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Tese de doutorado defendida em 2006. Aborda a infância na escola sob a ótica das crianças.
Tipologia: Teses (TCC)
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V I RTU^ TE^ S^ PI^ RITUS
Tese apresentada ao Programa de Pós−Graduação em Educação da UFBA, na linha de pesquisa Filosofia, Linguagem e Práxis Pedagógica, como critério final para obtenção do título de doutora em educação.
Doutor em Educação Universidade Federal da Bahia
INÊS ASSUNÇÃO DE CASTRO TEIXEIRA_________________________________ Doutora em Educação Universidade Federal de Minas Gerais
JORGE LARROSA BONDIA_____________________________________________ Doutor em Pedagogia. Examinador externo, Universidade de Barcelona--UB
ALEILTON FONSECA__________________________________________________ Doutor em Letras Universidade de Estadual de Feira Santa
Doutor em Educação Universidade Federal da Bahia
ROBERTO SIDNEI ALVES MACEDO_____________________________________
Universidade Federal da Bahia
Este trabalho de pesquisa não centra o olhar nem na infância, nem na escola, mas no entrecruzamento desses dois acontecimentos da modernidade. Compreender como as crianças, entre seis e doze anos, residentes na região metropolitana de Salvador-Ba percebem a presença da escola em suas infâncias foi sua preocupação central. Residiu em compreender as construções ou reconstruções das crianças sobre a escola e suas formas de agenciamento nas suas infâncias. Como questões provocadoras da investigação destaco: Até que ponto as experiências vividas pelas crianças na escola mediam o discurso elaborado por elas sobre suas infânci as? Como as crianças percebem a si mesmas e as suas infâncias? Quais são as imagens elaboradas, a partir das crianças, que contextualizam suas localizações no mundo da escola? Como as crianças percebem a interpelação dos adultos nestas experiências e como negociam nesse jogo? Que saída as crianças apontam para uma relação com os adultos que as levem a uma alteridade? Os objetivos foram: conhecer a dimensão da mediação das experiências com a escola nos discursos elaborados pelas crianças sobre o ser - criança e suas infânci as; identificar e analisar as imagens construídas pelas crianças que contextualizam suas localizações no mundo das infâncias; conhecer a percepção das crianças, nesses espaços, sobre a forma como são interpeladas pelos adultos nas suas infâncias. Para a metodologia, assumi a abordagem qualitativa proposta pela fenomenologia –hermenêutica. No interior dessa abordagem, trouxe, para a condução desta investigação, o caminho de uma filosofia polilógica na construção do conhecimento proposta por Galeffi(2003).Utilizei entrevistas coletivas e individuais e cadernos de anotação para as crianças. Os resultados do esforço, ao trilhar estes caminhos nos levam a algumas conclusões: a escola é reconhecida, pelas crianças, como importante para transformá-las em um futuro adulto preparado para habitar a sociedade; entretanto, deixa claro que a execução do projeto educativo da escola para a infância não ocorre de forma harmoniosa, tranqüila, a infância não se configura de forma única, ao contrário, é socialmente desigual, perversamente diversa as crianças sabem que precisam de cuidados e dependam dos adultos, mas questionam a forma como são consideradas, denunciam o silêncio a que são submetidas; lutam, ainda que silenciosamente, para viverem uma infância em uma temporalidade própria; as infâncias sendo são fugas para espaços em branco , para o meio a meio, uma tentativa de realizarem-se como crianças, uma existencialidade reivindicada, a infancialidad e.
PALAVRAS-CHAVE : Crianças, Infância, escola, infancialidade, polilógica do educar
This research work doesn’t focus its point of view either at the childhood alone or at Schooling, it, actually, takes place at the gathering of those two happenings of modern days. The main concern of this research work is to know how do the children between ages of 6 through 12 years old, in the city of Salvador-BA, perceive the presence of school into their lives. The concern resides at the understanding of building and reconstruction of the children about their middle school and the ways that school is setting into their lives.As provocative questions for the investigations it is quite important to emphasize: until what point does the school experiences interfere into the speech of a former child about his or her childhood? How do children see themselves and their childhood? Which are the images elaborated from children that contextualize their surroundings in the school world? How do children observe the participation of the adults in those experiences, and how do they manage this “game”? Which exit do children foresee in a relationship with an adult that might take them to being another being?The Main Objectives were: To Know the dimension of the mediation of their experiences with school in the speeches elaborated by children about being a child and their childhood; To Identify and analyze the images built by children that may contextualize their whereabouts into the “world of the childhood”; To Know the perception of the children in those spaces, about the way that they are interrogated by the grown ups in their childhood; When it comes to Methodology, It was decided to have a quality approach using the hermeneutics phenomenology. Inside this Approach there is conduction towards the path of the Polly logic philosophy in the construction of the knowledge proposed originally by Galeffi (2003). It was used many collective and individual interviews and notebooks to the children. The results of the effort when pursuing these paths takes into a few conclusions: School is recognized as an important factor to transform the child into a grown up prepared to inhabit society in the future. However, it is also important to make it clear that the execution of the Educational Policy of the middle schools do not happen smoothly, they know that childhood does not configure in an unique way, quite the opposite, it is socially uneven, and perversely diverse. They understand that it is necessary to be careful with children, and they do depend upon adults, but the children question how they are considered as beings, denounce the silence that they are submitted, Fight, yet silently, to live a childhood in a proper temporality. The different Childhoods as different concepts have been used as a runaway into empty spaces, into the middle of somewhere, as an attempt to fulfill themselves as children, an existentiality reinvidicated, a puerility.
