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Uma análise multimodal de anúncios publicitários, explorando a interação entre a linguagem verbal e visual. A pesquisa utiliza a gramática sistêmico-funcional e a gramática do design visual para analisar como os elementos verbovisuais se construem em anúncios digitais. O objetivo é entender como as redes sociais utilizam recursos semióticos para construir práticas sociais, estilos de vida e conceitos para seduzir, induzir e compelir os usuários. O estudo mostra que as escolhas léxico-gramaticais e visuais são artifícios poderosos para incorporar hábitos de consumo permanentes.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Na sociedade atual, a linguagem apresenta-se cada vez mais híbrida em anúncios publicitários, não só veiculando imagens, cores e o verbal na organização de textos multimodais, mas também promovendo significações que demandam novas interpretações. A par disso, as redes sociais são exemplos pragmáticos do uso de recursos semióticos – imagens, cores, luminosidade, brilho, tipografia, entre outros. Nesse contexto, este trabalho é parte do Projeto de Pesquisa A Multimodalidade em Anúncios Publicitários^1 , cujo objetivo geral é descrever de que maneira os elementos verbo- visuais se encontram significativamente construídos em anúncios publicitários digitais, por meio de uma análise linguístico-discursiva e social. Para isso, o eixo principal desta proposta é a Gramática do Design Visual , elaborada por Kress e van Leewen (2001[1996]), a partir da grade conceitual da Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday ( [1985]) – as metafunções ideacional, interpessoal e textual – , com o propósito de explicar as imagens presentes na sociedade contemporânea. Seguindo a proposta de Halliday (2004), para este recorte, priorizamos, na categoria de análise verbal , a metafunção interpessoal da linguagem, validando a mensagem interativa entre produtores e consumidores, na qual se estabelecem propostas, proposições, solicitações e informações, sugerindo atitudes e conceitos. Já na categoria de análise visual (Kress e van Leewen), priorizamos as metafunções representacional e interativa , as quais podem ou não corresponder às metafunções ideacional e interpessoal de Halliday, na investigação imagética. Optamos por uma metodologia de cunho qualitativo, analisando dois textos publicitários, veiculados no Instagram , publicados no ano de 2016, com acesso diversificado por idade, classe social e nível de escolaridade. Justifica-se este estudo porque o domínio de compreensão de textos multimodais é condição de inclusão cultural e social, tendo em vista que prescindir desse conhecimento é produzir iletrados incapazes de interpretar os discursos que permeiam a sociedade. Os resultados obtidos indicam que os modos semióticos dos anúncios foram utilizados para atender a objetivos comunicativo-persuasivos da publicidade, no sentido de construir práticas sociais, estilos de vida e conceitos para seduzir, induzir e compelir os usuários da rede ao consumo.
Material e métodos A discussão que propomos encontra-se alicerçada nos estudos críticos do discurso, guiada, especificamente, num primeiro momento, pela perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional, teoria social da linguagem de significados proposta por Halliday (2004 [1985]), num percurso balizado pelo diálogo com a Teoria da Multimodalidade, segundo Kress e van Leewen (2006). Para esses dois teóricos, num mundo altamente semiotizado, a construção do significado envolve cada vez mais saber entender cores, perspectivas, design gráficos, entre outros, operando não apenas com palavras, mas, principalmente, com sistemas semióticos distintos, a exemplo da escrita e da imagem. Seguindo esse raciocínio, a discussão está fundamentada no quadro teórico da Gramática Sistêmico-Funcional e na Gramática do Design Visual , valendo-nos da grade de análise do plano verbal e do visual, respectivamente, com recortes, em específico, no que concerne às metafunções. Assim é que a metodologia de cunho qualitativo-interpretativo do trabalho, num primeiro momento, na análise do plano verbal, baseia-se na aplicação da ferramenta de análise da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), explorando a metafunção interpessoal da linguagem, a qual se centra na oração organizada como troca, como mensagem interativa entre publicitários e consumidores, de modo que mecanismos linguísticos – na modalidade (verbos, adjetivos (ou atributos avaliativos – nos termos de Halliday (2004) – e advérbios) – ou no modo (noções de tempo e de modo), são escolhas intencionais usadas para influenciar, no intuito de serem alcançados os resultados almejados: o consumo. Conforme Halliday e Matthiessen (2004), nas interações, damos e requeremos algo do outro, como uma proposta, uma solicitação ou uma troca de bens, serviços e informações, ocorrendo relações sociais de negociação. Já na análise dos significados imagéticos (visuais), por intermédio da Gramática do Design Visual , exploramos como categoria de análise duas metafunções: representacional e interativa. Por um lado, no nível representacional, analisamos as estruturas dos processos conceituais que aparecem nas peças publicitárias_._ Entre eles, há os processos simbólicos , que exploram o que um participante representado em uma imagem significa ou é, sendo divididos em duas categorias: atributivos e sugestivos. No processo simbólico atributivo , o significado é produzido por meio do destaque de um participante representado na imagem em relação a outro (tamanho, cor, iluminação, lugar na composição da imagem), ou por meio
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(^1) Apoio financeiro: Fapemig
