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A fé, a incredulidade e o plano eterno de Deus [sermão], Notas de estudo de Direito

Saudação e leitura do texto: 3m30s. Saudar as pessoas e explicar o sermão: 50s. Saúdo a todos com a graça e paz de nosso Senhor Jesus Cristo ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tucano15
Tucano15 🇧🇷

4.6

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Romanos | A fé, a incredulidade e o plano eterno de Deus | p. 1
A fé, a incredulidade e o plano eterno de Deus
[sermão]
Saudação e leitura do texto: 3m30s
Saudar as pessoas e explicar o sermão: 50s
Saúdo a todos com a graça e paz de nosso Senhor Jesus Cristo.
Nesta manhã eu farei algo incomum pregarei novamente sobre
Romanos 9.6-29. Farei isso por duas razões: Primeira, entendo que
é importante que as pessoas que só comparecem no domingo de manhã
aprendam a doutrina de Romanos 9. Segunda razão: Eu saí do culto,
no domingo passado, insatisfeito com o modo como eu preguei aquele
sermão. Por isso voltei ao texto e insisti diante de Deus, em
estudo e oração, até obter o que pregarei hoje. Sendo assim, quem
ouviu a mensagem no domingo passado, receberá conteúdo novo agora.
Vamos ler juntos Romanos 9.6-29.
Ler o texto: 2m40s
6 E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de
fato, israelitas; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque
será chamada a tua descendência. 8 Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da
carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. 9 Porque a
palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. 10 E não ela somente,
mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. 11 E ainda não eram os gêmeos
nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição,
prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já fora dito a ela: O mais velho será
servo do mais moço. 13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a
Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem
me aprouver ter compaixão. 16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas
de usar Deus a sua misericórdia. 17 Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei,
para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. 18 Logo,
tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
19 Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua
vontade? 20 Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto
perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro direito sobre a massa,
para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? 22 Que diremos, pois, se
Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita
longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, 23 a fim de que também desse a
conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de
antemão, 24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios? 25 Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que
não era meu povo; e amada, à que não era amada; 26 e no lugar em que se lhes disse: Vós não
sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Mas, relativamente a Israel,
dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o
remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra,
cabalmente e em breve; 29 como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse
deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra. Romanos
9.6-29.
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A fé, a incredulidade e o plano eterno de Deus

[sermão]

Saudação e leitura do texto: 3m30s Saudar as pessoas e explicar o sermão: 50s Saúdo a todos com a graça e paz de nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta manhã eu farei algo incomum — pregarei novamente sobre Romanos 9.6-29. Farei isso por duas razões: Primeira, entendo que é importante que as pessoas que só comparecem no domingo de manhã aprendam a doutrina de Romanos 9. Segunda razão: Eu saí do culto, no domingo passado, insatisfeito com o modo como eu preguei aquele sermão. Por isso voltei ao texto e insisti diante de Deus, em estudo e oração, até obter o que pregarei hoje. Sendo assim, quem ouviu a mensagem no domingo passado, receberá conteúdo novo agora. Vamos ler juntos Romanos 9.6-29. Ler o texto: 2m40s 6 E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado , porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. 8 Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne , mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. 9 Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. 10 E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. 11 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. 13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. 14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. 16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre , mas de usar Deus a sua misericórdia. 17 Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. 18 Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. 19 Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? 20 Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? 22 Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, 23 a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia , que para glória preparou de antemão , 24 os quais somos nós , a quem também chamou , não só dentre os judeus , mas também dentre os gentios? 25 Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo ; e amada , à que não era amada; 26 e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve; 29 como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra. Romanos 9.6-29.

Pregado na IPB Rio Preto, no dia 03 /0 4 /2016, às 1 9h 30 , e, revisado, em 10/04/2016, às 9h. Iniciar em: 2 m

Introdução

1 É muito comum ler a carta aos Romanos deixando de lado os capítulos 9—11. 1.1 Parece que Paulo está falando de algo que não tem muita relação com nossa vida prática e esta parte de Romanos é difícil de entender. Sendo assim, nós nos alimentamos de Romanos como a pessoa que, antes de comer um lanche, retira as cebolas ou o picles. 1.2 Ao contrário do que parece, Deus fala muito conosco em Romanos 9— 11. O capítulo inicia com um drama — Paulo sofrendo por causa da incredulidade de seus amigos. E algumas pessoas estão reclamando de Deus, como se ele não cumprisse suas promessas. 1.3 Especialmente Romanos 9 é cheio de perguntas cujas respostas fazem muita diferença no modo como compreendemos Deus e andamos com ele. Por que algumas pessoas acreditam em Jesus e outras o rejeitam? Qual é o plano de Deus quanto aos salvos e incrédulos? É daí que surge o título deste sermão: A Fé, a Incredulidade e o Plano de Deus. 2 O apóstolo Paulo tem algo, ou melhor, alguém a nos mostrar. O Grande Deus. O Deus Excelso. E esse Deus se importa conosco.

