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Um estudo sobre a fragmentação do conhecimento na educação escolar e como a interdisciplinaridade pode ser uma solução para superar essa dificuldade. O texto discute a necessidade de se introduzir práticas inovadoras de ensino, enfatizando a importância da interdisciplinaridade para formar pessoas plenas e capazes de enfrentar problemas complexos. Utiliza-se a abordagem qualitativa para investigar a prática da interdisciplinaridade e sua importância na construção de conhecimentos globais.
Tipologia: Notas de estudo
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1 Érica Aparecida GARRUTTI 2 Simone Regina dos SANTOS^3 RESUMO Evidencia-se, no contexto escolar, grande dificuldade de se estabelecer relação entre idéias e realidade, educador e educando, teoria e ação, o que promove a fragmentação do processo pedagógico. O trabalho tem como objetivo apresentar e refletir sobre as metas da educação escolar e analisar a interdisciplinaridade como um possível caminho para superar a fragmentação do conhecimento existente. Na abordagem desse tema são exploradas as concepções de diferentes autores que analisam a realidade escolar e vêem a interdisciplinaridade como uma possível forma de superar os diversos problemas relativos ao processo ensino-aprendizagem. As contribuições teóricas delineiam a problemática apresentada, oferecendo subsídios para uma melhor compreensão do assunto. Concluindo o trabalho, observa-se que a prática interdisciplinar tem demonstrado ser uma importante aliada na formação do homem uno e pleno. PALAVRAS-CHAVE: Interdisciplinaridade; Ensino por projeto; Conhecimento global. Tomando-se por base as pesquisas disponíveis na literatura educacional, verifica-se a ausência de interação entre os profissionais da educação e da escola com a sociedade. Considerando essa perspectiva, o ensino pouco tem contribuído para que os alunos construam conhecimentos globais, já que são instruídas a compreenderem partes de um todo distanciadas umas das outras. Observa-se “o sintoma da situação patológica em que se encontra hoje o saber.” (JAPIASSU, 1976, p. 30). (^1) Este trabalho foi apresentado no “III Encontro de Educação do Oeste Paulista – Políticas Púbicas: Diretrizes e Necessidades da Educação Básica”, no dia 29/08/01, realizado na UNESP do Campus de Marília e no “XIII Congresso de Iniciação Científica da UNESP”, no dia 26/10/01, realizado na UNESP do Campus de Bauru. (^2) Graduanda do 3° ano do Curso de Pedagogia, orientação de Maria Cláudia Cabrini Grácio – Dep. de Psicologia da Educação – Faculdade de Filosofia e Ciência – UNESP – 17525900 – Campus de Marília – São Paulo - Brasil. (^3) Graduanda do 3º ano do Curso de Pedagogia, orientação de Vandeí Pinto da Silva - Departamento de Didática - Faculdade de Filosofia e Ciências - UNESP – 17525900 - Campus de Marília - São Paulo - Brasil.
Neste trabalho, conforme as concepções de autores que analisam a realidade escolar, enfoca-se que a prática pedagógica atual, tradicional, disciplinar, favorece a configuração da fragmentação de conhecimentos. Dessa forma, ressalta-se a necessidade de se introduzir práticas de ensino inovadoras no sentido de reverter esse problema. Nessa perspectiva, salienta-se a prática da interdisciplinaridade como a melhor forma de diminuir a dissociação entre a realidade da escola e o seu objetivo de formar homens plenos, não se ignorando os diversos obstáculos emergentes. Utiliza-se a abordagem qualitativa para a pesquisa, na qual buscamos investigar, por intermédio da análise de textos de autores, a prática da interdisciplinaridade, que se fundamenta no ensino por projeto, priorizando uma prática pertinente e adequada à construção de conhecimentos globais e, portanto, significativos. Assim, propõe-se uma pausa para a reflexão teórica da problemática acima exposta.
