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Rudio (1975) diferencia claramente a imagem real, ou o self real, da imagem ideal ou self ideal. Este é que o indivíduo desejaria ser ou julga ser e aquele ...
Tipologia: Notas de aula
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E SAÚDE - FACES CURSO DE PSICOLOGIA
José Carlos Calvo Villar
Brasília Julho/
Julho/2010^ Brasília
iii Agradecimentos
Após cinco anos de inúmeros ensinamentos recebidos na busca de uma formação, que hoje percebo como uma das escolhas mais bem acertadas da minha vida, sinto-me movido a agradecer, em primeiro lugar, a Deus, fonte de inspiração, pai e cuidador, em quem posso apoiar-me e buscar tantas vezes orientações para minha própria vida. À minha esposa, Mônica, e aos meus filhos, Rafael, Felipe e Ana Paula, que muitas vezes me escutavam pacientemente, enquanto partilhava minhas novas experiências como acadêmico, além de suportarem alguns finais de semana sem uma presença mais assídua, o meu mais sincero muito obrigado. Valeu, pela paciência. Aos meus irmãos, que sempre me apoiaram e, em especial, a minha irmã Lidya que, além de minha querida madrinha, é um exemplo a se seguir enquanto pessoa, mãe, irmã e profissional da área de Psicologia. Aos meus amigos e colegas e em especial à minha amiga Juliane que, de uma forma ou de outra, participaram comigo nessa jornada. Aos meus professores do UniCEUB, por sua dedicação e carinho. Fiquei muito feliz em conhecê-los. A cada um, particularmente. Obrigado pelos inúmeros ensinamentos e paciência. E um agradecimento especial, póstumo, aos meus pais. A meu pai que nem sabia da minha intenção de voltar a estudar quando se foi, mas que com certeza teria sido um entusiasta nessa minha nova carreira. E a minha mãe querida, que me acompanhou até o nono semestre, sempre me motivando e, como toda boa mãe, já me considerando o melhor psicólogo de todos os tempos. A vocês dois, meus amores, agradeço e ofereço este minha nova empreitada.
iv
“Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (João 13, 34a)
vii Referências ............................................................................................................................. 52 Anexos .................................................................................................................................... 53 Anexo 1 – Comitê de Ética em Pesquisa UniCEUB ............................................................ 53
realizado, não depende dos ditames e regras sociais. É um indivíduo socializado, ajustado e respeitoso às normas sociais, mas independente. Para não perder o amor incondicional das pessoas que são importantes, que são referência, também conhecidas como pessoas-critério, os indivíduos acabam abrindo mão da própria liberdade de experimentar o crescimento. Com isso, vai se construindo um self com os valores das pessoas-critério e não com os próprios valores. Quando o self é construído de valores introjetados, não consegue atingir a autenticidade (Rudio, 1975). Assim, a terapia rogeriana trabalha para que o cliente consiga reconstruir o seu self. O terapeuta cria oportunidades para que o indivíduo possa experimentar o que pensa que é. Como muito do que ele pensava que era, na verdade os outros é que eram, o terapeuta passa a facilitar assim o processo de reconstrução do self desse indivíduo para que ele seja quem de fato é (Rudio, 1975). Com relação aos pontos de vista sobre o papel da sociedade, Rogers (2009) a vê de uma maneira geral, como rígida e restritiva. Por um lado, as pessoas-critério impondo os seus valores e muitas vezes chantageando os indivíduos a serem fieis a eles. Por outro, a sociedade com suas normas, leis e regras que “devem” ser seguidas. De acordo com Rogers (2009), o processo terapêutico é uma forma de fazer com que o indivíduo viva as experiências não vividas. Falar de situações passadas no setting terapêutico faz com que o indivíduo vivencie essas experiências, descobrindo-se como verdadeiramente é, trazendo seus sentimentos para a consciência e enxergando o que deseja mudar. É o sair do estado de rigidez para o de fluidez. A partir dessas noções básicas, partimos para um estudo de caso, com o objetivo de analisar a aceitação positiva incondicional na relação terapêutica, como condição estruturante e facilitadora para o crescimento pessoal e consequente consolidação da auto- imagem.
