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Uma análise detalhada da jornada missionária de paulo, conforme descrita no livro de atos dos apóstolos. Ele aborda diversos aspectos, como a resistência de lucas em retratar paulo e barnabé como 'deuses semelhantes aos homens', a importância do nome de jesus, a continuidade da obra de jesus desde os tempos dos apóstolos até os dias de lucas, a questão do nacionalismo judaico e a inclusão dos gentios, as referências às atividades de deus em jesus, a relação entre pedro e paulo, os sermões de paulo aos gentios, a viagem de paulo a jerusalém e sua defesa perante o sinédrio, entre outros temas relevantes. A descrição fornece uma visão abrangente da narrativa de atos, destacando os principais eventos e questões teológicas relacionadas à missão de paulo.
Tipologia: Esquemas
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Digitalizado por Paulo André
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Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finalidade de oferecer leitura edificante a todos aqueles que não tem condições econômicas para comprar.Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo apenas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias, adquirindo os livros.SEMEADORES DA PALAVRA e- books evangélicos
O orgulho de nossas obras não passa de
trabalho e tristeza,
pois elas passam depressa e se vão...
Mostre suas obras a seus servos: que seus
filhos vejam sua glória.
Prefácio do Editor Embora não apareça nas listas comuns de best-sellers, a Bíblia conti- nua sendo o livro mais vendido. E apesar do crescente secularismo do ocidente, não há sinais de que o interesse pela mensagem esteja diminuindo. Ao contrário, em meio à crescente complexidade da vida moderna, mais e mais homens e mulheres estão procurando por direção em suas páginas. Encontramos esse renovado interesse pelas Escrituras em ambos os lados, tanto dentro como fora da igreja. Percebe-se esse fato entre os povos da Ásia e África, tanto quanto na Europa e América do Norte. Na verdade, à medida que saímos de países tradicionalmente cristãos parece que o interesse pela Bíblia aumenta. Pessoas ligadas às igrejas tradicionais católicas e protestantes manifestam pela Palavra o mesmo anseio que existe nas recém- organizadas igrejas e comunidades evangélicas. Desejamos, então, ao oferecer esta nova série de comentários, estimu- lar e fortalecer esse movimento de âmbito mundial em prol do estudo da Bíblia por parte dos leigos. Conquanto tenhamos esperança de que pastores e mestres considerem esses volumes muito úteis tanto à compreensão quanto à comunicação da Palavra de Deus, não os escrevemos primordialmente para esses profissionais. Nosso objetivo é beneficiar todos os leitores das Escrituras, provendo-lhes guias confiáveis sobre os livros da Bíblia, guias que representem o que há de melhor na cultura contemporânea, e que não exijam, para a sua compreensão, de preparo teológico formal. É convicção do editor, bem como dos autores, de que a Bíblia pertence ao povo, e não meramente aos acadêmicos. A mensagem da Bíblia é tão importante que de modo algum pode ficar acorrentada a artigos eruditos, presa a ensaios e monografias herméticos, redigidos apenas para especialistas em teologia. Embora a erudição rigorosa, esmerada, tenha seu lugar no serviço de Cristo, todos quantos participam do ministério do ensino na igreja são responsáveis por tornar acessíveis à grande comunidade cristã os resultados de suas pesquisas. Assim é que os eruditos em Bíblia, que se unem para apresentar esta série de comentários, escrevem tendo em mente esses objetivos superiores.
