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Feuerbach é um filósofo pouco conhecido no meio acadêmico brasileiro, apesar de sua importância na história da filosofia ocidental. Neste documento, será analisada a filosofia ética de feuerbach, particularmente em seus escritos tardios, onde ele propõe uma nova concepção de natureza e antropologia, que influenciou a filosofia prática. O trabalho abordará a relação entre a natureza, a autoconservação humana e a filosofia moral de feuerbach, além de sua crítica à filosofia kantiana e à concepção de livre-arbítrio.
Tipologia: Notas de aula
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Pedro Hübner Wortmann, Draiton Gonzaga de Souza (orientador)
Faculdade de Direito, PUCRS
Resumo
Feuerbach é ainda um autor pouco conhecido no meio filosófico brasileiro. Talvez isso se deva ao fato de estar entre dois grandes pensadores do Ocidente, a saber: Hegel e Marx. Geralmente é mencionado, quando se fala da passagem de Hegel para Marx ou quando se citam as famosas Teses ad Feuerbach. Isto porque se observarmos atentamente a pesquisa sobre o pensamento de Feuerbach^1 , apesar de não se ter por objetivo aqui abordar detidamente a história da recepção do pensamento feuerbachiano, constata-se que houve um período em que sua obra foi considerada ou em relação à filosofia hegeliana ou na sua relação com o pensamento de Marx. A originalidade e a autonomia da filosofia de Feuerbach ficaram praticamente esquecidas e sua filosofia tratada apenas como passagem do idealismo de Hegel para o materialismo de Marx, isto é, como “Mittelglied”^2 entre Hegel e Marx^3
Além disso, há apenas alguns, anos estão disponíveis as principais obras de Feuerbach, A Essência do cristianismo (1988) e Preleções sobre a essência da religião (1989), em língua portuguesa, numa edição brasileira acessível. Até então, era necessário recorrer a línguas estrangeiras, para se poder ler as obras desse pensador. Também são raros os estudos em português que se ocupam de seu pensamento, propondo uma análise séria e objetiva.
. Feuerbach ocupa, no entanto, uma posição especial na história da filosofia.
(^1) Para a análise da literatura sobre Feuerbach, cf. W. Jaeschke, Feuerbach redivivus, p. 199-237. Trata-se de um texto magistral, que analisa as obras publicadas sobre Feuerbach entre 1969 e 1978. 2 F. Engels escreve sobre Feuerbach o seguinte: „Auf Feuerbach, der doch in mancher Beziehung ein Mittelglied zwischen der Hegelschen Philosophie und unsrer Auffassung bildet, sind wir nie wieder zurückgekommen.“ (MEW 21, 263) 3 Cf. W. Lefèvre, Das Feuerbach-Bild von Friedrich Engels, p. 714.
Mencione-se aqui, no entanto, a análise da filosofia de Feurbach feita por J. A. Giannotti^4
Viu-se a necessidade de abordar a obra desse autor, não só pelo fato de constatar uma lacuna no tocante a estudos críticos sobre o pensamento feuerbachiano na bibliografia brasileira, mas também, e principalmente, pela relevância de sua filosofia, que se encontra numa importante virada da maneira de filosofar no Ocidente, e que marca a ruptura com os sistemas idealistas dos séculos XVIII e XIX.
que, embora escrita há algumas décadas, ainda não perdeu a sua atualidade. A maioria dos comentaristas da obra feuerbachiana, porém, são alemães, franceses, italianos, espanhóis e norte-americanos. É um autor, pois, muito citado, mas ainda pouco conhecido.
Feuerbach é, geralmente, conhecido por sua crítica da religião e do cristianismo, como indica o título de suas obras anteriormente citadas: A essência do cristianismo e A essência da religião. Porém, o presente projeto abordará os escritos tardios de Feuerbach, que podem ser considerados como a tentativa de execução do seu projeto de uma Nova Filosofia no campo da filosofia prática: os escritos éticos tardios, tendo como premissas uma nova concepção de natureza e uma nova antropologia. Trata-se aqui de examinar se Feuerbach, partindo da sua Nova Filosofia , apresentada no contexto da sua crítica à religião e ao Idealismo, consegue desenvolver uma filosofia moral coerente com o projeto apresentado. Como consequência, analisar-se-à também em que medida Feuerbach, na sua recepção crítica da filosofia kantiana, dá continuidade ao seu ataque à religião, na medida em que identifica a Ética kantiana com a Teologia.
concebido especialmente no período a partir de 1846 e que se encontra em íntima relação com a filosofia moral feuerbachiana dos escritos tardios. Através da análise da natureza, constatar- se-á que não interessa a Feuerbach a natureza como tal, mas sim a relação de domínio do ser humano sobre a natureza, na busca de sua autoconservação, o que se pode denominar de antropologismo feuerbachiano (um dos princípios fundamentais de sua ética tardia^5 ). Nesse contexto, o ponto central da reflexão feuerbachiana não será mais o ser humano compreendido como ser genérico (Gattungswesen), mas sim como indivíduo, “o ser absoluto e verdadeiro” (“das wahre, das absolute Wesen”^6
(^4) José Arthur GIANNOTTI, Origens da dialética e do trabalho. Estudo sobre a lógica do jovem Marx , p. 31-75 (“A dialética contemplativa de Ludwig Feuerbach”). Quando, nas citações de obras em língua estrangeira, não estiver indicado o tradutor, a tradução é de minha responsabilidade.
). A antropologia naturalista feuerbachiana e
(^5) Cf. S. Rawidowicz, Ludwig Feuerbachs Philosophie , p. 248. (^6) GW 6, 392. „Ich hebe nur einen Punkt hervor; aber er ist der Kardinalpunkt, um den sich alles dreht. Es ist der Begriff des Individuums“ ( id., ibid .).