KEYWORDS : Children, Childhood, School, puerility, polilógica of educating
6.1 A BRINCADEIRA: quintal que separa as infâncias da adultez 182 6.2. A BRINCADEIRA NA ESCOLA: uma subversão no calendário da passagem criança-aluno
7 PRESENÇA DAS INFÂNCIAS NA VIDA ADULTA ou A SEGUNDA INFÂNCIA 1 : um projeto amoroso e político para a adultez no olhar das crianças
REMEXANDO AS PALAVRAS OU BUSCANDO OUTRA MARGEM: um pouso provisório
(^1) Aproprio-me da expressão de Manoel de Barros em seu livro “ Memórias Inventadas : A segunda Infância’(2006).
Um menino nasceu - O mundo tornou a começar .Guimarães Rosa^1
Ora, pois! Não acredito que eu gostava De arroz com ovo frito Quando lembro sinto no peito um nó Esse prato temperado pelas mãos mágicas da minha vó. Deitado no sofá, atrás de mim à janela E os sons que entravam dela me faziam acordar. Com toda preguiça e vontade de dormir Maior vontade era de brincar na rua. Sob a luz da lua tantas cantigas de roda E sorrisos cândidos nos rostos miúdos de todos nós: Pique-esconde, chicotinho-queimado, pipa ao vento, fazer cata-vento, apanhar fruta no pé. Quantos dias, quantas noites de alegrias, de sonhos e aventuras! Essa infância que recordo é saudosa, mas faz parte acabar. Por enquanto digo quem dera que eu possa ao menos avistar E espero ansioso novos dias que eu possa ao menos visitar Meus próprios anjinhos a saltitar. E repetir o que minha mãe dizia: -Ei, menino, tá na hora de entrar!^2 Vanderson Godoi
(^1) Citado por Resende(1988, p.245) (^2) .Este poema foi cedido generosamente por Vanderson Godoi para compor a textualidade desta tese. Vanderson Godoi é mineiro e baiano. É formado em Marketing, poeta e músico, além de ser, é claro, meu amigo muito querido.
crianças, o que representa para as crianças habitar seus espaços e, aí, viverem suas infancialidades qual o peso ou da leveza desse acontecimento nas suas infâncias.
Estamos acostumados a falar sobre as crianças como alunos; discutimos sua capacidade cognitiva, seu comportamento social e psicológico, sua capacidade de adotar atitudes éticas e morais, na ótica do discurso pedagógico, seu desempenho nas avaliações, entre outras necessidades intelectuais e morais. Pensamos e olhamos crianças na escola através dessa malha simbólica. Mas, não temos muita coragem de perguntar para elas, o que pensam sobre a escola e de que forma são interpeladas por esta instituição cultural e de como negociam suas infâncias na relação com os adultos. Dito dessa forma, pensar a escola e a infância, na mirada das crianças, é trazer para a discussão como elas percebem os processos sociais que dão densidade e textura a suas vidas.
