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A perceção - uma teoria semiótica, Resumos de Semiótica

Il libro A Percezione – Una Teoria Semiotica di Lúcia Santaella esplora il concetto di percezione attraverso una lente semiotica, interrogandosi sul ruolo dei segni e dei simboli nella costruzione del significato. L'autrice analizza come la percezione non sia solo un processo biologico, ma anche culturale e linguistico, influenzato dai contesti sociali. Santaella propone una visione integrata tra neuroscienze e semiotica, enfatizzando l'importanza dei media e della tecnologia nella mediazione della percezione. Il testo si distingue per la sua interdisciplinarità e il contributo alla teoria della semiosi.

Tipologia: Resumos

2015

Compartilhado em 17/02/2025

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A percepção: uma teoria semiótica
Lúcia Santaella
São Paulo: Experimento: 1993
Igor Maximiliano de Jesus
Em sua obra intitulada A percepção: uma teoria semiótica, Lúcia Santaella pesquisadora,
especialista nos estudos de Charles Sanders Peirce e professora da PUC-SP traz à luz questões
referentes à percepção segundo a lógica ternária da semiótica pragmaticista desse pensador, mostrando-
nos que tal abordagem possibilita-nos dar conta de uma série de aspectos essenciais que passam
despercebidos pelas mais diversas correntes filosóficas que concorrem entre si pela chancela da
natureza da percepção humana e dos processos cognitivos nela envolvidos.
Santaella comenta em seu capítulo introdutório que o século passado viu emergir inúmeras teorias
da percepção, havendo, no entanto, uma tendência geral de foco sobre os aspectos visuais aí implicados.
Seja qual for o argumento mais apropriado que explique tal tendência, a autora nota que tão forte foi a
preponderância do visual e da imagem retiniana nos estudos perceptivos que suas relações com a mente
tornaram-se marginalizadas a ponto de a própria psicologia experimental haver negligenciado esse
último conceito durante a primeira metade do século XX.
É, então, que a autora parte em defesa da tese de que muito antes do surgimento dessas
controvérsias, Peirce já havia apresentado uma teoria da percepção que se mostrou apta a eliminar a
lacuna entre o sensório e a mente, uma vez que era transparente para o pensador a direta relação entre
percepção e conhecimento. Como nos informa Santaella, para Peirce “todo pensamento lógico, toda
cognição, entra pela porta da percepção e sai pela porta da ação deliberada” (p. 16). Fica clara a
importância da percepção no surgimento das linguagens e, portanto, dos signos – em outras palavras, a
inseparabilidade e a complementaridade que existe entre a percepção e a semiótica.
Antes de dar continuidade às ideias de Peirce, Santaella expõe no primeiro capítulo um breve
histórico das teorias da percepção ocidentais, todas as quais entendem a questão como um evento
dualista que ocorre entre as instâncias mundo x indivíduo e que tentam dar conta do conflito dado pelas
diferenças entre o mundo e aquilo que por nós é percebido, apesar da correspondência entre ambos
dois fatores contraditórios que, porém, têm a mente como causa comum. É nesse panorama que
assistimos ao surgimento do empirismo, do nativismo de heranças cartesianas e, mais recentemente, das
teses gestaltistas, construtivistas e gibsonianas.
Uma vez que o leitor teve contato com esse panorama, Santaella dirige-se a uma breve, porém
clara, síntese da arquitetura filosófica de Peirce e da posição ocupada pela semiótica nessa vasta
estrutura, bem como explana suas subdivisões: a gramática especulativa (teoria geral dos signos), a
lógica crítica (os tipos de raciocínio) e a metodêutica (a teoria do método científico). Enfatiza, ainda,
que como tudo em sua filosofia e no mundo, tais subdivisões estão invariavelmente permeadas pelas
três categorias fenomenológicas universais enunciadas por Peirce.
Assim, entre as categorias temos a primeiridade na qual estão presentes as noções de
originalidade, possibilidade, sentimento, qualidade –, a secundidade – noções de polaridade, ego, não-
ego, objeto, ação, reação – e a terceiridade – generalidade, mente, pensamento, continuidade, cognição,
inteligência. Vemos aí que é na terceira categoria em que localizamos a ideia de signo como mediação,
algo que “põe um segundo, seu objeto, numa relação com um terceiro, seu interpretante” (p. 37). É vital
notar que, apesar de a ideia de signo ser encontrada justamente na terceiridade, qualquer coisa a que
temos contato é por nós acessada por meio do signo, de modo que ele tem primazia lógica em nossas
percepções: embora seja o signo determinado pelo objeto (esse, para Peirce, podendo ser qualquer algo
existente ou possível, tal como um cheiro, um som, um sonho, ou um objeto físico e que, portanto, tem
primazia real) é aquele que primeiro aparece a nós para conectá-los a nossos interpretantes. É
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A percepção: uma teoria semiótica

