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a capoeira na escola: perspectivas para a educação fisica, Notas de aula de Educação Física

versando sobre a pratica da Capoeira no contexto escolar. ... demonstrando assim, sua grande e real importância, não somente no contexto.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Amazonas
Amazonas 🇧🇷

4.4

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A CAPOEIRA NA ESCOLA: PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO FISICA
ESCOLAR – UMA ABORDAGEM TEORICA E PRATICA
José Eduardo Segala de Medeiros
1
Luís Sérgio Peres
2
RESUMO
A Capoeira, por suas características livres de expressividade corporal, atualmente
é classificada como uma dança cultural, sendo utilizada por grande parte dos
professores a nível nacional. Assim, o presente estudo teve como objetivo a
necessidade de discutir, debater e refletir sobre conceitos metodológicos utilizados
pelos profissionais da área e o interesse em estabelecer parâmetros que tornem o
ensino da Educação Física Escolar, verdadeiramente justo e democrático. O
mesmo caracterizou-se do tipo descritivo exploratório. A amostra foi composta por
treze professores da rede estadual de ensino, participantes do Grupo de Trabalho
em Rede - GTR, onde se utilizou um questionário composto por treze perguntas,
versando sobre a pratica da Capoeira no contexto escolar. Os resultados obtidos
foram sobre a aplicação do plano de ensino da capoeira, pelos professores
participantes da rede, sendo aceito por toda a comunidade escolar, onde concluiu-
se que o conteúdo trabalhado é extremamente importante, não pelo conjunto
de atividades motoras e culturais, mas como exemplo de respeito ao ensino da
técnica e à avaliação individualizada e qualitativa do desenvolvimento do
educando.
Palavras-chave: Metodologia. Prática Pedagógica. Capoeira.
ABSTRACT
The Capoeira, for its characteristics of free expression body, is currently classified
as a cultural dance, being used by a large proportion of teachers nationally. Thus,
this study aimed to the need to discuss, debate and reflect on methodological
concepts used by professionals in the area and interest in setting parameters that
make the teaching of Physical Education School, truly fair and democratic. The
same feature is the type descriptive exploratory. The sample consisted of thirteen
teachers from the state's education network, participants of the Working Network -
GTR, where he used a questionnaire composed of thirteen questions, deal with the
practice of Capoeira in the school. The results were on the implementation of
education of poultry, by faculty members of the network, being accepted by the
entire school community, where it was found that the content is working extremely
1
Professor Especialista Col. Est. João Maffei Rosa – Juranda, integrante PDE 2007.
2
Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon, Orientador –
PDE.
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A CAPOEIRA NA ESCOLA: PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO FISICA

ESCOLAR – UMA ABORDAGEM TEORICA E PRATICA

José Eduardo Segala de Medeiros^1 Luís Sérgio Peres^2

RESUMO

A Capoeira, por suas características livres de expressividade corporal, atualmente já é classificada como uma dança cultural, sendo utilizada por grande parte dos professores a nível nacional. Assim, o presente estudo teve como objetivo a necessidade de discutir, debater e refletir sobre conceitos metodológicos utilizados pelos profissionais da área e o interesse em estabelecer parâmetros que tornem o ensino da Educação Física Escolar, verdadeiramente justo e democrático. O mesmo caracterizou-se do tipo descritivo exploratório. A amostra foi composta por treze professores da rede estadual de ensino, participantes do Grupo de Trabalho em Rede - GTR, onde se utilizou um questionário composto por treze perguntas, versando sobre a pratica da Capoeira no contexto escolar. Os resultados obtidos foram sobre a aplicação do plano de ensino da capoeira, pelos professores participantes da rede, sendo aceito por toda a comunidade escolar, onde concluiu- se que o conteúdo trabalhado é extremamente importante, não só pelo conjunto de atividades motoras e culturais, mas como exemplo de respeito ao ensino da técnica e à avaliação individualizada e qualitativa do desenvolvimento do educando.

Palavras-chave : Metodologia. Prática Pedagógica. Capoeira.