Ao estudar o sentimento infantil na fala das crianças, o meu interesse, nessa perspectiva, foi compreender as infâncias, não mais como uma construção imóvel, uma impressão digital que nos persegue para sempre como coloca Canevacci(1996), mas como construções hibridas, um acontecimento móvel que se faz e refaz em tantos lugares sociais, em fronteiras que são diásporas sincréticas: a escola é apenas uma delas. À medida que fui enveredando na literatura que podia ter acesso, ia ficando claro que, no Brasil, os estudos sobre a infância vêm tomando relevância, a exemplo dos trabalhos realizados pelo Núcleo de Estudos Avançados em História Social da Infância que, com um esforço brilhante, está mapeando as produções acadêmicas sobre o tema e organizando as "fontes primárias para o estudo da história da infância no Brasil" (Freitas, 1997, p.9). Outra contribuição é o trabalho de Mery Del Priore (2004) para sistematizar uma história brasileira da infância. É fundamental lembrar as contribuições da pesquisadora Sônia Kramer (1997) que coordena grupos de estudo e pesquisa sobre o referido tema. São trabalhos que fortalecem a abordagem sóciohistórica da construção da infância no Brasil. A minha incursão nestes trabalhos rasgou uma via para que a abordagem das crianças na sua condição de ser histórico, político e cultural, como diz a própria Sônia Kramer(1997), fosse acolhida como elemento fundante da pesquisa. Essa
articulação me permitiu analisar a situação das infâncias e as idéias que se formulam sobre elas. Foi possível, a partir daí, compreender a maneira como essas idéias são operadas nas instituições sociais e reproduzidas historicamente no imaginário social, em particular, no das próprias crianças.. Como as crianças, entre seis e doze anos, residentes na região metropolitana de Salvador-Ba, percebem a presença da escola em suas infâncias, foi a preocupação central deste trabalho. O propósito foi compreender as construções ou reconstruções das crianças sobre a escola e suas formas de agenciamento nas suas infâncias. Nessa mesma via, o que pensam sobre o ser criança e suas infâncias, as formas como são interpeladas pelos adultos nas experiências do aprender na escola, passaram a ser, também, meus propósitos de estudo. Assim sendo, busquei nas suas falas indícios para apreender o devaneio poético sobre as infâncias acontecendo. O devaneio da infância foi colocado por Bachelard (1988) como importante para o imaginário artístico dos poetas. Fernando Pessoa (1992, 210-12.) fala poeticamente dessa presença da infância no fazer do poeta, .
[...] A mim a criança ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me para todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas Quando a gente as tem na mão E olha devagar para elas. [....] A Criança Eterna acompanha-me sempre. A direção do meu olhar é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento alegremente a todos os sons São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Guimarães Rosa alertou para isso com suas histórias que se enveredam pelo mundo das infâncias. Resende(1988, p 29) analisa esta incursão do escritor da seguinte forma, “ Assim é que se entende o supra-senso a que a estória transporta o leitor, terreno em que se coloca, da mesma forma, o escritor, pronto a ver a vida com os olhos de sonho e da infância”. Mas, peço licença a Gaston Bachelard, a Fernando Pessoa e a Guimarães Rosa para dizer que, também, para mim este retorno foi
Meu pai e minha mãe conservavam-se grandes, temerosos, incógnitos. Revejo pedaços deles, rugas, olhos raivosos, bocas irritadas e sem lábios, mãos grossas e calosas, finas e leves, transparentes. Ouço pancadas, tiros, pragas, tilintar de esporas, batecum de sapatões no tijolo gasto. Retalhos e sons dispersavam- se. Medo. Foi o medo que me orientou nos primeiros anos, pavor.[...] (RAMOS 2003, p.14)
Sabemos que muitas coisas mudaram nas relações das crianças com os adultos. Não é minha intenção, neste trabalho, desenhar a caricatura do adulto malvado e de
criança vitimada, mas, provocar uma discussão que, proveitosamente, coloque, nesta relação com o outro, o caminho da alteridade nas infâncias, como falam Pereira e Jobim e Souza (2001). Estas autoras nos dizem que há de se reconhecer que o abismo entre os adultos e as crianças denuncia a solidão gerada na “insensibilidade com que facilmente descartamos o ‘ outro’ de dentro de nós":
Vivemos a experiência em um mundo divido. Adultos ausentes. Crianças autônomas. Alteridade em ruínas. No entanto, se pensarmos dialeticamente esse arruinamento da relação adulto/criança, encontramos ali presente também a origem de um diálogo que se apresenta em germe na capacidade da criança em torna-se tradutora, para o adulto, da linguagem que ela própria construiu (PEREIRA E JOBIM E SOUZA 2001, p.40)
