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Evolução dos Quadrinhos Norte-americanos: De Narrativas Redundantes a Abordagens Atuais, Notas de aula de Evolução

Este artigo explora a evolução do texto em quadrinhos norte-americanos, partindo do princípio de que as histórias em quadrinhos são a junção de imagens e textos. O texto, que pode ser visto como imagem, tem sido utilizado de diferentes maneiras, desde a simples narrativa redundante com relação ao desenho até as abordagens atuais que exploram todas as facetas desse recurso. O artigo aborda o papel do texto em quadrinhos, suas características e como ele se diferencia de outros tipos de texto.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Adriana_10 🇧🇷

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IMAGINÁRIO! 21 s Jun. 2021 s ISSN 2237-6933 sss CAPA s EXPEDIENTE s SUMÁRIO 94
A evolução do texto nos quadrinhos norte-americanos
Ivan Carlo Andrade de Oliveira
Rodrigo Bandeira da Costa
Resumo: Partindo do princípio que uma história em quadrinhos une ima-
gens a textos, este artigo tem como objetivo mostrar como o texto das
legendas dessa mídia vem sendo utilizado nos quadrinhos norte-ameri-
canos e também demonstrar através de exemplos como tal utilização vem
evoluindo da simples narrativa redundante com relação ao desenho até as
abordagens atuais.
Palavras-chave: Quadrinhos americanos, legenda, roteiro
The evolution of text in North American comics
Abstract: Assuming that a comic book joins images to texts, this article
aims to show how the text of subtitles in this media has been used in Nor-
th American comics and also demonstrate through examples how such
use has evolved from simple narrative redundant from design to current
approaches.
Keywords: American comics, caption, script
05.Ivan Carlo
Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Doutor em Arte e Cultura Visual. Professor da Unifap.
Rodrigo Bandeira da Costa. Graduado em Licenciatura plena em Ciências com Habilita-
ção em Química.
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A evolução do texto nos quadrinhos norte-americanos

Ivan Carlo Andrade de Oliveira

Rodrigo Bandeira da Costa

Resumo: Partindo do princípio que uma história em quadrinhos une ima- gens a textos, este artigo tem como objetivo mostrar como o texto das legendas dessa mídia vem sendo utilizado nos quadrinhos norte-ameri- canos e também demonstrar através de exemplos como tal utilização vem evoluindo da simples narrativa redundante com relação ao desenho até as abordagens atuais. Palavras-chave: Quadrinhos americanos, legenda, roteiro

The evolution of text in North American comics

Abstract: Assuming that a comic book joins images to texts, this article aims to show how the text of subtitles in this media has been used in Nor- th American comics and also demonstrate through examples how such use has evolved from simple narrative redundant from design to current approaches. Keywords: American comics, caption, script 05.Ivan Carlo Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Doutor em Arte e Cultura Visual. Professor da Unifap. Rodrigo Bandeira da Costa. Graduado em Licenciatura plena em Ciências com Habilita- ção em Química.

  1. Introdução

A

s histórias em quadrinhos são uma mídia essencialmente visu-

al. Em razão disso, muitas pessoas se esquecem que elas são a

junção de texto e imagem. Um bom exemplo disso é a definição de

Scott McCloud (2005, p. 9) segundo o qual as histórias em qua-

drinhos são “Imagens pictóricas e justapostas em sequência deli-

berada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma

resposta no espectador”. Aliás, a expressão “imagens pictóricas” é

usada nessa definição para distinguir do texto, que pode ser visto

também como imagem. Assim, o texto fica completamente de fora

da definição.

Como resultado disso, são poucos os estudos que se debruçam

sobre o texto quadrinístico e as características que o diferenciam de

outros tipos de texto. São ainda mais raros os trabalhos que anali-

sam o texto legenda, normalmente visto apenas como uma forma

de indicar mudança de ambientação (“Em outro lugar...”) ou de

tempo (“No dia seguinte...”).

O objetivo deste artigo é fazer um percurso histórico mostrando

como esse tipo de texto evoluiu da simples narrativa redundante

com relação ao desenho até as abordagens atuais, que exploram to-

das as facetas desse recurso. Para melhor alcançar esse objetivo, fo-

camos nossa analise em um recorte bem específico: os quadrinhos

norte-americanos. A razão disso é a facilidade de acesso a materiais

das mais diversas épocas.

ter diferentes formatos, cada um com seu significado, efeito obtido de acordo com as variações na linha do contorno, o que forma um código de sentido próprio na linguagem dos quadrinhos.