ABSTRACT

The Capoeira, for its characteristics of free expression body, is currently classified as a cultural dance, being used by a large proportion of teachers nationally. Thus, this study aimed to the need to discuss, debate and reflect on methodological concepts used by professionals in the area and interest in setting parameters that make the teaching of Physical Education School, truly fair and democratic. The same feature is the type descriptive exploratory. The sample consisted of thirteen teachers from the state's education network, participants of the Working Network - GTR, where he used a questionnaire composed of thirteen questions, deal with the practice of Capoeira in the school. The results were on the implementation of education of poultry, by faculty members of the network, being accepted by the entire school community, where it was found that the content is working extremely

(^1) Professor Especialista Col. Est. João Maffei Rosa – Juranda, integrante PDE 2007. (^2) Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon, Orientador – PDE.

important, not only by the number of motor activities and cultural, but as an example of respect for the teaching of technical and individualized assessment and qualitative development of the learner.

INTRODUÇÃO

A Educação dentro um contexto escolar pensada para uma política de cunho democrático deveria voltar-se a condições e oportunidades para todos. Assim também, com a unidade da Educação Física, que faz parte de um contexto de ciências pertencentes a uma mesma Base Nacional Comum, onde norteia os conhecimentos necessários para formar um sujeito completo e reflexivo. Neste contexto poderia pensar a Educação Física também como Educação. Por essa razão, indaga-se se o encaminhamento metodológico dos profissionais da educação física na propagação dos conteúdos da disciplina, são ou não aplicados numa concepção que privilegia a todos, indistintamente de suas habilidades naturais, respeitando às diferenças individuais. Ainda, sendo um ensino que contemple a todos, com um universo cada vez maior de atividades físicas e mobilidade humana, para ampliar o vocabulário motor, se deve basear-se numa concepção extremamente técnica, onde se pode ganhar, por um lado, “alunos/atletas, alunos/dançarinos”, em potencial e, por outro lado, “alunos/pseudo qualquer coisa”, com sentimentos de frustração, fracasso e discriminação, por não atingirem as mesmas metas daqueles mais habilidosos. Portanto, a opção por esse tema, visa encontrar e reconhecer a real identidade da Educação Física, no contexto educacional , através da pesquisa de diversos autores, sobre as teorias estudadas e as práticas adotadas e aplicadas nas escolas. Os estudos desse projeto de pesquisa estão concentrados nas concepções metodológicas do ensino da Educação Física, tendo como objeto específico, a diferenciação entre a teoria estudada no meio acadêmico e a prática pedagógica utilizada na escola. Pretende-se questionar se existe, de fato, essa diferenciação e, assim sendo, o porquê dela existir e como deveria ser o ensino da Educação Física Escolar.

forma de denúncia, através de trabalhos de diversos autores, com Valter Bracht e João Paulo Medina, por exemplo. Essa crítica/denúncia ocorreu devido à orientação metodológica que se dava no ensino da Educação Física, com vistas a manter o status quo de uma sociedade capitalista, exploradora e, portanto, dominante. A principal crítica dizia respeito à iniciação esportiva nas séries iniciais – 1ª à 4ª séries, a qual não tinha aprovação nem mesmo do MEC - em legislação específica para a Educação Física, de 1980, devido às crianças, nessa faixa etária, estarem em processo de maturação biológica e que, portanto, ainda não reuniam condições motoras e psíquicas necessárias para tanto. Essa crítica, porém, também era passível de outras críticas, pois apenas apontava os aspectos negativos sem, no entanto, apresentar possíveis soluções. Surgiu então, vinda do exterior, uma Educação Física que parecia atender às necessidades de desenvolvimento das habilidades básicas naturais da criança, sem envolvê-las num processo precoce de iniciação esportiva. Era a psicomotricidade.

