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A Interposição Lingual e sua Influência na Mordida Aberta Anterior, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ortodontia

Um relato de caso clínico sobre a influência da postura lingual na etiologia da mordida aberta anterior. Ele discute os principais fatores etiológicos da mordida aberta, como hábitos bucais deletérios, respiração bucal e interposição lingual, destacando a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento dessa má oclusão. O texto também aborda a relação entre a postura lingual e o desenvolvimento do sistema estomatognático, bem como as consequências da interposição lingual na progressão e manutenção da mordida aberta anterior. O plano de tratamento proposto envolve a utilização de aparelhos ortodônticos fixos com esporões linguais, visando reeducar a postura da língua e corrigir a má oclusão. Esse relato de caso ilustra a complexidade da mordida aberta anterior e a necessidade de uma avaliação abrangente do paciente para um tratamento eficaz.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 13/06/2024

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jamille-pinheiro-2 🇧🇷

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1.INTRODUÇÃO
Mordida Aberta Anterior (MAA) é caracterizada pela presença de
trespasse vertical negativo das bordas incisais dos dentes ântero-superiores e
inferiores (ALMEIDA et al., 1998) e apresenta grande comprometimento
estético-funcional, em decorrência das alterações dentárias e esqueléticas que
podem estar envolvidas (ALMEIDA et al., 2003).
Para Canuto et al. (2016) os fatores etiológicos associados ao seu
surgimento podem atuar de forma isolada ou multifatorial dentre as quais
podem ser citadas: a hereditariedade e as causas ambientais, como a
hipertrofia das amígdalas, a respiração oral e, principalmente, os hábitos orais
deletérios. A complexidade da MAA pode ser potencializada pelo envolvimento
dos fatores ambientais durante o crescimento esquelético, como hábitos de
sucção não-nutritiva, interposição lingual, respiração bucal crônica por
obstrução das vias aéreas, entre outros (SANDLER et al., 2011).
Dentre os hábitos citados anteriormente, a interposição lingual encontra-
se presente na maioria dos casos de mordida aberta anterior. Sua ocorrência
pode estar relacionada com hipertrofia de amígdalas palatinas; adaptação da
língua no espaço dos incisivos causados por hábitos de sucção digital e
chupeta; ou em casos onde a mordida aberta anterior esteja presente por uma
condição esquelética (ALMEIDA et al., 1998).
Para Proffit (2012) a interposição lingual acaba afetando a progressão
de uma mordida aberta anterior existente, projetando assim, uma força
capaz de interferir no posicionamento dos dentes anteriores, agravando a má-
oclusão.
Devido à etiologia multifatorial, existem diversos tipos de abordagem
para tratamento da MAA. Vários protocolos foram introduzidos para o
tratamento de pacientes com MAA, considerando-se a idade, fatores
etiológicos e padrão de oclusão (FABRE et al., 2014). O tratamento pode
variar desde o controle do hábito até a adoção de procedimentos mais
complexos, como a cirurgia (MOYERS, 1991). Bertone et al., (2016) concluiu
que o uso do esporão para tratamento de MAA mostrou-se muito eficiente ao
paciente não colaborador com uso de aparelhos removíveis, por ser um
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1.INTRODUÇÃO

Mordida Aberta Anterior (MAA) é caracterizada pela presença de trespasse vertical negativo das bordas incisais dos dentes ântero-superiores e inferiores (ALMEIDA et al., 1998) e apresenta grande comprometimento estético-funcional, em decorrência das alterações dentárias e esqueléticas que podem estar envolvidas (ALMEIDA et al., 2003). Para Canuto et al. (2016) os fatores etiológicos associados ao seu surgimento podem atuar de forma isolada ou multifatorial dentre as quais podem ser citadas: a hereditariedade e as causas ambientais, como a hipertrofia das amígdalas, a respiração oral e, principalmente, os hábitos orais deletérios. A complexidade da MAA pode ser potencializada pelo envolvimento dos fatores ambientais durante o crescimento esquelético, como hábitos de sucção não-nutritiva, interposição lingual, respiração bucal crônica por obstrução das vias aéreas, entre outros (SANDLER et al., 2011). Dentre os hábitos citados anteriormente, a interposição lingual encontra- se presente na maioria dos casos de mordida aberta anterior. Sua ocorrência pode estar relacionada com hipertrofia de amígdalas palatinas; adaptação da língua no espaço dos incisivos causados por hábitos de sucção digital e chupeta; ou em casos onde a mordida aberta anterior esteja presente por uma condição esquelética (ALMEIDA et al., 1998). Para Proffit (2012) a interposição lingual acaba afetando a progressão de uma mordida aberta anterior já existente, projetando assim, uma força capaz de interferir no posicionamento dos dentes anteriores, agravando a má- oclusão. Devido à etiologia multifatorial, existem diversos tipos de abordagem para tratamento da MAA. Vários protocolos foram introduzidos para o tratamento de pacientes com MAA, considerando-se a idade, fatores etiológicos e padrão de má oclusão (FABRE et al., 2014). O tratamento pode variar desde o controle do hábito até a adoção de procedimentos mais complexos, como a cirurgia (MOYERS, 1991). Bertone et al., (2016) concluiu que o uso do esporão para tratamento de MAA mostrou-se muito eficiente ao paciente não colaborador com uso de aparelhos removíveis, por ser um