Para atingir esse objetivo, são necessários alguns detalhamentos, como por exemplo, o estudo e análise da consideração positiva incondicional como atitude facilitadora no processo terapêutico, a caracterização das demais atitudes facilitadoras do psicólogo no processo terapêutico, como a compreensão empática, a congruência e a autenticidade. Além disso, analisar-se-á no âmbito do estudo de caso, a relevância da aceitação incondicional para o crescimento pessoal, acompanhando a evolução do processo terapêutico, conforme as fases da teoria rogeriana, e finalmente, será realizada uma discussão fundamentada na teoria da Abordagem Centrada na Pessoa, com base nas informações registradas nos atendimentos. A aceitação incondicional é um tema que, por ser fundamentado de acordo com a visão humanista de Rogers, bem como pela forma como a pessoa humana é concebida na sua teoria, pode ser explorado e estudado com vistas ao crescimento do homem e a reestruturação do seu self, de forma que este último atinja sua auto-atualização de forma completa. Com a subjetividade e singularidade de cada pessoa, entende-se que o tema será bem aproveitado, não somente por profissionais formados, como pelos terapeutas em formação, podendo assim atender a diferentes demandas, de acordo com a necessidade de cada cliente. A expansão da compreensão da visão humanista, e especificamente da teoria rogeriana, será trabalhada para que, tanto no meio acadêmico como em áreas clínicas, sejam aceitas e utilizadas para maior benefício do cliente. Nos capítulos que se seguem, apresentar-se-á uma síntese da Abordagem Centrada na Pessoa como teoria base para o estudo em questão. Destacar-se-á as atitudes facilitadoras no contexto do processo terapêutico, com ênfase na consideração positiva incondicional, anteriormente denominada de aceitação incondicional no processo de formação do self da pessoa humana e na reestruturação desse self no contexto terapêutico. Além disso, destacar- se-á pontos importantes da teoria da personalidade rogeriana, em especial em que se fundamenta a base dessa teoria.
1.1. A Abordagem Centrada na Pessoa
Para se falar de aceitação incondicional faz-se necessário realizar um breve histórico da Abordagem Centrada na Pessoa de Rogers e consequentemente, discorrer um pouco sobre a história da Psicologia como ciência. Inicialmente, a psicologia se desenvolve baseada em duas escolas principais. São elas a Psicanálise e o Behaviorismo. No início do século XX, começa a surgir uma terceira escola, denominada de Humanismo que tem como base filosófica a matriz fenomenológica. Conforme Figueiredo (1989), essa escola parte do princípio de que todas as pessoas nascem de forma bem estruturada e positiva, como um sujeito pensante. Considerando que tem como fundamento o estudo do ser humano, é conhecida como uma ciência humana e não como uma ciência natural, como é o caso do Behaviorismo. Os objetivos e métodos são diferentes de uma ciência para a outra. A unicidade, complexidade e imprevisibilidade do ser humano não são óbvias. Dessa forma, não se estuda por meio de uma ciência natural. O comportamento sim é óbvio (Rogers & Kinget, 1977). O Humanismo tem como base o homem, fonte de todos os atos, livre para fazer suas escolhas e, portanto, se caracteriza como uma ciência de atitude fenomenológica. Esse modelo, fenomenológico, humanista e subjetivo, é o que vê o homem como um ser complexo que, com a mudança da sua percepção interna, terá como consequência a mudança do seu comportamento. De acordo com Rogers (2009), no Humanismo ocorre um processo inverso do Behaviorismo que considera o homem como um organismo passivo, governado por
estímulos fornecidos pelo ambiente externo. O homem tem seu comportamento controlado, por meio dos estímulos do ambiente. O homem funciona como uma máquina. O Humanismo, e mais especificamente a abordagem rogeriana, de forma inversa ao Behaviorismo, não trata o problema ou a doença. Trata o homem pleno, holístico, de modo não intervencionista e não diretivo. No Humanismo, é o indivíduo que busca a sua própria harmonia, o que deixa, portanto, a técnica em segundo plano. Na abordagem centrada na pessoa, o principal é a relação. Existe a disposição de se sacrificar a precisão, para se estudar os fenômenos que não podem ser medidos (Rogers & Kinget, 1977). Dessa forma, Rogers traz para o campo da Psicologia uma nova visão sobre a forma de se desenvolver uma ciência humana, o que chamou de “verdadeira ciência psicológica”. Afirma que enquanto ciência, a Psicologia, da forma como vinha sendo desenvolvida no início do século XX, estava caminhando para trás. Só se pensava em números e estatísticas para se tentar estudar a Psicologia como uma ciência. A partir do momento que pode ser estudada e desenvolvida como ciência humana, retornou ao caminho de uma ciência significante (Rogers & Rosenberg, 1977). Pode-se dizer que o ponto central da abordagem rogeriana está baseado na capacidade e na tendência do ser humano de “compreender-se a si mesmo e de resolver seus problemas de modo suficiente para alcançar a satisfação e eficácia necessárias ao funcionamento adequado” (Rogers & Kinget, 1977, p. 39). Capacidade essa que pode ser entendida como a tendência à atualização do organismo que necessita de relações não questionadoras e cobradoras, mas sim de relações sinceras, baseadas na aceitação incondicional do outro e, portanto, não ameaçadoras. Nessas relações, tanto terapeuta como cliente, tem um papel importante de colaboração para que o relacionamento possa ser chamado de terapêutico. Ora o terapeuta, ora o próprio cliente, fazem o papel de intérpretes do inconsciente. Não é parte exclusiva do terapeuta.
