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Este documento discute a importância da nova versão do texto descoberto em nag hammadi, conhecido como o primeiro apocalipse de tiago. O texto, que não é um apocalipse propriamente dito, mas sim um diálogo de revelação entre jesus e tiago, foi estudado por acadêmicos especializados em ciências das religiões. O texto, que data de 1945, foi descoberto em uma biblioteca copta na cidade moderna de nag hammadi, no sul do egito. O texto é interessante por sua origem siríaca e sua ligação a tiago, o justo, um discípulo de jesus que era judeu exemplar e frequentava o templo. O texto apresenta elementos anti-judaicos, mas seu objetivo é demonstrar a passagem da antiga aliança para a gnose, não para promover sentimentos anti-semitas.
Tipologia: Notas de estudo
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Julio Cesar Dias Chaves•
Resumo
A publicação do Codex Tchacos em 2006 trouxe ao conhecimento dos estudiosos uma nova versão do Primeiro Apocalipse de Tiago , texto antes conhecido somente por meio da versão do Codex V de Nag Hammadi. A nova versão em questão ajuda no entendimento de passagens do texto que eram antes desconhecidas devido a lacunas na versão do Codex V. Um desses trechos relata o advento de uma terceira guerra, além das duas outras geralmente identificadas com as guerras da Judéia de 70 e 133 e já conhecidas na versão do Codex V. Este artigo procura discutir tal assunto, sugerindo ainda que a terceira guerra seja a guerra escatológica, amplamente citada no conjunto da literatura apocalíptica judaico- cristã.
Palavras-chave: Nag Hammadi; gnosticismo; apocalíptica; cristianismo primitivo; literatura copta.
Abstract
The publication of Codex Tchacos in 2006 brought to light a new version of the First Apocalypse of James , previously known only by its version in Nag Hammadi Codex V. The
(^1) Uma versão deste artigo foi apresentada em forma de comunicação no III Seminário do Programa de Estudos Judaico-Helenísticos em novembro de 2008 com o título de “O Primeiro Apocalipse de Tiago (NH V, 3) e o tema das guerras”. Na ocasião, alguns dos participantes, em especial o professor Vicente Dobroruka, fizeram importantes sugestões que foram levadas em conta na redação da presente versão. Como a versão do Primeiro Apocalipse de Tiago do codex Tchacos foi publicada recentemente, uma quantidade considerável de artigos e comunicações sobre o texto em questão apareceu nos últimos anos. Essa versão cita alguns desses artigos que apareceram nos últimos meses e que obviamente, ainda não estavam disponíveis na época de redação da comunicação. Cabe ainda um agradecimento ao GRECAT (Groupe de recherche sur le christianisme ancien et l’antiquité tardive) da Université Laval, Québec, Canadá, que tornou possível a redação deste artigo por meio de subvenções.
ISSN: 1807-
new version in question helps with the interpretation and understanding of some obscure passages that were not readable in Codex V version, due to many lacunas. One of these passages tells us about a third war, one more than the previously two wars already known from Codex V version. The first two wars can be easily identified with the wars that took place in Judea around 70 A.D. and 133 A.D. respectively. This article is a modest discussion on this matter that suggests that the third war could be identified with the eschatological war, widely mentioned in the great spectrum of Jewish-Christian apocalyptic literature.
Keywords: Nag Hammadi; Gnosticism; Apocalyptic; Early Christianity; Coptic literature.
A descoberta, em 1945, de um conjunto de textos cristãos antigos nas proximidades da cidade moderna de Nag Hammadi, sul do Egito, propiciou aos estudiosos do cristianismo primitivo uma série de fontes inéditas^2. Tal conjunto de textos ficou conhecido como Biblioteca copta de Nag Hammadi^3 e comporta ao todo 13 códices de papiro com coberturas de couro. Crê-se que os textos que integram esta coleção tenham sido originalmente compostos em grego em algum momento entre a segunda metade do séc. II e o início do séc. IV^4 ; mas o que se tem na BCNH são traduções e versões em copta, a língua vernácula do Egito na antiguidade tardia. Essas traduções foram feitas em algum momento no início do séc. IV, provável data de confecção dos próprios códices da BCNH^5.
