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O trabalho visa estudar as ideias de John Locke, Max Weber, Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre e comparar com o que a Bíblia diz em relação ao ser humano. O foco é mostrar que a consequência do abandono de Deus foi o ser humano elaborando diversas maneiras de viver, mas sem saber quem ele é de fato.
Tipologia: Teses (TCC)
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FLORIANO DO Ó DO NASCIMENTO JÚNIOR
A ANTROPOLOGIA
OBSERVADA NA IDADE
MODERNA
São Paulo-SP 2019
SEMINÁRIO TEOLÓGICO PREBISTERIANO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
Floriano do Ó do Nascimento Júnior
Trabalho de conclusão da matéria de Monografia 2 apresentado ao Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição.
Orientador: Rev. Ronaldo Bandeira Henriques
Ao estudar os diversos movimentos filosóficos e sociológicos fica evidenciado o constante esforço do homem em explicar o seu comportamento e de dar um direcionamento no seu modo de agir. Diversos estudiosos apareceram na Idade Moderna para tratar desses assuntos tais como John Locke (1632-1704), Max Weber (1864- 1920), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Jean-Paul Sartre (1905-1980).
A grande questão é que todos estes estudiosos acabaram se afastando das Escrituras para explicar suas teses, partindo do pressuposto que o homem tem capacidade por si mesmo de achar seu próprio caminho. Ao menosprezar a queda do homem, eles deram uma falsa liberdade de que cada indivíduo pode desenvolver uma metodologia de vida capaz de se satisfazer afastado do Cristianismo.
A consequência do abandono de Deus foi o ser humano elaborando diversas maneiras de viver, mas sem saber quem ele é de fato. As Escrituras trazem informações assertivas sobre o que é o ser humano e dá provas da decadência humana ao se afastar de Deus.
PALAVRAS-CHAVE: Antropocentrismo. Decadência humana. Escrituras. Abandono de Deus.
In studying the various philosophical and sociological movements, man's constant effort to explain his behavior and to give direction in his way of acting. Several scholars appeared in the Modern Age to deal with such subjects as John Locke (1632- 1704), Max Weber (1864-1920), Friedrich Nietzsche (1844-1900), and Jean-Paul Sartre (1905-1980).
The great question is that all these scholars have turned away from the Holy Scriptures to explain their theses, assuming that man has the capacity for himself to find his own way. By disregarding the fall of man, they gave a false freedom that each individual can develop a methodology of life capable of satisfying themselves away from Christianity.
The consequence of the abandonment of God was the human being elaborating diverse ways of living, but without knowing who he really is. The Holy Scriptures bring assertive information about what a human being is and gives evidence of human decay by turning away from God.
KEY WORDS: Anthropocentrism. Human decay. Holy Scriptures. Abandonment of God.
A tentativa dos filósofos da Idade Moderna é explicar quem é o ser humano baseado nele mesmo, depois abandonar a visão transcendental, ou seja, a partir daí, diversos movimentos filosóficos foram desenvolvidos na expectativa de compreender o ser humano a partir de suas observações, eliminando quaisquer aspectos sobrenaturais. O homem tenta explorar uma liberdade e definir seus próprios caminhos para encontrar sentido à sua vida, mas diversas perguntas ficam sem resposta, o que leva o ser humano a buscar novos conceitos para preencher esse vazio. O resultado dessa perda de foco é um ser humano perdido e sem referência absoluta em que cada indivíduo tem a sua própria verdade no pensamento moderno, caminhando para um abismo moral do ponto de vista das Escrituras.
Entender esse ponto de vista da queda do ser humano, a partir de uma avaliação dos movimentos filosóficos, ajuda a compreender os pressupostos que o pensamento moderno caminha e assim é possível desenvolver uma apologética mais adequada para o posicionamento do cristão quanto à natureza pecaminosa humana e a necessidade de achar em Cristo o motivo de redenção e remissão dessa natureza.
A proposição do trabalho é focar em destacar quatro movimentos dentro da Idade Moderna e avaliar as ideias dos principais pensadores. Serão avaliados os estudiosos John Locke (1632-1704), Max Weber (1864-1920), Friedrich Nietzsche
ativos, que se agarravam ao seu trabalho como a um propósito de vida desejado por Deus^1.
O próximo capítulo traz as ideias de Sartre (1905-1980) sobre o homem. Ele parte do princípio que o existencialismo é uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade. Tal doutrina está fundamentada afirmando que a existência precede a essência, ou seja, o homem parte da subjetividade para construir sua essência. Isso implica que o homem é o responsável pelas suas ações. Aqui, Sartre (1905-1980) enfatiza a ausência de Deus e isso implica que o homem não deve satisfações de seus atos e também não há um conceito do que é certo ou errado. A responsabilidade do homem é por aquilo que ele faz. Essa é a liberdade que o homem tem, pensando no existencialismo.
