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Este artigo explora a evolução do texto em quadrinhos norte-americanos, partindo do princípio de que as histórias em quadrinhos são a junção de imagens e textos. O texto, que pode ser visto como imagem, tem sido utilizado de diferentes maneiras, desde a simples narrativa redundante com relação ao desenho até as abordagens atuais que exploram todas as facetas desse recurso. O artigo aborda o papel do texto em quadrinhos, suas características e como ele se diferencia de outros tipos de texto.
Tipologia: Notas de aula
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Rodrigo Bandeira da Costa
Resumo: Partindo do princípio que uma história em quadrinhos une ima- gens a textos, este artigo tem como objetivo mostrar como o texto das legendas dessa mídia vem sendo utilizado nos quadrinhos norte-ameri- canos e também demonstrar através de exemplos como tal utilização vem evoluindo da simples narrativa redundante com relação ao desenho até as abordagens atuais. Palavras-chave: Quadrinhos americanos, legenda, roteiro
Abstract: Assuming that a comic book joins images to texts, this article aims to show how the text of subtitles in this media has been used in Nor- th American comics and also demonstrate through examples how such use has evolved from simple narrative redundant from design to current approaches. Keywords: American comics, caption, script 05.Ivan Carlo Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Doutor em Arte e Cultura Visual. Professor da Unifap. Rodrigo Bandeira da Costa. Graduado em Licenciatura plena em Ciências com Habilita- ção em Química.
ter diferentes formatos, cada um com seu significado, efeito obtido de acordo com as variações na linha do contorno, o que forma um código de sentido próprio na linguagem dos quadrinhos.
[...] bandeirola que sai da boca do personagem que fala, e na qual se encontram inscritas palavras. Esta bandeirola recebe o nome de phylactère, por alusão a pequenos rolos com o mesmo nome, co- berto de extratos da Thora, transportados na fronte pelos grandes padres judeus. É este termo que ainda hoje se aplica por vezes ao balão utilizado na banda desenhada. A legenda (caixa de informa- ções), aparece ao lado do balão como outro importante elemento narrativo. Normalmente ocupa a parte de cima do quadro que con- tém a figura, porque é convencionalmente onde se inicia a leitura. Na legenda encontra-se geralmente a fala do narrador, seja ele em primeira ou em terceira pessoa.
Os antecessores do balão de fala surgiram muito antes das primei- ras tiras: o pergaminho, também chamado de filactério, surgiu no século XIII, como uma experimentação de juntar o texto à imagem. A fala era escrita em um papiro que pairava oscilante no ar e desen- rolava-se até a boca do falante.
Foi Rodolphe Töpffer quem tornou a reaproximar palavra e imagem no âmbito da literatura, no início do século XIX, ao relatar histó- rias usando ilustrações sequenciais, com um pedaço da narração compartimentalizado abaixo de cada uma. Seus trabalhos foram impressos nos Estados Unidos e por toda a Europa, disseminando o método para fora do país (YAMADA, 2019).
Inicialmente, as falas do protagonista apareciam estampadas em sua veste, mas os balões foram acrescentados pouco tempo após a estreia. Na obra de Outcault, as conversações se tornaram funda- mentais para a transmissão da piada. Era a primeira vez, nos traba- lhos gráficos, que a ideia principal da história dependia do diálogo, e, por isso, as aventuras do garoto trajando um camisolão amarelo são geralmente creditadas como as primeiras tiras de quadrinhos (YAMADA, 2019).
frases (ou fragmentos de frases) em um quadro, usadas para indicar mudança de tempo ou local em que transcorre a ação, para dar resu- mo de uma cena anterior, ou veicular comentários oniscientes do nar- rador. Tal recurso normalmente aparece no canto superior do qua- drinho, mas também pode ocupar uma faixa ou até o quadro inteiro A legenda pode ser não só utilizada pelo narrador onisciente, mas também, em alguns casos, pelo narrador- personagem (personagem que se torna narrador em algum momento da trama), normalmente ao fazer menção a fatos passados ( flashback ), ao contar uma história.
Sabendo que o chefe do grupo pode cumprir a ameaça, Jim manda Kolu jogar a arma no rio... em seguida os piratas invadem a canoa iniciando uma pilhagem, enquanto Jim vê a moça colocar alguma coisa dentro da mamadeira do filho e deixá-la cair na água. Os atacantes partem e Jim e Joam são abandonados na praia (RAYMOND, 1977, p. 76).