Renardt (apud OLIVEIRA, 2008, p. 53) defende que um dos em-

briões dos balões já pode ser encontrado nos séculos XII e XIII com

o surgimento dos filactérios,

[...] bandeirola que sai da boca do personagem que fala, e na qual se encontram inscritas palavras. Esta bandeirola recebe o nome de phylactère, por alusão a pequenos rolos com o mesmo nome, co- berto de extratos da Thora, transportados na fronte pelos grandes padres judeus. É este termo que ainda hoje se aplica por vezes ao balão utilizado na banda desenhada. A legenda (caixa de informa- ções), aparece ao lado do balão como outro importante elemento narrativo. Normalmente ocupa a parte de cima do quadro que con- tém a figura, porque é convencionalmente onde se inicia a leitura. Na legenda encontra-se geralmente a fala do narrador, seja ele em primeira ou em terceira pessoa.

Segundo Marjorie Yamada (2019),

Os antecessores do balão de fala surgiram muito antes das primei- ras tiras: o pergaminho, também chamado de filactério, surgiu no século XIII, como uma experimentação de juntar o texto à imagem. A fala era escrita em um papiro que pairava oscilante no ar e desen- rolava-se até a boca do falante.

De acordo com a autora, a invenção da imprensa fez com que

imagem e texto se separassem, já que ambos dependiam de méto-

dos diferentes para serem produzidos. Os filactérios sobreviveram

apenas nas charges políticas.

Ainda segundo a mesma autora,

Foi Rodolphe Töpffer quem tornou a reaproximar palavra e imagem no âmbito da literatura, no início do século XIX, ao relatar histó- rias usando ilustrações sequenciais, com um pedaço da narração compartimentalizado abaixo de cada uma. Seus trabalhos foram impressos nos Estados Unidos e por toda a Europa, disseminando o método para fora do país (YAMADA, 2019).

Um marco nessa história é a criação, em 1896, de Yellow Kid, de

Richard Outcault:

Inicialmente, as falas do protagonista apareciam estampadas em sua veste, mas os balões foram acrescentados pouco tempo após a estreia. Na obra de Outcault, as conversações se tornaram funda- mentais para a transmissão da piada. Era a primeira vez, nos traba- lhos gráficos, que a ideia principal da história dependia do diálogo, e, por isso, as aventuras do garoto trajando um camisolão amarelo são geralmente creditadas como as primeiras tiras de quadrinhos (YAMADA, 2019).

Mas há, nos quadrinhos, um tipo de texto que não se trata de fala

de personagens. Trata-se das legendas (ou recordatórios) normal-

mente acondicionadas aos quadros na forma de retângulos.

Segundo Xavier (2020), a legenda ou recordatório é constituída por

frases (ou fragmentos de frases) em um quadro, usadas para indicar mudança de tempo ou local em que transcorre a ação, para dar resu- mo de uma cena anterior, ou veicular comentários oniscientes do nar- rador. Tal recurso normalmente aparece no canto superior do qua- drinho, mas também pode ocupar uma faixa ou até o quadro inteiro A legenda pode ser não só utilizada pelo narrador onisciente, mas também, em alguns casos, pelo narrador- personagem (personagem que se torna narrador em algum momento da trama), normalmente ao fazer menção a fatos passados ( flashback ), ao contar uma história.

Nesse sentido, é importante destacar que as Aventuras de Nhô

Quim, de Angelo Agostini, apresentavam esse recurso já no ano de

1869, mas teve pouca influência em outros trabalhos em decorrên-

cia da tiragem limitada e a não existência, naquela época, de empre-

sas de distribuição de tiras que levassem a história para milhares e

até milhões de leitores.

Um exemplo dessa utilização, ainda primitiva da legenda, pode

ser encontrado em Jim das Selvas, de Alex Raymond na “Aventura

Perigo no Rio”. Na história, Jim, Joam e o nativo Kolu estão des-

cendo o rio quando encontram com bandidos que, ameaçando uma

mulher com um bebê, fazem com que eles joguem na água a metra-

lhadora e roubam seus mantimentos e armas. O texto diz:

Sabendo que o chefe do grupo pode cumprir a ameaça, Jim manda Kolu jogar a arma no rio... em seguida os piratas invadem a canoa iniciando uma pilhagem, enquanto Jim vê a moça colocar alguma coisa dentro da mamadeira do filho e deixá-la cair na água. Os atacantes partem e Jim e Joam são abandonados na praia (RAYMOND, 1977, p. 76).

Como se pode ver, o texto é, essencialmente narrativo e, de certa

forma, conta com palavras aquilo que já está sendo mostrado pelas

imagens. A única informação aí que não poderia ser facilmente per-

cebida através dos signos visuais é a mulher ter colocado o bilhete

dentro da mamadeira do filho e jogado no rio, algo difícil de perce-

ber apenas com a visualização da imagem.

