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Guias e Dicas
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Cuidados Paliativos: Enfermagem e Importância no Cuidado aos Pacientes Terminais, Notas de aula de Enfermagem

Este documento discute os conceitos de cuidados paliativos, enfatizando a importância desse tipo de cuidado integral aos indivíduos em condições terminais, com ênfase no aspecto físico, psicossocial e espiritual do indivíduo e família, qualidade de vida, cuidado humanizado, controle da dor e dos sintomas, questões éticas sobre a vida e a morte, abordagem multidisciplinar, morrer como processo natural e prioridade do cuidado sobre a cura. O documento ressalta o papel indispensável da enfermagem nos cuidados paliativos e a necessidade de formação de profissionais e criação de serviços de cuidados paliativos no brasil.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

PorDoSol
PorDoSol 🇧🇷

4.5

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CAMPO GRANDE
2017
LARISSA MARINALVA DE OLIVEIRA ALMEIDA
A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS PRESTADOS
AO PACIENTE TERMINAL COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER
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CAMPO GRANDE

LARISSA MARINALVA DE OLIVEIRA ALMEIDA

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS PRESTADOS

AO PACIENTE TERMINAL COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER

CAMPO GRANDE

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS PRESTADOS

AO PACIENTE TERMINAL COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Unaes, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem. Orientadora: Erica Cristina Mendes Dias

LARISSA MARINALVA DE OLIVEIRA ALMEIDA

ALMEIDA, Larissa Marinalva de Oliveira. A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS PRESTADOS AO PACIENTE TERMINAL COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER. 2017. 30 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Anhanguera Kroton, Campo Grande, 2017.

RESUMO

A proposta desse estudo bibliográfico foi ressaltar o papel do enfermeiro na aplicação dos cuidados paliativos ao paciente terminal com diagnóstico de câncer. Foram utilizados bases de dados LILACS, SciELO e materiais de universidades da cidades de Campo Grande, com referências publicadas entre 2000 e 2014. As concepções encontradas referem-se ao conceito de cuidados paliativos, entendido como cuidado integral voltado para indivíduos em condições terminais, com ênfase no aspecto físico, psicossocial e espiritual do indivíduo e família; qualidade de vida; cuidado baseado em uma abordagem humanística e de valorização da vida; o controle da dor e dos demais sintomas; as questões éticas sobre a vida e a morte; a abordagem multidisciplinar; o morrer como processo natural; a prioridade do cuidado sobre a cura; a comunicação, a espiritualidade e o apoio ao luto. Considera-se que estas concepções assumem grande importância nos cuidados paliativos, no entanto, existe uma lacuna de serviços e núcleos para realizar estes cuidados.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Doente Terminal; Neoplasia.

ALMEIDA, Larissa Marinalva de Oliveira Almeida. THE IMPORTANCE OF THE NURSE IN THE PALLIATIVE CARE PROVIDED TO THE TERMINAL PATIENT WITH CANCER DIAGNOSIS. 2017. 30 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Anhanguera Kroton, Campo Grande, 2017.

ABSTRACT

The purpose of this bibliographic study was to highlight the role of the nurse in the application of palliative care to the terminal patient diagnosed with cancer. It was used LILACS, SciELO and materials from universities in the cities of Campo Grande, with references published between 2000 and 2014. The concepts found refer to the concept of palliative care, understood as integral care aimed at individuals in terminal conditions, with emphasis on the physical, psychosocial and spiritual aspects of the individual and family; quality of life; care based on a humanistic and life-enhancing approach; control of pain and other symptoms; ethical questions about life and death; the multidisciplinary approach; dying as a natural process; the priority of care over healing; communication, spirituality and support for mourning. It is considered that these conceptions assume great importance in palliative care, however, there is a service gap and nuclei to perform this care.

Key words: Palliative care; Patient Terminal; Neoplasm .