A história é o palco de sua ação. E ele age na história de três maneiras.

Em primeiro lugar...

Expor 1ª divisão em: 5 m

I Deus age na história cumprindo sua palavra

1 É o que lemos nos v. 6-13. O v. 6 diz que a palavra de Deus não falhou.

  1. 1 Como isso se aplica à incredulidade de Israel? Os v. 6- 9 revelam que a salvação de Deus é uma dádiva reservada para um Israel espiritual , e não o Israel nacional.
    1. 1 .1 Vejamos os v. 6- 7 : “6b [...] nem todos os de Israel são, de fato, israelitas ; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”.
    2. 1 .2 Na segunda parte do v. 7, Paulo diz que isso cumpre uma profecia registrada em Gênesis 21.22: “Em Isaque será chamada a tua descendência”. 1.1.3 Isso não é novidade nos ensinos de Paulo. Ele já mencionou isso em 2.29 : “Judeu é aquele que o é interiormente , e circuncisão, a que é do coração, no espírito , não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”. 1.2 Está aqui, no v. 8: Os “filhos de Deus não são propriamente os da carne ”. E no v. 9 nós encontramos uma citação de Gênesis 18.10 : “Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho ”.
  2. 3 E não apenas isso. O v. 8 fala dos “ filhos da promessa ” e no v. 9, a palavra “ promessa ” de novo. Então, a Palavra de Deus é infalível. Deus cumpre suas

de frente com tudo o que é ensinado em Romanos 1.18—3.20. Nós aprendemos que todos os seres humanos merecem condenação. 3.3 Esaú não é justo e merece a condenação. Jacó não é justo e merece a condenação. Para ser justo com eles, Deus pode mandá-los para o inferno. 3 .4 Para salvar , Deus considera apenas a obra de Cristo. É isso que está sendo ensinado desde o início de Romanos. 3.4.1 Se a descendência de Abraão é injusta, como é que Deus pode salvar um descendente de Abraão? Deus decide não aplicar sua ira sobre Jacó. Deus decide amar Jacó. 3.4.3 Deus opera uma escolha absolutamente livre e graciosa , ou seja, incondicional. Ele não escolhe porque sabe quem vai crer. Pelo contrário, ele sabe quem vai crer porque ele já escolheu. A fé não é causa e sim efeito do decreto divino.

Depois de compreender que Deus age na história cumprindo sua palavra,

prosseguimos para o segundo ensino. Aproveite para anotar.

Expor 2ª divisão em: 5 m

II Deus age na história com justiça e soberania

1 É o que lemos nos v. 14-18. Parece que o ensino anterior abre espaço para um novo questionamento: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus?”. Paulo responde: “De modo nenhum!” (v. 14). 1.1 Simples assim. Qualquer tentativa de atribuir injustiça a Deus não corresponde ao ensino da Bíblia. Em Deus, Justiça (Santidade; Bondade) e Poder (Plenipotência e Soberania) são perfeitamente unidos. 1.2 Deus existe e ele é 100% Bom. Ele age na história com justiça (v. 14). 2 E Deus é também Todo-Poderoso. Ele age na história com soberania (v. 15-18). 2 O que leva o homem a acusar Deus de injustiça? 2.1 Um teólogo suíço (Roger Nicole) diz que “nós [...], por natureza, [...] assumimos que temos o poder de inclinar nosso coração para Cristo enquanto estamos ainda na carne”. E Calvino sugere que “a maldade da mente humana [...] está sempre [...] disposta a acusar a Deus de injustiça [...]”.

  1. 2 Nós acusamos Deus de injustiça quando a doutrina de sua escolha incondicional é apresentada, porque ela ofende nosso orgulho. 3 Paulo sustenta a justiça de Deus afirmando a sua soberania. Deus é Senhor sobre tudo e todos. 3.1 Por um lado, Deus é origem, fonte e proprietário de toda boa dádiva. E ele as distribui como quer, quando quer e a quem quer (v. 15). 3.2 Por outro lado, Deus é soberano sobre os corações. A uns ele concede sua misericórdia , para salvação. A outros, ele “endurece” , permitindo que prossigam em sua obstinação rumo à condenação (v. 18).

3.3 Paulo exemplifica isso com o embate entre Faraó e Moisés. A teimosia do Faraó foi o desdobramento histórico do plano de Deus. Daí a afirmação do v. 15: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”. 3.3.2 Paulo menciona Êxodo 33.19. Desde o início Deus se revela como fonte de “misericórdia” ( eleeō ). Ademais, Deus é fonte de “compaixão” ( oiktirō ), a atenção transbordante de “sensibilidade”, o afeto que produz a ação.