Lúcia Santaella

São Paulo: Experimento: 1993

Igor Maximiliano de Jesus

Em sua obra intitulada A percepção: uma teoria semiótica , Lúcia Santaella – pesquisadora, especialista nos estudos de Charles Sanders Peirce e professora da PUC-SP – traz à luz questões referentes à percepção segundo a lógica ternária da semiótica pragmaticista desse pensador, mostrando- nos que tal abordagem possibilita-nos dar conta de uma série de aspectos essenciais que passam despercebidos pelas mais diversas correntes filosóficas que concorrem entre si pela chancela da natureza da percepção humana e dos processos cognitivos nela envolvidos. Santaella comenta em seu capítulo introdutório que o século passado viu emergir inúmeras teorias da percepção, havendo, no entanto, uma tendência geral de foco sobre os aspectos visuais aí implicados. Seja qual for o argumento mais apropriado que explique tal tendência, a autora nota que tão forte foi a preponderância do visual e da imagem retiniana nos estudos perceptivos que suas relações com a mente tornaram-se marginalizadas a ponto de a própria psicologia experimental haver negligenciado esse último conceito durante a primeira metade do século XX. É, então, que a autora parte em defesa da tese de que muito antes do surgimento dessas controvérsias, Peirce já havia apresentado uma teoria da percepção que se mostrou apta a eliminar a lacuna entre o sensório e a mente, uma vez que era transparente para o pensador a direta relação entre percepção e conhecimento. Como nos informa Santaella, para Peirce “todo pensamento lógico, toda cognição, entra pela porta da percepção e sai pela porta da ação deliberada” (p. 16). Fica clara a importância da percepção no surgimento das linguagens e, portanto, dos signos – em outras palavras, a inseparabilidade e a complementaridade que existe entre a percepção e a semiótica. Antes de dar continuidade às ideias de Peirce, Santaella expõe no primeiro capítulo um breve histórico das teorias da percepção ocidentais, todas as quais entendem a questão como um evento dualista que ocorre entre as instâncias mundo x indivíduo e que tentam dar conta do conflito dado pelas diferenças entre o mundo e aquilo que por nós é percebido, apesar da correspondência entre ambos – dois fatores contraditórios que, porém, têm a mente como causa comum. É nesse panorama que assistimos ao surgimento do empirismo, do nativismo de heranças cartesianas e, mais recentemente, das teses gestaltistas , construtivistas e gibsonianas. Uma vez que o leitor teve contato com esse panorama, Santaella dirige-se a uma breve, porém clara, síntese da arquitetura filosófica de Peirce e da posição ocupada pela semiótica nessa vasta estrutura, bem como explana suas subdivisões: a gramática especulativa (teoria geral dos signos), a lógica crítica (os tipos de raciocínio) e a metodêutica (a teoria do método científico). Enfatiza, ainda, que como tudo em sua filosofia e no mundo, tais subdivisões estão invariavelmente permeadas pelas três categorias fenomenológicas universais enunciadas por Peirce. Assim, entre as categorias temos a primeiridade – na qual estão presentes as noções de originalidade, possibilidade, sentimento, qualidade –, a secundidade – noções de polaridade, ego, não- ego, objeto, ação, reação – e a terceiridade – generalidade, mente, pensamento, continuidade, cognição, inteligência. Vemos aí que é na terceira categoria em que localizamos a ideia de signo como mediação, algo que “põe um segundo, seu objeto, numa relação com um terceiro, seu interpretante” (p. 37). É vital notar que, apesar de a ideia de signo ser encontrada justamente na terceiridade, qualquer coisa a que temos contato é por nós acessada por meio do signo, de modo que ele tem primazia lógica em nossas percepções: embora seja o signo determinado pelo objeto (esse, para Peirce, podendo ser qualquer algo existente ou possível, tal como um cheiro, um som, um sonho, ou um objeto físico e que, portanto, tem primazia real) é aquele que primeiro aparece a nós para conectá-los a nossos interpretantes. É

