradas, a pesquisa brasileira em nível de pós-graduação tem investigado a motivação de aprendizes de LI a partir dos mais diferentes objetivos (CAVENAGHI, 2010; DINIZ, 2011; PERINE, 2013; SOUZA, M., 2014; CARDOZO, 2016; OLIVEIRA, B., 2016; ALVES, 2017). Apresentando um pouco mais a respeito de alguns desses trabalhos, Cardozo (2016) analisou o impacto do material didático, elaborado pelo professor, na motivação de aprendizes do Programa Idioma sem Fronteiras. Para atingir seu objetivo, a pesquisadora coletou dados

(^4) Destaque da obra.

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através de uma entrevista com a coordenação pedagógica e de questionários para os docentes e discentes do programa. Uma das conclusões do estudo foi a de que os materiais puderam impactar positivamente na motivação e no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Em contexto diferente da pesquisa de Cardozo (2016), Oliveira, B. (2016) analisou a motivação associada às crenças de alunos do ensino médio de uma escola particular, verificando como esses dois construtos se relacionavam às identidades dos participantes. Dentre os resultados, foi confirmada a relação entre os três aspectos, nos quais a motivação relacionou-se às crenças dos aprendizes da LI como língua universal e de status social, o que contribuía para a construção das identidades dos participantes como usuários de inglês. Perine (2013) também relacionou motivação e crenças em seu trabalho, ao investigar aprendizes de inglês em um curso a distância. Os resultados da pesquisa indicaram que fatores motivacionais no início, no curso, e retrospectivos à ação foram responsáveis pela motivação dos alunos para aprender inglês virtualmente. As crenças acerca das especificidades do contexto digital possuíram relação com a parte motivacional dos participantes, favorecendo ou inibindo o desejo pela aprendizagem de LI. Esses trabalhos apresentados são apenas alguns exemplos do que tem sido pesquisado acerca da motivação. Assim, foram selecionados devido ao fato de focarem em motivação de professores e alunos. Na LA, temos percebido uma tendência maior em investigar a motivação do aprendiz de línguas, em detrimento da do professor. Em alguns casos, como Dörnyei (2001), por exemplo, vemos que a figura do professor é apresentada com o foco de motivar o aprendiz quando se trata do contexto de sala de aula. Com isso, os estudos sobre a motivação do professor em si ainda caminham mais lentamente do que os estudos a respeito da motivação de alunos. Han e Yin (2016) assinalam que ao tratar da motivação do professor, não apenas na LA, os trabalhos realizados têm seguido cinco focos: (i) fatores que influenciam o trabalho do professor; (ii) motivação do professor e motivação do aluno; (iii) a motivação do professor e a eficácia no ensino; (iv) instrumentos para avaliar a motivação do professor; (v) motivação do professor de línguas. Portanto, esta pesquisa, em diálogo com as emoções, se insere no segundo grupo indicado pelos autores, uma vez que por acreditar na influência motivacional entre professor-aluno, aluno-professor e aluno-aluno, considero ser mais importante trabalhar com as duas categorias de participantes, reconhecendo, também, a figura do docente. Estudos acerca da motivação do professor de línguas tiveram início, provavelmente, em 1995, com a pesquisa de Pennington (HAN e YIN, 2016). Ainda de acordo com Han e Yin (2016), o primeiro estudo teve como tema a motivação do professor de inglês como