A finalidade da psicomotricidade era a de trabalhar o indivíduo integral, em sua totalidade, sendo que seu processo de apreensão do conhecimento se dava através do ensino pelo movimento. Esse método também sofreu algumas críticas, como de Bracht (1992, p 27), que diz que o ensino pelo movimento apenas instrumentaliza o mesmo para as “tarefas fundamentais da escola”. A diferença das duas críticas (ou tendências), portanto, é que a primeira apenas apontava a negatividade de seus aspectos, sem propor soluções e/ou sugestões, enquanto que a segunda, apresentava uma nova perspectiva metodológica para substituir aquela que era usada até então. O processo de ensino da Educação Física passa, a partir dai, por diversas fases e discussões, com lançamentos de várias bibliografias, as quais tratam de metodologias e concepções teórico-práticas, para serem aplicadas nas escolas. Mas, bem antes dessas críticas, o esporte já vinha se tornando o carro- chefe da Educação Física Escolar, começando pelo período Pedagogicista e, principalmente, pelo Competitivista, onde o esporte de alto nível encontra seu

espaço, com especial destaque e importância para o Estado, dentro da Escola. A Educação Física passa a ficar, segundo Peres (2005, p. 58), “...reduzida a sua forma de ensino pelo viés do desporto de rendimento”. Durante este período a Educação Física tomou outros aspectos como fatores importantes dentro da escola sendo um deles, a seleção do atleta praticante de esportes de alto nível. O esporte se tornou a matéria- prima da Educação Física, meio por onde era possível descobrir os talentos esportivos capazes de representarem muito bem o país no exterior e trazer as tão sonhadas medalhas olímpicas (PERES, 2005, p. 58). Fica evidente, pela narrativa do autor, a concepção metodológica adotada, a qual retrata o período histórico brasileiro compreendido entre o estado novo e o golpe militar, que instituiu a ditadura militar no Brasil. Apesar de muito tempo ter passado, ainda hoje, encontramos ecos dessa metodologia, em muitas escolas de nosso país. Para Hurtado (1983, p. 195), o ensino deveria partir sempre das experiências e conhecimentos que o aluno trás consigo. Dessa forma, a distância entre sua cultura e o conhecimento sistematizado a ser apreendido, não seria tão grande, estimulando-o a se interessar em aprender. Considera também, que cada aluno é um ser distinto, por isso deve ter suas necessidades, interesses e aptidões respeitadas, para que possa desenvolver toda sua potencialidade, sendo a Educação Física na escola, a disciplina que reúne as melhores condições para esse desenvolvimento. Podemos compreender com essas afirmações, que a verdadeira metodologia, enquanto prática pedagógica deve levar em conta também esses aspectos, ou seja, a totalidade dos fatos que interferem no processo de ensino, para que se tenha uma educação justa, livre e democrática.

Metodologia do ensino é “o conjunto de procedimentos didáticos, representados pelos seus métodos e técnicas de ensino, que visam levar a bom termo a ação didática, que é alcançar os objetivos do ensino e, consequentemente, da educação, com o mínimo de esforço do ensino e o máximo de rendimento.” (Nérici, apud HURTADO, 1983. p.196).

Capoeira: Um Pouco de sua História

Luta, dança, jogo, manifestação cultural de um povo sofrido e injustiçado, que teve seu direito à liberdade caçado pela cobiça e prepotência de uma sociedade preconceituosa e desumana. Os povos da África foram trazidos à força para o Brasil, com o objetivo de serem escravizados e, portanto, trabalharem, produzirem riquezas sem serem pagos pelos serviços prestados. Não bastasse a violência de terem suas famílias sendo separada pela escravidão, também sua cultura tentou-se escravizar, impondo-os novos conceitos de sociedade, religião, costumes alimentares, vestuários entre outros. Para aqueles “indomáveis”, que não aceitavam a escravidão, eram castigados violentamente, tanto de forma física como moral. Alguns fugiam e eram caçados como animais pelos Capitães do Mato, os quais eram bem armados.

Diante dessa nova situação, os africanos, advindos principalmente da Nigéria e Angola, mantinham suas tradições e culturas através de atos disfarçados. Seus rituais religiosos foram transformando-se lentamente em festas, onde havia a possibilidade de tocarem seus batuques, orar em forma de dança para seus deuses – orixás – que, diga-se de passagem, foram associados aos santos católicos para serem adorados de maneira mais livre e aberta.