Há, em português, diversas traduções e edições contemporâneas do Livro Santo, as quais, na sua maioria, são muito boas. O leitor pode escolher, portanto, que edições da Bíblia deve consultar a fim de melhor
compreender a mensagem da Palavra de Deus. Entre essas muitas versões e edições da Escritura Sagrada destacamos A Bíblia de Jerusalém, baseada na obra de eruditos católicos franceses, vividamente traduzida para o português por uma equipe de tradutores brasileiros, talvez seja amais literária das traduções recentes. A BLH (Bíblia na Linguagem de Hoje), da Sociedade Bíblica do Brasil, é a tradução mais acessível às pessoas pouco familiarizadas com a tradição cristã. Há, ainda, em português, a Almeida Revista e Atualizada, e a Edição Revisada de Almeida, além de outras. O estudante sério da Palavra de Deus deve possuir diversas versões das Escrituras para consulta e estudo, objetivando tanto variedade quanto clareza de compreensão — embora se deva salientar que nenhuma dessas versões ou edições seja isenta de falhas, nem deva ser considerada a última palavra quanto a qualquer ponto. De outra forma, não haveria a menor necessidade de um comentário como este! Esta série de comentários, por ser tradução da língua inglesa, faz referências à NEB — que constitui verdadeiro monumento à pesquisa moderna protestante — e a outras versões naquele idioma, entre elas a RSV, a NAB, a NlV. Como texto bíblico básico desta série, em português, decidimos usar a ECA, por ser esta a mais recente edição do texto de Almeida, a que está- se tornando padrão em muitas instituições de ensino teológico, e também por ser o texto utilizado nas lições bíblicas "Vida Radiante", na Bíblia Thompson, e em outras fontes de estudo. Por tais motivos, a tradução em português desta série de comentários recebeu pequenas adaptações para que se ajustasse ao texto bíblico da Edição Contemporânea. Cada volume desta série contém um capítulo introdutório expondo em minúcias o intuito geral do livro e seu autor, os temas mais importantes, e outras informações úteis. Depois, cada seção do livro é elucidada como um todo, e acompanhada de notas sobre aqueles pontos do texto que necessitam de maior esclarecimento ou de explanação mais minuciosa. Esta nova série é oferecida com uma oração: que venha a ser instru- mento de renovação autêntica, e de crescimento entre a comunidade cristã no mundo inteiro, bem como um meio de enaltecer a fé das pessoas que viveram nos tempos bíblicos, e das que procuram viver em nossos dias segundo a Bíblia. Editora Vida
Introdução
J. B. Phillips escreve no prefácio de The Young Church in Action (A Jovem Igreja em Ação), sua tradução de Atos, que a pessoa não consegue passar vários meses num estudo minucioso desse livro "sem ficar pro- fundamente emocionado e, para ser honesto, perturbado. O leitor se emociona", diz esse autor, "porque vê o cristianismo, o cristianismo real, em ação pela primeira vez na história humana... Aqui estamos vendo a igreja no esplendor de sua mocidade, valorosa e íntegra... um corpo de homens e mulheres comuns unidos em comunhão inconquistável, jamais vista na terra". Entretanto, o leitor também fica perturbado "porque certamente", acrescenta o autor, essa "é a igreja como deveria ser. Igreja vigorosa e flexível, pois nesses dias ela ainda não havia se tornado gorda e sem fôlego, por causa da prosperidade, ou paralisada pelo excesso de organização. Aquelas pessoas não praticavam 'atos de fé' —elas criam; não 'recitavam suas orações' — oravam de verdade. Não faziam palestras sobre medicina psicossomática, mas simplesmente curavam os enfermos "(l). Segundo os padrões modernos, aqueles crentes poderiam passar por ingênuos, mas talvez por causa de sua simplicidade ou por