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Os autores apresentam al- guns indicadores que auxiliam no entendimento do conceito de lazer: • As atividades de lazer são vivências culturais, em seu sentido ...
Tipologia: Slides
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Não perca as partes importantes!
Presidente da República Dilma Rousseff Ministro do Esporte Orlando Silva de Jesus Júnior Secretária Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer Rejane Penna Rodrigues Chefe de Gabinete Maria Leonor Brenner Ceia Ramos Diretora do Departamento de Políticas Sociais de Esporte Cláudia Regina Bonalume Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Esporte Leila Mirtes Santos de Magalhães Pinto Organização Rejane Penna Rodrigues Cláudia Regina Bonalume
Projeto Gráfico, diagramação e capa Gráfica e Editora Ideal - Yanderson Rodrigues Revisão: Ricardo Magalhães Boucault Impressão: Gráifca e Editora Ideal
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP) I34 Importância da recreação e do lazer / Débora Alice Machado da Silva ... [et al.]. – Brasília : Gráfica e Editora Ideal, 2011. 52 p. ; 25 cm. – (Cadernos interativos – elementos para o desenvolvimento de políticas, programas e projetos intersetoriais, enfatizando a relação lazer, escola e processo educativo ; 4) ISBN: 978-85-89196-36-
1ª Edição Tiragem: 1000 exeplares Os textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores que os assinam.
Essa coleção foi elaborada numa perspectiva de ampliar a discussão do lazer, principalmente sob o olhar das pos- sibilidades educacionais. A ideia é oferecer a estudantes, professores, pesquisadores, gestores e a todos os interessados nas políticas de lazer subsídios que podem ajudar em uma melhor apropriação dos conteúdos desta área, que atua de forma transversal em sua relação com outras áreas das políticas sociais.
O Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC), implantado em 2003 pelo Ministério do Esporte, tem como prin- cipal objetivo suprir a carência de políticas públicas e sociais, atendendo ao aumento significativo de demandas da po- pulação no que se refere ao esporte recreativo e de lazer, principalmente nas regiões de maior vulnerabilidade social e econômica. Para atender este objetivo central, o PELC constrói, junto à população beneficiada, uma relação diferenciada, que respeita a realidade local e busca parcerias qualificadas com órgãos e instituições que fazem parte do contexto onde atua. A escola é um desses espaços fundamentais.
A Coleção “Cadernos Interativos – elementos para o desenvolvimento de políticas, programas e projetos interse- toriais: enfatizando a relação lazer, escola e processo educativo” reúne vários cadernos. O “Caderno Interativo 1” apresenta institucionalmente o PELC, por meio de textos elaborados por representantes do Ministério do Esporte. Os demais cader- nos foram escritos por um coletivo de autores, especialistas no tema do lazer.
Ao difundir essa coleção, o Ministério do Esporte pretende, especialmente, contribuir com as políticas interse- toriais, na perspectiva de integrar cada vez mais as ações sociais e de discutir elementos que possam orientar reflexões de aprofundamento sobre o tema do lazer como uma política importante para a qualidade de vida dos cidadãos, como prevê a Constituição Federal de 1988.
Uma boa leitura a todos!
Rejane Penna Rodrigues Secretária Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer Ministério do Esporte Janeiro de 2011
A IMPORTâNCIA DA RECREAÇÃO E DO LAZER 7
Esses “Cadernos Interativos” que fazem parte de um conjunto de sete, que compõem os CADERNOS INTERATI- VOS - ELEMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS INTERSETORIAIS, ENFA- TIZANDO A RELAÇÃO LAZER, ESCOLA E PROCESSO EDUCATIVO.
São assim denominados pelo seu formato de organização, contando com textos, destaques explicativos, propos- tas para intervenção no cotidiano dos profissionais das equipes multiprofissionais e voluntárias, sugestões de consulta: textos, indicações de filmes, músicas, sites e outros materiais que podem complementar o processo de desenvolvimento de políticas, programas e projetos integrados nos campos: do lazer e do, esporte de participação, da educação, e da se- gurança cidadã.