Como forma de se defender dos ataques dos Capitães do Mato surgiu então entre os negros, uma luta disfarçada de dança, na qual os pés moviam-se de forma rápida, com muita agilidade, descrevendo movimentos acrobáticos de equilíbrio e força.

Essa “Dança” foi sendo difundida rapidamente, sendo praticada e treinada nas senzalas das fazendas, enquanto isso, as fugas e revoltas dos negros aumentaram, ao mesmo tempo em que foram se fortificando, se organizando e vencendo os Capitães do Mato com o próprio corpo. Os senhores de engenho percebendo isto, passaram a proibir o treino da capoeira entre os escravos. Estes tiveram, então, a idéia de disfarçar a capoeira para que pudessem exercitá-la, incluindo a música como uma encenação e a coreografia que hoje conhecemos

por dança afro, como a ginga da luta. Com isso, os escravos puderam se exercitar até mesmo na frente de seus senhores sem que estes percebessem. Dessa forma, a capoeira conseguiu sobreviver até a libertação dos escravos, constituindo-se em peça de fundamental importância nas rebeliões negras.

Sua origem e denominação variam de acordo com literaturas da época, sendo registradas em livros como o do Padre José de Anchieta (A Arte da Língua Mais Usada na Costa do Brasil – 1595), onde é narrado que “os índios Tupi- Guaranis divertiam-se jogando capoeira”. Guilherme de Almeida e Martin Afonso de Souza (Silva – 1995), também registraram observações sobre o jogo da capoeira entre os índios. Através dessas literaturas e de outros estudos da língua indígena, chegou-se à origem da palavra capoeira, que, de acordo com Marinho (Silva - 1995), vem do Tupi-Guarani “Caá + Puéra”, no qual Caá significa “mato” e puéra do sufixo do pretérito nominal “que foi e já não é”, ou seja, a “mata extinta, mato ralo, mato cortado”.

Além de ser praticada camufladamente nas fazendas, os escravos utilizavam as clareiras das matas para treinarem essa luta, daí a denominação de “Capoeira”, pois não era difícil de se ouvir falar que: “O negro fugiu para a capoeira”, ou “Peguei os escravos vadiando na capoeira”. A associação dessas frases com os movimentos que os brancos os viam executar, acabou por batizar aquela manifestação, definitivamente como a conhecemos até hoje.

Muitos estudiosos pesquisaram e continuam pesquisando sobre a origem da capoeira, preconizando e atribuindo sua criação como sendo genuinamente brasileira, entre eles, um professor austríaco chamado Gerhard Kubic (Silva – 1995), o qual sempre estranhou o fato de ser chamada Capoeira de Angola, pois não existe nada naquele País que se assemelhe ao fato. Waldeloir do Rego (1968), afirma que a Capoeira foi criada no Brasil pelos negros africanos, posição reforçada por Edson Carneiro (1936), que diz que “a Capoeira de Angola é assim denominada porque era praticada pelos negros de Angola em seus rituais místicos, utilizando inclusive instrumentos de percussão para embalar sua ginga e seus saltos”. Câmara Cascudo registrou que os povos Banto-Congo-Angoleses

entre os vários segmentos da sociedade, lembrando o que Marcos Vale disse: “... o mesmo pé que dança o samba, se preciso, vai à luta capoeira...”, ou seja, o grande mérito de quem conhece e domina a arte da capoeira está em não se exibir e sim, utilizá-la com respeito, camaradagem e consciência, repetindo e lembrando sempre seu juramento: “Mestre, eu juro aprender a Capoeira, somente para a minha defesa pessoal e só fazer uso, quando a minha vida estiver em jogo”, não deixando que maus exemplos contaminem e destruam esta página tão sofrida e rica da História brasileira.

Pode-se dizer que a capoeira foi criada no Brasil e mesmo que seu tratamento seja o folclore, coisa de povo, costume com trezentos anos de existência, prática diária de resistência, repositório de tradições seculares, a capoeira é, também, fator de transformação social, de conscientização pessoal, sutil, questionadora e modificadora da estrutura política e econômica que massacra os menos afortunados.