No capítulo que fala sobre o niilismo, Nietzsche (1844-1900) descreve como o homem precisa aprender a sobrepor a moral de sua época para viver sem muletas, ou seja, abandonar a moral cristã. O ser humano que consegue viver de acordo com seus instintos, superando as adversidades da vida sem a necessidade de Deus, atinge um patamar acima dos demais sendo chamado de “Super Homem”. Para alcançar tal nível, Nietzsche (1844-1900) fala que Deus está morto e elabora um exercício (Eterno Retorno) para verificar se cada indivíduo está vivendo segundo seus próprios conceitos e instintos. De maneira geral, o homem precisa se desconstruir de seus conceitos, influenciados pela sociedade. Neste ponto, ele se encontra no “vazio”, precisando se reconstruir a partir da sua maneira de pensar e de sentir.
O capítulo 5 irá falar sobre como são os pensamentos, os sentimentos e atitudes do homem de acordo com a Bíblia. Para isso, será analisada a passagem de Romanos 3.9-20. A situação descrita nesta passagem coloca o homem como um ser decaído moralmente e incapaz de realizar obras boas e essa visão começa desde os primórdios da criação do mundo com a queda de Adão. A ênfase dessa queda está no fato de alcançar a todos os seres humanos independente de qual época estejam o que leva ao último capítulo.
Este capítulo trará uma comparação dos movimentos filosóficos em relação às Escrituras. A construção das ideias de cada autor (Locke, Weber, Sartre e Nietzsche)
(^1) WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 4ª Edição. Trad.: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2001, p. 137.
para dar o direcionamento ao homem tem uma falha principal em comum: a centralização do homem como ponto de partida. Deus foi destituído da sua posição como referência de moralidade. O teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo. A superioridade das Escrituras explica o resultado desastroso dessa inversão.
No começo do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) começa a dar os primeiros passos para essa mudança de mentalidade. Apesar de adotar algumas ideias medievais como epiciclos e movimento circular perfeito dos corpos celestes, seu raciocínio foi baseado no método dedutivo. A partir de cálculos matemáticos, ele definiu que o Sol seria o centro do universo e que os demais planetas, inclusive a Terra, giravam em torno dele (teoria do heliocentrismo). Seguindo essa linha, Galilei Galilei (1564-1642) e Johann Kepler (1571-1630) fizeram aprimoramentos nos cálculos matemáticos e fortalecimento dessa nova teoria^4.
A ciência medieval acabou perdendo mais espaço com os estudos de Isaac Newton (1643-1727) na metade do século XVII. Suas contribuições para a matemática e física foram precisas, sendo que até os dias atuais, são amplamente utilizadas para estudo dos princípios da física. Sua abordagem era pautada em três princípios: experimentação; simplicidade e uso da matemática^5.
Neste mesmo período surge a figura de John Locke (1632-1704) o qual influenciou o movimento do Iluminismo através de seus escritos na área filosófica. Uma de suas principais obras é Ensaio Acerca do Entendimento Humano , explicando que todo o conhecimento é derivado da experiência e não provenientes de conceitos inatos ao homem. A seguir, serão apresentados os argumentos de Locke (1632-1704) de como o homem pode conhecer a si mesmo e sua realidade ao redor.
1.1. NÃO HÁ PRINCÍPIOS INATOS NA MENTE
Locke (1632-1704) começa afirmando que não há princípios inatos no homem. Essa proposição está vinculada à sua leitura de um autor chamado Ralph Cudworth (1617-1688) o qual vinculava a certeza da existência de Deus com o conhecimento inato do homem^6. O que Locke (1632-1704) queria anular era o dogmatismo individual o que poderia transformar m certezas irredutíveis. A produção de verdade está mais vinculada ao fator de aceitação do maior número de pessoas (assentimento geral).
(^4) Cf. CLOUSE, Robert G.; PIERARD, Richard V.; YAMAUCHI, Edwin M. Dois Reinos: A igreja e a cultura interagindo ao longo dos séculos. p. 350- 351. (^5) Ibid. , p. 353. (^6) LOCKE; John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. Trad.: Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultura, 1999, p. 9.
A análise prossegue, contra argumentando com diversas proposições da existência de o homem constituir um pré-conhecimento de verdades. As crianças, por exemplo, não possuem verdades intrínsecas capazes de serem expressas e dizer que elas tomam conhecimento dessas verdades quando alcançam a idade da razão, ainda assim, não prova o inatismo^7.
O acordo universal (assentimento geral) também não constitui como prova ao inatismo, tendo em vista o meio que foi utilizado para essa concordância universal entre os homens^8. Isso implica que não há como chegar ao assentimento geral sem que haja discussões, conversas ou análises em grupo para se chegar a conceitos morais mais profundos.
Sendo assim, os passos pelos quais a mente alcança várias verdades são iniciadas com ideias particulares, preenchendo a mente vazia. Posteriormente, algumas dessas ideias são depositadas na memória as quais são designadas por nome. Em outro momento, a mente abstrai e apreende gradualmente o uso dos nomes gerais. A partir daí, há o enriquecimento das ideias e linguagem, materiais com que exercita sua faculdade discursiva. O resultado é a visibilidade do uso da razão, de acordo com o emprego desses materiais^9.
