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Este documento explora o fenômeno que permeara as relações sociais entre homens e mulheres, examinando suas causas e efeitos, além das dinâmicas envolvidas na não inserção de mulheres na produção teológica. O texto foca nos desdobramentos das relações sociais, na constituição e sedimentação de modelos estáticos e imutáveis sobre homens e mulheres. O conceito de gênero é adotado como uma nova linguagem teórica de análise, uma categoria fundamental para entender as diferenças sociais e as relações de subordinação entre homens e mulheres.
Tipologia: Trabalhos
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São Leopoldo 2020
Ficha catalográfica [solicitada somente após avaliação]
Observação: esta folha deve ser inserida após a banca. Ela será fornecida pela secretaria, com as assinaturas das pessoas da banca. Esta folha deve constar na versão digital e impressa.
Às teólogas produtoras de saber que foram as primeiras referências teológicas da minha vida. Seus nomes precisam ser lembrados, pois suas experiências fizeram de mim quem sou. Dedico este trabalho a estas mulheres: Minha avó - Erna Alma Leindecker Arnhold (In memoriam). Minha mãe- Magale Teresinha Arnhold. Minha professora primária – Irmã Lúcia Kuhn (In memoriam). Minha companheira – Renata Patrícia Wachholz Ramson.
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” Eduardo Galeano “Não há pessoa judia nem grega, não há pessoa escrava nem livre, não há macho nem fêmea; pois todos e todas vocês são um, em Cristo Jesus.” Gálatas 3.
O presente trabalho constitui uma pesquisa acerca do silenciamento das mulheres na produção teológica oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). Por meio desta pesquisa, investigou-se de que forma as práticas teológicas produziram discursos simbólicos a respeito das mulheres, como sujeitos desqualificados para a produção teológica oficial da instituição. Esta situação tem suas raízes na compreensão acerca da doutrina da ordem da criação, que produziu saberes que resultaram em relações hierárquicas de poder. Em um lugar marcado por uma ordem simbólica masculina, a categoria analítica de gênero foi o instrumento fundamental, permeando toda a pesquisa, possibilitando perceber as relações injustas de gênero, as representações produzidas sobre a figura do feminino, bem como, a existência de um “não lugar” para o feminino. Ainda dentro das categorias de análise, a hermenêutica bíblica feminista, foi ferramenta fundamental na proposição de um “novo olhar” para a emancipação e inclusão do feminino no processo de produção teológica. A experiência das mulheres foi evidenciada como instrumento de ressignificação dos sistemas simbólicos estabelecidos, assim como, a possibilidade de afirmação das mulheres como sujeitos capacitados para a produção do saber teológico. Palavras-chave: Justiça de gênero. Experiência. Silenciamento. Ordem da criação. Hermenêutica Bíblica Feminista.
A constante luta por protagonismo das mulheres tem feito com que a temática da presença e agência do feminino, seja motivo de constante discussão e questionamento. Realidade observada não somente no âmbito social, mas também entre as “fileiras dos bancos” das igrejas. A contemporaneidade tem se apresentado como um campo fértil para a inserção da mulher em diferentes áreas de ação. Todavia, no âmbito religioso, as relações entre os gêneros apresentam desigualdades latentes. O surgimento dos estudos de gênero, estabeleceu um novo e importante caminho teórico na pluralidade do conhecimento humano. O ponto principal destes estudos, é um contraponto às formas universalizantes de produzir conhecimento. Em outras palavras, estes estudos evidenciaram que as relações sociais experimentadas por mulheres e homens, nas diferentes sociedades, são construídas por meio dos discursos históricos específicos, das representações simbólicas estabelecidas, bem como, por meio das tradições culturais de cada região. Os estudos de gênero criam a possibilidade de observar, no interior das sociedades, as diferentes concepções estabelecidas sobre o “ser homem” e “ser mulher”, considerando os critérios étnico-geracionais, sexuais, religiosos e de classe na construção dos arranjos sociais e dos códigos definidores dos sujeitos.^1 As discussões sobre gênero, possibilitam essas análises, dos sujeitos e das relações experimentadas socialmente, evidenciando os papeis entendidos como adequados e inadequados, de homens e mulheres, que foram estabelecidos e estruturados pelas relações de poder. Pensar sob este critério demonstra as construções sociais de gênero presentes nos discursos institucionais, também na produção teológica, onde historicamente o sujeito masculino foi apresentado como protagonista dos processos de produção teológica. Por isso, torna-se importante refletir sobre as dinâmicas de gênero que cristalizaram a figura masculina como destinatária e agente principal das perspectivas teológicas, compreendendo as dinâmicas de poder que criaram um “não (^1) LOURO, Guacira L. O corpo educado: pedagogia da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 37.
lugar” para as mulheres, neste espaço teológico que produz e reproduz o feminino como desqualificado para a produção de teologia e liderança institucional. Compreender é o primeiro passo necessário para propor mudança. Por isso os estudos de gênero também são importantes no processo de transformação da realidade, possibilitado desconstruir e ressignificar os discursos, imagens e os mitos sobre as mulheres nos discursos teológicos institucionais. Sabemos que nos estudos de religião, uma significativa linha de reflexão tem se constituído a partir da influência da perspectiva de gênero. Entretanto, nas grandes religiões institucionalizadas, há uma clara marginalização do falar e pensar feminino. Assim, este trabalho procura averiguar e explorar o silenciamento das mulheres na produção teológica oficial na Igreja Evangélica Luterana do Brasil. Buscamos compreender o fenômeno que permeia esta realidade, suas causas e efeitos, bem como, as dinâmicas envolvidas no processo de não inserção das mulheres e os possíveis novos significados advindos da inclusão e emancipação da mulher na produção teológica. Num primeiro momento, procuramos demonstrar a importância do gênero como categoria de análise. Buscamos desmistificar este termo tão estigmatizado em nossa sociedade, demonstrando a importância deste pressuposto na compreensão da realidade vivida pelas mulheres. Amparados por esta perspectiva, adentramos nas possíveis causas do silenciamento feminino na produção teológica oficial da IELB. Procuramos traçar o caminho histórico e teológico desta realidade, desde igreja antiga até a contemporaneidade. Finalizamos este trabalho propondo novos caminhos sob a chave hermenêutica da experiência e da suspeita. Procuramos demonstrar que novos significados são possíveis a partir dos princípios da desconstrução e reconstrução de textos, bem como, a importância de nomear nestas linhas, as experiências canônicas femininas que foram ocultadas, trazendo à tona as experiências não canonizadas no decorrer da história das comunidades de fé.