A Educação Física e a Capoeira na Escola

O desenvolvimento do educando é verificado através de seu comportamento, de suas atitudes na sociedade e diante de si mesmo. É claro que “o comportamento exterior, aquele que se pode observar, nem sempre reflete o estado de espírito, o que se passa no interior do indivíduo, apesar de algumas tendências considerarem que o homem exterior teria inspirado a criação do homem interior” (Shigunov – 1991). De qualquer forma, o ambiente em que vivemos colabora significativamente na mudança de comportamentos, sejam eles internos ou externos.

A partir do momento em que há o interesse por determinada prática, considerando-se aqui a capoeira, e esse interesse demonstra uma mudança de atitudes e valores, segundo Shigunov (1991), através do domínio afetivo, que é constituído pelos comportamentos observáveis nos diversos estágios emocionais, o educando se colocará de maneira mais aberta, expressando mais livremente os seus sentimentos.

Mais uma vez se constata a importância de utilizar o jogo da capoeira como elemento viabilizador das intenções de socialização e desenvolvimento afetivo do educando, transformando-o em protagonista de sua própria história e não em um mero coadjuvante.

Isso quer dizer, que tudo o que se faz deve ter um sentido, um significado e, em se tratando de educação e ainda, de Educação Física, não se pode ignorar o fato de a aprendizagem levar em conta os aspectos motores, cognitivos e afetivo- sociais do indivíduo, porém, trabalhados em conjunto, como um todo e não fragmentados.

A Capoeira, inserida na Escola através dos pressupostos da Educação Física, encaixa-se perfeitamente em todos os aspectos que a norteiam, pois, além de ter um sentido para tudo o que é feito dentro de sua prática, ela também foi concebida a partir de fundamentos que permitem esse desenvolvimento no educando, daí a razão para Mestre Xaréu ser um grande defensor da capoeira na escola, pois ele acredita na sua prática dentro de um sistema globalizado, aberto, dinâmico, que estimule a criatividade, integrando-se com a proposta pedagógica da escola.

Mestre Xaréu (Campos – 1996), diz ainda ser a capoeira, um método de ginástica genuinamente brasileira, porém, para que a mesma não perca sua identidade, deve-se trabalhá-la em suas diversas formas:

  • Capoeira luta;
  • Capoeira dança e arte;
  • Capoeira folclore;
  • Capoeira educação;
  • Capoeira como lazer;
  • Capoeira como filosofia de vida. Para que o aluno possa vivenciar todo esse contexto da capoeira, o professor deverá, no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, trabalhar a seqüência dos fundamentos, o jogo, o toque dos instrumentos e o canto, como

dos dias de hoje, é que se busca mostrar a importância de sua prática, como riqueza histórico-cultural de um país que, apesar de formado por uma grande e diversificada mistura de raças, possui em suas raízes, traços fortes da cultura negra africana.

Assim como a Educação Física Escolar brasileira busca a cada dia repensar sua atuação, para transformar sua fundamentação teórica e filosófica em uma prática científico-pedagógica, com o objetivo de encontrar definitivamente a sua verdadeira identidade, este trabalho também objetiva re-estudar a prática da capoeira, encontrando para ela, o espaço que merece como riqueza cultural e de expressão humana.

Pretende-se então, democratizar este conhecimento através da difusão da capoeira dentro da escola, como prática regular da Educação Física, dentro de uma metodologia que propicie aos educandos de todas as faixas etárias, classes sociais, credos religiosos e etnias, uma maior e melhor integração, objetivando uma redução nas distâncias sócio-culturais institucionalizadas por essa sociedade capitalista e injusta em que vivemos.

Quer-se demonstrar então, que é possível melhorar o desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor do educando, através do jogo/dança da capoeira, assim como a contextualização de sua história e de seus fundamentos.

