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A Energia Elétrica e as Fontes Alternativas de Energia na Gestão das Empresas
Autoria: Celso Machado Junior, Cristiane Jaciara Furlaneto, Leandro Campi Prearo
Resumo
O presente artigo desenvolve um levantamento nas empresas do território nacional,
objetivando identificar o atual cenário de gestão da energia elétrica e da utilização de fontes
alternativas de energia. A matriz energética das empresas se enquadra no contexto da
abordagem sócio-ambiental, pois se trata de um recurso importante para a qualidade de vida
das pessoas e ao mesmo tempo um recurso indispensável para as organizações. O estudo
analisa as empresas segundo duas variáveis, a primeira relacionada à certificação ou não pela
norma NBR ISO 14.001, e a segunda decorrente do porte da empresa, neste caso divido em
dois grupos, o primeiro é o somatório das empresas de pequeno e médio porte e o segundo
grupo das empresas de grande porte. A pesquisa aborda um universo de 649 empresas que
responderam a um questionário fechado, com o posterior tratamento estatístico dos dados com
o software SPSS. O estudo oferta ainda um levantamento do referencial teórico da gestão
ambiental, possibilitando o entendimento do contexto que o norteia. A metodologia
desenvolvida cria condições para estabelecer o cenário energético das empresas onde se
observa que tanto nas empresas certificadas pela norma NBR ISO 14.001 quanto às empresas
de grande porte, demonstram uma maior atenção no gerenciamento dos recursos energéticos,
e para as fontes alternativas não se observou diferenças significativas em decorrência da
certificação pela referida norma. No tocante ao porte das empresas observa-se uma
prevalência das empresas de grande porte apenas para a energia hídrica e para o
bicombustível.
1. Introdução
O desenvolvimento da sociedade e o consumo de energia se apresentam intimamente
ligados em determinados aspectos, estabelecendo uma relação clara entre causa e efeito.
Para Goldemberg (1998) o consumo de energia per capita pode ser utilizado como um
indicador social, no qual é possível visualizar problemas que afetam os países, para tanto
aponta que nos países mais pobres a expectativa de vida é 30% menor, a mortalidade infantil
superior a 60 por 1000 nascimentos, enquanto nos países industrializados é inferior a 20 e
taxa de analfabetismo superior a 20%. Este panorama estabelece uma clara relação entre o
consumo de energia e aspectos importantes para o bem estar da sociedade.
A utilização dos hidrocarbonetos como matriz energética universal moldou o
comportamento da sociedade no ultimo século, determinando comportamentos, costumes,
culturas entre outras variáveis da sociedade. Recentemente a sociedade se desperta para uma
nova abordagem sobre os recursos energéticos que utiliza, incluindo em seu escopo de
atenção variáveis tais, como: sustentabilidade, poluição, custo social, segurança energética
entre outros.
Aspectos econômicos continuam a exercer uma forte influencia na definição da matriz
energética, porem não possuem mais exclusividade nas decisões voltadas a estabelecer o
padrão de utilização. O fator econômico atua como um incentivo, e não mais como uma
barreira, para o desenvolvimento de novas fontes de energia e de tecnologias para ampliar as
possibilidades de recursos a serem utilizados. Nesse sentido características regionais
estabelecem abordagens diferenciadas, pois o foco se concentra em utilizar recursos que
estejam de fácil acesso, mantendo a premissa econômica, configurando um estado de
pluralidade de fontes energéticas tais como a energia eólica, a energia solar e a biomassa entre
outras. Este cenário permeia um futuro no qual conviveremos com uma grande diversidade de
recursos energéticos e não apenas com poucos utilizados em grande escala.
Outro ponto de atenção na questão energética é a eficiência da sua utilização, novos
produtos e novas tecnologias afloram com o objetivo de se obter melhores resultados
energéticos. Nesse sentido vários estudos como o de Slootweg, Polinder e Kling (2003)
analisam três modelos contemporâneos de turbinas eólicas na geração de eletricidade por
meio de simulações e determinam o grau de interação e eficiência. Em outro estudo Biggart e
Lutzernhiser (2007) analisam o consumo de energia em prédios de instituições
governamentais e empresariais que demonstram interesse em racionalização da organização e
ações voltadas para o uso mais eficiente. Os autores destacam que este aspecto é uma parcela
pequena do problema, mas os desafios são significativos em decorrência da concepção da
construção das edificações e de paradigmas enraizados em princípios econômicos
convencionais. As inovações incorporadas nas novas edificações ainda não contemplam as
oportunidades de lucro e ampliação da eficiência possível, caso a variável redução no
consumo de energia se configurasse como dado relevante no projeto. Neste sentido estudos
apontam que edificações que incorporam soluções de projeto podem apresentam uma redução
no consumo de energia estimada entre 20% e 40% (Nadel, Shipley e Elliott, 2.004).