1 INTRODUÇÃO

Uma das principais características do homem é o cuidar, através deste buscamos proporcionar conforto e qualidade de vida ao ser fragilizado. Dessa forma o cuidado faz parte da vida e é essencial para a sobrevivência. É uma interação que envolve afeto e configura uma postura responsável, de atenção, preocupação e implicação com ser cuidado, ou seja, uma verdadeira demonstração de amor (PESSINI, 2010). Aos pacientes acometidos por doenças sem esperança de cura, os cuidados devem ser voltados às necessidades e restrições, tomando em conta que a morte é inevitável e a sobrevida está limitada há pouco tempo (MELO; CAPONERO, 2009). Entre as doenças que levam a um estado terminal está o câncer que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), continua a ter altos percentuais de mortalidade. A previsão é de que ocorram quinze milhões de novos casos a cada ano, sendo que nove milhões evoluirão para óbito e dos quais seis milhões ocorrerão em países em desenvolvimento, deste modo é primordial uma assistência especial aos pacientes acometidos por esta doença (MELO, 2005). O câncer causa um sofrimento de tamanha extensão que se faz necessário uma assistência cientifica e humanística, que permita as equipes e instituições de saúde uma resposta mais eficaz ao problema vivenciado pelos acometidos por neoplasias (DE SIMONE, 2005). Com base nessas considerações, a prática assistencial deve estar baseada no equilíbrio das esferas biológica, psicológica, social e espiritual da pessoa, a fim de proporcionar qualidade de vida e suavizar as angustias durante essa etapa terminal, exigindo sempre um olhar prudente e cuidadoso (SANTOS, 2011). Partindo de uma visão holística do homem, os cuidados paliativos seguem a filosofia de estimar a vida e encarar a morte como algo natural. Portanto, não adia e tampouco delonga a morte, porém conforta o ser em suas angústias e anseios, provendo o alívio da dor e de outros sintomas, oferecendo base para que os doentes possam viver de forma ativa, ajudando os familiares no processo do luto (BERTACHINI; PESSINI, 2010). Deste modo, evidenciamos a essência dos cuidados paliativos, que é dirigir- se ao individuo em etapa terminal da vida, especialmente ao oncológico, visto que

estes cuidados oferecem um enfoque diferenciado de conduta, com objetivo principal de promover um cuidado humanizado. Agregar a esses cuidados crenças, valores, práticas religiosas e culturais especificas de cada paciente é de extrema importância na qualidade do cuidado (SILVA; SUDIGURSKY, 2008). É indispensável para os cuidados paliativos uma abordagem multiprofissional, diante da demonstração de que nenhum seguimento profissional consegue abordar todos os aspectos envolvidos no tratamento dos enfermos. Tal abordagem deve estar aliada ao trabalho coletivo, permitindo promover uma assistência completa. Os profissionais devem estar capacitados para avaliar as condições humanas, a dimensionar a fragilidade física e psicológica do enfermo em relação aos valores pessoais e espirituais (REIS; REIS, 2007). Nesse contexto, é importante ressaltar o profissional de enfermagem, como alguém capaz de oferecer seus conhecimentos e práticas, fundamentais para esse tipo de auxílio, cujo objetivo é valer-se de suas destrezas laborais para amenizar o sofrimento em suas varias formas (SOUSA et al., 2010). Para tanto, o enfermeiro cuidador deve respeitar e ser solidário com o outro, isto é, ter clemência de sua dor e, principalmente, manter a individualidade dos seres cuidados. Isto impõe que o cuidador saiba desvendar o tempo da pessoa doente, dado que cada um tem sua própria percepção do tempo. Nessa perspectiva, o profissional deve singularizar sua atuação e se adaptar à temporalidade do outro (ASTUDILLO; MENDINVETA; LARRAZ, 2005; ROSELLO, 2004). A justificativa da realização desse artigo é procurar melhorias ao doente terminal, respeitando sua autonomia e sua capacidade de tomar decisões. Portanto é necessário um apoio multiprofissional, onde a enfermagem deve proporcionar um trabalho de proximidade, amparo, formação de vínculo, buscando estabelecer uma interação de confiança e segurança entre equipe de saúde, doente e família. O alcance desses requisitos é de extrema relevância, e acredito que o enfermeiro poderá ser capaz de alcançá-los através de sua capacidade de manter- se atualizado sobre o tema. Esses profissionais devem abraçar uma conduta assistencial que esteja embasada no bem-estar biopsicossocial e espiritual, objetivando excelência e qualidade de vida para ser humano. Perante a inexistência atual de uma fórmula milagrosa que cure o câncer, cada vez mais se busca condutas para aperfeiçoar a qualidade de vida dos