  1. 4 Mas não se trata de misericórdia barata , anunciada como xepa de fim de feira. Nem falamos de misericórdia ou compaixão baseadas em qualquer “direito” do homem. “Misericórdia” Misericórdia pressupõe a ausência de méritos do beneficiário. Paulo já havia falado sobre isso em Romanos 4.. 4 Repetindo, o homem não tem “direito” à salvação, como sugerem alguns. O único “direito” que o homem tem, como aprendemos desde o início de Romanos, é o direito à condenação. 4.1 No que diz respeito à sua misericórdia, Deus não é devedor de ninguém. Ele não é obrigado a salvar, nem a distribuir misericórdia. 4.2 A miséria é nossa por direito. Deus nos livra da miséria, concedendo-nos misericórdia, se ele quiser. O crente entende isso muito bem. Se Deus decidir nos tratar com misericórdia, estamos salvos. Se Deus decidir não nos conceder misericórdia, ele continua sendo Santo e Digno de adoração , mesmo aplicando juízo. Simples assim. 5 E esta soberania de Deus sobre tudo e todos é reforçada no v. 16. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre , mas de usar Deus a sua misericórdia. 5.1 O verbo traduzido como “quer” ( thelō ) relaciona-se à vontade humana ( thelontos ). O verbo seguinte, traduzido como “corre” (trechō ) liga-se ao esforço humano ( trechontos ). Do ponto de vista de sua soberania , tanto a salvação quanto a

perdição, não dependem, em primeira instância, nem da

vontade, nem do esforço humano.

  1. 2 Paulo prossegue citando Êxodo 9.16. O Faraó foi “levantado” ( exegeirō ), ou seja, recebeu seu lugar e posição na história para revelar o “ poder ” e o “ nome ” de Deus (v. 17).

  2. 2 .1 Várias vezes o Faraó se negou a libertar o povo de Israel do Egito (Êx 7.13, 22; 8.15, 19, 32; 9.7, 35). Ele “ endureceu seu coração ” e não deixou o povo ir.

  3. 2 .2 Não obstante, em Êxodo 9.12; 10.20; 11.10; 14.4, consta que Deus endureceu o coração do Faraó , para ser glorificado nele e em todo o seu exército.

  4. 3 Esta é apenas outra maneira de dizer que tudo existe para a glória de Deus. E a conclusão paulina é registrada no v. 18: “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz”.

  5. 4 Então, Deus age na história cumprindo sua palavra, executando seu plano eterno.

2.3. 3 Olhe aqui, as três coisas! Fé, incredulidade e o plano eterno de Deus! Alguns creem em Jesus (os “vasos de misericórdia ”). Outros rejeitam Jesus (os “vasos de ira ”). Uns testemunham do poder da graça salvadora ; outros, manifestam a justiça do juízo de Deus. Cada um cumpre uma função. 2.4 O mais importante nisso tudo, é assegurar-se de estar sob a misericórdiafazer parte do agrupamento dos que creem em Jesus. 2.4.1 Ter certeza de que não recusamos a Jesus. Estar certo de que Jesus é nosso único e suficiente Salvador e Senhor.

2.4.2 Paulo tinha esta certeza. No v. 23 ele menciona os “ vasos de

misericórdia , que para glória [Deus] preparou de antemão”, e prossegue

afirmando, no v. 24: “Os quais somos nós ”. Ou seja, “ nós ” — ele, Paulo

e seus leitores , os justificados pela fé somente da Igreja em Roma — e

nós, leitores contemporâneos , salvos pela graça.

2.5 É hora de parar para pensar. Entendamos que este ensino de Romanos 9 é dado para produzir em nós convicção humilde. Os que creem em Jesus são “vasos de misericórdia”. Quem são os eleitos de Deus? Paulo responde sem hesitar: “Somos nós”. Quem são os salvos? Quem é o Israel espiritual de Deus? Quem são os vasos de misericórdia? “ Somos nós !” E por que podemos estar certos disso? 2.5.1 Porque cremos em Jesus. Fomos justificados pela fé somente. Fomos reconciliados com Deus. Temos a paz e o amor de Deus em nossos corações. Recebemos esperança. Recebemos o Espírito Santo, que nos concedeu nova inclinação; o poder do pecado foi quebrado. O próprio Espírito testifica que somos filhos de Deus. Aguardamos o dia final da redenção. Estamos guardados no amor de Deus eternamente. 2.5.2 Deus está enchendo alguns “vasos de barro”, como lemos em 2Coríntios 4.7 , com um conteúdo preciosíssimo: “Misericórdia”. Estes “vasos”, diz o apóstolo, “somos nós”. Aleluia, somos nós! 3 Deus está cumprindo sua agenda de salvação. E está incluindo até os gentios :, como lemos no v. 24.