de qualquer associação convencional que tenha valores simbólicos em uma cultura particular, direcionando o foco do leitor para isso, apontando através de gestos ou linhas direcionadoras. Esse destaque funciona para associar um participante representado e seus significados com o outro que compõe a imagem. Já no processo simbólico sugestivo , há o envolvimento de apenas um participante representado, que é portador de significados. Por outro lado, no nível interativo , priorizamos três dimensões da imagem: olhar, enquadramento e perspectiva. Conforme Kress e van Leeuwen (2006), o olhar é classificado na imagem como de demanda ou de oferta , em que, no olhar de demanda, o participante interativo olha diretamente para o leitor, enquanto, no de oferta, o participante representado se dirige ao leitor de forma indireta. Por sua vez, o enquadramento refere-se ao distanciamento entre o participante representado visualmente e o leitor, em que mais proximidade gera mais intimidade ( close-up ). Já a perspectiva retrata a imagem através de ângulos e pontos de vista específicos, em perspectivas que estabelecem relações de poder, como, por exemplo, em um anúncio, o ângulo vertical confere poder ao participante representado em relação ao leitor. Para além disso, realizou-se a análise verbo-visual semiótica de todos os componentes que perfazem os anúncios, na constituição de discursos poderosos para influenciar e manipular os interlocutores que geralmente não são letrados na percepção dessas influências. Para fins de análise, o corpus é composto por dois anúncios publicitários, retirados da rede social Instagram , em 22 de setembro de 2016. Para a escolha desses anúncios, adotaram-se os seguintes critérios: (i) a intencionalidade do gênero publicitário de influenciar pessoas em massa, pois a rede social Instagram é muito visada por publicitários que exploram fotografias e imagens e acessada por milhões de pessoas, constituindo-se meios eficazes de propagação de ideias de consumo; (ii) veiculação de atitudes e conceitos abstratos, e não somente a venda de produtos; (iii) layout , diagramação, cores e distribuição dos elementos significativos que compõem os anúncios.
Resultados e Discussão
Análise verbal – Anúncio 1 : (1)“ Pele impecável se faz com base líquida e atitude de ser quem eu sou. (2) #Acredite na beleza. (3) Não tem sensação melhor do que sentir-se realizada com você mesma.(4) #Acredite na beleza, em você e no que você pode atingir”. Anúncio 2 : (5)“ Olhar marcante se faz com máscara para cílios e brilho nos olhos. (6) Acredite na beleza. (7) Aquele brilho no olhar de quem se olha no espelho e vê a pessoa que mais admira. (8) #O Boticário. #Acredite na beleza. Nos termos hallidayanos , nos anúncios em tela, podemos constatar a presença de frases declarativas com atributos positivos que associam o produto à consumidora (Anúncios 1,3,5,7). Além disso, há a presença de frases imperativas que se repetem no mesmo anúncio como estratégia para compelir a consumidora (anúncios 2,4,6,8), associando a beleza à logomarca da empresa e aos valores abstratos importantes no contexto social, a exemplo de autorrealização e status. Os adjetivos e frases adjetivadas ( atributos avaliativos) reforçam o conceito que se quer impregnar. Por exemplo, na frase 1, é indissociável uma pele impecável da base líquida Make B do valor cultural de se auto afirmar e se valorizar (de ser quem eu sou). Há o reforço, como um mantra, de se ter atitude e acreditar na beleza, formando o slogan e conceito da marca o Boticário. Afinal, para se obter admiração e destaque no meio social, todas as mulheres querem ser belas e realizadas, principalmente mediante tanta exposição na rede social. Essas escolhas léxico-gramaticais (adjetivos e verbos), segundo Halliday (2004), são artifícios poderosos para incorporar hábitos de consumo permanentes, pois usar um produto é temporário, mas ser linda e poderosa não tem prazo de validade, e é isso que se vende. Ressaltamos que os anúncios modernos exploram a ideia de pertencimento para associar valores a produtos, instaurando hábitos de consumo e conceitos ideológicos. Análise visual – No Anúncio 1: Na metafunção representacional, podemos identificar uma participante representada dentro de um processo conceitual simbólico atributivo , pois explora o que ela é ou significa: uma mulher negra, de pele impecável, que se sente realizada e tem orgulho de ser quem é. Todos esses atributos estão associados intrinsecamente com a base líquida Make B e a marca o Boticário. Esse anúncio pressupõe a ideia de que a leitora- consumidora que adquire o produto faça parte de um grupo especial na sociedade: mulheres negras com orgulho de ser quem são e realizadas com elas mesmas. Agora elas pertencem a esse grupo valorizado, que se tornou vencedor em oposição ao discurso histórico de desvalorização e preconceito racial. A modelo a ser espelhada aparece destacada pelo tamanho, pela iluminação, pela cor e pelo brilho. Por seu turno, quanto à metafunção interativa , vemos que a modelo aparece representada com um olhar de demanda , pois seu olhar interage diretamente com o consumidor, envolvendo-o, de forma a estabelecer uma relação imaginária com a participante representada na imagem. No que se refere ao enquadramento, a participante representada aparece em close up , ou seja, numa posição de maior afinidade e proximidade com o consumidor. Esse tipo de escolha demonstra o grau maior de intimidade com o observador da imagem. Já na perspectiva , a participante representada interage com o consumidor de modo subjetivo em ângulo horizontal , pois se coloca em posição de igualdade e empatia com a leitora-consumidora. Anúncio 2 : Podemos