Na maioria dos casos, os textos coptas da BCNH são as únicas versões que sobreviveram até os dias de hoje, o que aumenta seu valor como fonte primária para o estudo do cristianismo primitivo. Um desses textos em específico, o Primeiro Apocalipse de Tiago^6 encontrava-se nessa situação até pouco tempo; este texto é parte integrante do codex V de Nag Hammadi, um codex que ficou conhecido por conter quatro textos com o título
manuscrito é simplesmente “Tiago”, não sendo a palavra “apocalipse” utilizada^13. Poder-se- ia caracterizar o texto em questão, portanto, no que diz respeito ao gênero literário, como um diálogo de revelação^14 no qual Jesus faz revelações a Tiago. São ao todo nove diálogos divididos em duas partes: os diálogos antes da Paixão e Ressurreição de Jesus (7) e os diálogos após a Ressurreição (2); estes dois últimos constituem o ápice da revelação de Jesus a Tiago.
O tom das revelações é nitidamente valentiniano e diz respeito, em grande medida, à ascensão pela qual a alma do gnóstico deve passar após a morte do corpo para chegar ao pleroma, à morada do Pai; Jesus fala sobre a geografia celeste e os obstáculos que o gnóstico encontrará em sua jornada rumo ao pleroma. Jesus revela ainda as senhas que a alma que ascende deve pronunciar para poder passar pelos arcontes, os anjos do criador do mundo material. O receptor da revelação é Tiago, que poderia ser considerado como o tipos gnóstico. Alguns comentaristas^15 , no entanto, argumentam que o objetivo do texto não é a descrição de um sistema gnóstico, mas sim relacionar as origens de determinada escola “gnóstica” ao personagem de Tiago.
O Tiago em questão não é um dos dois apóstolos de mesmo nome, ambos citados nos evangelhos^16 , mas aquele que ficou conhecido desde cedo na tradição do cristianismo primitivo como “Tiago, o Justo” ou “Tiago, o Irmão do Senhor”. A narrativa do texto varia entre a primeira e a terceira pessoa, fato comum entre textos apocalípticos^17 ; de qualquer modo, trata-se, obviamente, de um caso de pseudonímia e a escolha do personagem não é aleatória. Tiago, o Justo, foi descrito por várias fontes antigas como um asceta de conduta exemplar, alguém que realizava penitências duríssimas, não bebia vinho e tinha os joelhos em carne viva de tanto rezar^18. Era, antes de tudo, um judeu discípulo de Jesus, extremamente próximo do mestre; vem daí, inclusive, o epíteto de “irmão do
(^13) Sobre a possibilidade de o escriba do codex V ter acrescentado a palavra “apocalipse” ao título de seu manuscrito, ver CHAVES, Julio Cesar. L'emploi du mot apocalypse et l'unité du codex V de Nag Hammadi. Comunicação apresentada no Colloque étudiant - L'antiquité dans tous ses états”. Québec: Université Laval, 30 de março 2007. 14 15 PERKINS, Pheme.^ The Gnostic Dialogue. New York, Ramsey, Toronto: Paulist Press, 1980. Notadamente Veilleux (Cf. VEILLEUX. La Première Apocalypse de Jacques et la Deuxième Apocalypse de Jacques , pp. 10-11). 16 17 Ver, por exemplo, Mt 10, 2-3. Sobre tal aspecto, ver CHAVES, Julio Cesar. Between Apocalyptic and Gnosis. The Nag Hammadi Apocalyptic Corpus: Delimitation and Analysis. 18 Saarbrücken: Lambert Academic Publishing, 2010. Notadamente Hegésipo em Hypomnemata e Clemente de Alexandria em Hypotyposes , ambos conservados por Eusébio de Cesárea (respectivamente História Eclesiástica II, 23, 4-18 e II, 1, 1); para outros relatos sobre esse Tiago, inclusive neo-testamentários, ver VEILLEUX. La Première Apocalypse de Jacques et la Deuxième Apocalypse de Jacques , pp. 1-5.