  1. 1 Deus já falou sobre isso em Oseias 2.23, que Paulo cita nos v. 25- 26. 3.2 Daí, no v. 26, o apóstolo cita Oseias 1.10. O Espírito Santo usa Paulo para revelar que os gentios são incluídos no “número dos filhos de Israel”. 4 Agora nós podemos começar a fechar este bloco de ensino. 4.1 Não é que Israel não esteja sendo salvo. Deus continua salvando, mas esta salvação cumpre a agenda divina.
  2. 2 Deus continua salvando em Israel, mas ele não salva a nação inteira , e sim, um “ remanescente ”: “Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo ” (v. 27, citando Is 10.11). 4.3 Voltando a 9.6, será que a palavra de Deus falhou? Absolutamente não.

4.3.1 O Deus da Salvação executa um programa eterno. E ele “cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve” (v. 28). 4.3. 2 Esse Deus mantém na terra uma “descendência” (v. 29), e aqui Paulo cita Isaías 1.9. Como já dizia aquele profeta, se Deus não implementasse sua salvação, “ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra”.

E aqui encerramos. Chegou o momento de concluir.

Concluir em: 7 m

Concluindo...

1 Concluo com quatro aplicações. Primeira: Toda revelação da Bíblia sobre a soberania e o amor de Deus é dada para que nós o busquemos. Após dizer que “Deus tem um plano em cada criatura”, eis o que o poeta decide: A minha vida eu entrego a Deus, Pois o seu Filho entregou por mim, Não me importa onde for seguirei meu Senhor. Sobre terra ou mar, onde Deus mandar, irei. 1 .1 Se Deus é a fonte de misericórdia, clamemos como Bartimeu: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (Mc 10.47-48). 1 .2 Isso equivale a abandonar todo orgulho e justiça própria. Acolhê-lo como Soberano sobre tudo o que somos e temos. 1 .2.1 O problema é que, via de regra, nós teimamos com ele. Nós fugimos de Deus. Precisamos nos arrepender disso. Reconhecer que, se não fosse por ele, nós estaríamos perdidos. Depender unicamente da graça dele para nossa salvação. 1 .2.2 Um homem foi chamado para dar seu testemunho de salvação. Quando o homem terminou de falar, o líder do grupo [...] disse: “O irmão nos contou sobre a parte de Deus , mas se esqueceu de falar de sua própria parte antes da conversão. Irmão, você não tem mais alguma coisa para contar sobre isso?” Sem hesitar, o homem declarou: “ Pode ter certeza de que eu fiz minha parte. E essa parte foi fugir de Deus com todas as minhas forças por trinta anos , enquanto Deus correu atrás de mim até me alcançar [...]”. 2 Segunda aplicação. A doutrina da eleição não é apresentada em Romanos 9 como um tópico obscuro da teologia. Paulo lida com algo que toca seu coração , entristecido com a condição de seus compatriotas, que não querem acolher o evangelho (Rm 9.1-5). E ele trata disso de modo muito palpável e vivo. 2 .1 Paulo não escreve como Calvinista, nem como Arminiano, nem como Calminiano. 2 .1.1 “ Calvinista ” é a pessoa que abraça o sistema doutrinário da Igreja Presbiteriana do Brasil. Este sistema foi organizado entre os séculos 16 e 17 e, se você quiser conhecer um resumo, recomendo a leitura da Confissão de Fé de Westminster. O Calvinismo recebe esse nome por causa de João Calvino , um teólogo que viveu no século 16.

4 .2 Literalmente, Romanos 9 revela o Deus da Bíblia sem maquiagem. Ele foi sempre assim, desde o AT. E ele continua sendo o mesmo, no NT. Ele é o Deus verdadeiro; o Deus do evangelho. Nós gostamos do que vemos? 4 .2.1 E aqui, cabe refletir em um último detalhe. Pense comigo. Paulo sofria porque alguns de seus amigos não estavam acolhendo a salvação. 4 .2.2 Ao mesmo tempo, Paulo sabia que Deus era soberano sobre a salvação e também sobre a perdição de seus compatriotas. Dito de outro modo, se a maioria deles não acolhia Jesus, isso significava que Deus decidira não conceder a eles misericórdia. 4 .2.3 Agora pense: Diante da revelação da soberania de Deus, Paulo continuaria amando a Deus de toda sua alma? Paulo levaria adiante seu chamado apostólico? Paulo permaneceria um adorador? 4 .3 Aqui vale a pena abrir uma janela. Olhar para o que Paulo diz adiante, em Romanos

  1. Ele fala sobre a vontade de Deus, vinculada ao decreto da eleição. Esta vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Rm 12.2). 4 .3.1 Sendo assim, estamos diante de uma doutrina da Palavra de Deus. O que aprendemos sobre a eleição incondicional não provém de homens, nem de uma denominação cristã. 4 .3.2 Isso quer dizer que o acolhimento desta doutrina não é facultativo. Nós a recebemos com gratidão e declaramos, com exultação, que somos “raça eleita” (1Pe 2.9). Amém. Vamos orar.