dispositivo fixo, proporcionando resultados clínicos satisfatórios, reeducando a postura da língua.

2. PROPOSIÇÃO

Este trabalho consiste em um Relato de caso clínico de uma paciente atendida na Clínica da Especialização em Ortodontia da Sanar, no Instituto Prime, e tem por objetivo analisar as interferências da postura lingual na etiologia da mordida aberta e suas repercussões.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 MORDIDA ABERTA ANTERIOR

A mordida aberta é uma das más oclusões que afetam as arcadas no sentido vertical, provocando uma ausência de contato entre os dentes das arcadas opostas, quando em oclusão cêntrica, podendo o problema estar localizado na região anterior, posterior ou de forma combinada. Quando localizada envolvendo incisivos e caninos, assume a nomenclatura de mordida aberta anterior, a qual sua origem engloba uma série de aspectos multifatoriais (Almeida et al., 2008). A etiologia da mordida aberta anterior é multifatorial, pode estar associada a hábitos bucais deletérios e padrão de crescimento vertical (Carvalho et al., 2009). Segundo Henriques et al (2000) dentro de suas classificações, as do tipo dentária e dentoalveolar predominam por causas ambientais, como hábitos de sucção não nutritiva, respirador bucal e deglutição atípica com interposição de língua e alguns fatores de ação local como anquilose dentárias e distúrbios de irrupção; já no tipo esquelético predominam fatores genéticos, como padrão de crescimento. Para Proffit et al (2007) uma parcela razoável de crianças pré- adolescentes mantém hábitos de sucção nutritiva como maneira de exteriorizar

pacientes dolicofaciais que apresentam um crescimento facial vertical, são pacientes predispostos a esse tipo de má oclusão e a sua gravidade pode ser aumentada pela ocorrência de hábitos de sucção, deglutição atípica e respiração bucal (Almeida et al., 1998). Os hábitos bucais deletérios e a respiração bucal contribuem frequentemente no desenvolvimento da mordida aberta anterior. Assim como a interposição lingual procedida a essa anomalia. É imprescindível que haja uma análise do paciente como um todo e de uma intervenção multidisciplinar, por influenciar em consequências dentárias e esqueléticas na dentadura mista (Matos et al., 2019). O tratamento da mordida aberta anterior varia desde o controle do hábito até a adoção de procedimentos mais complexos, como a cirurgia (Moyers,1991). Várias condutas têm sido utilizadas na tentativa de melhorar o padrão facial do paciente, como o uso de grade palatina, aparelhos ortopédicos, aparelhos extrabucal de tração alta, bite blocks, extração dentária, miniplacas de titânio com sistema de ancoragem esquelética (SAS), mini- implantes e cirurgia ortognática (Maia et al., 2008). Para Bertone et al. (2017) em caso de MAA em dentição permanente é utilizado como tratamento o aparelho ortodôntico fixo com elásticos intermaxilares na região anterior, com o objetivo de extruir os dentes anteriores. Preconizam também as extrações dentárias, que dependendo da situação, podem ser dos molares ou pré-molares. Mas se a etiologia for de um maior envolvimento esquelético, a indicação necessária seria a associação da cirurgia ortognática ao tratamento ortodôntico. 3.2 POSTURA LINGUAL A língua, em conjunto com as demais estruturas do sistema estomatognático, desenvolve papel fundamental na realização das funções vitais de mastigação, deglutição e sucção, como também na função adaptativa de fala (Marchesan, 2007). Uma pressão adequada da língua é de fundamental importância para que essas funções sejam exercidas de forma plena, bem