Senhor”, pois, como explica o nosso texto, trata-se de uma fraternidade espiritual^19. Ainda segundo várias fontes antigas, Tiago era judeu exemplar, e como judeu exemplar, freqüentava o Templo e era inclusive respeitado e venerado pelos doutores da lei, que viam nele exemplo de vida ascética e de homem temente a Deus. O fato de esse Tiago ser o suposto receptor da revelação é um dos argumentos de alguns estudiosos para a defesa da possibilidade de o texto ter suas origens em ambientes judaico-cristãos^20.
Assim sendo, o argumento de que se trataria de um texto com elementos anti- semitas não procede^21 ; apesar de o texto apresentar diversos elementos contra o culto do Templo e Jerusalém, e até mesmo contra os doze apóstolos, o que se pretende é demonstrar a passagem da Antiga Aliança para a Gnose; mais do que uma passagem para a Nova Aliança, trata-se de uma passagem, por meio de Tiago, o protótipo do gnóstico, para a Gnose. A atitude de polêmica contra o judaísmo e o Templo é um convite à conversão, um convite à passagem para a Gnose. Ao mesmo tempo, as polêmicas contra os doze apóstolos demonstrariam que a passagem do judaísmo não deveria culminar com a aceitação do cristianismo da Grande Igreja, o cristianismo que se dizia herdeiro da tradição apostólica, mas sim com a passagem a algo maior, a Gnose. Mais um fator que contribui com a escolha de Tiago como receptor da revelação; ele era um discípulo de Jesus, alguém que estava tão próximo do Mestre a ponto de poder ser chamado de “Irmão do Senhor”, mas que ao mesmo tempo, não fazia parte do grupo dos 12 apóstolos, não estando assim, associado à Igreja da sucessão apostólica.
Ainda no que diz respeito ao judaísmo e à Jerusalém, é interessante citar uma passagem na qual Jesus, falando a Tiago antes da revelação, refere-se à cidade santa; na passagem em questão, Jesus adverte Tiago sobre a Paixão e revela ao seu discípulo que ele também passará por algo semelhante. Segue a passagem:
“Não temas, Tiago! Apanhar-te-ão a ti também. Mas separa-te de Jerusalém! Pois é ela que dá a taça da amargura durante todos os tempos aos filhos da luz. É um lugar de
(^19) NH V 24, 13-16. (^20) Torna-se cada vez mais claro que esse texto tem suas origens em ambientes judaico-cristãos do séc. II. Infelizmente, no entanto, o Primeiro Apocalipse de Tiago nunca foi levado a sério pelos estudiosos do cristianismo judaico nos primeiros séculos da era cristã. 21 Veilleux, por exemplo, argumenta contra o objetivo anti-semita do texto (Cf. VEILLEUX. La Première Apocalypse de Jacques et la Deuxième Apocalypse de Jacques , pp. 10-12).
Templo e mesmo de Jerusalém, a morte de Tiago aconteceu dentro do próprio Templo, tendo sido assim um ato de sacrilégio.
Ter-se-ia, portanto, um cenário no qual a iniqüidade do povo da Antiga Aliança teria causado sua própria ruína, restando-lhes somente a possibilidade de escolher entre três opções: o que sobrou de sua religião, a Grande Igreja ou o que segundo o nosso texto seria a plenitude da revelação, a Gnose. É importante, no entanto, enfatizar o fato de se tratar de um texto gnóstico, ou seja, para o 1ApocTiago as catástrofes desse mundo são irrelevantes, pois o que importa é a ascensão dos seres espirituais ao reino do verdadeiro Deus. Assim sendo, para o autor do texto em questão, a destruição do Templo e de Jerusalém é um ato de fúria do deus dos judeus, o criador do mundo material que na mitologia gnóstica é um ser diferente do Deus supremo e infinitamente bom. Era a esse deus que Tiago, na condição de judeu exemplar, servia até receber a revelação pós – pascal de Jesus; daí o fato de seu martírio ter causado a fúria desse criador que gerou a guerra e a conseqüente destruição do Templo e de Jerusalém.