Perspectiva Interdisciplinar

Santos e Oliveira (2001), abordam a importância da inclusão da capoeira na Educação Física Escolar, expondo os vários aspectos que justificam essa inclusão, como por exemplo: a origem afro-brasileira e toda a sua expressão cultural; o seu surgimento através de uma luta de classes; o combate a códigos culturais dominantes, entre outros.

Outros aspectos apresentados são as múltiplas formas que a capoeira pode ser explorada, ou seja, como forma de luta, dança, jogo, arte, esporte, educação, lazer e o folclore, sempre trabalhando interdisciplinarmente, integrando-se com as outras disciplinas incluídas na proposta pedagógica da escola.

Como parte integrante no processo de inclusão da Capoeira na Escola, até mesmo para atender ao disposto na Lei nº 10.639/2003, sobre o ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” nas escolas públicas e particulares do Brasil, faz-se necessária uma conduta interdisciplinar da Educação Física, com as demais áreas do conhecimento, como por exemplo, a disciplina de História, pois é de sua competência os estudos e análises de todo o contexto social, político, econômico da vida dos povos africanos; a Geografia, pela importância em se conhecer sobre as regiões de origem na África e os destinos a que foram levados aqui no Brasil; a disciplina de Artes, pois, dentre tantos itens, podemos conhecer melhor sobre a música, indumentária cotidiana, artesanato; a Biologia, que nos proporciona estudos sobre as características físicas e biológicas dos africanos; a Língua Portuguesa também é fundamental, pois possibilita uma melhor contextualização sobre o tema. Esses são apenas alguns exemplos de como podemos explorar um tema tão vasto e rico de nossa cultura. Outras sugestões serão sempre bem-vindas, pois, o mais importante de tudo, é darmos a possibilidade aos nossos alunos, de terem acesso a toda a forma de conhecimento, principalmente quando este, está intimamente ligado a sua história, a sua cultura.

Atividades para Investigação

A Capoeira, por tudo o que significa, poderia ser trabalhada, a nível escolar, até mesmo como uma disciplina, tamanha sua riqueza, em termos de história, cultura, arte, folclore, motricidade humana, entre outros. Por essa razão, sugerimos aos professores, a ampliação desses conhecimentos, através da busca por mais informações, tais como:

1 – Em relação aos povos africanos, trazidos ao Brasil para serem escravizados, eram habitantes de tribos, comunidades rurais, cidades? 2 – E a classe social desses povos? Como viviam? 3 – Como era ensinada a Capoeira, antes de Mestre Bimba sistematizar uma metodologia para esse fim? 4 – O que dizem os Psicólogos, Pedagogos, Educadores, a respeito da influência da Capoeira inserida regularmente na Escola, com relação à aprendizagem, comportamento e socialização?

a. Perna esquerda à frente e direita atrás; perna direita lançada à frente e ao alto, descrevendo um círculo de dentro para fora, voltando à posição inicial. Repetir várias vezes, com ambas as pernas. a. Idem ao exercício anterior, incluindo agora, a ginga. 9 – Exercícios Combinados:

  • Ginga/Aú/Meia-lua de Frente/Cocorinhas/Queixada/Cocorinhas
  • Ginga/Aú/Meia-lua de Frente/Queixada/Cocorinhas 10 – Bênção: Movimento de ataque, onde o capoeira lança seu pé de encontro ao seu oponente, num movimento de flexo-extensão da perna, com o pé em flexão, como se quisesse mostrar a sola, para o companheiro de jogo. 11 – Exercícios Combinados:
  • Ginga/Aú/Ginga/Bênção (individual) 12 – Cadeirinha: Movimento de defesa,onde o capoeira se agacha, mantendo-se apoiado na planta dos pés, juntando suas mãos à frente do rosto, palma com palma, porém com um pequeno afastamento, descrevendo a figura da letra “U”. 13 – Exercícios Combinados:
  • Ginga/Bênção/Cadeirinha (individual; dois a dois)
  • Ginga/Aú/Bênção/Cadeirinha (dois a dois)
  • Ginga/Aú/Meia-lua de Frente/Cocorinhas/Queixada/Cocorinhas/Bênção/Cadeirinha