2 O QUE SÃO CUIDADOS PALIATIVOS

A concepção de cuidados paliativos teve procedência no movimento hospice, iniciado por Dame Cecily Saunders, que propôs a filosofia do cuidado da pessoa que está próxima à morte, a fim de abrandar o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, com a finalidade exclusiva de cuidar (CARVALHO; PERINA, 2004). Os cuidados paliativos foram sugeridos por primeira vez como especialidade médica em 1967, na Inglaterra, desde então foram também desenvolvidos na França e nos Estados Unidos nas décadas que seguiam. No Brasil, passaram a ser exercitados a partir dos anos 80, por equipes multiprofissionais de saúde, envolvendo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, religiosos e psicólogos especialistas em assistência paliativa (SAUNDERS; ROSS; RILEY, 2004; MENEZES, 2004). Com uma definição mais atual, para a Organização Mundial de Saúde (OMS) Cuidados Paliativos consiste em: uma assistência ativa e integral a pacientes cuja enfermidade já não contesta ao tratamento curativo, sendo o principal objetivo a assegurar uma melhor qualidade de vida tanto para o paciente como para seus respectivos familiares. A medicina paliativa irá atuar no controle da dor e promover o alívio dos demais sintomas que os pacientes possam apresentar (SILVA, 2008). A OMS considera também que devem receber esse tipo de cuidados aqueles pacientes sem probabilidades de cura, em fase terminal ou a caminho dela, que geralmente apresentam fragilidade, imobilidade, perda de apetite, dificuldade em deglutir, astenia, sonolência, além de elevados níveis de ansiedade, tensão e emoções (SILVA; SUDIGURSKY, 2008).

2.1 COMPONENTES DOS CUIDADOS PALIATIVOS

A assistência paliativa tem como componentes essenciais o alívio dos sintomas e o apoio durante todo o tempo necessário ao paciente, e até mesmo após sua morte, durante o período de luto de sua família, caracterizando-se um acompanhamento interdisciplinar (McCOUGHLAN, 2003). Assim, o cuidado paliativo, segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (2006), deve abarcar componentes como:

 Valorização da vida e enfrentamento da morte como evento natural;  Aceitação da evolução natural da doença, não acelerando nem retardando a morte e repudiando as futilidades diagnósticas e terapêuticas;  Garantir a qualidade de vida, através do alivio da dor e de outros sintomas desenvolvidos com a progressão da doença;  Integrar os aspectos clínicos com os aspectos psicológicos, sociais e espirituais, influenciando na percepção e no controle dos sintomas;  Estímulo à independência do paciente, permitindo-lhe viver de maneira ativa até sua morte;  Considerar à autonomia do doente com ações que levem à sua valorização como pessoa e permitindo que tome decisões;  Reconhecimento e aceitação, em cada doente, dos seus próprios valores e preferências;  Considerar de que a fase final da vida pode proporcionar momentos de reconciliação e crescimento pessoal, permitindo uma partida em paz;  Favorecimento de uma morte digna, com o mínimo estresse possível, no local de escolha do paciente, próximo aos seres que ama;  Prevenção de problemas durante o luto, através de apoio a família;  Basear-se na diferenciação e na interdisciplinaridade.