marca posição de destaque por sua importância. Não é somente a compreensão das palavras ou o que essas significam. É uma atitude acompanhada de sentimentos, como afetividade, simpatia e acolhida (Rogers & Kinget, 1977). A compreensão não verbal é o tipo de entendimento ou apreensão em que as expressões físicas, como por exemplo, um gesto corporal, uma alteração no timbre da voz ou até mesmo uma forma de olhar, podem dizer mais ou diferentemente do que as palavras que estão sendo proferidas. Esse tipo de expressão é utilizada pelo terapeuta como um processo auxiliar da compreensão no setting terapêutico (Rogers & Kinget, 1977). De acordo com Rogers e Kinget (1977), a compreensão verbal pode aparecer de diversas formas dentro do processo terapêutico. Sobre essas formas gerais de compreensão, afirmam: “Uma delas é superficial e puramente verbal; outra é lógica ou propriamente intelectual. Em seguida existem as formas especializadas ou psicológicas. A mais conhecida é a compreensão psicodinâmica ou de diagnóstico; a outra... é a forma empática” (Rogers & Kinget, 1977, p. 124). A compreensão puramente verbal é a que “quase não ultrapassa o nível das palavras” (Rogers & Kinget, 1977, p. 124), ou seja, o cliente se expressa de forma descritiva, muitas vezes com detalhes que pretendem demonstrar seus sentimentos e entendimentos, mas que não trazem a realidade da sua experiência no assunto colocado. Na compreensão lógica, que satisfaz as necessidades racionais do indivíduo, toda a sua fala fica logicamente encadeada, e acaba sendo menos tensa do que uma simples afirmação. A compreensão dinâmica, também chamada de interpretação, ocorre em um nível terapêutico em que o terapeuta, por meio de intuições e analogias, deduz ou interpreta, a partir das informações passadas pelo cliente. A compreensão empática não é uma interpretação como a compreensão dinâmica. É uma apreensão dos dados apresentados pelo cliente, a partir do seu emocional. Permite que o cliente se assimile mentalmente, se perceba como verdadeiramente é ou deseja ser. De acordo
com Rogers e Kinget (1977, p. 127), “ela lhe permite modificar esta imagem de si mesmo conforme as mudanças que se operam nele durante a terapia”. O cliente se percebe e se for necessário, se corrige. A compreensão empática para Rogers e Kinget (1977) é sentir o mundo privado do outro como se ele fosse o seu, mas mantendo a qualidade do “como se”. Diz que se deve ser sensíveis o suficiente para ver através dos olhos de outrem, para mover-se em direção ao mundo de seus sentimentos e sentir como ele se sente, para que se possa, não só entender os significados que estão na superfície, como os subjacentes mais profundos. Rudio (1975), explicando a afirmação de que o caminho da compreensão vem de dentro, cita que para isso deve-se apelar para o que significa compreensão empática. A empatia ocorre quando o terapeuta sente com o cliente as experiências manifestadas por ele, colocando-se no seu lugar, para tentar perceber seu mundo subjetivo como o próprio cliente o percebe. O terapeuta deve estar atento nas entrevistas para buscar não entender o cliente de acordo com seus próprios critérios, mas sim apreender o sentido que o cliente dá e entende de si próprio. O importante é compreender o que o cliente procura dizer, através de palavras, gestos e mímicas, buscando significar, de forma pessoal, o que ele expressa. O julgamento dessas manifestações do cliente é inapropriado. Conforme Rogers e Kinget (1977), a compreensão puramente verbal é necessária no entendimento e no processo terapêutico que visa o crescimento e o restabelecimento psíquico. No entanto, a compreensão intelectual, de causas e efeitos ou de outras relações lógicas ou históricas, é dispensável. A tomada de consciência é menos significativa, dentro do processo, que o grau de mudança no modo de percepção do cliente, ou seja, na imagem que ele faz de si mesmo. “Nestes casos, importa, principalmente, que o terapeuta se abstenha de perturbar o processo subjetivo em que o cliente se acha mergulhado. Se o terapeuta se abstém de