causa de sua prontidão para crer, obedecer, dar, sofrer e, se necessário, morrer, o Espírito de Deus verificou que lhe era possível trabalhar neles e através deles, pelo que 'alvoroçava' as pessoas, "pondo o mundo de cabeça para baixo" (veja 17:6). Atos é o único registro autêntico de que dispomos dos primeiros anos da história da igreja. Há alguns poucos indícios nas cartas paulinas sobre acontecimentos que ocorreram nesses primeiros anos. Josefo prove material valioso sobre o ambiente e muitas minúcias esclarecedoras (2) , mas se Atos se houvesse perdido, nada haveria que lhe tomasse o lugar. Além do mais, o resto do Novo Testamento ficaria diante de nós em dois fragmentos desconjuntados, visto que Atos é o elo necessário entre os evangelhos e as cartas. Os evangelhos nos relatam o começo do cristianismo até a ascensão de Cristo. Todavia, se tudo quanto tivéssemos fosse isso haveria grande número de perguntas. Qual foi a seqüência? Que fez o Senhor a seguir? Que aconteceu a seus seguidores e à sua causa? As respostas a estas perguntas estão em Atos. Diga-se o mesmo acerca das cartas: Verificamos tratar-se de cartas apostólicas dirigidas a igrejas em várias partes do império romano. Entretanto, fossem elas tudo de que podíamos dispor, ficaríamos desejando
Autoria
Na erudição neotestamentária, é quase axiomático que, seja quem for que tenha escrito o terceiro evangelho, também escreveu Atos (veja a disc. acerca de 1:1-5). Tradicionalmente esse autor tem sido identificado como Lucas, o médico e companheiro de Paulo. Nos manuscritos dos evangelhos, encontra-se "Segundo Lucas", quando se trata do terceiro evangelho. Esse evangelho nunca foi conhecido por outro nome. O nome Loukas (como aparece no grego) talvez seja abreviatura de Loukanos; tem-se observado que os nomes próprios contraídos que terminam em as eram comumente usados para os escravos. Talvez tenha sido essa a formação profissional de Lucas, visto que os escravos às vezes eram treinados para serem médicos. Entretanto, os fatos concretos a respeito de Lucas são escassos. Seu nome aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Colossenses 4:14; 2 Timóteo 4:11; Filemon 24). Dessas referências deduz-se que Lucas era gentio e esteve com Paulo em Roma, quando Colossenses e Filemon foram redigidas e (talvez) mais tarde, quando o apóstolo escreveu 2 Timóteo; todavia, não parece que ele tenha sido prisioneiro, como Paulo às vezes o foi nessas ocasiões. A evidência que temos sugere que Lucas poderia ter residido em Antioquia da Síria. A declaração mais antiga que temos a esse respeito aparece no prólogo antimarcionista do terceiro evangelho, que assim se inicia: "Lucas, médico de profissão, era de Antioquia". Eusébio e Jerônimo também estavam cientes dessa tradição, havendo mais dois pequenos fragmentos de evidência no próprio livro de Atos que fazem aumentar o apoio a essa hipótese (presumindo-se, por enquanto, que Lucas redigiu esse livro). Em primeiro lugar, dos sete diáconos "ajudadores", cujos nomes nos são dados em 6:5, o único cujo lugar de origem é mencionado é Nicolau, um gentio de Antioquia. Esta menção pode refletir o interesse particular do autor por essa cidade. A segunda evidência é o texto ocidental, que tomava forma no segundo século, o qual acrescenta as palavras: "quando estávamos reunidos..." em 11:28. O ambiente é a igreja de Antioquia, e o emprego da primeira pessoa sugere que o próprio Lucas era membro dessa igreja à época em que o incidente que ele descreve aconteceu. Se aceitarmos esta tradição, Lucas pode ter sido um daqueles gregos a quem os homens de Chipre e de Cirene pregaram, em 11:20 (mas veja-se a disc. sobre esse versículo). Todavia, permanece a pergunta: Foi Lucas quem escreveu Atos?
