A AMBIGUIDADE DE INTERPRETAÇÃO DO LIVRO “DOM CASMURRO” E
AS SUAS RELAÇÕES COM A PERSPECTIVA MACHISTA DO LEITOR
O romance "Dom Casmurro" de Machado de Assis é um clássico da
literatura brasileira que tem sido alvo de muitas interpretações e debates. A
história de Bento Santiago, um narrador pouco confiável que suspeita da
infidelidade de sua esposa, é cheia de ambiguidades e aberta a múltiplas
leituras. No entanto, a ambiguidade do romance não é apenas um artifício
literário, mas também um reflexo do contexto cultural em que foi escrito. Este
ensaio explorará a ambiguidade da interpretação em "Dom Casmurro" e suas
relações com a perspectiva machista do leitor, destacando as formas como o
romance reflete e desafia as normas patriarcais.
A ambiguidade da interpretação em "Dom Casmurro" é um romance que
desafia as expectativas e pressupostos do leitor, tanto no que diz respeito à sua
estrutura narrativa como ao seu conteúdo temático. O narrador do romance,
Bento Santiago, não é confiável, e seus motivos para contar a história nem
sempre são claros. O papel da memória e da percepção na narrativa também
aumenta a ambiguidade, pois o leitor nunca tem certeza do que é real e do que
é imaginário. O final do romance também está aberto a múltiplas interpretações,
com alguns leitores vendo-o como uma confirmação das suspeitas de Bento,
enquanto outros o veem como uma subversão de sua visão de mundo patriarcal.
A representação de personagens femininas em "Dom Casmurro" tem
foram alvo de muitas críticas, com muitos leitores notando a falta de agência e
voz dada a eles. Capitu, esposa de Bento, é muitas vezes vista como uma
Femme fatale que o manipula e engana, enquanto outras personagens femininas
são idealizadas ou marginalizadas. No entanto, é importante considerar o
contexto cultural em que o romance foi escrito, com normas e valores patriarcais
profundamente arraigados na sociedade brasileira da época.
Os próprios preconceitos e suposições do leitor também desempenham
um papel na forma como eles interpretam o romance, com alguns leitores
reforçando os estereótipos de gênero e outros os desafiando. às normas
patriarcais. Por um lado, a ambiguidade do romance pode ser usada para
reforçar os estereótipos de gênero, com o leitor projetando seus próprios
