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A GUERRA DOS 30 ANOS: Uma abordagem histórica da falta ..., Notas de aula de Conflito

do Guerra dos 30 Anos, a França também toma parte no conflito contra a Espanha ... ​Católicos x Protestantes: ​A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Edição.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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FACULDADE BATISTA PIONEIRA
JOÃO VICENTE DINIZ HÖRING
A GUERRA DOS 30 ANOS:
Uma abordagem histórica da falta da unidade cristã e as
suas consequências
IJUÍ
2019
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FACULDADE BATISTA PIONEIRA

JOÃO VICENTE DINIZ HÖRING

A GUERRA DOS 30 ANOS:

Uma abordagem histórica da falta da unidade cristã e as

suas consequências

IJUÍ

JOÃO VICENTE DINIZ HÖRING

A GUERRA DOS 30 ANOS: Uma abordagem histórica da falta da unidade cristã e as suas consequências

Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharel em Teologia.... para a obtenção.... Orientadora orientadora: Prof. Dr., Drª, Me., Ma., Seguido do nome

Ijuí/RS 2019

ABSTRACT

Quem quiser fazer essa parte basta passar para o inglês o resumo. O sistema é o mesmo do anterior.

Key words: Mesmo do anterior. Bible teaching. Expository Preaching. Cell Church. Small groups.

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO
    1. O CONTEXTO DA PRÉ-GUERRA DOS 30 ANOS
    • 1.1 As causas políticas
      • A Reforma Protestante
      • 1.1.2 A Liga Smalkalde
      • 1.1.3 A Paz de Augsburgo
    • 1.2 As causas “religiosas”
      • 1.2.1 O Concílio de Trento
      • 1.2.2 Os Jesuítas
    • 1.3 As Ligas católicas e protestantes
    1. A GUERRA DOS 30 ANOS
    • 2.1 Período Palatino-Boêmio
      • 2.1.1 A Defenestração de Praga
      • 2.1.2 A Batalha da Montanha Branca
    • 2.2 Período dinamarquês
      • 2.2.1 A Batalha da ponte Dessau
      • 2.2.2 Batalha de Lutter
      • 2.2.3 As batalhas de Stralsund e de Wolgast
      • 2.2.4 A revogação do tratado de paz de Augsburg
    • 2.3 Período Sueco
      • 2.3.1 Gustavus Adolphus e o Tratado de Barwalde
      • 2.3.2 A Batalha de Frankfurt
      • 2.3.3 O saque de Magdeburgo
      • 2.3.4 A morte de Gustavus Adolphus
    • 2.4 Período Francês
      • 2.4.1 A batalha de Wittstock
      • 2.4.2 A Batalha de Rocroi
      • 2.4.4 A Paz de Vestfália
    1. AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DOS 30 ANOS
    • 3.1 As consequências para a população
    • 3.2 A crise do século XVII
    • 3.3 As consequências políticas e sociais
    • 3.3. O início do Absolutismo Monárquico
    • 3.4 A Igreja e o Estado
      • 3.4.1 A Igreja e o Estado em Romanos 13 e Mateus

INTRODUÇÃO

A Reforma protestante não foi somente um grande evento religioso dentro do cristianismo, mas também foi um acontecimento com influências políticas e sociais que afetaram toda a Europa. Marcou o fim do controle absoluto de uma igreja “universal”, uma igreja que possuía fortes influências não somente religiosas, mas também políticas, sociais e até mesmo militares. Com o fim deste controle, a Igreja Católica Romana viu seu poder ser ameaçado, as igrejas católicas foram substituídas por uma série de igrejas protestantes. A Igreja Luterana dominou o espaço religioso na Alemanha e na Escandinávia, outras correntes protestantes surgiram e ganharam espaço, como a Igreja Anglicana na Inglaterra fundada por Henrique VIII. Da mesma forma os calvinistas e anabatistas fizeram um grande número de adeptos pela Suíça, Escócia, Holanda, França, Boêmia e Hungria.^1 Um novo cenário surge na Europa, com países e nações escolhendo qual lado religioso iriam seguir e qual desses lados se mostraria mais “proveitoso” para seus interesses. É importante destacar aqui que esse conflito não foi gerado unicamente por questões religiosas, mas também tendo causas e fatores políticos das nações envolvidas 2 que serão abordados no primeiro capítulo. Este conflito se dividiu em quatro fases distintas que serão tratadas no segundo capítulo dessa pesquisa: o período Palatino-Boêmio que deu início a guerra com a Defenestração de Praga, sendo mais um conflito local da Boêmia. O período dinamarquês, no qual o rei Cristiano IV, que era rei não somente da Dinamarca mas também da Noruega, decidiu ajudar os príncipes protestantes contra Ferdinando II. Após esses dois períodos iniciais a Guerra dos 30 Anos tomou proporções continentais, pois o rei sueco Gustavus Adolphus entrou na Guerra ao lado dos protestantes, dando início ao período Sueco da guerra. E por fim no último período do Guerra dos 30 Anos, a França também toma parte no conflito contra a Espanha que era dominada pelos Hagsburgs, a família do Imperador, se tornando um aliado