A relação texto-imagem é redundante quando a imagem é “inferior” (palavras de Sataella e Nöth) ao texto e apenas o complementa. O exemplo dado pelo autor são as ilustrações de um mesmo livro de edições diferentes, no qual em uma edição há ilustrações e na outra não. A ausência das ilustrações em uma das edições mostra sua pou- ca importância.
Figura 3. Will Eisner inovou ao usar a legenda em Tha Spirit. Fonte: EISNER, 1990, p. 11
Ela é feia! Esta é Matilda Dolan, irmã do famoso comissário de polícia. Aos 45 anos, ela ainda mantém o charme juvenil. Diz a Se- nhorita Dolan: “Para ter um semblante claro e uma pele que arranca elogios dos homens mais frios, eu uso creme facial Cogumelina”. Mas tem namorado! Aqui está a popular Matilda com seu noivo, Glutão Mutton, o rico desportista. Eles estão de casamento marcado para junho. É o primeiro enlace dele, e o sexto dela. Mutton, cheio de melindre, diz: “Sempre tive uma queda por garotas com ar de cogumelo”. Não ficaram um lindo casal? Ela usa creme facial Cogumelina (EISNER, 1990, p. 11).
Com a súbita fúria de um trovão, um clarão surge nos céus de Cen- tral City! Como que num passe de mágica, duas incríveis palavras tomam forma e nasce uma lenda! Acima de tamanha balbúrdia e confusão, um homem estranho empunha uma arma que acabou de
nação, seu bico afiado cintila... e rasga a face de Conan, que vira sua cabeça... e, sem oferecer tempo para reação, fecha seus dentes pode- rosos... que se cravam como as mandíbulas de um lobo no pescoço da criatura! Imediatamente o abutre explode em guinchos de dor e histeria (THOMAS, BUSCEMA, 2018, p. 21).
Figura 4. Exemplo de texto de ambientação em história do Coisa Humana. Fonte: THOMAS, Roy; CONWAY, Gerry; MORROW, 2017, p. 87-
Por quanto tempo você esperou? Por quanto tempo definhou nesse pântano, nesse inferno de fétida escuridão? Por quanto tempo ou- viu... o chamado da noite no canto das garças... por quanto tempo assistiu ao jogo entre vida e morte, predador e vítima? Por quanto tempo viveu esse pesadelo, aqui na escuridão? Por quanto tempo que quase esqueceu... que um dia foi um homem! (THOMAS, Roy; CONWAY, Gerry; MORROW, 2017, p. 87-88).
Onde está a dor? Meus músculos deveriam estar massacrados, exaustos... e eu, incapaz de me mover. Se eu fosse mais velho, na certa estaria assim. Mas hoje eu voltei a ter trinta anos... não, vinte. A chuva em meu peito é um batismo. Eu nasci outra vez (MILLER, 1987, p. 28). Figura 6. O texto em Cavaleiro das Trevas é uma evolução da legenda em primeira pessoa. Fonte: MILLER, 1987, p. 28
O texto, aqui, reflete os pensamentos do personagem. Por isso, ele está no presente e em primeira pessoa. As frases são curtas para dar movimento à cena. Uma vez que as HQs, ao contrário do cine- ma, não têm movimento, é necessário inventar alguns truques para enganar o leitor e fazê-lo acreditar que está vendo movimento. Um deles é escrever frases curtas e distribuí-las verticalmente pelo qua- dro. Miller é um mestre nesse tipo de engodo. Figura 7. Neil Gaiman introduziu um tipo de legenda que parece uma poesia visual. Fonte: (GAIMAN, MCKEAN, 2002, p. 4)
Ainda está lá, irmão? Sua inteligência penetrou o infraespaço? Quase, irmão. Este traje orgânico está sofrendo uma perda sanguí- nea cíclica, que é desconfortável e perturbadora. Seja como for, es- tou quase. Ah, pronto. Estabeleci interface com o drone de inspeção. Estou tentando localizar os corpos mais adoráveis de Nhul, mas, en- quanto ela estiver alhures, provocar tal luxúria seria enlouquecedor. Além do mais, tenho outras formas para inspecionar. Espero que você não examine o vestiário mais excêntrico do meu Rehr. Certa vez, perto de Atares, nós copulamos como moluscos-baleias em meio a metano incandescente (MOORE, VEITCH, 2015, p. 5).
Figura 9. Exemplo de legenda em que o narrador conversa com o personagem. Fonte: (DEMATTEIS; GREEN, 21989, p. 4)