exatamente tal aspecto que possibilita que a teoria semiótica da percepção atente-se a todo e qualquer estímulo a ser percebido, e não somente os visuais, ao contrário de outras teorias. Conforme já dito, as três categorias estão presentes em toda e qualquer coisa possível ou existente no mundo, de modo que no próprio signo também encontramos seus traços. Assim, numa relação de um signo com seu objeto em que qualidades sugestivas se destacam, esse signo será um ícone. Da mesma forma, naquela relação em que a indicação e a constatação de existentes forem proeminentes, o signo será um índice. Por fim, na relação em que o realce for dado por seu aspecto de lei e generalidade, estaremos diante de um símbolo: um signo genuíno que tem a potencialidade de gerar interpretantes de mesma natureza, em uma semiose inestancável (exatamente essa a natureza do pensamento). Segundo o argumento acima explicitado, tratando-se a percepção de uma relação de nós com o mundo, fica evidente a preponderância da secundidade em seus meandros. Isso significa que é a noção de objeto aquela que deve estar muito clara para a continuidade dessa teoria. Para tanto, é indisponível reconhecer que o objeto nunca será representado em sua totalidade pelo signo e, portanto, não pode ser por esse esgotado. Pensemos no próprio livro alvo desta resenha: seu conteúdo representa somente um entre os vários aspectos da teoria semiótica de Peirce, porém tudo o que foi por ele estudado nunca será esgotado, pois estão aí envolvidos todos os seus manuscritos e publicações, seus pensamentos, seus estudos anteriores que foram baseados em outros pensamentos de inúmeros outros pensadores e assim infinitamente. É justamente a esse objeto inesgotável e complexo a que damos o nome de Objeto Dinâmico, ao passo que aquela faceta desse objeto que pode e consegue ser representada pelo signo (sua objetividade) é chamada de Objeto Imediato. É por meio do Objeto Imediato que podemos ter acesso ao Objeto Dinâmico fazendo uso de nossas experiências colaterais, já vividas. A partir dessas ideias, a autora inicia o terceiro capítulo com suas visões acerca da natureza da percepção para Peirce, a qual muito vão ao encontro das ideias de outro de seus intérpretes, R. Bernstein. Segundo a autora, para Peirce, o que é por nós percebido força-se insistente e gratuitamente contra nós por sua mera condição de existente e nos faz reconhecê-los sem qualquer razão. São esses existentes que denominamos Perceptos e que sempre são exteriores a nós. Peirce, no entanto, defronta-nos com certa ambiguidade quando escreve que tais perceptos também podem ser produtos mentais. Esse conflito é, então, solucionado por Bernstein, quando esse nos leva a outra passagem em que Peirce propõe que analisemos esses “perceptos mentais” que dão origem a nossos Julgamentos de Percepção (isto é, o signo que representa para nós o que foi percebido) sob o nome de Percipuum. Em outras palavras, o percipuum seria aquelas facetas do perceptos que podem ser captadas por nossos sentidos dentro de seus limites e que se tronam produtos mentais, isto é, o percipuum é assim visto como o objeto imediato da percepção, enquanto o percepto, exterior, está para seu objeto dinâmico inesgotável. Obviamente, tal visão compartilhada por Santaella e Bernstein encontra resistência entre outros teóricos de Peirce, como é o caso de Hausman, para quem a contradição apresentada por Peirce acima enunciada não é solucionada pelo conceito de percipuum – esse, para Hausman, seria a instância que permeia e une um percepto exterior a nós (1) a um percepto presente em nossas mentes (2) e que a esse dá existência. De acordo com tal lógica, é o percepto(2) o referencial para os julgamentos perceptivos, sendo também seu objeto imediato. Apesar de uma visão não tão convincente, Hausman todavia nos presenteia com a interessante noção de quão fundamental é a primeiridade icônica na percepção por meio do conceito de medad e do continuum genuíno. Essa ideia de uma presença essencial da primeiridade na percepção é também levada adiante por Sandra B. Rosenthal, para quem o percipuum e o julgamento de percepção em sentido estreito são vistos como uma hipótese abdutiva – não objetivada, ou significada – de que há no ato perceptivo uma repetição de experiências já tidas. O fato de estarmos diante de hipóteses abdutivas