Esse trabalho é resultado da parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul- tura (UNESCO); o Ministério do Esporte, por meio da Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer (SNDEL); e o Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD).
Tem por objetivo contribuir para a melhoria da qualidade das políticas setoriais, da educação, da inclusão social e da construção de uma cultura de paz, tecendo e ampliando as relações entre escola e comunidade e, visando o aumento das oportunidades de acesso à formação para a cidadania, refletindo em seu impacto sobre a violência urbana.
Para tal, esses cadernos reúnem subsídios que podem contribuir com o desenvolvimento integrado de políticas, programas, projetos e ações sob responsabilidade de agentes que compõem as seguintes Políticas Setoriais: “Lazer e esporte”, “Educação e diversidade” e “Segurança pública e cidadania”.
Para cumprir esse papel, os cadernos interativos não buscam a originalidade, mas reúnem discussões já empreen- didas e sistematizadas a respeito do tema, cuja importância é reconhecida em âmbito nacional.
No decorrer do texto, trazemos algumas sugestões, bem como as referências que deram origem às reflexões aqui apresentadas. Esperamos, assim, contribuir com a formação continuada dos leitores, instigando-os à busca constante de seu aprimoramento como profissional; e ao engajamento e ao comprometimento com a superação dos dilemas, sobre- tudo éticos, com os quais nos deparamos na política de maneira geral e, especialmente, no âmbito das Políticas Públicas de Esporte e Lazer.
CADERNOS INTERATIVOS - ELEMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS, (^10) PROGRAMAS E PROJETOS INTERSETORIAIS, ENFATIZANDO A RELAÇÃO LAZER, ESCOLA E PROCESSO EDUCATIVO.
A IMPORTâNCIA DA RECREAÇÃO E DO LAZER 11
Este caderno interativo foi divido em 4 partes diferentes. Na primeira parte, iremos tratar das concepções e signifi- cados de recreação e lazer presentes no contexto brasileiro; na segunda, apresentamos uma discussão sobre as relações existentes entre o lazer e as outras dimensões da vida do homem, com atenção especial a dimensão do trabalho; na terceira, abordamos a Legislação vigente e as relações estabelecidas com a questão do lazer e por fim, apresentamos as barreiras para o lazer e as interfaces possíveis entre lazer e qualidade de vida.
A IMPORTâNCIA DA RECREAÇÃO E DO LAZER 13
Nas décadas de 70 e 80, surge um entendimento diferente de recreação, influenciado principalmente pelo conceito apresentado por Dumazedier (1975), que a considera como uma das funções do lazer. Para esse autor, a função recreativa (que tem o sentido de divertimento) está relacionada com as outras funções de descanso e desenvolvimento do lazer, e orientada para a criação permanente do indivíduo por si mesmo. Respaldados por essa ideia, alguns autores (BRêTAS, 1997; MARCELLINO, 1987) têm expressado o entendimento de que a recreação não pode mais ser pensada apenas como uma atividade acrítica, e sim deve ser compreendida num sentido mais amplo, como uma das possibilidades de lazer.
Segundo Brêtas (1997), recreação pode ser entendida como o criar, o recrear e o recriar-se, que está intimamente atrelado à ação do homem sobre o mundo. Constitui-se, assim, num espaço privilegiado para a construção coletiva de novos conhecimentos e, ainda, em possibilidade de influenciar educadores mais comprometidos com as mudanças ne- cessárias para o surgimento de uma sociedade pautada em valores mais humanos.
