Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA EFICAZ, Teses (TCC) de Administração Empresarial

A importância da criação de uma cultura de comunicação interna eficaz em FURNAS, em virtude da sua decisiva influência no processo de realinhamento dos objetivos e da modernização da empresa, e, até mesmo, na sua reorganização e reestruturação com o intuito de perpetuar a sua história de sucesso, motivação maior da escolha do tema desta monografia

Tipologia: Teses (TCC)

Antes de 2010

Compartilhado em 22/04/2025

luiz-roberto-bezerra-1
luiz-roberto-bezerra-1 🇧🇷

1 documento

1 / 65

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA EFICAZ
PARA A EMPRESA FURNAS PERPETUAR O SUCESSO EM
UM AMBIENTE COMPETITIVO E DE MUDANÇAS
LUIZ ROBERTO BEZERRA
Orientação Acadêmica:
Patrícia Amélia Tomei
Fernando Henrique da Silveira Neto
Orientação Metodológica:
Yasmin Maria Rodrigues Madeira da Costa
Orientação Técnica:
Luiz Roberto Alves Correia
Rio de Janeiro
Novembro / 2007
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41

Pré-visualização parcial do texto

Baixe A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA EFICAZ e outras Teses (TCC) em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA EFICAZ

PARA A EMPRESA FURNAS PERPETUAR O SUCESSO EM

UM AMBIENTE COMPETITIVO E DE MUDANÇAS

LUIZ ROBERTO BEZERRA

Orientação Acadêmica: Patrícia Amélia Tomei Fernando Henrique da Silveira Neto Orientação Metodológica: Yasmin Maria Rodrigues Madeira da Costa Orientação Técnica: Luiz Roberto Alves Correia

Rio de Janeiro

Novembro / 2007

ii UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA EFICAZ

PARA A EMPRESA FURNAS PERPETUAR O SUCESSO EM

UM AMBIENTE COMPETITIVO E DE MUDANÇAS

LUIZ ROBERTO BEZERRA

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Gestão Empresarial

Rio de Janeiro

Novembro / 2007

iv AGRADECIMENTOS Agradeço à minha esposa pelo apoio, paciência e compreensão; à minha família pelos ensinamentos adquiridos; aos meus gurus, dentre eles, o amigo Cesar de Barros Pinto, pelo apoio, incentivo e trocas de idéia e pelo “pente fino” no texto; ao Alexandre, Joerlei, Paulinho e Renzo pelas colaborações recebidas; ao Mario Cotia pela revisão do texto; aos meus colegas e amigos do PGE pelo incentivo; e, a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização desta monografia.

v MENSAGEM “Temos 2 olhos para enxergar em profundidade.” “Uma constelação de estrelas tem mais brilho do que uma estrela solitária.” “Mais importante do que falar, é ser ouvido.” Em memória de minha avó materna. Maria Martins da Silva

vii Sendo assim, para enfrentar e vencer os desafios impostos por essa profunda e radical mudança institucional, torna-se imperativo o realinhamento dos seus objetivos e sua modernização para que FURNAS alcance, neste ambiente aberto, competitivo e de mudanças, o mesmo sucesso empreendedor do seu invejável currículo. Compreender e comprometer-se com uma nova direção é uma tarefa bastante difícil e complexa, especialmente em grandes empresas como é o caso de FURNAS. Ora, por definição, uma empresa, ou uma organização, é composta por 2 ou mais pessoas que se reúnem, com espírito de colaboração, para atingir um objetivo comum, somente alcançado quando a maioria das pessoas envolvidas na empresa tem um mesmo entendimento de seus objetivos, direção e sentido. Portanto, o que se espera em uma empresa é o comportamento homogêneo das pessoas que a compõem, a coerência das suas condutas, o alinhamento das suas formas de pensar e de agir. Como a realidade é percebida pelas pessoas de maneira distinta e assimétrica, para a obtenção de um senso comum, faz-se necessária a troca e o nivelamento de informações entre todos os indivíduos da organização. Entretanto, diante de reviravoltas no mercado, competição mais acirrada, clientes mais exigentes, urge que o processo de comunicação interna se torne eficaz. As empresas devem se comportar como quaisquer outros organismos vivos, percebendo prontamente as ameaças, adaptando-se rapidamente às mudanças. Essa é a única maneira de sobreviver e ter sucesso – investir no processo de comunicação. Sendo assim, esta monografia abordará a importância da criação de uma cultura de comunicação interna eficaz em FURNAS , em virtude da sua decisiva influência no processo de realinhamento dos objetivos e da modernização da empresa, e, até mesmo, na sua reorganização e reestruturação com o intuito de perpetuar a sua história de sucesso, motivação maior da escolha do tema desta monografia.