Afirma a tradição unanimemente que ele o escreveu. E o livro em si? Será que ele oferece alguma iluminação sobre quem o teria escrito? As evidências internas repousam em grande parte nas passagens em que há o pronome "nós", quando a primeira pessoa do plural substitui a terceira pessoa, na narrativa — há um total de 97 versículos assim. A primeira dessas passagens marcadas por "nós" aparece sem qualquer aviso em 16:10-17 (a viagem de Trôade para Filipos); há outra em 20:5-15 e em 21:1-8 (a viagem para Jerusalém), e outra ainda em 27:1-28:16 (a viagem marítima de Cesaréia a Roma). Tem-se apresentado a sugestão, às vezes, que o autor empregou a primeira pessoa do plural nessas passagens como recurso literário, pois encontram-se outros relatos de viagens em que a pessoa escreve na primeira pessoa do plural (5). Entretanto, fosse esse o caso, por que não ocorre consistentemente? Ele narra algumas viagens na terceira pessoa do singular (9:30; possivelmente 11:25s.; 13:4, 13; 14:26; 17:14; 18; 18, 21). De qualquer modo, a maioria dos exemplos de narrativa na primeira pessoa do plural em que se apoia essa teoria tirada de Homero e de outros poetas, dificilmente pode ser comparada com a prosa histórica de Lucas. A. D. Nock vai mais além quando diz que o "nós" fictício nesse caso poderia não representar aqui o mesmo paralelo, e é mais improvável ainda para um escritor que afirma, como Lucas, estar escrevendo uma história real (6). Então, se estas passagens com "nós" representam o genuíno envolvi- mento do narrador nos acontecimentos, podemos explicá-los como se o autor de Atos estivesse assumindo o uso de um diário próprio de bordo, ou o de alguém. Todavia, essas passagens foram escritas num estilo que não se diferencia do resto do livro, de modo que se o autor estivesse utilizando o trabalho de outrem, precisamos supor que o autor o tenha reescrito totalmente a fim de eliminar todos os traços do estilo original. No entanto, teria feito isto com certa negligência, pois nem sempre se lembrou de introduzir a mudança da primeira pessoa para a terceira. A explicação bem mais simples é que o autor estava utilizando seu próprio material escrito, e permitiu que a primeira pessoa do plural permanecesse a fim de indicar em que pontos ele próprio tomou parte nos acontecimentos. "Desde o início, esta seria a única maneira pela qual os leitores — o primeiríssimo dos quais foi Teófilo, a quem o autor dedicou os dois volumes, e com quem teria um relacionamento pessoal — poderiam ter entendido as passagens marcadas por 'nós' " (7). Deduz-se daí que o autor de Atos foi companheiro de Paulo. De todos os candidatos à possível autoria, Lucas é um dos pouquíssimos que não são excluídos graças a Uma variedade de razões. Sabemos que ele estava
(9). É preciso que mantenhamos em mente que a perspectiva que Lucas tinha de Paulo era bem diferente da nossa. Nós vemos o apóstolo como teólogo; Lucas o via como "um missionário, um carismático fundador de comunidades" (10).
Fontes
Lucas é o único autor do Novo Testamento que diz algo a respeito de seus métodos. Todavia, diz-nos muito pouco. Resume-se no seguinte: ao escrever o evangelho, usou as melhores fontes disponíveis (Lucas 1: ss.). Além do mais, no caso do evangelho somos capazes de ver como foi que Lucas as manuseou, visto que duas dessas fontes nos são conhecidas — o Evangelho segundo Marcos e um documento que veio a perder-se, que Lucas partilhou com Mateus, e que até certo ponto podemos reconstituir (o assim chamado Q). Fica logo aparente ao leitor que embora Lucas exercesse suas prerrogativas editoriais de cortar e polir o material que veio às suas mãos, ele todavia mostrou-se notavelmente fiei às suas fontes. Portanto, em Atos, é razoável supor que Lucas serviu-se de outros materiais primitivos, não sendo menos fiel na transmissão desses fatos do que fora na transmissão do evangelho. Até a metade de seu trabalho (caps. 1-12 e 15) Lucas poderia ter utilizado uma fonte aramaica, talvez mais de uma. As evidências mais claras disto aparecem nos primeiros cinco capítulos e no capítulo que nos relata os "atos de Pedro" (9:31-11:18; 12:1-17). A linguagem desses capítulos e algumas partes da narrativa "demonstram grande conteúdo semítico. Não se trata de hebraísmo do tipo resultante