Marcellino (1987) afirma a necessidade de recuperarmos o sentido de recreação como “recreare”, que significa criar de novo, dar vida nova, com novo vigor. E seguindo essa trilha, podemos reconhecer na recreação uma outra possibilidade, diferente da que vem sendo construída historicamente em nosso contexto. A recreação pode ser compreendida como maneira de reflexão e de in- teração consciente com a nossa realidade, o que nos pode auxiliar no encaminhamento de mudanças. É nesse sentido que acredito no trabalho com a “recreação”, compreendendo-a como a “recriação” que inclui o divertimento, mas não de uma forma alienada e dominadora e sim numa perspectiva de educação inovadora, que possibilite a criação, a recriação e, também, o divertimento.
É importante salientar que ainda existe pouco material escrito sobre essa concepção de recreação, ou seja, a pro- dução sobre esse tema ainda se tem restringido a um rol de atividades que devem ser seguidas, e não como um repertó- rio de vivências críticas e criativas, que deve ser usado com sensibilidade e com as adaptações que se fizerem necessárias para os diferentes sujeitos e os grupos sociais envolvidos.
Na história de nossa sociedade, observamos que, com a diminuição das horas de trabalho e com a crescente preocupação com a melhoria da qualidade da vida urbana, o lazer é valorizado e para ele, dirige-se o interesse dos estu- diosos de assuntos sociais. São pesquisadas e analisadas suas contribuições na vida dos indivíduos, diante da riqueza de possibilidades que ele oferece.
É preciso ressaltar que os estudos da área associam a origem etimológica da palavra lazer ao termo latino licere, que significa lícito, permitido.
CADERNOS INTERATIVOS - ELEMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS, (^14) PROGRAMAS E PROJETOS INTERSETORIAIS, ENFATIZANDO A RELAÇÃO LAZER, ESCOLA E PROCESSO EDUCATIVO.
Sobre a origem e a pronúncia da palavra licere é esclarecedor o artigo do Pe. Ricardo Dias Neto, intitulado “Lis- sére...Licthére...Likére: afinal, o que é lícito?, publicado na Revista Licere. v. 2, n.1, 1999. p.11-15.
Segundo Dumazedier (1979), a sociologia do lazer foi fundada nos Estados Unidos, mas foi nas décadas de 20 e 30 que os primeiros estudos da sociologia empírica do lazer surgem nos Estados Unidos e na França, buscando relacionar os fenômenos do lazer aos outros campos da realidade social. No entanto, foi somente a partir da Segunda Guerra Mundial que a sociologia do lazer e uma série de pesquisas sobre o assunto se proliferaram por outros países e passaram a se rela- cionar de modo mais frequente com outras áreas sociais, tais como: política, urbanismo, planejamento econômico, saúde e assistência social.
Vários autores (REQUIXA, 1977; MARCELLINO, 1996; BRAMANTE, 1998) afirmam ser a obra de Ferreira (1959), “Lazer operário: um estudo da organização social das cidades”, um marco inicial da preocupação com essas questões em nosso país. O autor realizou uma pesquisa com trabalhadores assalariados da cidade de Salvador (BA), destacando a importân- cia e os benefícios das atividades de lazer para a vida das pessoas, mas difunde uma perspectiva de lazer compensatória.
No estudo realizado por Ferreira (1959), percebe-se novamente a ideia de que lazer é um tempo, e de que a recre- ação está relacionada às atividades nele desenvolvidas. A recreação representava a possibilidade de organização racional do lazer, sendo capaz de auxiliar na manutenção do equilíbrio da sociedade diante dos grandes problemas apresentados pelas mudanças decorrentes da industrialização e do crescimento desordenado das cidades.
Em 1969, o lazer passa a ser tratado de forma institucional, com a realização de um seminário que visava à análise crítica sobre a situação do lazer no Brasil. O “Seminário de 1969” foi realizado, em São Paulo, pela Secretaria do Bem-Estar Social da Prefeitura de São Paulo e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc/São Paulo). Na oportunidade, vários temas de- batidos apresentaram diversidade de enfoques possíveis para a questão do lazer.