A fé, a incredulidade e o plano eterno de Deus

[estudo]

6 E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado , porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.^1 8 Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne , mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. 9 Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. 10 E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. 11 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. 13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. 14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. 16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre , mas de usar Deus a sua misericórdia. 17 Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. 18 Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. 19 Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? 20 Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? 22 Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, 23 a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia , que para glória preparou de antemão , 24 os quais somos nós , a quem também chamou , não só dentre os judeus , mas também dentre os gentios? 25 Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo ; e amada , à que não era amada; 26 e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve; 29 como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra. Romanos 9.6-29. Pregado na IPB Rio Preto, no dia 03 /0 4 /2016, às 1 9h30, e, revisado, em 10/04/2016, às 9h.

Introdução

1 Eu gosto de ir ao McDonald’s com minha esposa porque ela não aprecia os picles do Big Mac. Sendo assim, a Mirian sempre me passa a porção de picles dela e eu desfruto de meu lanche com uma porção dupla. Eu nunca agradeci por esses trinta e dois anos de compartilhamento de picles , mas eis agora meu registro de gratidão. 1.1 O fato é que nós podemos ler a carta de Paulo aos Romanos da mesma maneira que a Mirian come um Big Mac. Assim como ela retira os picles, nós podemos ler e estudar Romanos pulando os capítulos 9— 11. (^1) Sou grato a Deus pelo minucioso trabalho do Dr. Bruce, que documentou e averiguou o uso que Paulo fez de cada citação do AT. BRUCE, F. F. Romanos: Introdução e Comentário. Reimp. 2014. São Paulo: Vida Nova, 1979, p. 156-

  1. (Série Cultura Bíblica).

3.4 Romanos 9—11 aborda isso e o Espírito Santo inspira Paulo a escrever uma resposta longa. Ele explica como a fé e a incredulidade estão entretecidas no plano eterno de Deus. 3.4.1 E Paulo organiza seu argumento em duas partes. Na primeira, até 9.29 , ele sublinha a soberania de Deus. 3.4.2 Depois, a partir de 9.30 , ele aborda o mesmo tema da perspectiva da responsabilidade do homem.^7 3.5 Isso significa que o 9º capítulo de Romanos só pode ser bem entendido quando consideramos o ensino inteiro, de 9.1 até 11.36. Como sugere Cranfield: É da máxima importância considerar estes três capítulos juntos como um todo , e não chegar a conclusões sobre o argumento de Paulo antes de o termos ouvido até o fim ; pois o capítulo 9, por certo, será entendido em sentido inteiramente não-paulino se for entendido separadamente da sua sequência nos capítulos 10 e 11.^8 3.6 Reconheçamos que fé e incredulidade são dois opostos que abarcam tudo. Cada percepção, pensamento e sentimento. Cada discernimento, fala e ato. 3.6.1 Tudo o que somos e fazemos acontece em uma destas esferas. Funcionamos como crentes ou como descrentes. 3.6.2 Ademais, fé e incredulidade, como opostos, evocam o cenário de um campo de batalha e isso ressoa Gênesis 3.15. Deus mesmo estabelece “ inimizade ” entre a serpente e a mulher , entre a descendência ou linhagem da serpente e Jesus Cristo, o descendente da mulher. Jesus fere a serpente mortalmente, na cabeça, e esta fere a Jesus momentaneamente, no calcanhar. 3.6.3 Trocando em miúdos, desde o anúncio de Gênesis 3.15, e especialmente após o nascimento de Caim, em Gênesis 4.1, há duas linhagens, dois povos : Os que acreditam em Jesus e o acolhem como Senhor e Salvador, dedicando-se a ele no discipulado. E os que não acreditam de modo algum nele, ou criam seu pacote pessoal de crenças, desconsiderando o evangelho. 3.7 Paulo é usado pelo Espírito de Deus para nos ensinar que temos de olhar, primeiramente, para o modo como Deus age na história. 3.7.1 A explicação sobre o fenômeno da fé e da incredulidade não é encontrada na Psicologia, na Antropologia, nas Ciências Sociais nem na Física Quântica, como sugere Caio Fábio, ex-pastor guru da Internet. Caio Fábio diz que o apóstolo Paulo, em Romanos 9, não apenas é contrário a Cristo, mas também é um pensador incompetente.^9 (^7) Esta divisão é assumida por BRUCE, op. cit., p. 152-171. Cf. Stott, op. cit., p. 338: “No capítulo 9, vimos que a ênfase é no propósito de Deus conforme a eleição; já o capítulo 10 enfatiza os fatores humanos [...]. Como [n]o capítulo 10 Paulo deixa o passado e volta-se para o presente; após discorrer sobre a incredulidade dos israelitas, ele manifesta sua própria esperança de que eles ainda venham a ouvir e crer no evangelho. Esta visão do futuro ele irá elaborar melhor no capítulo 11”. (^8) CRANFIELD, op. cit., p. 202. (^9) CANAL CAIO FÁBIO. Romanos Caps. 9, 10 e 11 São Totalmente Dispensáveis na Bíblia, Diz Caio Fábio. In: You Tube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0Y7rBLO9mDc. Acesso em: 05 Abr. 2016.