da imitação da tradução grega, chamada Septuaginta, e que pode ser detectado noutras partes da obra de Lucas. Pode-se verificar tratar-se de aramaísmo do tipo semelhante ao que se reconhece nos relatos dos ensinos de Jesus, nos evangelhos" (l1). O trabalho de traduzir tais fontes (se, na verdade, elas existiram) poderia já ter sido feito antes de chegar a Lucas. Na segunda parte do livro, Lucas dispôs de seu próprio diário (conforme supomos). Tal diário pode ter servido de fonte adicional, além das passagens narradas na primeira pessoa do plural em 16:18-20, 20:17-38, e parte de 21:19-26:32, ou toda a passagem. Uma forma comum de tratar da questão das fontes é levar em consi- gnação as pessoas e os lugares dos quais Lucas poderia ter recebido
informações. Grande parte do livro gira em torno de Paulo; não podemos duvidar de que o próprio Paulo forneceu muitas informações que Lucas desconhecia sobre seu herói, embora o relato esteja muito bem marcado com o estilo típico de Lucas, de tal modo que não conseguimos distinguir hoje o que teria chegado ao autor vindo diretamente do apóstolo. Mas há outros também — pessoas como Timóteo (veja a disc. acerca de 13:13-52), Áquila e Priscila, Aristarco, Marcos, Silas e Sosípatro — com quem Lucas esteve em contato uma vez ou outra. Poderiam ter acrescentado — e em certos casos é quase certo que o fizeram mesmo — algo mais a respeito da história de Paulo. Ao agrupar os fragmentos da história anterior, pré-paulina, Lucas deve ter explorado algumas fontes específicas. Se Lucas fosse de Antioquia, p.e., ali disporia ele de Barnabé, que viera de Jerusalém e havia se tornado um líder na igreja siríaca (4:36s.; 9:26s.; 1l:22ss.). Outro líder de Antioquia era Manaém, "que fora criado com Herodes" (13:1). É extraordinário que Lucas, dentre todos os evangelistas, seja o que mais nos fala da família de Herodes. Teria sido Manaém a fonte de suas "informações privativas'? Tendo sido companheiro de Paulo, Lucas esteve com Filipe na Cesaréia, de quem poderia ter obtido os dados dos capítulos 6 a 8, e 10 (veja as disc. acerca de 8:4-25 e 24:27). Lucas também esteve com Mnasom, a quem ele descreve como "cíprio, discípulo antigo" (21:16), referindo-se talvez ao Pentecoste do capítulo 2. Que mananciais de história Lucas deve ter tido! Mais tarde, Lucas esteve com Marcos em Roma (Colossenses 4:10; Filemon 24). A casa de Marcos havia sido em certa ocasião o centro vital da igreja de Jerusalém, de modo que grande parte das informações colhidas por Lucas, a respeito da igreja primitiva, de modo especial no que diz respeito a Pedro, poderia ter vindo dessa fonte (veja a disc. acerca de 12:1-5). Houve outras pessoas ainda. De fato, se a verdade viesse à tona, talvez tivéssemos o caso de informações demais, em vez de falta de informações. Lucas não sofreu de escassez de informantes; ter-lhe-ia sido um problema grave decidir o que incluir e o que excluir em seu livro. Entretanto, Lucas escrevia tendo em mente um propósito principal, de modo que ele se restringiu a uma cuidadosa seleção de fontes, com o objetivo de atingir seus objetivos. Daqui a pouco estaremos discutindo quais seriam os propósitos de Lucas.
adquire vida nas páginas de Atos. O fato mais impressionante a respeito de Atos na verdade é a exatidão que se projeta até nos mínimos detalhes, os mais triviais — coisinhas que o pesquisador não consideraria em sua busca de verossimilhança. A própria casualidade da exatidão textual constitui sua garantia de genuinidade — nada ali é forjado. Se podemos confiar no autor quanto aos detalhes, é certo que podemos confiar nele quanto ao corpo maior da história (veja ainda mais sob "Lugar e Data"). Todavia, Lucas não foi um mero cronista. "Precisamos entender", adverte-nos Krodel, "que Lucas, o historiador bíblico, empreendeu sua tarefa à semelhança de um artista que procura interpretar a realidade, e não como um cronista que registra um fato após outro. Ele não é como um fotógrafo cujo produto precisa ser a imagem exata, mas antes como um pintor cuja tela promove uma reação face a uma mensagem" (13). Assim foi que Lucas selecionou, dispôs e interpretou os eventos de sua narrativa com o objetivo de explicar um tema, de modo que tudo que não estivesse ligado a esse tema era impiedosamente