Para Requixa (1977), esse seminário representou um avanço e um alerta para as discussões sobre o lazer em nos- sa sociedade. Como principais resultados desse evento, o autor destacou as seguintes questões: a identificação de um grande número de pessoas (profissionais ou voluntários) que atuavam no campo do lazer; a possibilidade de conhecer a produção teórica da área e a consequente troca de experiências; a ampliação da concepção de lazer, extrapolando a faixa etária infantil; o despertar do interesse de outras regiões do Brasil em organizar seminários sobre o tema.
Demonstrando a importante contribuição da cidade de Porto Alegre (RS) para os campos de recreação e lazer, em setembro de 1973 foi criado o Centro de Estudos de Lazer e Recreação – CELAR, promoção conjunta da Pontifícia Univer-
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amplamente difundido foi o proposto por Dumazedier (1979, p.12); apesar de sua importância para a área, apresenta uma série de questões que necessitavam ser repensadas. O autor nos fala que:
“...o lazer é o conjunto de ocupações, às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para re- pousar, seja para divertir-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinte- ressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar- -se das obrigações profissionais, familiares e sociais.”
Dumazedier (1979) ainda apresenta um grupo de características que são fundamentais para caracterização do lazer: 1) Caráter libertário – o lazer é compreendido como a liberação das obrigações profissionais, familiares, socioespi- rituais e sociopolíticas, resultando de uma livre escolha do sujeito; 2) Caráter desinteressado – o lazer não precisa estar vinculado a algum fim especifico, seja de ordem profissional, utilitário, lucrativo, material, social, político; 3) Caráter he- donístico – a vivência do lazer é marcada pela busca do prazer e por isso o hedonismo representa o seu motivo principal;
Ainda entre os autores pioneiros na produção teórica do lazer, podemos citar Ethel Bauzer Medeiros e Renato Requixa. Medeiros (1980, p. 3) define o lazer como “espaço de tempo não comprometido, do qual podemos dispor li- vremente, porque já cumprimos nossas obrigações de trabalho e de vida”. Já Requixa (1980, p.35) define o lazer como “Ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive, e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”.
Essa definição concebe o lazer como tempo liberado das obrigações, constituindo-se no tempo residual de nos- sas vidas. Assim, podíamos chamá-lo de “tempo livre”. Marcellino (1987, p.29), afirma que o tempo não é “livre”, ou seja, “tempo algum pode ser considerado livre de coações ou normas de conduta social.” Esse autor propõe, então, o termo tempo disponível, porque é difícil pensar as vivências do ser humano desconectadas das influências de sua vida em sociedade.
A partir da década de 80, surgiram no cenário nacional autores que possibilitaram novo olhar sobre as questões do lazer. Alguns deles participaram do grupo constituído pelo Sesc e seus trabalhos tiveram influência direta de Dumazedier (1979). Dentre os estudiosos, destaca-se a contribuição dos trabalhos de Marcellino (1983;1987;1990) para o avanço nas discussões do lazer a partir de uma abordagem crítica, fundamentando um grande número de trabalhos que vêm sendo realizados na atualidade. O autor tem auxiliado sobremaneira na construção do campo de estudos do lazer no Brasil, desta- cando-se, dentre a sua obra, como as mais relevantes: “Lazer e humanização”, de 1983; “Lazer e educação”, de 1987; “Pedago- gia da animação”, de 1990; “Lazer: formação e atuação profissional”, de 1995, e “Estudos do lazer: uma introdução”, de 1996.
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Na obra de MARCELLINO (1987), ressaltamos a crítica da visão funcionalista do lazer, que esteve presente em mui- tos textos publicados em nosso país. Essa perspectiva aponta o lazer como algo altamente conservador, que busca a “paz social” e a manutenção da “ordem”, destacando-o também como instrumento para suportar a disciplina e as imposições de nossa vida em sociedade.
Marcellino (1987) apresenta quatro vertentes diferentes da visão funcionalista de lazer: romântica, moralista, compensatória ou utilitarista. Essa classificação é feita somente para fins de análise, pois elas não se encontram isoladamente, e sim interligadas no pensamento dos vários teóricos.