viii

  • CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO SUMÁRIO
  • 1.1. Situação Problema.
  • 1.2. Justificativa do Trabalho.
  • 1.3. Objetivo Principal.
  • 1.4. Objetivos Intermediários / Específicos.
  • 1.5. Estrutura da Monografia.
  • CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA
  • 2.1. Tipo de Pesquisa.
  • 2.2. Coleta de Dados.
  • CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
  • CAPÍTULO 4 – REFERENCIAL TEÓRICO.
  • 4.1. Introdução.
  • 4.2. Qual a importância da comunicação interna eficaz no contexto da mudança?
  • 4.3. O que é comunicação interna eficaz?
  • 4.4. Quais são as principais barreiras ao fluxo eficaz de informação?
    • 4.4.1. Padrões Disfuncionais de Comportamento.
    • 4.4.2. Falta de Visão e Liderança Organizacional.
    • 4.4.3. Barreiras Estruturais e Organizacionais.
    • 4.4.4. Barreiras Interculturais.
    • 4.4.5. Excesso de Dados.
    • 4.4.6. Barreira da Cultura Organizacional.
    • 4.4.7. Barreira da soberania.
      • sobrevivência da empresa? 4.5. Por que a comunicação interna eficaz é fundamental na competitividade e
  • 4.6. Qual a relação entre comunicação e poder? - geográficas) ao fluxo eficaz de informações? 4.7. No caso de FURNAS, quais as principais barreiras (estruturais, culturais e
  • 4.8. Qual a importância do inter-relacionamento na comunicação interna eficaz?

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 - Situação Problema Este trabalho procurará abordar a importância de a comunicação interna eficaz em FURNAS , em virtude da sua decisiva influência no processo de realinhamento dos objetivos e da modernização da empresa e, até mesmo, na sua reorganização e reestruturação com o intuito de perpetuar a sua bem sucedida história de pioneirismo, motivação maior da escolha do tema dessa monografia. Como melhorar o fluxo interno de informações em FURNAS para tomar decisões ágeis e corretas para o necessário realinhamento de seus objetivos e a sua modernização? 1.2 - Justificativa do Trabalho O atual cenário institucional do setor elétrico, no qual a empresa FURNAS se insere, pode ser descrito por um ambiente competitivo, composto por empresas estatais, novos entrantes – empresas privadas nacionais e de capital estrangeiro – fornecedores de equipamentos e provedores de infra-estrutura (construtoras, projetistas, etc.), consumidores, e ameaças de concorrentes substitutos (novas tecnologias de armazenamento de energia e setor de gás natural). O macroambiente inclui as condições econômicas do país e do mundo – com influência sobre o custo do capital, no risco Brasil – o ambiente político nacional, caracterizado pela decisão do Estado de estimular a iniciativa privada a participar diretamente na construção e exploração da infra-estrutura do país e do ambiente político externo, caracterizado pela decisão de alguns países como a Espanha, Portugal e Itália em realizar investimentos no Brasil. Nesse ambiente aberto, faz-se necessário que a empresa realinhe os seus objetivos e se modernize para competir eficazmente e sobreviver.