omitido. Nada lemos, p.e., a respeito da fundação de comunidades cristãs no Egito, na Cirenaica, no norte e no leste da Ásia Menor, na Armênia, no leste da Síria e no reino parto, ou Itália. Essas omissões mostram-se tão vastas (Hengel fala do "ecletismo quase objetável" de Lucas, na escolha de seu material) (14) que alguns eruditos inclinam-se a ver Atos mais como uma espécie de monografia histórica do que como um tomo da história da igreja, reservando o título de "Pai da História da Igreja" para Eusébio (morto cerca de 339 d.C). Lucas estava interessado em apenas um tema da história da igreja, a saber, o modo como a igreja rumou de Jerusalém a Roma e como, ao mesmo tempo partiu da missão aos judeus indo à pregação da mensagem divina aos gentios (veja mais ainda na disc. de "Título e Propósito"). Ainda assim Lucas deixou muita coisa de lado, por não lhe servir os propósitos. Todavia, Lucas não deve ser julgado pelas suas omissões. Ele deve ser julgado apenas dentro dos limites que ele próprio se impôs; e dentro desses limites o autor saiu-se admiravelmente bem. É claro que há áreas problemáticas (veja, p.e., a introdução de 15:1-21). Tampouco Lucas é um escritor impecável. "Ele abrevia demais alguns eventos, de tal modo que estes se tornam quase incompreensíveis; quanto a outros, apenas dá indícios. Ao mesmo tempo, elabora aquilo que deseja enfatizar, e emprega repetição múltipla como estilo de redação. Lucas também consegue combinar tradições históricas separadas de modo que sirvam a seus objetivos, e consegue separar assuntos interligados se, como resultado, puder obter
uma seqüência significativa de acontecimentos" (15). Por essas razões, Lucas não seria considerado um grande historiador segundo os padrões modernos. Entretanto, ele foi um escritor competente que obteve grande sucesso em conceder-nos um relato vigoroso, interessante e exato de tudo que decidiu relatar-nos sobre a historiada igreja. No entanto, para alguns leitores há uma objeção insuperável para aceitarem Lucas como historiador digno de confiança, a saber, o fato de ele mencionar milagres. Seu interesse pelo milagroso — e não há como negar que Lucas se interessava — destrói toda credibilidade que de outra forma ele teria, assim afirmam os críticos. Todavia, tal crítica só teria valor se os milagres não houvessem ocorrido. As evidências indicam que houve milagres. Paulo apelou aos gaiatas, como se referisse a algo acima de qualquer dúvida: "Aquele que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? " (Gálatas 3:5). E também em Romanos 15:18-19, sem nenhum temor nem pensamento de contradição, Paulo declara que Deus realiza milagres. Tampouco é verdade o que se tem dito, que Lucas aceitou o milagroso sem qualquer crítica, mas com bastante ingenuidade. Não há milagres em Atos, só por amor aos milagres. Dunn nos faz lembrar de que "em Atos 8:18ss. Simão 0 mago é denunciado por considerar o Espírito como uma espécie de poder mágico cujos segredos, ou técnicas, alguém poderia comprar; em 13:8-11 o cristianismo é apresentado em contraste violento com a magia; cm 14:8-18, Lucas resiste fortemente contra a tentação (e rejeita-a) de retratar Paulo e Barnabé como "deuses semelhantes aos homens"; em 19:13-16 ele sublinha o fato de que o nome de Jesus não consiste de mera fórmula exorcista capaz de ser utilizada por qualquer pessoa que a aprender, mas só deve ser empregada pelos discípulos que clamam pelo seu nome (cp. 2:21; 9:14, 21; 15:17; 22:16) (16). Diz Dunn que a acusação de ingenuidade tem sido atirada indevida- mente contra Lucas. "A atitude despojada de criticismo diante do poder miraculoso pode ser apenas uma reflexão fiel da atitude isenta de discriminação por parte da missão cristã primitiva. Ele poderia estar em grande parte satisfeito em reproduzir as histórias que lhe eram passadas, sem comentá-las". E é assim que Dunn conclui: "É difícil dizer onde terminam as tradições e começam as atitudes do próprio Lucas... É possível que o modo mais justo de avaliar o tratamento que Lucas dispensou a seu trabalho, nesta altura, é reconhecê-lo como alguém que, olhando-se para trás, de uma posição de relativa calma nos anos posteriores, esteve apaixonado e emocionado diante do entusiasmo e poder da missão primitiva, ao ouvir