No campo científico, a interdisciplinaridade equivale à necessidade de superar a visão fragmentada da produção de conhecimento e de articular as inúmeras partes que compõem os conhecimentos da humanidade. Busca-se estabelecer o sentido de unidade, de um todo na diversidade, mediante uma visão de conjunto, permitindo ao homem tornar significativas as informações desarticuladas que vem recebendo. O crescente interesse pelo estudo da interdisciplinaridade, atualmente, é verificado em várias pesquisas e, concomitantemente, observa-se a interação dos especialistas de diversas disciplinas, apontando o processo de reorganização do saber, conforme evidenciam os estudos de Lück (1995), Jolibert (1994), Petraglia (1993) e Fazenda (1992). Japiassu (1976, p. 52) salienta que “trata - se de um gigantesco mas indispensável esforço que muitos pesquisadores realizam para superar o estatuto de fixidez das disciplinas e para fazê-las convergir pelo estabelecimento de elos e de pontes entre os problemas que elas colocam.” Segundo Petraglia (1993), o movimento da interdisciplinaridade surgiu na Europa, essencialmente, na França e na Itália, em meados da década de 60. Nesta época, os movimentos estudantis lutavam por um novo estatuto de universidade e escola. Também, por parte de alguns professores, apareceram várias tentativas de buscar o rompimento com uma educação segmentada. No Brasil, o movimento começou a ganhar forças na década de
se aliem aos problemas da sociedade. Isso ocorrerá por intermédio da construção lenta e gradual. Portanto, a prática da interdisciplinaridade estabelece o papel de processo contínuo e interminável na formação do conhecimento, permitindo o diálogo entre conhecimentos dispersos, entendendo-os de uma forma mais abrangente. O enfoque interdisciplinar constitui a necessidade de superar a visão mecânica e linear e, [...] reconstituir a unidade do objeto, que a fragmentação dos métodos separou. Entretanto, essa unidade não é dada a "priori". Não é suficiente justapor-se os dados parciais fornecidos pela experiência comum para recuperar-se a unidade primeira. Essa unidade é conquistada pela "práxis", através de uma reflexão crítica sobre a experiência inicial. É uma retomada em termos de síntese. (FAZENDA, 1992, p. 45). Considerando os pressupostos da caminhada interdisciplinar, enfatiza-se :
Atualmente, no contexto da globalização excludente, presencia-se um avançado desenvolvimento tecnológico, científico e econômico. Os indivíduos precisam integrar-se de forma ativa a esta realidade. Porém, freqüentemente, as escolas não trabalham com conhecimentos que propiciem a atuação adequada ao meio, do qual o indivíduo é componente. Os conteúdos são ensinados desarticulados do cotidiano dos alunos, que não conseguem estabelecer relação entre a teoria e a prática, pois as informações recebidas não
apresentam relações com sua realidade. Exemplificando, aprendem cálculos e equações complexas em Matemática irrelevantes em seus contextos de vida. Os alunos não são estimulados a formarem uma visão global do mundo. Contrapondo o acima exposto, salienta-se que o aprendizado deva ser significativo para que os educandos construam o conhecimento próprio, criativo e, portanto, original. As informações, quando trabalhadas em um contexto compreensível, passam a compor a estrutura cognitiva dos alunos. Com efeito, as informações se transformam em conhecimento. Conforme mostram os estudos de Piaget (1970), a restrição ao limite disciplinar, raramente, contribui para a compreensão das informações em seu contexto. A realidade se apresenta, ao nosso conhecimento, revestida de múltiplas faces. Ao aluno, cabe a função de analisar o problema delimitado, considerando a multiplicidade de aspectos. As partes necessitam de ser analisadas, simultaneamente, com o todo. A escola deve objetivar a formação de cidadãos plenos e com visão crítica da sociedade, adquirida por meio do conhecimento global. Em decorrência desse objetivo, os diversos papéis exercidos por muitas ou poucas pessoas devem interagir, visando à criação de condições para o pleno desenvolvimento humano. Assim, “a aplicação de medidas integradoras deve ser a preocupação de todos os integrantes do sistema, a fim de que o paralelismo e os conflitos gerados pela divisão de trabalho ocorram ao nível mínimo possível.” (LÜCK, 1983, p.12). A escola possui a função de integrar o educando à sociedade, auxiliando-o na construção da identidade pessoal, em detrimento de ser mecanismo de alienação. O relacionamento flexível com a comunidade favorece a compreensão de fatores sociais e culturais que se expressam na escola. Nesse sentido, a escola deve abordar, fundamentalmente, questões que interferem na vida dos alunos e com as quais se confrontam cotidianamente. As problemáticas sociais como: ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural e sexualidade, são conteúdos essenciais nas diversas disciplinas, independentes da área da disciplina. Considerando o acima exposto, a interdisciplinaridade tem se transformado em uma idéia central para a resolução de diversos problemas, tendo em vista que o ensino interdisciplinar “nasce de uma ‘Nova Pedagogia’, cuja tônica primeira seria a supera ção do