2.2 ENFERMAGEM E CUIDADOS PALIATIVOS

Os cuidados de enfermagem devem, basicamente, ter como intenção acolher, preservar e proporcionar boas condições físicas, mentais e espirituais aos enfermos. No cotidiano da enfermagem, a equipe deve valorizar e incitar a participação do doente na sua recuperação. Tal participação envolveria não somente controlar a dor, a insuficiência respiratória, a ansiedade e a depressão, mas também partilhar com o paciente e sua família as decisões referentes aos cuidados. Desta forma, terapêutica paliativa vai além do desempenho de determinados procedimentos técnicos, mas envolveria a presença ativa da equipe de enfermagem. O cuidado a pessoa gravemente enferma deve preservar a autonomia e a capacidade em tomar decisões que o paciente ainda é capaz de apresentar (SANTOS; PAGLIUCA; FERNANDES, 2007).

3. NECESSIDADES EXPERIMENTADAS PELO PACIENTE TERMINAL

Silva (2008) sugere que as ocorrências cotidianas mais comuns nos pacientes terminais, em ordem crescente, são: 1) dor; 2) angústia; 3) estresse; e 4) solidão. Assim, é fundamental o aprofundar e expandir o conhecimento nessas necessidades mais comuns do paciente terminal.

3.1 DOR CRÔNICA

A dor é considerada como uma síndrome resultante da interpretação sensorial de algum evento físico-químico e do estímulo de algo nocivo, nem processo de interação com as características individuais da pessoa e os aspectos culturais e afetivos (PIMENTA, 2003). Dependendo de sua duração, ela pode ser aguda (efêmera) ou crônica, esta com duração de 3 a 6 meses, segundo Lobato (2002) e Teixeira et al. (2005). Considerando-se que os tumores e neoplasias sejam a terceira causa de mortalidade hospitalar em nível nacional (IBGE, 2007), a dor crônica, que freqüentemente acomete esses pacientes – cerca de 50% em todos os estágios da doença e 70% nas neoplasias avançadas (PIMENTA, 2003) – passa a ser um dos principais alvos dos cuidados paliativos. Ela pode surgir devido ao crescimento do tumor primário ou à suas metástases, à terapêutica anticancerosa (radioterapia e quimioterapia), às cirurgias e aos métodos de diagnósticos. Existem evidências de que ela pode estar relacionada também com causas psicossociais (TEIXEIRA et al.,2005). A prevenção e alívio do sofrimento é uma abordagem que pode aumentar a qualidade de vida dos pacientes em cuidados paliativos e de suas famílias. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2000) tem entre as suas prioridades internacionais o alívio da dor, a redução do sofrimento, a oferta de cuidado paliativo para aqueles sem esperança de cura e a possibilidade da reabilitação no contexto social. A avaliação da dor é um aspecto importante no planejamento do cuidado, por ela ser capaz de determinar a situação física do paciente e, bem assim, os elementos psicológicos, sociais e emocionais do seu sofrimento. Apesar de haver

diversos protocolos de avaliação já desenvolvidos e testados, como o do Instituto Nacional do Câncer (INCA), divulgado em 2007, ela deve ser efetivada em conjunto, por todos os profissionais que acompanham o paciente, pois a avaliação da experiência dolorosa não é um procedimento simples. É fenômeno individual e subjetivo, cuja interpretação e expressão envolvem elementos sensitivos, emocionais e culturais. A dor crônica, portanto, é um fenômeno complexo e multifatorial, que envolve aspectos orgânicos e psicossociais, que podem beneficiar-se dos tratamentos neurofisiológicos e neurofarmacológicos. As percepções da dor entre doentes terminais e membros da família e o relacionamento entre essas percepções e fatores psicológicos indicam que muitos familiares sabem a intensidade, qualidade ou o padrão da dor dos doentes, e têm tendência a superestimar as estratégias usadas por eles para lidar com a dor (FERREIRA; SOUZA; STUCHI, 2008). Dessa forma, uma abordagem multidisciplinar da dor e de suas causas tem importância singular para a qualidade de vida do paciente, seus cuidadores e familiares.