É de forma congruente que o terapeuta, se utilizando da sinceridade, poderá ajudar o cliente a “entrar no seu próprio processo de congruência” (Rudio, 1975, p. 98). Nesse ponto é necessário que se fale sobre a liberdade experiencial. É essencial que na psicoterapia, o indivíduo encontre espaço propício para expressar seus sentimentos, sem receio de que o terapeuta faça julgamentos. A liberdade experiencial é fundamental, pois o indivíduo sentirá que não há necessidade de negar ou modificar aquilo que sente para manter a afetividade das pessoas-critério (Rogers & Kinget, 1977). O indivíduo se sentirá livre quando puder expressar seus sentimentos, pensamentos, emoções e desejos, independente das regras e normas que organizam o meio ambiente (Rogers & Kinget, 1977). O exercício da liberdade é importante para o crescimento natural do homem, uma vez que a postura deixa de ser guiada por forças extremas que o indivíduo não tem controle, e passa a ser algo que a pessoa opta e é responsável por realizar. A idéia central para o humanismo é o crescimento, e o potencial de crescimento é da natureza humana. É a busca da auto-atualização. A pessoa cresce quando tem liberdade experiencial, não a liberdade do “fazer o que eu quero”, mas uma liberdade que se relaciona essencialmente com a experiência, ou seja, com os fenômenos internos. É o que se sente e não o que se faz. É a liberdade que faz com que o indivíduo se sinta livre para reconhecer e elaborar suas experiências e sentimentos da forma que os entende. Desse modo, ele não se sentirá forçado a negar suas opiniões e modificar sua forma de agir, somente para ser aceito pelas pessoas que são importantes para ele (Rogers, 1974). Como exemplo, podemos citar um adolescente quando sente uma forte atração sexual. Ficar excitado é uma experiência que faz parte de seu crescimento como pessoa. É preciso que esse adolescente tenha essa experiência ainda que seja mental. Ingenuamente, ele conta para a mãe ou no colégio, vindo em seguida uma punição, dizendo, por exemplo, que tal atitude é pecado ou não deveria estar acontecendo com ele naquele momento. O adolescente
passa a ver uma simples excitação como uma coisa má. O que pode acabar fazendo para evitar situações desagradáveis como essa? Deixa de expressar seus sentimentos silenciando ou negando-os. Pode lhes dar uma aparência indireta, ou ainda recorrer à tática mais vantajosa socialmente, que consiste em dizer exatamente o contrário daquilo que experimenta. Assim, dissimulando e disfarçando seus sentimentos para conservar a afeição das pessoas que lhe são importantes – as chamadas pessoas-critério – , acaba por não reconhecer mais seus verdadeiros sentimentos. De acordo com Rogers (1974), esse processo pode levar a uma neurose, pois o adolescente vai buscar uma maneira de manter o amor dos pais, ou das pessoas-critério e para isso terá que reprimir seus sentimentos. O problema é que quando a pessoa reprime um sentimento verdadeiro, expondo um falso, até consegue resgatar o amor das pessoas-critério, porém, em detrimento de sua liberdade experiencial. Esse fato, somado a outras experiências, faz com que esse indivíduo não seja mais ele próprio, e se anule. Na visão rogeriana, os problemas são causados pelas obstruções. É exatamente esta alienação do indivíduo em relação à sua experiência vivida que constitui precisamente a personalidade neurótica. Se os pais ou as pessoas-critério educam sem anular o self , estarão proporcionando à criança liberdade experiencial, oportunidade de estar no processo de vida plena. De acordo com Rudio (1975), a obstrução é a violência ao direito do indivíduo de expressar algo que lhe é significativo. No início, a pessoa se vê ameaçada simplesmente pelo fato de manifestar a sua experiência. Interiorizando naturalmente essa ameaça, “o que era somente proibido de expressar transforma-se numa autoproibição de representar na consciência” (Rudio, 1975, p. 39). A princípio, a pessoa não pode expressar seus sentimentos e depois, entra em um processo de repressão, de não poder nem pensar. A autoproibição de representar na consciência, referida por Rogers, é nem poder pensar. A pessoa começa a fazer julgamentos