Atividade 2: Pesquisa e Descoberta 1 – Propor aos alunos que descubram outros golpes, tanto de ataque como de defesa, para serem trabalhados; 2 – Indicar pesquisa aos alunos, sobre a música de Capoeira; como são as melodias e o que dizem as letras; 3 – Após a pesquisa sobre música, indicar aos alunos, de forma individual, em duplas ou em trios, que componham suas músicas, de acordo com temas referentes à Capoeira. . Atividade 3: O Ensino da Técnica e a Avaliação 1 – O ensino da técnica de cada um dos movimentos da Capoeira, deve ser preservado, de acordo com sua origem, até mesmo em respeito ao contexto em que foram criados. 2 – Quanto à avaliação, a proposta é que a mesma seja flexível o suficiente, porém, sem descaracterização dos movimentos, mas, dando liberdade para que os alunos possam se expressar, de acordo com a leitura que cada um fez daquilo que aprendeu. A criatividade e a improvisação são fundamentais na Capoeira.

APLICAÇÃO DO PLANO DE ENSINO (ainda por transcrever)

Os resultados obtidos pelos professores, na aplicação do projeto em suas escolas, no que diz respeito à aceitação por parte do aluno, do corpo docente da escola e da comunidade em geral, foram extremamente positivos. Os aspectos

negativos ficaram por conta da falta de experiência e de conhecimentos sobre o tema, o que gerou alguma insegurança, porém, todos ultrapassaram seus obstáculos, gerando relatos que vão desde a formação acadêmica, metodologias, técnicas e estratégias de ensino, os quais destaco em suas narrativas originais, resguardando as identidades de cada profissional participante, representados aqui, por letras. O professor “M”, diz que “Em minha vida profissional, apenas recentemente acrescentei o conteúdo Lutas em meus planejamentos. Entendo que a dificuldade que sinto tem origem em falhas ocorridas na minha formação acadêmica que tratou do assunto de maneira superficial e resumida (as discussões e apresentações sobre o assunto não passaram de 1 mês). Para atender ao tema, aos poucos fui agregando jogos com um caráter mais combativo como por exemplo "cabo de guerra", "briga de galo", entre outras dinâmicas de contato, que utilizam esquivas, giros rápidos, perda e recuperação do equilíbrio corporal, movimentos de explosão muscular, entre outros, mas sem trabalhar alguma tipo específico de arte marcial. Além dessa movimentação diferenciada, a capoeira , assim como as outras lutas, são contempladas em sala de aula, por meio de textos e imagens que ilustram movimentos específicos. Entendo que as vivências sobre esses temas seriam mais completas com a experimentação dos movimentos de cada luta, incluindo a capoeira, mas reconheço que me falta uma vivência corporal mais direcionada para isso. Por outro lado, tento compensar essas limitações oferecendo uma combinação com outros movimentos gerando uma nova “coreografia” de luta.” A professora “Z”, já havia trabalhado anteriormente com a capoeira e expôs sua experiência, dizendo “...realizei trabalhos com a capoeira e os resultados vejo até o presente, pois ainda tenho alunos que ainda praticam esse esporte com muito orgulho do que aprendeu, a minha cidade é muito pequena com apenas 4.800 habitantes e em todas as datas comemorativas é apresentada a capoeira, e sinto-me orgulhosa disso. Recomecei o trabalho com os alunos do ensino médio; utilizei a sua metodologia que se assemelha com a que antes trabalhava, hoje temos um toque de tecnologia ao alcance de quase todos por intermédio da escola e isso favorece no momento da pesquisa, então como já foi exposto, estou retomando as