Acrescento que o fato de as crianças se tornarem tradutoras dessa linguagem não lhes dá garantias de uma escuta política de suas significações. Portanto, volto à questão do silenciamento de suas vozes pelos adultos, encarnados nas figuras dos especialistas, dos professores, dos pais, do patrão e de outra pessoas que as interpelam nas suas experiências no mundo. Nesse caso, o sentido de se trazer as falas das crianças para esta pesquisa reside na necessidade de ampliar as discussões acerca da maneira brasileira de pensar as infâncias e as crianças. Da mesma forma, coloco em destaque a necessidade de dignificar o modo como elas re/interpretam a sua condição de ser- no- mundo. Creio que este seja um rasgo que forja um espaço para a visibilidade social de suas falas que sempre foi tutelada pelo mundo acadêmico que autorizou cientificamente seus especialistas para falar no lugar delas. Embora os estudos freqüentes no Brasil apontem as intuições culturais oficiais e as especialidades científicas como as responsáveis pelo projeto de construção social das infâncias, a exemplo da escola, sabe-se que, historicamente, as crianças são interpeladas em outros espaços sociais. Dessa forma, na teia das relações sociais, elas apropriam-se de um complexo universo de conhecimento mediado pelos adultos. Portanto, acrescento, ainda, que ao reconhecer como as crianças representam as suas infâncias nessas experiências cria-se uma via para a ampliação
comigo. São rastros memoriados em sua forma escrita que poderão ser lidos no primeiro capítulo. Esta tese tem uma estrutura textual que comporta uma introdução e seis capítulos e pode ser sumarizada da seguinte maneira : O primeiro capítulo apresenta o percurso metodológico pela via da memória. Assim vou memorando a travessia para chegar ao encontro com as crianças. É uma tarefa crítica da pesquisa que vai sendo tecida à medida que trago para o presente o passado recente que foi. É uma intencionalidade para se buscar uma tarefa própria de investigação, ou seja, evitar cair na tentação de transformar a metodologia da pesquisa em uma camisa de força, e me transformar em uma refém desta armadilha.Tomei para tanto, o conceito de memória tal qual discutido por Bosi(1994). No segundo capítulo, apresento o que foi possível compreender como uma construção das crianças sobre o sentimento das infâncias. É uma discussão mais geral sobre a infância e o ser-criança a partir do que elas pensam e sentem. Nesse sentido, respondo à questão inicialmente colocada: Como as crianças percebem a si mesmas e as suas infâncias? É um percurso que acredito como possível para tornar efetivas as presenças das crianças, neste texto. São seus devaneios poéticos sobre a infância ainda em construção. Sigo provocando o encontro entre elas e os autores convidados, para tanto, simulei possíveis diálogos tomando fragmentos de suas falas e dos autores. É uma articulação para montar um horizonte compreensivo, pautado na polilógica, conforme pude compreender da leitura da obra do filósofo da educação Dante Augusto Galeffi(2003). Ressalvo que não se perde a dimensão histórica dessa discussão, apenas não a destaco em um compartimento separado, contando a historia da infância, porque isso já foi feito nos trabalhos acadêmicos, mas tomei a atitude de pensar com e na história. No terceiro capítulo, discuto a forma como as crianças percebem suas presenças e trânsitos na escola. Sigo, então, escutando o que falam para reinterpretar como as experiências vividas por elas na escola mediam seus discursos sobre suas infânci as. Dessa forma vou identificando as construções das imagens que elas fazem das suas localizações no mundo da escola. Nesse percurso, suas palavras são acolhidas e compreendidas na visada de Larrossa ( 2004, p.152) ao dizer que as
palavras não são apenas produtoras de sentido, mas “criam realidades e às vezes funcionam como potentes mecanismos de subjetivação”. O sentido das palavras e as palavras como produtoras de sentido nos colocam numa atitude radical para a reinterpretação do que dizem as crianças, porque suas palavras são prenhes de sentido, impregnadas de significação que elas atribuem diante do mundo e dos outros e, principalmente, diante delas mesmas. No quarto capítulo, retomo a discussão do terceiro, a infância na escola. Destaco o silenciamento como forma de se exercer o poder sobre as crianças na escola. A intenção em ampliar essa discussão reside na sua importância para compreendermos uma das formas utilizadas pela escola para fazer valer o projeto da infância. Ao executar esse projeto o que está em jogo é o adulto, nesse caso, se instaura uma invisibilidade da criança e a sua mudez na própria ‘presença” das suas infâncias: o silenciamento é a expressão máxima dessa ausência. O que importa é o adulto que ela vai ser e não a criança que ela é. Assim, vou apresentando a forma como as crianças criticamente percebem esse jogo na escola, em casa e outras instâncias sociais. Dessa forma, ao tempo que retomo a discussão anterior sobre a escola e a infância, vou discutindo os modos como, nesse lugar, se constrói sentimentos sobre a infância e o ser-criança e, da mesma forma, como as crianças percebem a interpelação dos adultos nessas experiências e como negociam no jogo dessas relações. No quinto capítulo, retomo, de certa forma, as discussões instauradas no segundo capítulo, quando foi abordado o conceito de infância a partir do que pensam as crianças e os autores escolhidos para esta tarefa. A separação entre o que é ser adulto e criança é demarcada por estas, pelo trabalho e pela brincadeira. Entretanto, percebi, ao reinterpretar essas imagens, que esta fronteira é temporal, uma margem que demarca dois mundos: o da adultez e o da infancilidade_._ Portanto, não é apenas uma atividade lúdica própria da infância, como é habitualmente pensado. Essa é uma questão bastante instigante e aparentemente compreendida como uma coisa óbvia. Olhando, mais de perto, o que dizem as crianças sobre si mesmas e suas infâncias, a partir das suas formulações sobre o/a brincar/brincadeira, descortina-se a sua natureza enigmática.