(^1) CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: Uma história da Igreja Cristã. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. 671 p. 2 NOGUEIRA, Adeilson. A Guerra dos Trinta Anos .Clube de Autores. 20 p.

dos protestantes mesmo sendo católica, sendo conhecido este como o período Francês. Será abordado os motivos que levaram ao início de cada período da Guerra e também alguns eventos que foram decisivos para cada momento. Por fim, no terceiro capítulo será analisado o fim da Guerra dos 30 Anos e as consequências que a mesma teve não somente para a população daquela época, mas também o seu impacto no cenário político e social da Europa e os movimentos que surgiram após este conflito. Também será feita uma aplicação a respeito da Igreja e do Estado, sendo analisado não somente qual eram as concepções a respeito disso na época, mas também o que a própria Palavra de Deus afirma sobre, trazendo para o contexto político atual.

tudo aquilo que era ensinado e descoberto no meio científico, ou seja, controlava e decidia o que era e o que não era verdade através da Inquisição.^4 Porém, no momento em que Lutero rompe com a Igreja Católica, ele consegue desestabilizar essa “hegemonia de poder”, ele não faz um rompimento somente na área religiosa, mas também (e principalmente) na área política da Alemanha, que mais tarde iria influenciar todo o continente europeu. Isso causa uma grande confusão não somente para a Alemanha, mas para os próprios países ao redor. 5 Um exemplo do tamanho desse rompimento político que Lutero causa é quando ele é excomungado da Igreja Católica e expulso da Ordem Agostiniana em

  1. Quando ele recebe a carta de excomunhão ele a rasga e a queima na frente de centenas de pessoas. Após tal evento ele começa a incitar os nobres a tomarem as terras não só da Igreja, mas também dos monastérios para que dessa forma fosse possível destruí-los financeiramente. Alguns nobres seguiram tal “incentivo” de Lutero e tomaram algumas terras da igreja, e muitos nobres se tornaram seus aliados. Lutero, que antes apenas queria reformar a Igreja Católica, acabou sendo motivada para fundar uma nova igreja. Então surge a Igreja Reformada ou Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Com isso os nobres que davam apoio a Lutero começaram a “converter” os camponeses que moravam em suas terras. Uma conversão forçada, mas que não foi difícil, já que os camponeses sem escolaridade e com pouco ou até mesmo nenhum conhecimento sobre o cristianismo não participavam da discussão da Reforma, e não sabiam a real diferença entre a Igreja Católica e essa nova igreja que surgia. Como as ideias luteranas estavam concentradas no norte da Alemanha, elas acabaram se espalhando facilmente para países como Noruega, Dinamarca e Suécia, onde os nobres desses países começaram a agir de igual maneira que os nobres alemães, convertendo os “camponeses” de seus feudos às ideias luteranas. Alguns nobres alemães começaram a invadir e a anexar terras pertencentes a igreja,

(^4) KUNZ, Claiton André. Ser ou não Ser? Eis a questão!. Via Teológica, 2002. p 113-121. (^5) NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Cultura Cristã. 1997. p.163.

assim como alguns mosteiros. Mesmo Carlos V, sendo um apoiador da causa católica, não desejava um conflito com esses nobres, por isso nada fez em relação a tais situações.^6 Um outro exemplo da confusão política que isso gerou é o momento em que seis príncipes alemães, de quatorze cidades independentes, não aceitaram a ordem da Segunda Dieta de Spyer, em 1529, na qual o Imperador Carlos V declarou e ordenou por lei a fé católica como única conduta de fé. 7 Esta ordem deveria ser obedecida por todos os príncipes do império, ao invés disso, estes seis príncipes alemães redigiram uma carta protesto contra esta lei, que ficou conhecida como o Protesto de Spyer , tal evento foi tão significativo que a partir de então os luteranos e demais “denominações cristãs” foram chamados de Protestantes.^8