3.7.2 Limpe sua mente das heresias de Caio Fábio. Preste atenção no método de interpretação e explicação do apóstolo Paulo. Entenda que temos de olhar para alguns textos do AT e compreendê-los à luz do evangelho. É o que o Espírito Santo leva Paulo a fazer aqui, em Romanos 9.6—11.36. 3.7.3 Me acompanhe. Olharemos agora para a primeira parte do argumento de Paulo.

Como é que Deus age na história, não apenas na história de Israel, mas também em

nossa história particular? O texto bíblico ensina três coisas. Primeiro ensino...

I Deus atua na história cumprindo sua palavra

6 E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado , porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas ; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. 8 Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne , mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. 9 Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. 10 E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. 11 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. 13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. 1 Este é o primeiro ensino. A palavra de Deus não falhou (v.6). Deus é confiável; portanto, sua Palavra é confiável. 1.1 E não apenas confiável, mas eficaz , como declarou o profeta Isaías: 10 Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, 11 assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia , mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei (Is 55.10- 11). 1.2 Como assim? Como isso se aplica ao problema da incredulidade de Israel? Olhemos para os v. 6- 9. 1.3 Estes versículos revelam que a salvação de Deus é uma dádiva espiritual reservada para um Israel espiritual , e não o Israel meramente étnico ou nacional. 1.3.1 Nos v. 6-7 lemos que “6b [...] nem todos os de Israel são, de fato, israelitas ; 7 nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”. 1.3.2 Na segunda parte do v.7, Paulo diz que isso cumpre uma Palavra de Deus registrada em Gênesis 21.22 , “em Isaque será chamada a tua descendência”. 1.4 Isso não é novidade nos ensinos de Paulo.

segundo o seu propósito ”. E em 8.38- 39 , estes jamais podem ser separados do “amor de Deus”. 2.1.2 Outro detalhe é que este desfrute do amor de Deus é ligado à justificação pela fé somente , revela em Romanos 3.21—5.11. Antes de sermos declarados “justos” pela fé, somos inimigos de Deus (cf. Rm 5.10). A justificação pela fé traz paz (5.1). Uma vez justificados, “ o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo” (5.5). 2.1.3 Você entende agora o que significa “ amei Jacó”? Deus livremente decidiu colocar o amor dele sobre a vida de Jacó — acolher Jacó por graça , independentemente das obras de Jacó , mediante Jesus Cristo.^10 Como diz Calvino: “Não devemos duvidar de que Jacó foi incorporado a Cristo para ser companheiro dos anjos na vida celestial ”.^11 2.2 E como nós sabemos que Esaú , o outro filho de Isaque e Rebeca, não desfrutou da salvação? 2.2.1 A resposta também está no v. 13 : “Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú”. A ARC fornece uma tradução enxuta; “ aborreci Esaú ”. A NVI, ao invés de “me aborreci”, traz “ rejeitei Esaú”, e, na ESV, lemos “Jacó eu amei, mas Esaú eu odiei ”. 2.2.2 Na primeira vez que eu preguei sobre este texto, eu concordei com uma declaração do irmão Marvin Pate, de que “estas palavras, ‘amar’ e ‘rejeitar’ não são de caráter emocional , mas lógico”.^12 Hoje eu discordo totalmente, porque o verbo “aborrecer”, aqui, vincula-se ao substantivo orgē , traduzido como “ira” de Deus, em 1.18. “Ira de Deus” quer dizer não apenas o “castigo divino com base em seu julgamento”, mas, também, a “ raiva de Deus contra alguém”.^13 2.2.3 De fato, o verbo ( miseō ) usado por Paulo, no original, significa, literalmente, “ desgostar-se fortemente , com implicação de aversão e hostilidadeodiar , detestar ”.^14 Idiomaticamente, o vocábulo evoca as ideias de “ matar alguém no coração” ou “ cuspir em alguém no coração”.^15 2.2.4 O que significa, então, que Deus se aborreceu de Esaú”? Simplesmente, que Deus aplicou sobre Esaú a justa punição por seus pecados. Deus puniu Esaú por ser mau. 2.3 Vejam! Um dos filhos de Isaque e Rebeca, Esaú, teve o castigo que merecia — a aplicação do juízo justo de Deus recaiu sobre ele, que era pecador. O outro filho, Jacó, foi declarado justo diante de Deus, não por causa de suas obras, mas (^10) É notável também a frequência com que o “amor” aparece associado ao chamado de Deus ou à eleição. [...] Na escolha de Jacó, a narrativa diz que Deus pôs sobre ele seu amor (Rm 9.13; cf. Rm 9.25). [...] Paulo não questiona a justiça divina quando trata da eleição. Pelo contrário, ele medita sobre o imenso e misericordioso amor de Deus”; cf. SCHREINER, Thomas R. Teologia de Paulo: O Apóstolo da Glória de Deus em Cristo. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 224. (^11) CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: Editora UNESP, 2009, III.XXII.6, p. 392. Tomo II. Livros III e IV. (^12) PATE, C. Marvin. Romanos. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 191. (Série Comentário Expositivo). (^13) LOUW, Johannes P.; NIDA, Eugene Albert. Greek-English Lexicon of the New Testament: Based on Semantic Domains. New York: United Bible Societies, 1996, ὀργή, 38.10, p. 489. (^14) LOUW; NIDA, op. cit., μισέω, 88.198, p. 762–763. (^15) Ibid., loc. cit.