1.2. NÃO HÁ PRINCÍPIOS PRÁTICOS INATOS
Novamente, Locke (1632-1704) procura combater as possíveis situações práticas que podem levar à conclusão do inatismo. A justiça, por exemplo, não pode ser considerada princípio moral inato, pois consiste na concordância de um grupo de pessoas (assentimento geral)^10.
De maneira geral, as regras morais necessitam de provas e, portanto, não pode ser considerada com inata. A razão humana é o árbitro para se definir essas regras. Assim sendo, as virtudes são proveitosas para o homem, tendo em vista que é da
(^7) LOCKE; John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. p. 38. (^8) Ibid ., p. 37. (^9) Ibid ., p. 41. (^10) Ibid ., p. 45.
cada substância. Assim, caso o conhecimento não seja intuitivo ou demonstrativo, trata- se de fé ou opinião denominado aqui de sensitivo^18.
Com base nas informações sobre ideia e conhecimento, pode se tratar sobre a formação de verdades dentro da mente humana.
1.4. A FORMAÇÃO DA VERDADE
Conforme diz Locke (1632-1704), “a verdade consiste numa investigação de várias épocas. [...] não apenas vale nosso cuidadoso exame para averiguar em que consiste, e deste modo adquirir familiaridade com a sua natureza, como ainda observar de que modo a mente a distingue da falsidade”^19. Fica claro qual é o parâmetro para estabelecer aquilo que é verdadeiro e falso: a mente.
Neste contexto aparece o conceito de proposição para julgar se algo é verdadeiro ou não. A proposição surge da união ou separação de sinais, e de que modo as coisas significadas por elas concordam ou discordam entre si. Vale destacar que os tipos de proposições são mental e verbal e os tipos de sinais são ideias e palavras^20.
Vale ressaltar as teorias de René Descartes (1596-1650) acerca do entendimento da moral humana as quais influenciaram sobre o conceito de formação da verdade. Antes de tudo, Descartes (1596-1650) procura dar um direcionamento sobre a compreensão da união da alma com o corpo. Essa concepção não busca dar um conhecimento pleno desta união, mas sim tenta mostrar o que ocorre no divisível (matéria; corpo) a partir do indivisível (pensamento; mente). A união de alma e corpo aponta para duas ciências: a Moral e a Medicina^21. Em sua obra Discurso do Método , Descartes (1596-1650) descreve sobre a moral provisória.
Conforme exposto por Gonçalves, “A moral provisória é um período anterior à realização do método cartesiano onde não há estagnação da procura da verdade e sim um trabalho de preparação à realização do mesmo”^22. A ideia aqui é de estabelecer
(^18) LOCKE; John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. p. 221. (^19) Ibid ., p. 243. (^20) Ibid ., p. 243. (^21) CIVITA, Victor. Os Pensadores, Descartes, Vol. XV. Trad.: J. Guinsburg e Bento Prado Júnior, São Paulo: Abril S.A., 1973, p. 22 e 23. (^22) GONÇALVES, Angela, A Moral Provisória em René Descartes. A Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS, Porto Alegre, 2008. Disponível em: http://editora.pucrs.br/anais/semanadefilosofia/XII/13.pdf. Acesso em: 06/11/2019, p. 3.
parâmetros mínimos para que o indivíduo possa desenvolver ações práticas para questões não filosóficas da vida, ou seja, fornecer um direcionamento para suas atitudes para que o mesmo possa viver o mais satisfeito possível. Para isso, Descartes (1596-
Descartes (1596-1650), em seu livro As Paixões da Alma , traz a ideia de como obter e se contentar com um conhecimento imperfeito, porém, suficiente para estabelecer fundamentos certos em moral. A conclusão tirada é de viver em conformidade com a vontade estabelecida firmemente dentro de cada ser humano^24. No final das contas, a moral provisória se equipara com a moral das paixões para se chegar à verdade.
Mediante o conhecimento e formação de verdades, Locke (1632-1704) desenvolve argumentos sobre o conhecimento do homem sobre a existência humana, divina e de outras coisas.
1.4.1. Verdade sobre a existência humana
A existência humana está baseada no conhecimento intuitivo, tendo em vista que qualquer ser humano pensa, raciocina, sente prazer e dor. Caso haja dúvidas sobre a existência das demais coisas, a própria dúvida seria um sinal da existência do indivíduo^25.
Aqui há uma ligação com a frase de René Descartes (1596-1650) quando diz “penso, logo existo”. A ideia de Descartes (1596-1650) era de por em dúvida tudo o que existe para se chegar ao conhecimento absoluto. Ao aplicar esse método, a conclusão chegada foi que não há como duvidar da sua própria dúvida baseada no seu pensamento, logo o homem existe pela sua atividade de pensar^26. Locke (1632-1704) provavelmente
(^23) Ibid ., p. 3 a 5. (^24) CIVITA, Victor. Os Pensadores, Descartes, Vol. XV. Trad.: J. Guinsburg e Bento Prado Júnior, São Paulo: Abril S.A., 1973, p. 23. (^25) Ibid ., p. 265. (^26) Observações de aula do rev. Felipe Fontes nas aulas de filosofia.