1.1.2 A Liga Smalkalde Mesmo após o protesto de Spyer, o Imperador Carlos V não deu liberdade religiosa ao Luteranos, muito pelo contrário, ele desconsiderou o protesto e fez vigorar mais uma vez o edito de Worms , que defendia que a autoridade episcopal deveria ser restabelecida, os livros “heréticos” queimados, e os bens que eram da Igreja deveriam ser devolvidos. Os nobres luteranos ao verem que essa hostilidade poderia representar algum problema futuro para seus feudos resolvem tomar uma decisão. Em 1531, reunindo-se na cidade de Gotha, na Alemanha, é fundada então a Liga Smalkalde , uma aliança militar que tinha como objetivo proteger os feudos luteranos caso o governo central do Sacro Império Romano Germânico os atacasse. A criação dessa aliança foi aprovada e legitimada por Lutero, que declarou que era totalmente lícito a revolta contra um senhor tão injusto como o Imperador. Com isso formou-se uma Alemanha reformada e anti-imperial, em pouco tempo

(^6) ALVES, Waldon Volpiceli. Católicos x Protestantes: A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Edição do Kindle. Posição 336-391. 7 KNIGHT, A. E. História do Cristianismo: Dos apóstolos do Senhor Jesus ao século XX. 2 Ed. CPAD, 1983, p 233. 8 CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: Uma história da Igreja Cristã. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 265-266.

Smalkalde) para garantir a segurança territorial e política dos príncipes que haviam adotado as idéias reformadas. Isso deixou a Europa em estado de grande tensão, pois essa disputa estava saindo do âmbito religioso e entrando no âmbito político e militar. De fato conflitos começaram a surgir, primeiramente apenas alguns focos e em pontos isolados. Porém o ápice foi com a Batalha de Mulhberg , na qual 10. soldados luteranos foram posicionados para lutar contra os exércitos do Imperador Carlos V(que havia sido motivado pelo Papa Paulo III), gerando uma grande derrota para a Liga Smalkalde e o movimento protestante. Carlos V após vencer a Liga Smalkalde procurou implementar o Interím de Augsburg 12 , porém foi fortemente rejeitado pelos protestantes que alegaram ser “obra do demônio e do Anticristo”. Ao ver que a causa protestante não havia sido erradicada e que haviam surgido grandes perdas para os príncipes luteranos e para o Sacro Império Romano-Germânico, ambos os lados estavam simpatizando mentalmente com alguma espécie de acordo. Então em 1555 na cidade de Augsburg foi assinado o Tratado de Paz de Augsburg. Este tratado foi algo curioso, já que não teve nenhum representante papal presente, nem Carlos V, mas sim seu irmão Fernando que se apresentou como seu representante. Os príncipes procuravam escapar do controle imperial, os protestantes queriam liberdade e reconhecimento para liderar e reformar a igreja, e as cidades queriam a sua própria proteção dos conflitos. Em resumo, o tratado de Augsburg foi uma “paz pública”, pois os dois lados concluíram que era uma futilidade uma resolução da questão religiosa no momento.^13 As cláusulas do tratado decretavam alguns pontos que eram: (1) direito de culto e de estruturação eclesial para aos adeptos da Confissão de Augsburgo 14 ; (2) soberania do príncipe sobre a religião com base no princípio de que onde há um

(^12) Decreto Imperial feito pelo Imperador que continha ordens a serem seguidas em todo o império. Neste caso obrigava os protestantes a voltarem com os costumes e tradições católicas, como por exemplo os 7 sacramentos. 13 GARDINER, Samuel. The Thirty Years War. Canada, 2018. Ozymandias Press. Edição do Kindle, posição 186-218. 14 Documento redigido contendo as crenças e princípios protestantes, foi apresentada em 1530 na Dieta de Augsburg.