Considerando: que, por definição, uma empresa, ou uma organização, é composta por 2 (duas) ou mais pessoas que se reúnem – com espírito de colaboração – para atingir um objetivo comum; que a realidade é percebida pelas pessoas de maneira distinta e assimétrica; que o objetivo comum, o consenso, é o resultado de um processo de comunicação com ênfase nos resultados pretendidos – troca e nivelamento de informações; que FURNAS é uma empresa de dimensão geográfica continental – barreira geográfica; que FURNAS é composta por pessoas de diferentes culturas regionais – barreira cultural; que a estrutura organizacional de FURNAS é fortemente hierarquizada e, sobretudo, cujo processo decisório é bastante inflexível em função das rígidas regras de empresas públicas, apesar de ser uma empresa de economia mista – barreira estrutural; que o ambiente do setor elétrico passou e ainda está passando por profundas mudanças; conclui-se que é imperativa a busca da Comunicação Eficaz na Empresa , motivação maior da escolha do tema dessa monografia. 1.3 - Objetivo Principal Este trabalho tem como objetivo principal buscar conhecimentos e informações mais aprofundadas que ajudem a identificação das principais barreiras (estruturais, culturais e geográficas) ao fluxo eficaz de informações na empresa, bem como efetuar o levantamento das portas de comunicação existentes, e sugestões de aprimoramentos em potencial para superação das barreiras, inclusive, para melhorar a cultura de comunicação interna como um todo. 1.4 - Objetivos Intermediários / Específicos Este trabalho tem como objetivos intermediários responder às seguintes perguntas, sob o ponto de vista do referencial e, quando possível, com enfoque também no caso FURNAS:

  1. Qual a importância da comunicação interna eficaz no contexto da mudança?
  2. O que é comunicação interna eficaz?
  3. Quais são as principais barreiras ao fluxo eficaz de informação?

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA

2.1 - Tipo de Pesquisa Este trabalho se classifica principalmente como uma pesquisa descritiva, pois busca identificar no referencial teórico, conceitos e pontos relevantes sobre a importância da comunicação interna eficaz na empresa para o necessário realinhamento de seus objetivos e sua modernização e capacitação para competir eficazmente e sobreviver. 2.2 - Coleta de Dados Para a elaboração deste trabalho foi usada a revisão bibliográfica, com o estudo sistemático de material publicado em livros, artigos, teses, monografias, revistas e na internet. O estudo contou ainda com a vivência do autor na criação da estrutura de comercialização em FURNAS para fazer frente ao ambiente de concorrência do setor elétrico. As observações e relatos do autor se baseiam no conhecimento adquirido com a sua efetiva participação na criação e evolução da estrutura de comercialização de FURNAS, em especial, na condição de gerente - líder e responsável - pelos processos de comercialização da transmissão, e na condição de coordenador do Grupo de Regulação e Contratos da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica – ABRATE.

CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA

FURNAS nasceu com o desafio de sanar a crise energética que ameaçava, em meados da década de 50, o abastecimento dos três principais centros socioeconômicos brasileiros - São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na residência de verão do Governo, no Palácio do Rio Negro, em Petrópolis, o Presidente Juscelino Kubitscheck, em 28 de fevereiro de 1957, através do Decreto Federal nº 41.066, criou a Central Elétrica de Furnas S.A., com a missão de construir e operar, no rio Grande, a primeira usina hidrelétrica de grande porte do Brasil que evitaria o colapso energético da Região Centro-Sul do Brasil – a Usina Hidrelétrica de Furnas, com capacidade de 1. MW. Rio Grande, em Passos, MG, local escolhido para a construção da Usina de Furnas FURNAS começou a funcionar efetivamente em 1963, em Passos (MG). Em 1º de junho de 1971, a sede foi transferida para o Rio de Janeiro e a Empresa ganhou um novo nome: FURNAS - Centrais Elétricas S.A., que melhor expressa a proposta de construção de um conjunto de usinas. É importante registrar que a criação de FURNAS ocorreu 2 dias depois da promulgação do Decreto Federal nº 41.019 que regulamentou os serviços de energia elétrica e, segundo o qual, as tarifas do serviço concedido eram estabelecidas com base nos custos efetivamente incorridos acrescidos de uma remuneração garantida de 10 a 12%, seguindo a regulamentação dos Estados Unidos.