como, associada à pressão exercida pela musculatura externa de bochechas e lábios, proporciona estabilidade das arcadas dentarias (Proffit, 2012). Qualquer ruptura deste equilíbrio no período de crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais pode modificar a morfologia e a função do sistema estomatognático, quebrando o equilíbrio dentário e prejudicando o desenvolvimento oclusal e esquelético (Agarwal, 2014). Para Lino (1980) os aspectos etiológicos da má postura lingual a serem considerados são: macroglossia; tonsilas enfartadas; freio lingual extenso; diastemas anteriores e perdas precoces; hábitos simbióticos; anquiloglossia e estado de desnutrição. E, na ocorrência de qualquer alteração na musculatura facial, pressão lingual e oclusão, se está diante de um portador de deglutição atípica. Silva Filho et al.21 (1991) afirmaram que a interposição lingual é considerada primária quando é o principal fator etiológico da mordida aberta e, é considerada secundária quando acompanha uma condição morfológica pré- existente criada pelo hábito de sucção de chupeta ou digital. Neste caso, a língua somente se adapta em uma mordida aberta pré-estabelecida. O uso dos esporões, é um recurso utilizado pela Ortodontia, que possibilita reeducar a postura da língua forçando-a movimentar-se para trás mudando sua forma e tônus durante a postura de repouso (Bertone, 2017). O esporão Nogueira é um tipo de tratamento educador muito eficaz, indicado para a mordida aberta anterior, é um dispositivo fixo colado diretamente na superfície lingual ou palatina dos incisivos e canino, dependendo do diagnóstico da posição lingual atípica. Se a postura lingual for alta, será instalado no arco superior, e se for baixa, no arco inferior. Mas se for uma postura média, então deve ser posto nos dois arcos (Nogueira, 2005). A abordagem terapêutica dessa desordem consiste em tratamento interdisciplinar de fatores etiológicos secundários como a deglutição atípica e a interposição de língua é de fundamental importância na manutenção do equilíbrio entre as estruturas do sistema estomatognático, promovendo a estabilidade pós tratamento ortodôntico (Nakao, 2016).

Na anamnese, a responsável não relatou hábitos parafuncionais. Durante a análise facial percebeu-se o perfil convexo, tipo braquifacial com padrão esquelético II, e arco do sorriso invertido. No exame clínico intraoral, observou-se dentição permanente com sobressaliência de 1mm e sobremordida de -1mm, correspondendo a uma mordida aberta. Classificou-se a paciente como Classe III de Angle, subdivisão direita. Verificou-se também mordida cruzada correspondente ao segundo premolar inferior esquerdo (35) e segundo premolar superior esquerdo (25), situado por palatino. Na análise funcional, observou-se interposição lingual, deglutição e fonação atípica. Na análise radiográfica, constatou-se um padrão vertical de crescimento; ausência da unidade 18; vestibularização dos incisivos superiores e inferiores; segundo premolar superior esquerdo palatinizado; giroversão da unidade 35 e raízes paralelas entre si. Foi solicitada a documentação ortodôntica como exame complementar. O Plano de tratamento proposto foi ortodontia corretiva fixa com bráquetes metálicos convencionais, sequência de fios ortodônticos para alinhamento e nivelamento, colagem de esporões na face lingual dos incisivos e caninos inferiores, com o objetivo de reeducar a postura lingual. Foi proposto também fazer a retro inclinação dos incisivos para corrigir a mordida aberta, abertura de espaço para incluir a unidade 25 no arco; desgastes interproximais nos incisivos inferiores para fazer a retração e corrigir a classe III e o trespasse vertical, finalização e contenção. Atualmente, a paciente encontra-se em processo de finalização, e percebe-se a chave de oclusão e o trespasse vertical corrigido com sucesso.

REFERÊNCIAS

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  2. MATOS, BS; Carvalho, EML; Gonçalves, GS; Silva, LAH. Etiologia, diagnóstico e tratamento da Mordida Aberta Anterior na dentadura mista. Revista Rede de Cuidados em Saúde v. 13, n. 1 jul (2019) ISSN-1982-
  3. MOYERS RE. Etiologia da maloclusão. In: Moyers, RE. Ortodontia 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991.
  4. NAKAO TH, et al. Hábitos bucais como fatores de risco para a mordida aberta anterior: uma revisão de literatura. Revista Odontológica de Araçatuba, 2016; 37(2): 09-16.
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  6. PROFFIT WR, Fields HW, Sarver DM. Ortodontia contemporanea. 5. ed. Rio de Janeiro: Elservier; 2012.
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