governante deve haver somente uma religião, o chamado: “ ubi unus dominus, ibi una sit religio” , este princípio foi formalizado em 1600 como “cuios regio, eius religio” , que defendia de quem fosse o reinado seria também a liderança e escolha da religião. Também foi garantido o direito de emigrar (3) para os súditos que não estivessem dispostos a aceitar a religião do seu príncipe, a chamada “ius emigrandi”. Foi decretada também a “reserva eclesiástica” (4) , que retirava um príncipe eclesiástico do seu cargo caso ele se tornasse luterano; a manutenção do status quo das cidades onde as duas religiões estivessem presentes (5); e o direito dos príncipes seculares de reterem propriedade eclesiásticas que tivessem tomado até o ano de 1552 (6).^15 Porém esse tratado foi assinado somente por duas “religiões cristãs”, ou “dois lados”: a Igreja Católica e a Igreja Luterana. O que isso implicava?! As demais igrejas ditas protestantes, como as calvinistas e os anabatistas foram deixados de lado. As vantagens do tratado, como proteção religiosa e liberdade de controle eclesiásticos, eram válidos somente para os Luteranos. Isso viria se tornar um problema futuramente para toda a Europa. Dessa forma na Alemanha a Reforma recebia finalmente o seu estatuto político. Isso viria desmembrar o país, e a Paz de Augsburg que parecia um momento de “descanso” para os principados, estava na verdade carregando as bases da Guerra dos Trinta Anos, que viria a acontecer no século seguinte englobando toda a Europa.^16

1.2 As causas “religiosas”

Um aspecto importante, e até mesmo central a respeito da Guerra, é o aspecto religioso. Esse conflito ficou conhecido como um conflito por causas religiosas, um conflito entre católicos e protestantes, portanto é de grande importância tratar dos motivos e eventos dentro do âmbito religioso que

(^15) LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal. 2001. p 293-295. (^16) ROPS, Daniel. A Igreja da Renascença e da Reforma (I): A Reforma Protestante.. São Paulo: Sociedade de Publicações Culturais, 1984. p 480-484.

protestantismo como errados, como a negação dos cultos aos santos e a não obediência ao papado.^21 Porém a maioria esmagadora do concílio era radicalmente contra as igrejas protestantes 22 , ao ponto de que haviam partes que desejavam considerar todas as igrejas da reforma como heréticas. Mesmo assim, uma questão ganhou consenso do concílio: a Igreja precisava de uma reforma. Ao fim do concílio que havia durado 28 anos, algumas questões sólidas do catolicismo foram reafirmadas: o papado era a representação visível de Cristo na terra, e a tradição estava em pé de igualdade com a Bíblia, questões fundamentais criticadas fortemente por Lutero. Da mesma forma a Justificação pela fé foi rejeitada, argumentando-se baseado em Tiago que as obras também eram necessárias para a salvação. Assim também foi rejeitada a predestinação e reafirmaram o livre-arbítrio (questões criticadas e combatidas não somente por Lutero, mas também por João Calvino). Foram defendidas a transubstanciação, a crença no Purgatório e o culto aos santos. Para reforçar todas estas crenças foi aprovada a inclusão de mais 7 livros no cânon bíblico, livros que eram considerados apócrifos, são eles: Tobias, Judite, Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, os dois livros de Macabeus e adições de capítulos nos livros de Daniel e no livro de Ester. Tais livros não são aceitos nem pelos judeus ou por qualquer outra igreja cristã.^23 Foram revogadas e extintas as indulgências (maior crítica de Lutero contra a Igreja Católica), os bispos e padres foram obrigados a residir em suas igrejas e não mais em casas próprias longe de suas paróquias, e também foi ordenado que eles ensinassem melhor seus fiéis em relação às crenças católicas, para que assim não fossem convencidos facilmente pela doutrina protestante. Embora o Concílio de Trento tenha feito algumas mudanças “significativas” em relação a alguns princípios da Reforma, como as Indulgências e o ensinamento dos fiéis, no fim acabou somente aumentando as discordâncias e separando de vez

(^21) ROPS, 1984. p 74-172. (^22) GONZALEZ, Justo L. Uma história ilustrada do cristianismo: A era dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova. 1983. p 185. 23 ALVES, Edição do Kindle, posição 877-893.

as igrejas protestantes da Igreja Católica, tornando assim impossível um “reconciliamento” entre as duas igrejas. No fim este cisma levou toda a Europa a um grande caos.^24