porque Deus o declarou justo, acolheu e amou, por meio de Jesus Cristo. Jacó, explica Paulo, era um “ filho da promessa ”.

Como assim?

2.4 Aqui a Escritura nos informa que, acima e por detrás da [concedida a Jacó] e da incredulidade [de Esaú], existe um plano eterno de Deus. 2.4.1 Mais uma vez estamos diante do termo ( prothesis ), traduzido como “ propósito ” ou “ decreto ”. Eu já falei sobre esta palavra no sermão sobre Romanos 8.28. Ela indica algo “planejado com antecedência”, aquilo que consta em um “plano”. 16 2.4.2 A paráfrase A Mensagem menciona “ seu propósito [...] determinado por sua decisão , vindo diretamente de sua iniciativa ”. Dito de outro modo, Deus tem um plano para cada criatura. O poeta declara isso muito bem: Deus tem um plano em cada criatura E aos astros ele dá o céu E a cada rio ele dá um leito E um caminho para mim traçou. A minha vida eu entrego a Deus Pois o seu Filho entregou por mim, Não me importa onde for seguirei meu Senhor. Sobre terra ou mar, onde Deus mandar, irei. Em seu querer encontro paz na vida E bênçãos que jamais gozei Embora venham lutas e tristezas Tenho fé que Deus me guiará.^17 2.5 E não apenas isso. Aqui a Escritura nos informa que, acima e por detrás da [concedida a Jacó] e da incredulidade [de Esaú], existe um ato eletivo , uma escolha divina. Paulo destaca isso da seguinte forma. 2.5. 1 Esaú e Jacó são semelhantes em algumas coisas. Para começar, Rebeca concebeu de “um só” (v. 10), ou seja, ambos os filhos nasceram do mesmo pai e da mesma mãe. Ademais, eles são “gêmeos” (v. 11). Nestas duas coisas eles eram iguais. Apesar destas semelhanças, a Bíblia diz que Deus os diferenciou na eleição. Como afirma Calvino: Em todas essas coisas eram iguais; e no entanto, Deus fez grande diferença entre eles, porque escolheu um e rechaçou o outro.^18 2.5.2 A palavra do v. 12 ressoa Gênesis 25.23: “ Duas nações há no teu ventre, dois povos , nascidos de ti, se dividirão : um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço”. De fato, dos lombos de Esaú veio o povo de Edom , inimigo do povo de Deus. E de Jacó, surgiu a nação de Israel. (^16) Ibid., πρόθεσις, 30.63, p. 357. (^17) Cântico 32, “Deus Tem Um Plano”. In: Caderno de Cânticos 2013. São José do Rio Preto: Igreja Presbiteriana de São José do Rio Preto, 2013, p. 12. (^18) CALVINO, op. cit., III.XXII.5, p. 391.