Na prática, entretanto, o regime de remuneração garantida foi sendo progressivamente deteriorado. As tarifas passaram a ser estabelecidas aquém dos valores necessários para a cobertura do custo do serviço, como um instrumento de curto prazo para controle da inflação utilizado pelo Poder Executivo. Foi criada ainda a Conta de Resultados a Compensar - CRC que passou a acumular dívidas entre os concessionários. Os problemas de expansão do setor elétrico só não foram agravados porque a natureza estatal das empresas fazia com que as mesmas continuassem a investir, mesmo com uma rentabilidade duvidosa e com grandes riscos regulatórios. Em 1978, durante a crise do petróleo, buscando incentivar a eficiência e reduzir a dependência por combustíveis fósseis, foi publicado, nos Estados Unidos da América, o Public Utilities Regulatory Policy Act - PURPA , que estabeleceu para as empresas concessionárias de energia elétrica, a obrigação de comprar energia elétrica de produtores independentes de energia por preços equivalentes aos seus “custos evitados”, ou seja, comprar energia por preços que fossem inferiores aos custos de geração que a concessionária apresentava ou apresentaria, se fosse ampliar sua geração própria. Em decorrência do referido ato, apesar dos produtores independentes de energia não poderem fornecer energia diretamente a consumidores, em 1993, cerca de 50% da capacidade de geração em implantação nos EUA pertencia a produtores independentes de energia. Nos anos 80, mudanças na organização do setor elétrico se disseminaram no mundo, a partir de experiências pioneiras no Reino Unido e no Chile. Estas alterações tiveram em comum 2 pilares: a introdução da concorrência em um setor e, a substituição do Estado pela iniciativa privada na exploração de atividades econômicas, exceto quando não cabível. Inicia- se no mundo, um processo de privatização de empresas estatais em larga escala. Este processo também chegou ao Brasil, com o mote da “ineficiência” do sinal econômico da tarifa e pela grave crise de financiamento do setor público. Assim é que, há quase 20 anos, a promulgação da Constituição Federal de 1988 consignou a decisão da sociedade brasileira de incentivar a atividade privada e restringir a exploração da atividade econômica pelo Estado.

Conforme estabelecido no Título VII, referente à ordem econômica e financeira, especificamente no Capítulo I, que trata dos princípios gerais da atividade econômica, encontra- se definido no Art. 173 que a exploração da atividade econômica pelo Estado só é permitida nos casos previstos na Constituição e, mesmo assim, quando necessário aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, remetendo à lei a definição destas exceções. É importante citar que o seu § 1º estabelecia ainda que as sociedades de economia mista (empresas estatais) que exploravam atividade econômica sujeitavam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas. Adicionalmente, o Art. 175 dispôs que “incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. A Lei nº 8.631, de 04 de março de 1993, deu o primeiro passo para a reforma institucional do setor elétrico brasileiro. Extinguiu o regime de remuneração garantida e a Conta de Resultados a Compensar – CRC, promoveu equilíbrio financeiro setorial, individualizou as tarifas, anteriormente equalizadas em todo o país, e introduziu uma fórmula paramétrica para regular o processo de reajuste tarifário. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamentou o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e instituiu normas para licitações e contratos da Administração Pública. Dentre outras providências estabeleceu ainda a sujeição das sociedades de economia mista às suas disposições. A exigência de realização de licitação para a outorga de concessões, estabelecida no art.175 da Constituição Federal, sinalizava, para o setor elétrico, uma profunda mudança de modelo em relação ao monopólio estatal até então vigente. Entretanto, a expansão do setor elétrico brasileiro não se concretizou conforme a necessidade em virtude das dificuldades inesperadas para a sanção da lei que o regulamentaria. Resultado: passaram 7 anos entre 1988 e 1995, até ser promulgada a denominada Lei das Concessões – Lei nº 8.987, por falta da norma legal regulamentadora, nenhuma nova concessão para geração ou transmissão de energia elétrica foi outorgada.