3.2 ANGÚSTIA

Vacuidade, insignificância e impotência são alguns dos pensamentos que afloram no estado de angústia, reforçando os sentimentos de inutilidade do esforço, do significado e do projeto de vida. Para a psicóloga Simone Suruagy (2001), paciente neste estado já perdeu a esperança e a capacidade de luta, porém, seja qual for o fim que o espere, é possível recuperar-se. O paciente caminha por uma estrada árdua, para a qual confluem as veredas dos conflitos familiares, da expectativa dos exames complementares, do efeito colateral das quimioterapias e radioterapias, da ocorrência de metástases e dores, da implicação da doença nos campos profissional, afetivo e financeiro etc. “Muitas vezes esse caminho estará inundado por sentimentos inconscientes de perda, luto, abandono, raiva, culpa, solidão. A estrada está cheia de passado, além das perdas presentes.” (SURUAGY, 2001)

“[...] não estar bem, é não ter ajuda de ninguém, é andar de um lado para o outro. É ter família e não ser protegido por ela, esquecido, isolado, indiferente, não ser valorizado e não receber atenção. O idoso espera daquele que quer bem o apoio necessário para enfrentar a velhice. Talvez esse bem-querer não seja recíproco e possa produzir o sentimento de abandono. O idoso cansa de falar e não ser ouvido, e essa surdez o deixa afastado de suas esperanças e de seus desejos. À medida que suas expectativas não se realizam e se perde a motivação da espera, ele fica sem o sentido de viver.” (Herédia et a l., 2005)

3.4 ESTRESSE

Apesar de ser um termo amplamente utilizado em estudos e pesquisas científicas e acadêmicas, na mídia e no cotidiano das pessoas, obter uma noção precisa sobre o estresse não é tarefa fácil. Utiliza-se o mesmo termo para qualificar um estado de irritabilidade e um quadro de depressão grave, sem distinguir com firmeza os fatores estressores, o coping ou o estresse propriamente dito: estresse biológico, psicológico, social ou ambiental, entre outros (FIGUEIRAS; HIPPERT, 2000). O estresse psicológico foi definido por Lazarus e Folkman como uma relação entre a pessoa e o ambiente, avaliado como prejudicial ao seu bem-estar. Eles pertencem à corrente que considera importantes o conhecimento do fator estressor (avaliação cognitiva da situação) e o esforço de enfrentamento (mudança cognitiva e comportamental) como estratégia de coping (sem tradução para o português) – estado de avaliação e gerenciamento das exigências internas e/ou externas, a partir das próprias experiências pessoais e os estímulos específicos (JACQUES, 2003). Uma definição que se faz esclarecedora é a que concebe o estresse como “uma reação psicológica com componentes emocionais físicos, mentais e químicos a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa” (FIGUEIRAS; HIPPERT, 2000). Uma abordagem sistêmica do estresse, formulada por Capra (2002), também merece registro e desenvolvimento. Ele o considera como um “desequilíbrio do organismo em resposta a influências ambientais”, ressaltando a existência do estresse temporário como “aspecto essencial da vida”. Quando o indivíduo percebe uma súbita ameaça ou mudança, a que tem de se adaptar, ou está sob forte pressão ou estimulação, há uma perda temporária de flexibilidade, considerada como reação saudável. Somente quando se prolonga ou se torna crônico, é que o estresse pode