O consumo de energia pode ser analisado sob dois fatores principais de consumo o
primeiro de uso residencial e o segundo de uso empresarial, ambos possuem ao mesmo tempo
inter-relação e concorrência. De um lado o uso residencial apresenta picos de consumo no
horário em que as pessoas chegam à residência e vão tomar banho e como no Brasil grande
parte dos chuveiros é elétrico o consumo e sensivelmente afetado, de outro lado no momento
em que a indústria inicia suas atividades diárias ocorre um pico de consumo, pois muito dos
equipamentos utilizam resistência elétricas e necessitam rapidamente atingir uma elevada
temperatura de trabalho. Para equalizar este cenário, vários programas são objeto de estudo e
até de implementação, como exemplo a cobrança de uma tarifa residencial menor para as
residências que não apresentassem pico de consumo de energia no horário critico, inicio da
noite, e ainda, a cobrança da indústria pelo pico de consumo, estas medidas objetivam
equalizar o consumo de energia ao logo do dia evitando colapso do sistema.
Diante da importância da energia para a sociedade, tanto no contexto residencial
quanto no empresarial, o presente artigo objetiva identificar o atual cenário energético das
empresas na gestão da energia elétrica e na utilização de fontes alternativas de energia. O
estudo procura identificar se a certificação pela norma NBR ISO 14.001 e o porte da empresa
interfere na gestão do recurso energético e ainda se apresenta maior atenção a utilização de
fontes renováveis de energia.
2. As organizações, a energia e a abordagem ambiental contemporânea
A consciência ambiental e social emerge a partir da década de 1970, conduzida por
conferências e eventos globais que convocam os principais atores do processo de
transformação, o poder público, a sociedade e as organizações. Nestes eventos os atores
buscaram o entendimento de que esta era uma causa comum e que permeia o interesse de
todos os envolvidos, em alguns casos semelhantes enquanto em outros conflitantes, mas
depositários da necessidade de um entendimento. Esta demanda de entendimento decorre da
expansão da preocupação ambiental que posiciona o ser humano no centro da possibilidade de
uma terrível ameaça, a de falta de sustentabilidade das atividades desempenhadas pela
sociedade, que é parte integrante da natureza de forma indivisível e participante da relação
causa e efeito. Logo, ao agredir o meio ambiente, o ser humano agride a si próprio, com
renováveis, de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal, cana-de-
açúcar e outras matérias orgânicas. A energia geotérmica se origina do calor proveniente do
interior da crosta terrestre. Existe porque a temperatura do planeta varia em profundidade, a
cada 100 metros de profundidade a temperatura aumenta 3ºC, e manifesta-se naturalmente à
superfície na forma de vapor e de água quente, mas pode ser explorada a partir do interior do
solo através de furos (bombas de calor).
3. Metodologia
A pesquisa se aprofunda na identificação do atual cenário energético pela analise da
conduta da organização na abordagem da gestão do recurso energético e na utilização de
fontes alternativas de energia. Para tanto realiza a investigação em dois grupos de analise: se a
empresa é certificada pela norma NBR ISO 14.001 e pelo porte da empresa.
A linha de atuação do projeto se classifica como um estudo de natureza quantitativa. A
amostra é composta por 649 empresas que disponibilizaram suas informações para a
publicação na revista “ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL” (2008). A revista em questão
realizou durante o ano de 2.008 um trabalho de quatro meses envolvendo vinte profissionais
no processo de distribuir e captar questionário destinado as questões ambientais, análise de
consistência dos dados e preparo para publicação. A revista realiza as totalizações das
respostas, porém não estabelece estudos ou analises objetivando levantar dependência entre os
dados obtidos.