3.2.2 Então Deus manda Jesus Cristo , como lemos em Romanos 3.21- 31. E Deus declara que é justo o ser humano que crer em Jesus como único e suficiente Salvador e Senhor (Rm 4.1-25). Mas, afinal de contas, quem é que pode crer em Jesus, uma vez que todos são naturalmente injustos , “ não há quem entenda”, nem “quem busque a Deus”, como lemos em Romanos 3.10- 11? 3.2.3 Entendemos a doutrina? Esaú não é justo e merece a condenação. Jacó não é justo e merece a condenação. Ambos são injustos diante de Deus. Para ser justo com eles, Deus deve mandar ambos para o inferno. Para ser justo comigo , Deus deve me mandar para o inferno. Para ser justo conosco , Deus deve nos condenar a todos, pois todos merecemos condenação. Este é o ensino de Romanos 1.18—3.20. Você está acompanhando o ensino? Estamos juntos até aqui? Então prossigamos. 3.2.4 Se a descendência de Abraão é injusta, como é que Deus pode salvar um descendente de Abraão? Para salvar, Deus deve desconsiderar as obras. Este é o primeiro sentido do v. 11. 3.3 Guardemos isso: Se Deus prestar atenção nas obras, ninguém é salvo. Notemos a expressão “não por obras, mas por aquele que chama” (v. 11). Poderíamos esperar que Paulo dissesse: “Não é por obras, mas pela fé”, uma vez que o contraste entre fé e obras é comum em seus escritos. Certamente ele não está negando tal ideia aqui. Contudo, o apóstolo vai em busca de algo que precede a fé humana, o chamado de Deus que gera tal fé.^24 3.3.1 Por esta razão, para cumprir a promessa de salvar a descendência de Abraão, Deus não considerou as obras de Esaú , o “impuro” e “profano” (Hb 12.16), ou de Jacó , o “suplantador”.^25 3.3.2 De fato, a salvação de Deus não pode ser baseada em qualquer obra feita por Esaú ou Jacó, porque a contabilização final das obras delesou das obras de qualquer ser humano, revela uma dívida impagável por qualquer um de nós. 3.4 Para salvar , Deus deve considerar apenas a obra de Cristo. Anote a doutrina: A salvação do homem é assegurada pelas obras de Jesus. A condenação do homem é assegurada pelas obras do próprio homem. É isso que está sendo ensinado desde o início de Romanos ( Rm 2.5-12; 3. 21 et seq.).

3.4.1 Sendo assim, se a descendência de Abraão é injusta, como é que

Deus pode salvar um descendente de Abraão?

3.4.2 Para salvar, Deus decide não aplicar sua ira sobre Jacó. Deus decide colocar “seu amor em Jacó”.^26 Ele opera uma escolha absolutamente livre e graciosa , ou seja, incondicional. (^24) SCHREINER, op. cit., loc. cit. (^25) O nome “Jacó” evoca a ideia de “ segurar alguém pelo calcanhar, seguir atrás de alguém, trair ou suplantar ”; cf. BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 2. ed. (BEG^2 ). São Paulo; Barueri: Cultura Cristã; Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, nota 25.26 Jacó, p. 51. (^26) SCHREINER, op. cit., p. 225.

3.4.3 Em suma, Deus não escolhe porque sabe quem vai crer. Pelo contrário, ele sabe quem vai crer porque ele já escolheu. A fé é decorrente do decreto divino.

Depois de afirmar que Deus cumpre sua palavra alcançando os “filhos da promessa”,

Paulo tem de lidar com uma objeção. Neste ponto, apresenta-se o segundo ensino,

que é o seguinte...

II Deus atua na história justa e soberanamente

14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. 16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre , mas de usar Deus a sua misericórdia. 17 Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. 18 Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. 1 Como Deus age na história? Notemos que, a partir do ensino dos v. 6-13, abre-se um espaço para o questionamento da justiça de Deus : “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? ” (v. 14). Usando uma fórmula costumeira (“seu veemente mē genoito ”)^27 Paulo responde: “ De modo nenhum! ” (v. 140. A doutrina é simples: Deus atua na história justa e soberanamente. 1.1 Prestemos atenção. Qualquer tentativa de atribuir injustiça a Deus não corresponde ao ensino da Bíblia. 1.1.1 Saibamos que, em Deus, Justiça (Santidade; Bondade) e Poder (Plenipotência e Soberania) são perfeitamente unidos. 1.1.2 A cultura neopagã nega esta a doutrina bíblica. Numa fala do filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça , o vilão Lex Luthor afirma que Deus não pode, ao mesmo tempo, ser Bom (absolutamente santo e justo) e Todo-Poderoso (plenipotente e soberano).^28 A lógica sadia estabelece que um ser que não seja absolutamente Bom e, ao mesmo tempo, Todo- Poderoso, não pode ser Deus. 1.1.3 Os céticos dizem que as evidências da história provam que Deus não existese existisse um Deus Bom e Todo-Poderoso, não haveria mal moral ou sofrimento no mundo. 1.2 A Bíblia afirma que Deus existe. Ele é 100% Bom. E ele é Soberano Todo- Poderoso. Paulo não fala sobre isso apenas aqui, em Romanos 9. 1.2.1 Especialmente nas exposições de Romanos 1.18—3.20 , a revelação mais repetida é a da justiça de Deus. Deus é santo. Perfeito. Justo. 1.2.2 Mesmo na concessão de sua salvação , “Deus é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” ( Rm 3.26 ). (^27) PATE, op. cit., p. 191. (^28) BATMAN VS SUPERMAN: A ORIGEM DA JUSTIÇA (Batman v Superman: Dawn of Justice). Produção de Charles Roven, Deborah Snyder. Local: Estados Unidos, 2016.