promover o desenvolvimento integrado e integrativo do cidadão, seja em relação a si mesmo, seja em relação a comunidade próxima e à sociedade em geral. Com base na escolha do tema e na definição dos objetivos são formulados os problemas a serem “desvendados” e as possíveis hipóteses que se tornam base para o desenvolvimento das atividades no ensino por projeto. A avaliação da efetividade do trabalho é realizada durante todo o processo de execução do projeto, mediante a verificação do aproveitamento das atividades desenvolvidas e da resolução dos problemas levantados. A culminância do ensino por projeto ocorre com a divulgação dos trabalhos a fim de que educandos, educadores e sociedade, percebam os resultados alcançados. A integração entre a equipe escolar, os alunos, os pais e outros agentes educativos possibilitam a construção de projetos que visem a melhor e mais completa formação do aluno. Os propósitos dos projetos pedagógicos podem ir além da integração das áreas do conhecimento e da associação de conteúdos programados, pois se constitui em uma experiência nova, que nasce de um esquema e de uma idéia ainda inacabada, como uma proposta que se estrutura em processo. Isso significa “planejamento, troca de informações, incentivo ao trabalho de grupo e capacidade de improvisar a partir das necessidades de cada classe [...].” (LEITE, 1994, p. 33). Segundo Prado (1999), a Pedagogia de Projetos ocasiona o rompimento dos muros que separam as disciplinas. Os profissionais da educação buscam o caminho da criatividade, coletividade e interação, objetivando responder as inúmeras indagações, com as quais se deparam cotidianamente. Nesse processo, as idéias dos alunos inspiram projetos e os professores elaboram avaliações coletivas. Enfim, alunos e professores se consideram aprendizes permanentes. Jolibert (1994) reúne estudos referentes à formação de crianças leitoras, fundamentadas nos aportes da Pedagogia de Projetos e do trabalho interdisciplinar, abrangendo conteúdos de Psicolingüística, Lingüística, Sociolingüística, Pedagogia, Sociologia e Psicopedagogia Cognitiva, que possibilitam a constituição de uma realidade escolar mais unificada. Para tanto, enfoca que no processo ensino-aprendizagem “é preciso que as crianças que vêm à escola possam engajar-se em seu próprio aprendizado (ao invés
de sofrer um ensinamento). Assim, a pedagogia de projetos permite viver numa escola alicerçada no real, aberta a múltiplas relações com o exterior.” (JOLIBERT, 1994, p. 21). Através dos “podere s” conferidos às crianças, a Pedagogia de Projetos possibilita um sentido à presença dos alunos na escola e às atividades nela realizadas. Desse modo, Jolibert (1994), observa as competências adquiridas no aprendizado da leitura durante a elaboração, realização e avaliação dos projetos, tais como: percepção global do que se procura, antecipações e organizações adequadas aos contextos, flexibilidade frente às proposições dos outros, perseverança, autonomia e auto-avaliação. Nessa perspectiva, a Pedagogia de Projetos urge como caminho para transformar a escola em espaço aberto à construção de aprendizagem significativa para todos que dela participarem.
Os profissionais da educação, em conjunto, necessitam de refletir e discutir, constantemente, sobre os pressupostos, métodos e conteúdos de suas práticas educacionais, visando um ensino que favoreça a formação de pessoas críticas, reflexivas e que saibam resolver problemas das mais diversas naturezas. Nesse sentido, torna-se de real significância o empenho dos profissionais comprometidos com a inovação. O professor deve ser um permanente aprendiz, na busca de caminhos que favoreçam a aprendizagem significativa. Nesse panorama, a interdisciplinaridade apresenta-se como um grande desafio a ser assumido pelos educadores, que objetivam a superação da prática fundamentada na rígida divisão do saber em disciplinas. A prática interdisciplinar não se constitui de métodos a serem ensinados aos professores, mas de um processo associado a atitudes. Para o desenvolvimento dessa prática, o envolvimento e o comprometimento do professor é imprescindível, estando aberto para a troca de experiências e para o diálogo com o grupo. No processo interdisciplinar [...] não se ensina, nem se aprende, apenas vive-se, exerce-se... Todo o indivíduo engajado nesse processo será não o aprendiz, mas, na medida em que familiarizar-se com as técnicas e quesitos básicos o criador de novas estruturas, novos conteúdos, novos métodos, será o motor de transformação. (FAZENDA, 1992, p. 56).
interdisciplinar, constitui o protagonismo dos alunos na decisão e gestão do processo de construção do saber. Trata-se, antes de tudo de criar uma situação que os estimule a tomar decisões, analisar, refletir, debater, arriscar hipóteses, constatar, buscar informações, ou seja, pensar autonomamente, mediados pelo professor. O desencadear do ensino por projetos contribui para a conscientização dos alunos a respeito de seu processo de aprendizagem e exige dos professores a superação dos desafios que estabelece uma estruturação aberta e flexível dos conteúdos escolares. REFERÊNCIAS FAZENDA, I. C. A Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro : efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1992. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia : saberes necessários à prática educativa. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GONÇALVES, C. L.; PIMENTA, S. G. Revendo o ensino de 2º grau : propondo a formação de professores. São Paulo: Cortez, 1990. JAPIAUSSI, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 220 p. JOLIBERT, J. Formando crianças leitoras. Tradução Bruno C. Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. LEITE, L. A. A. Pedagogia de projetos intervenção no presente. Presença Pedagógica , v. 2, n. 8, p. 25-33, 1994. LÜCK, H. Ação integrada : administração, supervisão e orientação educacional. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. 66 p. LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar : fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis: Vozes, 1995. 92 p.
PETRAGLIA, I. C. Interdisciplinaridade o cultivo do professor. São Paulo: Pioneira,
PIAGET, J. Problemas gerais da investigação interdisciplinar e mecanismos comuns. Tradução Maria Barros. Paris: Bertrand, 1970. PRADO, R. Misturar matérias, essa receita pode dar certo. Nova Escola , São Paulo, ano 14, n. 122, p. 22- 25, maio 1999. ARTIGO RECEBIDO EM 2002.