Em decorrência dos esforços do Poder Executivo para atrair agentes privados para o setor, as primeiras licitações para outorga de concessões de geração de energia elétrica ocorreram ainda em 1995, conduzidas ainda pelo extinto Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE e referiram-se ao Aproveitamento Hidrelétrico Cachoeira do Emboque, de apenas 18 MW, localizado no Município de Raul Soares, Minas Gerais, e ao Aproveitamento Hidrelétrico de Cubatão, de 45 MW, localizado no Município de Joinville, Santa Catarina. O contrato de concessão do AHE Emboque foi assinado em 4 de julho e 1996 e o do AHE Cubatão em 10 de outubro de 1996. A Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e disciplinou o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica, reforçando o regime econômico e financeiro da concessão de serviço público de energia elétrica que já havia sido estabelecido na Lei nº 8.987/1 993 - tarifas baseadas no serviço pelo preço. Naquela altura, ciente da incapacidade de captação ou geração própria dos recursos necessários para investir no setor elétrico, de forma a atender ao crescimento da demanda provocado pelo Plano Real, e sabedor do atraso no início de novas obras de geração e transmissão, decorrente do vácuo legal provocado pela demora na regulamentação do art. 175 da Constituição Federal, o Poder Executivo buscou estabelecer, rapidamente, uma base legal que atraísse capitais privados, para todos os segmentos possíveis da indústria de energia elétrica brasileira. No entanto, o modelo institucional escolhido exigia maiores mudanças nas empresas, maiores alterações nas relações existentes entre os agentes, maior complexidade de arranjos legais e comerciais, maior regulamentação, e nenhum trabalho nesse sentido estava em andamento. Considerando estes problemas, no período compreendido entre 1996 e 1998, o Poder Executivo conduziu, sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME), um projeto para viabilizar a reforma do setor elétrico denominado Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RESEB).

Após cerca de 2 anos e meio de trabalhos envolvendo expressiva quantidade de técnicos e consultores nacionais e estrangeiros, o Projeto RESEB produziu ampla documentação, de grande valia para a análise dos problemas que surgiram na implantação das propostas que dele decorreram, e indispensável para qualquer reavaliação do processo de reestruturação do setor elétrico nacional. Deste conjunto de documentos, é oportuno destacar que, pouco após o início dos trabalhos, em outubro de 1996, foi emitido, no âmbito do Projeto RESEB, o documento “Estágio I - Relatório Sumário” que já trazia, de forma sintetizada, importantes considerações quanto à indústria de energia elétrica nacional, alterações a serem implementadas e problemas associados. O processo de saída do Estado da exploração da atividade econômica, entretanto, somente foi iniciado, na prática, há menos de 10 anos, com a publicação da Lei nº 9.648, em 27 de maio de 1998, que definiu os novos rumos do setor elétrico, com destaque para:  a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias (CHESF, ELETRONORTE, ELETROSUL e FURNAS);  a criação do Operador Nacional do Sistema – ONS;  a regulamentação do Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE, consolidando a distinção entre as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica; e,  a introdução da livre negociação para a compra e venda de energia elétrica entre concessionários, permissionários e autorizados. O art. 10 da Lei no^ 9.648, de 27 de maio de 1998, estabeleceu a obrigação de concessionários, permissionários e autorizados contratarem energia e demanda de potência, de acordo com os montantes definidos pelos extintos Grupo Coordenador para Operação Interligada. GCOI, e Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos. GCPS, cabendo à Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, homologar os referidos montantes e regular as tarifas correspondentes. O referido comando legal foi regulamentado pelo art. 26 do Decreto n o 2.655, de 2 de julho de 1998, e pela Resolução da ANEEL n o 244, de 30 de julho de 1998. Os contratos que resultaram das referidas normas tornaram-se conhecidos no setor como “Contratos Iniciais”, e regulavam a maior parte das operações de compra e venda de energia efetuadas entre empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica no Brasil, cujos valores totais envolvidos atingiam cifras da ordem de bilhões de dólares anuais.