capoeira com os alunos, e após a leitura do seu OAC muitas idéias me surgiram, vamos ver se colocamo-nas em prática...” O professor “F” inicia seu relato, dizendo “ minha experiência foi com o 1º ano do EM, 2 aulas trabalhamos a história da capoeira, 2 aulas trabalhei com algumas letras de músicas, formamos grupos e cada grupo compôs a sua música, cantando para a turma, nas outras aulas começamos a parte prática, ginga, instrumentos, golpes, roda, 2 aulas para praticarem, somente com o som de cd. Já nas 2 aulas seguintes as duplas que foram formadas na aula anterior, começavam a aula demonstrando a seqüência de golpes ensaiados por eles durante a semana; para finalizar o conteúdo, na semana seguinte todos deveriam participar da grande roda, entrando primeiro as duplas, em seguida ficava livre. Toda aula tinha uma avaliação no final, diagnóstica e contínua, sendo 2 pontos por aula, participação envolvimento, pratica... este conteúdo foi desenvolvido em um bimestre...” A professora “H” foi bastante sincera com relação a sua realidade, citando “primeiramente gostaria de reafirmar que achei interessante sua proposta. Quanto a se colocar em prática em nossas aulas , gostaria de dizer que trabalho com o ensino fundamental (5ª e 6ª séries), vejo que sua proposta é feita em cima do ensino médio. No entanto por ser uma atividade que tem suas origens culturais afrodescendentes e que hoje faz parte das propostas a serem trabalhadas já no ensino fundamental, considero que o assunto possa ser trabalhado já nestas séries em função dos conhecimentos que tenho e dos que obtive com sua colaboração e dos previstos no planejamento, usando a seguinte metodologia: Passar um breve histórico com explicações para os alunos (utilizando xerox ou folhas mimeografadas, ou ainda utilizando-se do quadro de giz, 01 aula teórica); Verificar se existe algum aluno das minhas turmas que jogam capoeira e pedir para que demonstrem em uma aula prática; Verificar com estes alunos que jogam capoeira, se existem alguns movimentos que os outros possam imitá-los com segurança dentro de suas possibilidades, e que possam ser realizados; Com a ajuda dos praticantes, fazer uma aula prática com os demais alunos.” Em mais um relato interessante, a professora “R” diz que, “Primeiramente, solicitamos aos alunos uma pesquisa sobre os aspectos gerais da capoeira. Em seguida, fizemos com cada turma uma discussão e algumas

abordagens sobre o tema, momento em que os alunos tiveram oportunidade de expor seu aprendizado e suas experiências práticas sobre o mesmo. Como não tínhamos conhecimento prático sobre o tema, solicitamos aos alunos que já haviam praticado capoeira que demonstrassem na prática seus conhecimentos. A partir dos conhecimentos trazidos pelos alunos, nós professores fomos direcionando, juntamente com os alunos os movimentos e as etapas da capoeira. Através da motivação dos alunos, os mesmos, trouxeram instrumentos para as aulas e participaram da roda, do ritmo e dos golpes de forma espontânea de acordo com o conhecimento e a habilidade de cada aluno. Na finalização do projeto convidamos um grupo de capoeiristas que fizeram uma apresentação e em seguida eles convidaram os alunos para interagirem com o grupo. Como em todas as modalidades encontramos alunos que fizeram resistência em relação a alguns movimentos e golpes propostos.” O relato da professora “J”, diz o seguinte: “Bom, o conteúdo foi dado teoricamente, comentado.Os alunos pesquisaram também sobre o tema proposto.Na prática fizemos uma roda, e também comentamos e debatemos na roda para melhor interação com os demais. Foram demonstrados movimentos básicos e gingado na roda, com duplas, cada um que tinha mais habilidade pegava um aluno com mais dificuldade. E assim foi se desenrolando e os alunos se soltaram, outros não queriam de jeito nenhum, mais no final, tentaram para experimentar. No final teve apresentação do grupo convidado. Foi legal e aproveitador!!!”

Durante o transcorrer da aplicação do plano, outros relatos também foram surgindo, inclusive de professores que ainda não haviam iniciado a aplicação devido a insegurança pela falta de domínio prático dos conteúdos, mas que a idéia tinha tido boa aceitação pela escola e que estariam se preparando melhor, montando projetos para por em prática as atividades propostas.

ANÁLISE DA PESQUISA

O questionário proposto pela pesquisa visou levantar dados sobre a metodologia de trabalho dos professores da rede pública estadual de ensino, em