ser pernicioso e desencadeador de muitas doenças, conforme estudos de Pelletier, destacado por Capra (2002). O estresse patológico, prolongado e condicionador de sofrimento psicológico, que se instala devagar e sorrateiramente nos bastidores do inconsciente, a cada dia, é um entulho que precisa ser tratado. Como explica o médico Orlando Silva (1996), o estado de estresse pode chegar ao ponto de sobrepor-se à capacidade de recuperação do organismo, levando- o a um desgaste geral, desorganizando sua capacidade de defesa e exaurindo suas reservas energéticas, que são limitadas. Quando o corpo humano chega a essa fase, ocorre o colapso das defesas psíquicas e físicas, favorecendo o aparecimento de várias doenças e, no caso dos pacientes terminais, o agravamento da sua doença e novas complicações, que debilitam mais ainda o organismo e aumentam as dificuldades terapêuticas. (LESHAN, 2002). Portanto, é muito importante que sentimentos de confiança e amizade sejam suscitados nos pacientes, a fim de diminuir o estresse e a depressão (causada pela angústia e pela solidão) emergidos da realidade terminal. No pensar de Gonzaga (2008), a preocupação com o bem-estar, a identificação das necessidades de cuidados e o seu atendimento solícito, juntamente com as estratégias e ações tecnocientíficas, podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem esperança de cura e ajudá-los a superar esses estados debilitadores.

gerenciamento, a auditoria, a consultoria e a assistência ao paciente em fase de terminalidade e aos seus familiares, tanto em hospices, na comunidade (domicílios) como em hospitais. (DUNLOP; HOCKLEY, 2008) Investigando o que ocorre nos Estados Unidos e Canadá, Cummings (2001) revela que, na América do Norte, se valoriza a presença mais intensiva da enfermeira junto ao paciente e à família, seja no hospital ou no domicílio. Acredita-se que esse diuturno contato é uma oportunidade única para se conhecer a pessoa do paciente e observar o que lhe causa desconforto e alívio, nas dimensões físicas ou emocionais. Ainda a título de comparação, na América Latina, segundo estudo de Martin e Sancho (2009), há a inclusão do técnico de enfermagem nas equipes multiprofissionais de cuidados paliativos. Este profissional (que nem sempre é reconhecido) tem um papel relevante nos cuidados de conforto, higiene e auxílio na alimentação. Os autores assinalam também que a abordagem do cuidado integral pelos enfermeiros está resgatando o patrimônio natural desta categoria e que havia sido relegado a segundo plano pela cultura curativa. No Brasil, os enfermeiros desenvolvem atividades de gerenciamento da equipe de enfermagem no domicílio ou no hospital; dão prioridade ao controle da dor e de outros sintomas apresentados pelo paciente. Também é o profissional da equipe, secundando os técnicos e auxiliares de enfermagem, que mais tempo passa com o doente e o mais familiar. (NEVES-ARRUDA; MARCELINO, 2007; SANTANA, 2000; PIRES, 2002) O cuidado humano, como é apresentado na literatura, envolve ética, princípios e valores que devem fazer parte do cotidiano da prática profissional direcionada à integridade do ser humano. Com pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura, o cuidado envolve o esforço para aliviar a dor, a preservação da identidade pessoal e o exercício da autonomia, que pressupõe o direito de participar das decisões a seu respeito e de recusar ou aceitar qualquer intervenção tecnológica do tipo hartdware, como se vê. Em cuidados paliativos de enfermagem, especialmente, a meta é proporcionar qualidade aos dias que restam ao paciente e não aumentar a quantidade de dias, com tratamentos agressivos ou desconfortáveis, que só acrescentam sofrimento aos pacientes e familiares, além de onerar o sistema de

saúde e as finanças domésticas. Esta postura recebe a denominação de “ortotanásia” que, segundo Pessini (2001), é uma síntese ética do direito de morrer com dignidade e do respeito à vida humana. Por isso, em cuidados paliativos, conforme Rodrigues (2004), não se aceita nem a eutanásia – tecnologia do tipo hardware que busca a morte sem sofrimento, para aliviar os tormentos e as dores de um paciente terminal – nem a “distanásia”, que significa morte lenta e dolorosa, em lenta agonia.