Essa fase inicial, portanto, é caracterizada pelo texto narrativo e

redundante. Danton (2015) considera o texto redundante o princi-

pal erro cometido por roteiristas.

A redundância, segundo a Teoria da Informação, é o oposto da

informação. Dessa forma, enquanto a informação significa varie-

dade, novidade, “a redundância significa falta de variedade ou sim-

plesmente repetição” (OLIVEIRA, 2010, p. 26). Ela é também um

aumento no custo de transmissão da mensagem.

Embora tenha sua importância para garantir a compreensão da

mensagem, ela não permite que se explore totalmente as possibili-

dades informativas do canal. No caso dos quadrinhos, o uso redun-

dante da legenda era um entrave para o bom desenvolvimento da

linguagem dos quadrinhos no tocante ao texto.

Numa abordagem nitidamente literária, mas que serve aos nos-

sos propósitos, Gisele Gama da Silva (2019) afirma que

A relação texto-imagem é redundante quando a imagem é “inferior” (palavras de Sataella e Nöth) ao texto e apenas o complementa. O exemplo dado pelo autor são as ilustrações de um mesmo livro de edições diferentes, no qual em uma edição há ilustrações e na outra não. A ausência das ilustrações em uma das edições mostra sua pou- ca importância.

Transpondo para os quadrinhos, a redundância pode ser con-

siderada quando o texto é “inferior” ao desenho, não trazendo ne-

nhuma informação a mais e sendo, portanto, desnecessário. O mes-

mo exercício acima pode ser reproduzido numa história em quadri-

nhos: tira-se o texto, se o sentido ainda se estabelece, a legenda era

desnecessária.

Como se vê pelo exemplo, Foster emula o texto literário. É possí-

vel entender a ação sem o auxílio das imagens. Entretanto, as ima-

gens trazem uma camada a mais de significado. Ao ver a página de

quadrinho, podemos perceber, por exemplo, que o rei de Thule e

seu grupo fogem a cavalo, que o barqueiro do pesqueiro não lhes

cedeu o barco voluntariamente (a imagem mostra os soldados ame-

açando-o). É essa camada a mais de significado que faz com que

Príncipe Valente seja quadrinhos, e não literatura.

Figura 3. Will Eisner inovou ao usar a legenda em Tha Spirit. Fonte: EISNER, 1990, p. 11

Will Eisner foi um dos mais criativos quadrinistas norte-ameri-

canos e teve uma contribuição enorme para o desenvolvimento da

linguagem e suas potencialidades. Em The Spirit, ele inovava não

apenas iconicamente, mas também no uso do texto. Em uma das

histórias, publicada aqui na The Spirit número 6 da editora Abril

jovem, ele faz abertura da HQ como se fosse um anúncio publicitá-

rio e a legenda simula a legenda dos chamados reclames de produ-

tos femininos:

Ela é feia! Esta é Matilda Dolan, irmã do famoso comissário de polícia. Aos 45 anos, ela ainda mantém o charme juvenil. Diz a Se- nhorita Dolan: “Para ter um semblante claro e uma pele que arranca elogios dos homens mais frios, eu uso creme facial Cogumelina”. Mas tem namorado! Aqui está a popular Matilda com seu noivo, Glutão Mutton, o rico desportista. Eles estão de casamento marcado para junho. É o primeiro enlace dele, e o sexto dela. Mutton, cheio de melindre, diz: “Sempre tive uma queda por garotas com ar de cogumelo”. Não ficaram um lindo casal? Ela usa creme facial Cogumelina (EISNER, 1990, p. 11).

Um roteirista que iria ter influência perene sobre os quadrinhos

norte-americanos é Stan Lee. Na década de 1960 ele inovou na for-

ma de representação dos personagens (mostrados como falíveis) na

introdução da cronologia e no uso das legendas.

Uma das inovações foi usar a legenda com o objetivo de transmi-

tir a sensação de empolgação, a exemplo do texto da revista inaugu-

ral da editora, Quarteto Fantástico 1:

Com a súbita fúria de um trovão, um clarão surge nos céus de Cen- tral City! Como que num passe de mágica, duas incríveis palavras tomam forma e nasce uma lenda! Acima de tamanha balbúrdia e confusão, um homem estranho empunha uma arma que acabou de

nação, seu bico afiado cintila... e rasga a face de Conan, que vira sua cabeça... e, sem oferecer tempo para reação, fecha seus dentes pode- rosos... que se cravam como as mandíbulas de um lobo no pescoço da criatura! Imediatamente o abutre explode em guinchos de dor e histeria (THOMAS, BUSCEMA, 2018, p. 21).