Desta forma o presente estudo constrói uma nova tabela com os dados
disponibilizados e então realiza as análises estatísticas pertinentes ao objetivo proposto. Vale
destacar que os questionários foram encaminhados e respondidos diretamente pelas empresas,
por meio de seus representantes legais, constituindo-se assim em material de credibilidade e
não sujeito à abordagem restrita das empresas que publicam balanço sócio-ambiental.
A seleção desta publicação para a obtenção dos dados para análise reside em dois
fatores: o primeiro voltado à sistemática empregada na coleta dos dados, que utiliza
questionário com perguntas fechadas e diretas a serem respondidas pelos representantes das
empresas, com posterior análise de consistência das informações fornecidas, esta sistemática
se adéqua ao escopo de pesquisas cientificas, validando assim sua utilização. O segundo fator
esta relacionado às variáveis pesquisadas, que se alinham ao objetivo estabelecido neste
projeto, gestão do recurso energético pela empresa.
Os dados a serem utilizados se configuram como secundários. Vale destacar que a
obtenção de dados disponíveis em publicações ao invés de material obtido de forma primária
não diminui a importância da pesquisa. Para tanto é importante posicionar a diferença entre
conhecimento e informação.
Segundo Fransman (1.999), a informação é uma commodity – artigo ou objeto de uso
comum, conveniência, que é capaz de produzir conhecimento. O conhecimento, por sua vez, é
identificado como a informação processada (ou sustentada) com convicção. Fransman admite
que o conhecimento envolve, mas não se limita ao processamento da informação.
O presente estudo analisa o consumo de energia abordando as seguintes práticas de
gestão da energia: monitoramento com indicadores, adoção de meta de redução, existência de
programa estruturado e ações de conscientização dos funcionários. A energia solar, a energia
eólica, a energia geotérmica, a energia hídrica e o bicombustível, são as fontes renováveis sob
investigação de utilização ou não pelas empresas.
Os dados disponibilizados pela revista “análise GESTAO AMBIENTAL” (2008)
foram digitados no software estatístico SPSS e submetidos análise do Qui-Quadrado. Os
resultados obtidos estão apontados na análise de resultados.
4. Análise dos resultados
Este projeto verifica as variáveis das empresas que compõem a amostra de pesquisa,
em dois grupos de atenção: as empresas que possuem certificação NBR ISO 14.001 - sistema
de gestão ambiental (2004) e o porte da empresa.
A tabela 1 demonstra a divisão das empresas em certificadas ou não pela norma NBR ISO
Tabela 1: Empresas certificadas ISO 14.001. Característica da empresa Quantidade^ Percentagem Não Certificada ISO 14.001 339 52,2% Certificada ISO 14.001 310 47,8% Total 649 100%
A análise dos dados consiste em verificar individualmente se a gestão das variáveis
pelas empresas apresenta dependência significativa por estarem ou não certificada NBR ISO
O critério para definir o porte da empresa, neste estudo é o utilizado pelo Prêmio
Nacional da Qualidade – PNQ (2004), que classifica como pequenas empresas aquelas com
até 50 funcionários, medias empresas entre 51 e 500 funcionários e grandes empresas mais de
500 funcionários. Para ampliar o entendimento deste estudo, temos um grupo que compõe as
pequenas e médias empresas e um segundo grupo apenas com as grandes empresas. Este novo
agrupamento melhora o volume quantitativo do primeiro grupo possibilitando melhor análise
estatística dos dados, associado ao fato de compor melhor o grupo de análise. A tabela 2
demonstra a divisão das empresas segundo o porte das mesmas.
Tabela 2: Porte das empresas. Característica da empresa Quantidade^ Percentagem Pequeno e Médio porte (até 500 funcionários) 158 25,3% Grande porte (mais de 500 funcionários) 466 74,7% Total 624 100%
Algumas empresas não estão inclusas neste estudo por não apresentarem a quantidade
de funcionários, logo o total de empresas analisadas foi reduzido para 624.
A análise dos dados referentes à gestão da energia elétrica nas empresas segundo a
certificação ou não pela norma NBR ISO 14.001 pode ser observada na tabela 3.
Tabela 4: Gestão da energia elétrica em função do porte da Empresa. Como a gestão da empresa atua nesta variável de controle.