Em um dos seus discursos revelatórios, Jesus prevê que Jerusalém passará por três guerras. O trecho possui alguns clichês apocalípticos, em especial o que diz respeito à ordem que Jesus dá a Tiago para guardar em segredo as revelações, revelando-as posteriormente a um certo Addai que, depois de um período, deverá escrevê-las; deve-se citar ainda que o trecho em questão é peculiar à versão do codex Tchacos pois o manuscrito do codex V encontra-se deveras mal preservado nesse ponto, não tendo restado quase nada^27 :
[Tu deves manter] estas coisas que eu disse [em segredo], e elas permanecerão em teu coração e te calarás sobre elas. Mas as revelarás a Addai quando partires da carne e então, esta terra entrará em guerra. E ela beberá de sua própria taça, pois ela enervou o deus que habita em Jerusalém. Mas deixe que Addai guarde estas palavras em seu coração por dez anos, e então ele deverá escrevê-las (...) elas serão então entregues a Manael (...) que esta pessoa guarde esse livro como herança para os filhos. E dele virá uma semente santa, digna de herdar essas [coisas] que eu disse (...) Ele receberá o nome de Levi. Então, a terra entrará em guerra novamente. Mas Levi, sendo uma criança, esconder-
(^27) Apesar, no entanto, do péssimo estado de conservação do trecho em questão na versão do Codex V de Nag Hammadi, é possível fazer sua reconstituição quase que total utilizando-se a versão do Codex tchacos.
se-á lá e nenhuma palavra do que eu disse sairá de seus lábios. E ele desposará uma mulher de Jerusalém, de sua geração, e ele terá dois filhos e o segundo herdará essas palavras (...) e ele as manterá escondidas até atingir seu décimo – sétimo aniversário. E então, a terra entrará em guerra. Mas como ele não estará lá, ele será preservado de acordo com a providência, e ele crescerá e governará várias províncias. Muitos serão salvos por meio dele, e ele fará com que esta palavra se torne dogma para várias províncias (...) E estas coisas acontecerão para afastar os arcontes (CT 23, 10-25-14)^28.
Como dito anteriormente, o trecho em questão possui vários clichês apocalípticos. Além da necessidade de se manter a revelação em segredo, transmitindo-a somente a alguns escolhidos que teriam então o dever de perpetuá-la, transmitindo-as, mais uma vez, a um seleto grupo, o trecho nos mostra Jesus profetizando no conhecido estilo das profecias ex- eventu. Não seria absurdo, portanto, pensar que as duas primeiras guerras das quais fala Jesus seriam exatamente as Guerras de 70 e 133 na Judéia. Há em relação à primeira certa ênfase, pois é dito que Jerusalém beberá do seu próprio cálice, ou seja, aquele cálice da amargura citado anteriormente (NH V 25, 13-21; CT 11, 20-23); por ter perseguido os filhos da luz e lhes dado o cálice da amargura, Jerusalém terá de enfrentar a guerra. A amargura de Jerusalém estaria em ver a ruína de seu próprio Templo, o fim da Antiga Aliança.
Em relação à segunda guerra é dito que Levi, aquele que seria o detentor da revelação à época, desposará uma mulher da própria Jerusalém, o que, muito provavelmente, tem como objetivo salientar que mesmo não fazendo mais parte da Antiga Aliança, tendo aderido a Gnose, o transmissor da revelação continua sendo judeu. Isso reforçaria a tese de que o texto teria se originado em círculos judaico – cristãos, sendo assim um chamado à conversão daqueles que insistiriam em permanecer ligados ao judaísmo. Inclusive, A genealogia que vai de Addai a Levi tem, muito provavelmente, o objetivo de legitimar a revelação do texto. O fato de se traçar a história dessa revelação, ligando-a a Tiago, o Justo e consequentemente a Jesus, confere-lhe autoridade em face daqueles que tiveram contato com ela a partir da redação do texto. Se quem consumisse o
(^28) Na tradução e edição de textos coptas em geral, postulou-se que a utilização de colchetes designa uma lacuna no texto. Portanto, as palavras do trecho em questão que estão entre colchetes foram reconstituídas pelos editores do texto.
purificação desse mundo, mas sim no retorno ao pleroma que é essencialmente espiritual. Citar a “terceira guerra” seria apenas uma maneira retórica de se dirigir a um público judaico–cristão que conhecia bem a linguagem e a imaginação apocalíptica.
Referências bibliográficas
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