O texto aqui não busca apenas narrar os acontecimentos, mas

criar uma sensação no leitor.

Figura 4. Exemplo de texto de ambientação em história do Coisa Humana. Fonte: THOMAS, Roy; CONWAY, Gerry; MORROW, 2017, p. 87-

Roy Thomas e Gerry Conway avançaram o texto ainda mais em

Coisa Humana, num texto que seria definido por Oliveira (2019)

como de ambientação:

Por quanto tempo você esperou? Por quanto tempo definhou nesse pântano, nesse inferno de fétida escuridão? Por quanto tempo ou- viu... o chamado da noite no canto das garças... por quanto tempo assistiu ao jogo entre vida e morte, predador e vítima? Por quanto tempo viveu esse pesadelo, aqui na escuridão? Por quanto tempo que quase esqueceu... que um dia foi um homem! (THOMAS, Roy; CONWAY, Gerry; MORROW, 2017, p. 87-88).

Observa-se que o texto aqui não tem o objetivo de descrever uma

ação ou mesmo de indicar uma mudança de ambiente ou de tempo.

Também não é um texto que se torna redundante com relação à

imagem, tanto que se torna impossível entendê-lo sem as imagens

do crocodilo tentando caçar o pássaro.

Gerry Conway também inovou ao introduzir na indústria dos co-

mics uma legenda que é um diálogo entre o narrador e o persona-

gem. Esse recurso era muito comum nas revistas do Homem-Ara-

nha da década de 1970 escritas por Conway. O mesmo autor usava

também a legenda para complementar a fala de um personagem

que não estava no quadro.

Como se vê, os roteiristas da Marvel na década de 1970, discípu-

los de Stan Lee, inovaram bastante no uso da legenda.

A década de 1980 talvez tenha sido a de maiores inovações no

meio. Autores como Frank Miller e Alan Moore revolucionaram

completamente o meio usando, de maneira madura, recursos que

eram apenas experimentais na década de 1970.

Onde está a dor? Meus músculos deveriam estar massacrados, exaustos... e eu, incapaz de me mover. Se eu fosse mais velho, na certa estaria assim. Mas hoje eu voltei a ter trinta anos... não, vinte. A chuva em meu peito é um batismo. Eu nasci outra vez (MILLER, 1987, p. 28). Figura 6. O texto em Cavaleiro das Trevas é uma evolução da legenda em primeira pessoa. Fonte: MILLER, 1987, p. 28

Segundo Danton (2016, p. 60),

O texto, aqui, reflete os pensamentos do personagem. Por isso, ele está no presente e em primeira pessoa. As frases são curtas para dar movimento à cena. Uma vez que as HQs, ao contrário do cine- ma, não têm movimento, é necessário inventar alguns truques para enganar o leitor e fazê-lo acreditar que está vendo movimento. Um deles é escrever frases curtas e distribuí-las verticalmente pelo qua- dro. Miller é um mestre nesse tipo de engodo. Figura 7. Neil Gaiman introduziu um tipo de legenda que parece uma poesia visual. Fonte: (GAIMAN, MCKEAN, 2002, p. 4)

Um outro exemplo de texto diferenciado é quando a legenda re-

úne um diálogo entre dois personagens. Na década de 1970, como

mostrado acima, roteiristas como Gerry Conway já haviam usado a

legenda para completar a fala de um personagem que não estava no

quadro, mas na década de 1980 o recurso foi extrapolado. Exem-

plo disso pode ser encontrado em Miracleman, de Alan Moore. Na

história, dois alienígenas disfarçados de humanos conversam em

um parque. Mas, para não serem descobertos, a conversa é feita

de maneira telepática. Moore poderia ter usado balões de pensa-

mento, mas há uma sensação de estranhamento muito maior no

uso das legendas (o recurso inusitado combina com o fato de serem

extraterrestres):

Ainda está lá, irmão? Sua inteligência penetrou o infraespaço? Quase, irmão. Este traje orgânico está sofrendo uma perda sanguí- nea cíclica, que é desconfortável e perturbadora. Seja como for, es- tou quase. Ah, pronto. Estabeleci interface com o drone de inspeção. Estou tentando localizar os corpos mais adoráveis de Nhul, mas, en- quanto ela estiver alhures, provocar tal luxúria seria enlouquecedor. Além do mais, tenho outras formas para inspecionar. Espero que você não examine o vestiário mais excêntrico do meu Rehr. Certa vez, perto de Atares, nós copulamos como moluscos-baleias em meio a metano incandescente (MOORE, VEITCH, 2015, p. 5).

Figura 9. Exemplo de legenda em que o narrador conversa com o personagem. Fonte: (DEMATTEIS; GREEN, 21989, p. 4)