Item em análise Porte da Empresa
Não Sim Total
Valor de Pearson Qui- Quadrado
Asymp Sig (2- sided)
Pequeno e Qde. 53 105 158 Médio Porte % 33,5% 66,5% 100,0% Grande Porte Qde. 94 372 466 % 20,2% 79,8% 100,0% Qde. 147 477 624
A energia elétrica é monitorada por indicadores:
Total % 23,6% 76,4% 100,0%
Pequeno e Qde. 77 81 158 Médio Porte (^) % 48,7% 51,3% 100,0% Grande Porte Qde. 172 294 310 % 28,7% 63,1% 100,0% Qde. 249 375 649
A empresa adota metas de redução no consumo de energia elétrica.
Total % 39,9% 60,1% 100,0%
Pequeno e Qde. 115 43 158 Médio Porte % 72,8% 27,2% 100,0% Grande Porte Qde. 280 186 466 % 60,1% 39,9% 100,0% Qde. 395 229 624
A empresa possui programa estruturado para gestão da energia elétrica Total % 63,3% 36,7% 100,0%
Pequeno e Qde. 77 81 158 Médio Porte % 48,7% 51,3% 100,0% Grande Porte Qde. 137 329 466 % 29,4% 70,6% 100,0% Qde. 214 410 624
A empresa tem ações de conscientização dos funcionários para o consumo racional da energia elétrica (^) Total
% 34,3% 65,7% 100,0%
A análise dos dados utilizando o teste do Qui-Quadrado com significância de 5%
demonstra que podemos rejeitar a hipótese nula em todas as variáveis de análise, a saber: a
energia elétrica é monitorada por indicadores, a empresa adota metas de redução no consumo
de energia elétrica, a empresa possui programa estruturado para a gestão da energia elétrica e
tem ações de conscientização dos funcionários para o consumo racional da energia elétrica.
Nesse sentido pode-se afirmar que há dependência no processo de gestão da energia elétrica o
porte da empresa. Os valores obtidos demonstram que o conjunto de empresas de grande porte
pratica o controle e a redução do consumo de energia elétrica em seu processo de gestão.
A análise dos dados referentes à utilização de fontes alternativas de energia segundo a
certificação ou não pela norma NBR ISO 14.001 pode ser observada na tabela 5.
Tabela 5: Como as empresas realizam a gestão das fontes alternativas de energia em função da certificação pela norma NBR ISO 14.001.
Como a gestão da empresa atua nesta variável de controle.
Item em análise Condição da empresa frente à norma ISO 14.001 (^) Não Sim Total
Valor de Pearson Qui- Quadrado
Asymp Sig (2- sided)
Não certificada Qde. 318 21 339 ISO 14.001 (^) % 93,8% 6,2% 100,0% Certificada ISO Qde. 281 29 310 14.001 (^) % 90,6% 9,4% 100,0% Qde. 599 50 649
A empresa utiliza energia solar.
Total % 92,3% 7,7% 100,0%
Não certificada Qde. 333 6 339 ISO 14.001 (^) % 98,2% 1,8% 100,0% Certificada ISO Qde. 304 6 310 14.001 (^) % 98,1% 1,9% 100,0% Qde. 637 12 649
A empresa utiliza energia eólica.
Total % 98,2% 1,8% 100,0%
Não certificada Qde. 336 3 339 ISO 14.001 (^) % 99,1% ,9% 100,0% Certificada ISO Qde. 305 5 310 14.001 (^) % 98,4% 1,6% 100,0% Qde. 641 8 649
A empresa utiliza energia geotérmica.
Total % 98,8% 1,2% 100,0%
Não certificada Qde. 285 54 339 ISO 14.001 (^) % 84,1% 15,9% 100,0% Certificada ISO Qde. 252 58 310 14.001 (^) % 81,3% 18,7% 100,0% Qde. 537 112 649
A empresa utiliza energia hídrica.
Total % 82,7% 17,3% 100,0%
Não certificada Qde. 294 45 339 ISO 14.001 (^) % 86,7% 13,3% 100,0% Certificada ISO Qde. 268 42 310 14.001 (^) % 86,5% 13,5% 100,0% Qde. 562 87 649
A empresa utiliza energia bicombustível.