1.2.2 Os Jesuítas Enquanto a Inquisição foi a arma defensiva da Igreja Católica em relação a novos ensinamentos e doutrinas, tanto antes quanto depois da Contra Reforma, já em contra partida a Ordem dos Jesuítas era o seu instrumento e estratégia na ofensiva. Esta Ordem foi fundada e aprovada pelo Papa em 1540. O fundador dos Jesuítas foi Ignácio de Loyola que era de uma rica família de nobres bascos.^25 Após ter vivido a vida comum de um nobre rico (amores e jogos), ele procurou se tornar soldado, porém, em 1521, teve sua perna esmagada em uma batalha contra os franceses, e por um ano ele ficou no hospital tendo sua perna refixada no lugar. Nesse tempo ele se dedicou a leituras e religiosas e foi onde supostamente teve uma experiência com Deus. Após isso, ele se entregou completamente ao estudo religioso, ao ponto de que em 1534 ele e mais seis companheiros fundaram o núcleo da Ordem Jesuíta que em seis anos receberia a aprovação papal. Embora essa nova ordem religiosa iniciou somente com seis membros, em 1566 ela teve um total de 1000 monges a serviço do Papa. Alguns votos da Ordem dos Jesuítas se assemelham muito a Ordem Franciscana, como os votos de pureza, castidade e pobreza. Porém, havia alguns detalhes dessa ordem que influenciaram muito o contexto da Europa, um deles era a fé e a obediência completamente cega no Papa. 26 Os principais objetivos dessa ordem era a educação dos fiéis na doutrina católica, que foram reafirmados e ganharam incentivo no Concílio de Trento (ver o subponto anterior), as missões estrangeiras que tiveram influência por todo o mundo, como nas Américas, Índia e até mesmo China, e por fim o combate às

(^24) CAIRNS, 2008, p. 320-321. (^25) DREHER, Martin N. A Crise e a Renovação da Igreja no Período da Reforma. São Leopoldo: Sinodal, 2002. p 118-119. 26 LINDBERG, 2001, p 410-415.

Isto gerou forte indignação por parte dos membros destas linhas protestantes que foram excluídas do tratado, principalmente por parte dos príncipes que adotaram estas linhas. 30 Os países acabaram entrando em grande tensão. A Boêmia, uma região tcheca, em 1605 tinha como maioria religiosa a igreja calvinista. Porém os nobres que governavam a região eram católicos, portanto o culto calvinista era proibido, ao ponto que, para ser construída alguma igreja desta linha, era necessário pedir autorização ao governante católico (que obviamente não à dava). Os Jesuítas estavam com grande influência na região da Boêmia e principalmente na região do Sacro Império Romano-Germânico, pois eram extremamente favoráveis à família dos Hagsburg, família que dominava o Império e também a Espanha. Desta forma eles buscavam consolidar o catolicismo em todas as regiões. Do outro lado, algumas nações estrangeiras, como a Dinamarca e Suécia, que detinham grande poder, estavam se posicionando em relação a essas tensões. Ambas se declararam protetoras do luteranismo haviam declarado que iriam proteger e interferir militarmente diante da primeira ameaça que surgisse contra os luteranos. Na Hungria os calvinistas também avançavam muito, por conta disso os Jesuítas investiram fortemente nesse país, construindo diversas escolas e até mesmo uma universidade: a Pázmani Peter. Porém, mesmo com tantos esforços, o calvinismo continuava a avançar pela região. Porém em 1604, o novo Imperador, Rodolfo II, influenciado pelos Jesuítas, havia ordenado a proibição do calvinismo em toda a região da Hungria, e havia ameaçado usar as tropas do Império para atacar os feudos que se recusassem à obedecê-lo.^31 Isso gerou uma grande revolta entre os nobres, que organizaram uma rebelião contra as tropas imperiais, as atacando em diversos pontos. O Imperador, como não queria uma guerra, resolveu retirar suas tropas, porém isso já havia causado uma grande desconfiança entre os nobres luteranos.

(^30) GARDINER,. Edição do Kindle. posição 216-224. (^31) ALVES, Edição do Kindle, posição 1071-1099.

Então, em 1608 temendo que pudessem ser atacados ou ameaçados novamente, os príncipes luteranos e protestantes criam a União Protestante, ou União Evangélica, que teve como líder o príncipe eleitor do palatinado: Frederico IV. Essa foi uma aliança militar criada nos mesmos moldes que a antiga Liga Smalkalde em 1531.^32 Em resposta, um ano depois, foi fundada a Liga Católica , uma outra união militar entre os países católicos que eram favoráveis ao Papa, 33 estes tinham como objetivo intervir em qualquer situação de conflito com os feudos protestantes. Já haviam sido postas as linhas de batalhas, os príncipes delimitavam suas posições, recrutavam tropas, faziam alianças. A partir desse momento, a Paz de Augsburg, que havia atrasado por tanto tempo os conflitos, estava condenada.^34

(^32) ROPS, 1984. p 232-233. (^33) KNIGHT, 1983, p 334. (^34) NOGUEIRA, Adeilson. A Guerra dos Trinta Anos .Clube de Autores. p 5-6.