Repensando esse tema numa visão crítica, MARCELLINO (1987) situa o lazer como esfera da vida gerada historica- mente, da qual emergem valores questionadores da sociedade como um todo, e que também pode exercer influências na estrutura social vigente. O autor afirma que o lazer é a
“cultura – compreendida no sentido mais amplo – vivenciada no tempo disponível. Não se busca, pelo me- nos fundamentalmente, outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. A disponibilidade de tempo significa a possibilidade de opção pela atividade prática ou contemplativa” (p.31).
O conceito apresentado por Marcellino aponta a cultura como um elemento central na discussão do lazer. No entanto, o autor afirma que é preciso romper com a compreensão restrita que se tem de cultura, relacionado-a principal- mente às artes e espetáculos e ao volume de conhecimento adquirido pelos sujeitos.
Marcellino (1997, p. 157-158) apresenta ainda 4 pontos que devem ser considerados para a caracterização do lazer:
A IMPORTâNCIA DA RECREAÇÃO E DO LAZER 19
pois a diferença está no grau de obrigação. No lazer, pode-se optar com maior facilidade pelo o que se deseja fazer e em qualquer momento;
Analise as concepções de lazer apresentadas no texto, buscando discutir as semelhanças e diferença no pen- samento dos autores apresentados. Caso conheça algum outro autor que discuta o conceito de lazer, procure trazer as suas ideias para essa discussão.
Baseados nas concepções aqui apresentadas, entendemos o lazer de modo amplo e com características abran- gentes, fruto da sociedade contemporânea. É um espaço privilegiado para vivências críticas e criativas de conteúdos culturais. É importante também avançar no seu entendimento apenas como descanso e divertimento, e pensar na possi- bilidade de proporcionar desenvolvimento pessoal e social, por meio das diferentes vivências.
A questão da ocorrência histórica do lazer é algo bastante polêmico. Alguns autores consideram que, se os ho- mens sempre trabalharam, também pararam de trabalhar, consolidando assim um tempo de não trabalho. Esse tempo seria ocupado por vivências de lazer, mesmo nas sociedades chamadas “tradicionais”. Para outros autores, o lazer é fruto da sociedade moderna-urbana-industrial (MARCELLINO, 1996).
As duas correntes não são antagônicas, o que difere é o enfoque dado por cada uma delas: a primeira aborda a “necessidade de lazer”, sempre presente, e a segunda se detém nas características que essa necessidade assume na so- ciedade moderna. No caso da sociedade brasileira, é a partir da transição do estágio tradicional para o moderno, que se verifica uma ruptura entre a vida como um todo e o lazer, fazendo com que este adquira significação própria.
Temos, assim, dois estágios – considerados separadamente para fins de análise, mas que se apresentam num con- tinuum, ou são contemporâneos dentro da mesma sociedade, representativos de estilos de vida diferentes:
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É importante frisar que, ao fazermos a distinção, não estamos romantizando o primeiro tipo de organização, mes-
mo porque a dominação entre classes também era uma de suas características.
A industrialização, que pode ser considerada o divisor de águas entre os dois estágios, vem se consolidando, entre
nós, há algumas décadas e ao se consolidar, provoca uma série de modificações no comportamento das pessoas. Além
disso, acelera o processo de urbanização de novas áreas e promove a concentração populacional em torno de áreas já
urbanizadas.
A caracterização de nossa sociedade como predominantemente urbana começa a se configurar a partir do censo
de 1970, tendência essa confirmada pela análise dos números levantados em 1980, e mais contemporaneamente com
ênfase na concentração da população nos grandes centros urbanos.
Mesmo que convivam, ainda hoje, os dois “modelos” de sociedade, em diferentes regiões do país, os valores vei-
culados pela indústria cultural, através dos meios de comunicação de massa, são os da sociedade moderna-urbana- -industrial, fazendo com que as questões relativas ao lazer sejam entendidas a partir desses valores hegemônicos.