Total % 86,6% 13,4% 100,0%
Não certificada Qde. 195 144 339 ISO 14.001 (^) % 57,5% 42,5% 100,0% Certificada ISO Qde. 178 132 310 14.001 (^) % 57,4% 42,6% 100,0% Qde. 373 276 649
Utiliza fontes alternativas de energia.
Total % 57,5% 42,5% 100,0%
A análise dos dados utilizando o teste do Qui-Quadrado com significância de 5%
demonstra que não podemos rejeitar a hipótese nula na analise comparativa das fontes
alternativas de energia. Nesse sentido pode-se afirmar que não há dependência na utilização
de energias alternativas em relação à empresa ser certificada ou não na Norma ISO 14.001.
A análise da utilização de fontes renováveis de energia aponta que 276 empresas
(42,5%) do total da pesquisa utilizam uma ou mais fontes de energia alternativa, com as
seguintes participações respectivamente: 7,7% utilizam energia solar, 1,8% utiliza energia
eólica, 1,2% utiliza energia geotérmica, 17,3% utiliza energia hídrica e 13,4% utiliza o
bicombustível.
A análise dos dados referentes à utilização de fontes alternativas de energia segundo o
porte das empresas pode ser observado na tabela 6.
O presente artigo se propôs a identificar na prática de gestão das empresas, a
ocorrência de uma conduta voltada à gestão energética, por meio de práticas de
gerenciamento que potencializam a utilização do recurso energético e por utilizar fontes
alternativas de energia. Para tanto, ponderamos inicialmente sob as práticas de gerenciamento
do recurso energético.
O resultado observado tanto nas empresas certificadas pela norma NBR ISO 14.
quanto nas empresas de grande porte, demonstram uma maior atenção no gerenciamento dos
recursos energéticos analisados. Este cenário revela que as empresas destes grupos executam
o monitoramento do consumo de energia elétrica por meio de indicadores, o que possibilita
atuar corretivamente quando se observar um aumento de consumo não previsto. O
monitoramento por indicadores possibilita a implantação de programas de redução do
consumo que devem ser balizados por metas estabelecidas no planejamento estratégico, esta
conjuntura favorece tanto o desenvolvimento tecnológico quanto a implementação de práticas
e condutas que reduzam o consumo de energia. A associação do monitoramento por
indicadores para atender metas de redução se constituem em alicerces na estruturação dos
programas de gestão de energia elétrica, porem se observa uma redução significativa na
percentagem de empresas que possuem metas para aquelas com programa estruturado para
gestão da energia elétrica, nas empresas certificadas pela norma NBR ISO 14.001 a redução
foi de 71,3% para 51,6%, e nas empresas de grande porte a redução foi de 63,1% para 39,9%.
Este fato revela que apesar da atenção na gestão da energia elétrica, uma percentagem
significativa das empresas necessita consolidar estas práticas em programas estruturados.
A energia elétrica é um recurso controlado e sob ações de redução em 82% das
empresas pesquisadas. Este valor demonstra que uma parcela significativa de empresas insere
o consumo da energia elétrica na pauta de atenção de seu gerenciamento.
A redução sistemática no consumo de energia traz tanto benefícios financeiros para as
empresas quanto para a sociedade pela preservação dos recursos e redução dos impactos.
As empresas certificadas pela norma NBR ISO 14.001 não apresentam diferenças
significativas na utilização de energias alternativas na comparação com as empresas não
certificadas, esta situação pose ser justificada pela norma NBR ISO 14.001 não exigir ações
voltadas à utilização de fontes alternativas de energia em sua matriz.
Nas empresas de grande porte não se observa diferenças significativas na utilização de
fontes alternativas em comparação as empresas de pequeno é médio porte para a energia solar
(7,7%), energia eólica (1,6%) e energia geotérmica (1,1%), a justificativa para este fato
provavelmente reside na sua baixa utilização, como podemos observar nas percentagens
apresentadas, por outro lado a energia hídrica (17,3%) e o bicombustível (27,2%) que
aparecem em maior quantidade apresentam diferença significativa em comparação com as
empresas de pequeno e médio porte.
Um fator de destaque é que do total de empresas pesquisadas 42,5% apontaram a
utilização, de uma ou mais, fontes alternativas na sua matriz energética, fator positivo porem
que demanda a necessidade de estudos futuros que objetivem identificar a evolução ou não
das fontes alternativas de energia nas empresas.
6. Referências
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